Classe:
Jovens – 3°Trimestre de 2018 | Data da Aula: 19/08/2018
TEXTO DO DIA
“Enquanto estou no mundo, sou a luz do
mundo.” (Jo 9.5)
SÍNTESE
Ao dar vista ao cego, Jesus
devolveu-lhe também a dignidade, tirando-o da mendicância, e o libertou da opressão
religiosa.
SAIBA MAIS:
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA
– Mt 20.29-34: Os dois cegos de Jericó
TERÇA
– Mc 10.46-52: O cego Bartimeu
QUARTA
– Mc 8.22-26: O cego de Betsaida
QUINTA
– Lc 18.35-43: O cego de Jericó
SEXTA
– Mt 9.27-31: Os dois cegos na Galileia
SÁBADO
– Mt 15.14: O perigo de seguir condutores cegos
OBJETIVOS
• VERIFICAR a forma de Jesus
contemplar o cego;
• DRAMATIZAR a forma de o Senhor
Jesus curar o cego;
• REVISAR as causas da incredulidade
das pessoas em relação à cura do cego.
INTERAÇÃO
O ritmo frenético imposto pela vida moderna priva-nos de ver outras
dimensões da realidade. Somos condicionados a enxergar apenas àquilo que está
imediatamente relacionado aos nossos afazeres. Se por um lado este ritmo de
vida certamente já é desgastante e prejudicial à saúde, por outro, tal
corre-corre torna-nos muitas vezes insensíveis diante das necessidades das
pessoas. Automatizados por tantas obrigações, acabamos sobrecarregados e sem tempo
para coisas simples. Quando encontramos textos como o da lição de hoje, vemos
um nítido contraste entre a postura de Jesus, Filho de Deus, e muitos de nós
cujas atribuições humanas servem como abismos que nos separam da dura realidade
de milhões de pessoas necessitadas. Que com o estudo da lição de hoje possamos
aprender com Jesus e assim passarmos a olhar para além dos nossos interesses
pessoais.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Para essa aula, em vez de promover a conhecida dinâmica dos
“olhos vendados”, que tal promover um “treinamento da visão”? Treinar a visão,
de acordo com o que a lição de hoje mostra da postura de Jesus, significa ver
além do que comumente vemos. Desafiar nosso condicionamento habitual e promover
uma nova forma de ver as coisas. Peça que os alunos observem durante a semana o
trajeto por onde eles passam todos os dias indo para o colégio, faculdade ou
trabalho (pode ser o caminho para o templo também). Oriente-os a que memorizem
o que eles nunca observaram antes. Solicite que eles prestem atenção,
sobretudo, às pessoas. Não aquelas que já fazem parte do seu círculo de
amizade, mas principalmente as que são muito diferentes, “esquisitas” e
improváveis de serem suas amigas. Promova, após a exposição do primeiro ponto,
um momento em que eles possam relatar o que notaram de diferente e o que aprenderam
nessa semana de observação. Finalize com o exemplo de Jesus que “notou” o cego
e que, de igual forma, devemos enxergar as pessoas.
TEXTO
BÍBLICO
João 9.1-9
1
E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
2
E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais,
para que nascesse cego?
3
Jesus respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem
nele as obras de Deus.
4
Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem,
quando ninguém pode trabalhar.
5
Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
6
Tendo dito isso, cuspiu na terra, e, com a saliva, fez lodo, e untou com o lodo
os olhos do cego.
7
E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi,
pois, e lavou-se, e voltou vendo.
8
Então, os vizinhos e aqueles que dantes tinham visto que era cego diziam: Não é
este aquele que estava assentado e mendigava?
9
Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.
INTRODUÇÃO
O
sexto milagre relatado por João encontra-se em uma narrativa dividida
em cinco partes (9.1-41), sempre seguindo a divisão do apóstolo do amor, que
intercala sinais e palavra, ou seja, milagres seguidos por discursos de Jesus.
O texto bíblico da presente lição traz apenas a primeira dessas cinco divisões
e relata o milagre em si. No entanto, a continuidade da narrativa contém profundas
lições, não apenas espirituais, mas também teológicas, que servem como formas
de identificar as diferenças entre os princípios doutrinários da religiosidade
judaica em relação ao Evangelho de Jesus Cristo cujo fim é levar à “cegueira” os
que pensam ver e dar vista aos que são conscientes de que não “enxergam” (Jo
9.39).
I – A LUZ DO MUNDO
1.
Jesus contempla o cego.
A observação de que “passando Jesus,
viu um homem cego de nascença” (v.1), não é fortuita e nem mera praxe para introduzir
o assunto. Trata-se de um detalhe importantíssimo, pois revela, como em outras
ocasiões (Mt 5.1; Jo 5.5,6; 6.5), a atenção do Mestre para os excluídos,
desprezados e esquecidos pela sociedade. Em meio a um cenário tumultuado, de
grande concentração de pessoas e onde cada um busca apenas os seus próprios
interesses, Jesus vê e contempla aqueles que não têm visibilidade alguma, ou
quando são vistos, tal não ocorre de forma correta, como se poderá ver adiante.
2.
Jesus desmonta a errônea crença dos discípulos.
Ao perceber que o Mestre fita alguém
de forma particular, os discípulos, certamente desconhecendo as reais intenções
do Senhor, dirigem-lhe uma pergunta que reflete uma antiga e errônea crença que
já existia naquela época: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse
cego?” (v.2). Em vez de enxergarem um ser humano carente de cuidados e atenção,
o colégio apostólico aproveita para tomar o cego como ponto de partida para uma
discussão teológica, típica da vaidade religiosa. Na verdade, a associação de
sofrimento com pecado é algo bastante recorrente na Bíblia, podendo ser visto
ainda no alvorecer de Israel (Êx 20.5). Mesmo tendo o Senhor Deus desconstruído
tal pensamento, através de profetas como Ezequiel e Jeremias, por exemplo (Jr 31.29,30;
Ez 18.1-32), nos dias do ministério de Jesus alguns setores da sociedade
mantinham tal crença, ensejando a bela resposta do Mestre aos discípulos: “Nem
ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem
nele as obras de Deus” (v.3).
3.
Jesus declara-se a luz do mundo.
Em consonância com o prólogo do quarto
Evangelho, onde se encontra o texto que diz, do Filho de Deus, que Ele é “a luz
verdadeira” (Jo 1.9), o Mestre, em demonstração de profundo compromisso com seu
ministério e chamado, afirma então que está incumbido de realizar, enquanto é
“dia”, as obras daquEle que o enviara, pois “a noite vem, quando ninguém pode trabalhar”
(v.4). O Senhor falava da atenção que Ele deveria dispensar a pessoas como a do
cego que, anônimo, encontrava-se na mendicância e sem
esperança alguma. E tal trabalho, de
iluminar — de todas as formas — deveria ser feito, pois enquanto estava no mundo,
disse o Senhor, “sou a luz do mundo” (v.5). E onde é que a luz torna-se mais
necessária? Evidentemente que é onde há trevas (Mt 4.16).
II – UMA CURA
DIFERENTE
1.
A saliva e o milagre.
Após declarar- se como a luz do mundo,
num gesto como se estivesse com “pressa” (Ele havia dito que tinha de fazer as
obras de Deus enquanto era dia, pois a noite vinha, “quando ninguém pode
trabalhar”), Jesus imediatamente cuspiu no chão e, “com a saliva, fez lodo, e
untou com o lodo os olhos do cego” (v.6). Esta não foi a única vez que o Mestre
agiu dessa maneira. Em outras duas ocasiões, de forma inexplicável, Ele também fez
uso da saliva para realizar milagres (Mc 7.33; 8.23).
2.
O milagre contraria a lógica humana.
Por definição o milagre contraria a
lógica humana. Não obstante, neste caso específico, “untar”, isto é, besuntar ou
aplicar sobre o olho de alguém cego uma espessa camada de lama, parece não ser
algo sensato, segundo o raciocínio lógico humano. Contudo, tal ato indica que
os métodos divinos não precisam ser repetitivos ou iguais. O Senhor age da
forma que lhe apraz e no momento que lhe convém (2 Rs 4.32-37; 5.8-14).
3.
A obediência e a cura.
Por mais inconcebível que possa
parecer à mentalidade moderna, o cego obedeceu e foi ao tanque de Siloé lavar
os seus olhos, voltando então completamente curado (v.7). É no mínimo curioso que
o significado do nome Siloé seja justamente “o Enviado”. Contudo, a observação
joanina figura no texto para destacar a pessoa de Jesus, que fora enviado pelo
Pai para cumprir a missão de dar vista aos cegos (Jo 5.36-38; 8.16; 9.39). O
texto não informa a distância que eles se encontravam do tanque e nem se alguém
auxiliou o cego para que pudesse chegar até lá, todavia, diz apenas que ele
“Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo” (v.7b). Há na Bíblia, outros exemplos
de pessoas cuja cura aconteceu após obedecerem (2 Rs 5.8-14; Is 38.21),
mostrando uma íntima relação entre obediência e cura.
III – A INCREDULIDADE
PERANTE A CURA
1.
A dúvida.
Ao retornar ao convívio da sociedade e
da vizinhança, o agora ex-cego ouviu as pessoas perguntarem: “Não é este aquele
que estava assentado e mendigava?” (v.8b). A dúvida surge pelo fato de que a
aparência do cego, ao locomover-se e transitar de forma autônoma, leva as
pessoas a questionar, pois ele agora estava “diferente”. Não apenas isso, mas
também o fato de ele agora não mais ficar na mendicância e ter sua dignidade
restituída. Isso fez com que a dúvida se instaurasse. Era a mesma pessoa ou
não?
2.
A desconfiança.
Como tudo na vida, as opiniões se
dividiram e muitas pessoas passaram a achar que se tratava de alguém parecido
com o cego, isto é, não era ele (v.9). É incrível a capacidade humana em achar
que tudo aquilo que não possui uma explicação lógica deve ser desacreditado. As
pessoas achavam mais fácil pensar que estavam diante de um “sósia”, alguém
muito parecido, do que do antigo cego que eles costumavam ver mendigando na
região. Isso a despeito de o ex-cego dizer com sua própria boca que era ele
mesmo.
3.
A curiosidade.
Superados os estágios da dúvida e da
desconfiança, depois de se certificarem de que se tratava realmente do cego em
questão, as pessoas agora queriam saber como ele passara a enxergar (v.10). Tal
não deve ter sido a surpresa delas ao ouvi-lo responder: “O homem chamado Jesus
fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé e lava-te.
Então, fui, e lavei-me, e vi” (v.11). À mentalidade incrédula, tal resposta é
um insulto, pois ela nada explica. E como tais pessoas não creem em milagres, o
fato inexplicável do agora ex-cego estar ali como um testemunho vivo, faz com
que elas sintam-se curiosas não apenas a respeito do milagre, mas também do
realizador do feito miraculoso (v.12). No entanto, Jesus que nada exigiu do
cego para curá-lo, nem mesmo que este o seguisse, encontra-se em um local
ignorado pelo ex-cego que se limita a responder aos inquiridores que não sabe
onde o Mestre encontra-se.
SUBSÍDIO 1
Jesus viu um homem
cego de nascença.
E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo:
Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? (9.1,2) A cura
milagrosa é uma evidência vívida das verdades que Jesus afirmou. Ele é a Luz do
mundo, capaz de trazer a visão ao cego. Aqueles como o homem cego, cuja visão
foi restaurada, reconhecem Jesus e caminham na luz. Mas aqueles que afirmam
ver, porém não conseguem reconhecer a confirmação de Deus em relação aos Salvador
nos seus milagres, provam que estão espiritualmente cegos, e morrerão nos seus
próprios pecados.
Aqui também há algo especial para nós.
Os discípulos, depois de verem o homem nascido cego, foram levados a fazer uma
interessante pergunta teológica. A crença popular sugeria que a deficiência
deste homem era devida ao pecado em sua vida. Mas, como ele nasceu cego, como
poderia ter merecido esta punição? Ele foi punido por algum pecado dos seus
pais? Ou quem sabe algum pecado que Deus sabia de antemão que o homem iria cometer?
O que é importante aqui não é a resposta que Jesus deu — de que a cegueira não
era punição por nenhum pecado, mas que servia como oportunidade para glorificar
a Deus. O que é importante é o fato de que quando os discípulos viram o
sofrimento — sua curiosidade, e não sua compaixão, foi despertada (RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007, pp. 218,219).
SUBSÍDIO 2
Jesus cura um homem cego de nascença / 9.1-12 9.6,7 Isto não é típico da maneira como Jesus operava
milagres, de acordo com João. Mas Marcos registra dois incidentes de cura
miraculosa em que Jesus usou a saliva — para curar um homem surdo e mudo e para
curar um homem cego (Marcos 7.33; 8.23).
O relato de João, porém,
fornece o único registro de Jesus cuspindo na terra e formando lodo. Desde a
antiguidade, pensava-se que o cuspe ou saliva possuía algum poder medicinal.
Mas os judeus desconfiavam de qualquer pessoa que usasse saliva para curar,
porque tal atitude estava associada com artes mágicas. Vale a pena notar,
porém, que o papel da saliva de Jesus na cura era principalmente o de fazer
lodo. Como já foi salientado anteriormente ([...]),
Jesus não usava objetos
aleatórios sem um propósito específico. Primeiro, Jesus usou o lodo para ajudar
a desenvolver a fé do homem (ele tinha que fazer o que Jesus lhe disse: ir e se
lavar em um certo tanque). Segundo, Jesus amassou o lodo com suas mãos a fim de
colocá-lo sobre os olhos do homem. Isto constituía ‘trabalho’ em um dia de
sábado e iria perturbar os fariseus. Jesus tinha muito que lhes ensinar sobre
Deus e o seu sábado” (Comentário do Novo Testamento. Aplicação Pessoal. Vol 1.
1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 544).
CONCLUSÃO
A cura do cego evidencia a mentalidade
prevalente de uma sociedade preconceituosa. Era mais fácil acreditar que se
tratava de outra pessoa do que dobrar-se à realidade — Deus curara e restituíra
uma pessoa de forma sobrenatural! Lamentavelmente, tal postura não ficou no
passado, pois ainda hoje, até mesmo nos círculos religiosos, pessoas demonstram
incredulidade diante de transformações radicais operadas pelo Senhor em alguém.
Que tal atitude desapareça entre nós.
HORA DA REVISÃO
1
O que João quer expressar ao dizer que Jesus “viu” um homem cego de nascença?
Trata-se de um detalhe
importantíssimo, pois revela, como em outras ocasiões (Mt 5.1; Jo 5.5,6; 6.5),
a atenção do Mestre para os excluídos, desprezados e esquecidos pela sociedade.
2.
Elenque os versículos citados na lição que refutam a errônea crença dos
discípulos a respeito do fato de o homem ser cego.
Ezequiel 18.1-32, Jeremias 31.29,30 e
João 9.3.
3.
Qual o significado do nome Siloé e por que ele é oportunamente citado por João?
Siloé significa “o Enviado”. A
observação joanina figura no texto para destacar a pessoa de Jesus que fora
enviado pelo Pai para cumprir a missão de dar vista aos cegos (Jo 5.36-38;
8.16; 9.39).
4.
O que levou as pessoas a questionarem se o homem era realmente o cego que eles
antes conheciam?
A dúvida surge pelo fato de que a
aparência do cego, ao locomover-se e transitar de forma autônoma, leva as
pessoas a questionar, pois ele agora estava “diferente”. Não apenas isso, mas
também o fato de ele agora não mais ficar na mendicância e ter sua dignidade
restituída. Isso fez com que a dúvida se instaurasse. Era a mesma pessoa ou
não?
5.
Por que o ex-cego não sabia onde Jesus estava?
Porque Jesus nada exigiu do cego para
curá-lo, nem mesmo que este o seguisse.