INTRODUÇÃO
Os dons espirituais
representam a manifestação do Espírito Santo na Igreja, sendo o grande chamariz
para atrair pecadores para o Reino de Deus. Eles manifestam a glória divina,
resultando em edificação para os fiéis. Que durante o estudo desta lição, o
Senhor Jesus nos desperte para a busca dos dons espirituais.
Veja também:
I. O QUE SÃO OS DONS ESPIRITUAIS
1. Definição Teológica.
A palavra “dom” vem
do vocábulo grego charisma,
significando “donativo de caráter imaterial, dado de graça”. Os dons, pois, são
capacidades sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo com o propósito de
edificar a Igreja. Através desses recursos, o Senhor revela o seu poder e
sabedoria aos instrumentos que os recebem e bem os utilizam.
Há clara distinção
entre os dons espirituais e o dom do Espírito (At 2.38; 10.45). Os primeiros
descrevem as capacidades sobrenaturais concedidas pelo Espírito, tendo em vista
ministérios específicos; o segundo é o batismo no Espírito Santo. Deve-se
também distinguir os dons espirituais dos ministeriais; estes são concedidos
apenas aos ministros (Ef 4.11; 1 Co 12.28); aqueles, à Igreja de forma geral.
2. Conceito Bíblico.
Vejamos, agora, a
finalidade, importância, atualidade, recebimento, doador e uso dos dons
espirituais.
a) Finalidade.
“E dado a cada um
para o que for útil” (1 Co 12.7).
b) Importância.
É de grande valor
para o êxito da Igreja (1 Co 12. i).
c) Atualidade.
“Os dons e a vocação
de Deus são sem arrependimento” (Rm 11.29). Deus não tem a intenção de
retirá-los; continua a concedê-los à Igreja.
d) Recebimento.
Quem já fala língua
estranha, como evidência do batismo no Espírito Santo, deve buscar os demais
dons (1 Co 14.1,12,13).
e) Doador.
E Deus quem no-los
concede “segundo a graça que nos é dada (Rm 12.6).
f) Uso.
“Faça-se tudo para
edificação (1 Co 14.26), e “com decência e ordem” (1 Co 14.40) não tirando nem
acrescentando nada a este ensino (Ap 22.18,19).
II. CLASSIFICAÇÃO DOS DONS
1. Dons de elocução.
Também chamadas de
dons verbais:
a) Profecia.
É uma mensagem divina,
momentânea e sobrenatural, dada pela inspiração do Espírito Santo.
b) Variedade de línguas.
Capacidade
sobrenatural dada pelo Espírito Santo de se falar línguas jamais estudadas ou
aprendidas.
c) Interpretação das línguas.
Capacidade
sobrenatural de se interpretar línguas jamais aprendidas.
2. Dons de inspiração.
Também chamados dons
de saber:
a) Sabedoria.
Capacidade
sobrenatural de se falar, agir e saber em situações de emergência.
b) Ciência.
Capacidade
sobrenatural de se conhecer as profundezas e os mistérios de Deus.
c) Discernimento de espíritos.
Capacidade
sobrenatural de se discernir a natureza e o caráter dos espíritos.
3. Dons de poder.
a) Fé.
Capacidade
sobrenatural de se crer em Deus (vide lição n° 8).
b) Operação de maravilhas.
Capacidade
sobrenatural para a realização de atos que vão além da capacidade humana (vide
lição n° 8).
c) Dons de curar.
Capacidade
sobrenatural de se curar enfermidades.
4. Outros dons (Dons de servir).
Conforme a relação
mencionada em Rm 12.7, 8 e 1 Co 12.28, lemos os seguintes dons: Governos, está
relacionado com os apóstolos, pastores ou anciãos (presbíteros); exortação (Rm
12.8; 1 Co 14.3); repartir (Rm12.8), refere-se a socorros e misericórdias (At
4.34); presidir, relacionado com o trabalho dos ministros e cooperadores da
obra de Deus; misericórdia, ajuda material e espiritual (At 20.35; 1 Co 13.13;
Mt9.13); socorro, de ordem espiritual, moral e social.
III. A
UTILIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS
1. Quanto à unidade da igreja.
Os dons revelam ao
mundo a Igreja como o corpo de Cristo (Ef 1.22,23;1 Co 12.12). Isto é válido
tanto para os ministros como para os demais crentes (Mc 16.20; At 4.29,30;
14.3;Hb 2.4). Por esta razão, devem os dons operar nos trabalhos regulares da
Igreja como ocorria na Igreja Primitiva (At 3.1-11; 5. 12-15; 6.7,8; 14.7-10;
19.8-13).
É antibíblico criar
um trabalho, ou ministério especial, em torno de um determinado dom como o de
profecia, curas, maravilhas etc. Cada um deve empregar, na igreja onde
congrega, o talento e os dons como os receberam do Senhor para a edificação dos
santos. A Igreja é comparada a um edifício espiritual; os dons ajudam a
edificar e a manter sólido este edifício (1 Co 12.7,26; 14.3-5; Ef 2.18-21;
4.12,14,15).
2. Quanto à edificação do crente em particular.
O uso do dom propicia
ao crente:
a) Comunhão.
Tudo o que o crente
recebe de Deus, gera nele uma vida de gratidão (2 Co 9.15), e seu amor para com
Deus aumenta à medida que ele exerce os dons espirituais (Ef 3.16-19).
b) Fortalecimento na fé.
Os dons são usados
segundo a fé (Rm 12.3,6), e resultam em atos de fé (1 Ts 1.3) e esta é
constantemente fortalecida (Rm 1.11,12).
c.) Santificação.
O crente é um vaso de
barro, onde o Senhor derrama o seu poder (2 Co 4.7). Para continuar a ser
usado, ele precisa estar continuamente purificado (2 Tm 2.20,21).
d) Humildade.
Leva o crente a dar
continuamente a glória a Deus (At 3.12-16).
e) Oração.
É um meio eficaz de o
crente pedir a Deus os dons espirituais (1 Co 12.31; 14.1,39).
IV. OS
DONS COMO SINAIS.
1. A operação dos dons espirituais deixam os incrédulos:
a) Maravilhados, pasmados e suspensos (At 2.5-12).
Isto ocorreu no dia de Pentecostes, deixando
os ouvintes “maravilhados” (At 2.5- 12;4.13), “pasmados e atônitos” (At
3.10,11). Os dons deixam os descrentes perplexos (At 5.24).
b) Convencidos do seu pecado.
Quer através dos dons
de profecia, quer da variedade de línguas junto com a interpretação (1 Co
14.24), ou da pregação profeticamente inspirada (At 2.37-39), os incrédulos são
convencidos de seus pecados.
c) Arrependidos e confessos diante de Deus.
Os dons levam as
almas ao arrependimento e à confissão perante Deus (1 Co 14.24).
d) Reconhecidos pela presença de Deus.
Reconhecem a real
presença de Deus no meio dos santos (1 Co 14.24; At 4.13), e o glorificam como
o Único e Verdadeiro Deus (At 4.21).
e) Temor.
Pelos sinais que veem
(At 5.11), temem perseguir o povo de Deus (At 5.26), pois conscientizam-se de
que o Senhor zela pelos seus santos.
2. Na proclamação do evangelho.
A principal tarefa da
Igreja na terra é a evangelização (Mt 28.18- 20; Mc 16.15,16). Para o êxito
deste sublime trabalho, precisamos dos dons espirituais: são as nossas ferramentas
de trabalho (Zc 4.6; 2 Co 10.4-6). Quanto maior a operação dos dons, mais
influente a Igreja tornar-se-á (1 Ts 1.5-8). Neste aspecto, os dons trazem:
a) Autoridade (Lc 10.19). O Senhor tem todo o
poder (Mt 28.18), e, pelos dons, a Igreja torna-se participante deste poder (At
1.8; Lc 24.49).
b) Coragem. Nem proibições, nem prisões, nem ameaças,
nem morte podem calar a Igreja. Nada a deterá, pois a sua missão é falar do
amor de Deus (At 4.20; 5.27-29; 41.42; 14.19-24).
c) Respeito e conceito. Os dons tornam a Igreja respeitada e
conceituada, de modo que até os adversários reconhecem que Deus, de fato, está
no meio do seu povo (At. 5.11- 13; 22-26; 8.24; 9.5; 13.12; 19.17).
d) Atração (At 5.16; 8.6,7). Os dons atraem as
pessoas para o local onde eles se manifestam (At 2.7,12, 27, 3.10, 11; 4.13,
21; 5.11, 13, 16, 24, 26).
e) Sabedoria para pregar. Com os dons, o
crente passa a conhecer os tempos (Ec 8.4,5). Isto é: a empregar métodos para
ganhar almas (Pv 11.30).
f) Confirmação. A Palavra de Deus passa a ser confirmada com
a salvação de muitas almas, como ocorria na Igreja Primitiva. Eis como a Igreja
cresceu de forma fenomenal: 120 pessoas (At 1.15); quase 3000 (At 2.41);
salvação todos os dias (At 2.47); quase 5.000 almas (At 4.4); a multidão
crescia cada vez mais (At 5.14); encheram Jerusalém da doutrina (At 5.28) etc.
Resumo: em aproximadamente 60 anos, os discípulos evangelizaram o mundo conhecido
naquela época.
CONCLUSÃO
A obra de Deus não
progride com sabedoria e os recursos humanos (Zc 4.6). Sem a atuação dos dons,
a Igreja só consegue trabalhar à noite (Lc 5.5), e não de dia; o seu “machado”
fica sem corte, ou sem o ferro para cortar (2 Rs 6.5). Porém, com o poder do
Espírito Santo, a Igreja passa a “mover-se” no poder do Espírito (2 Pe 1.21), e
realizará a obra a ela confiada. Busquemos intensamente os dons espirituais;
Deus no-los quer dar de maneira dadivosa.