A TRANSMISSÃO DE APOCALIPSE
A revelação foi
transmitida de Deus aos homens desta maneira: Deus transmitiu a revelação a
Cristo; Cristo entregou-a ao seu anjo; o anjo enviou-a a João; João comunicou-a
aos seus “conservos”. Foi transmitida em linguagem essencialmente simbólica,
pois “pelo seu anjo as enviou e as notificou [as ‘coisas’] a João, seu servo”,
como é afirmado em Ap 1.1. Há mais símbolos nesse livro que em qualquer outro
livro da Bíblia. Ninguém pode entender Apocalipse plenamente se não entender a
interpretação dos símbolos.
O TÍTULO DO LIVRO
“A revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1). As
palavras “revelação” e “apocalipse” são sinônimos, derivados do termo grego apokalupsis, que significa “desvelar”,
“revelar”, “descobrir” e ocorre em Lc 2.32; Rm 2.5; 8.19; 16.25; 1Co 1.7; 14.6,
26; 2Co 12.1, 7; Gl 1.12; 2.2; Ef 1.17; 3.3; 2Ts 1.7; 1Pe 1.7, 13. Significa
“levantar uma cortina” para mostrar o que estava encoberto.
AUTORIA
João, discípulo
querido e apóstolo de Jesus, é o autor do livro de Apocalipse, não no sentido
de ter criado os seus conteúdos, mas de ser o cronista deles (Ap 1.1, 4, 9, 11,
19; 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14; 22.8-10). O pronome “eu” é usado mais de
setenta vezes no livro. Isso constitui um forte contraste com o evangelho de
João, que não usa esse pronome. Os primeiros pais da igreja são unânimes em
afirmar a autoria do apóstolo João.
DATA
A data da escrita,
pelo consenso quase unânime dos primeiros escritores da igreja, é o período
final do reinado do imperador Domiciano, por volta do ano 96 d.C., época da
segunda perseguição aos cristãos promovida pelos imperadores romanos. Foi
originariamente enviado aos pastores das sete igrejas da Ásia (Ap 1.11, 20;
2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14).
O OBJETIVO DO LIVRO
O objetivo de
Apocalipse é “mostrar aos seus servos [de Deus] as coisas que brevemente devem
acontecer” (Ap 1.1; 22.6). A palavra “coisas” é usada cerca de dezessete vezes
para acentuar o propósito do livro. “As coisas encobertas são para o Senhor,
nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre,
para cumprirmos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29; 1Co 2.14; 2Tm 3.16,17).
ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO PARA O LIVRO DE APOCALIPSE
1. A escola preterista afirma que o
Apocalipse foi cumprido nas lutas dos judeus e dos primeiros cristãos e nas
conquistas da Grécia e Roma.
2. A escola histórica insiste em que as
profecias do livro estão sendo progressivamente cumpridas e que a maior parte
foi cumprida desde Jesus Cristo.
3. A escola espiritual crê que o
Apocalipse representa o conflito espiritual entre Jesus Cristo e Satanás, entre
o bem e o mal.
4. A escola futurista acredita que o
Apocalipse é ainda o futuro, isto é, que os três primeiros capítulos descrevem
a igreja na presente era e que o restante da profecia será cumprido após o
arrebatamento da igreja. Esse é o método mais lógico e bíblico da interpretação
do livro, conforme o significado literal da linguagem da Escritura Sagrada e a
devida consideração à construção gramatical.
A MANEIRA DE ENTENDER O LIVRO DE APOCALIPSE
O livro de Apocalipse é reconhecidamente
literal e simbólico, mas deve ser entendido como literal sempre que possível.
Ou seja, uma afirmação deve, em princípio, significar o que está escrito, a
menos que tal interpretação seja muito improvável ou viole os princípios
fundamentais de retórica e da razão espiritualmente esclarecida ou ainda
contradiga outras citações da Sagrada Escritura que tratam do mesmo assunto. Se
a passagem não comportar a interpretação literal, então devemos pesquisar
outras passagens bíblicas para obter uma explicação. Esse é o único método
seguro de interpretação, uma vez que o livro é uma “revelação” em si mesmo.
Tratá-lo como um mistério ou espiritualizá-lo é negar o que o livro afirma ser.
A CHAVE PARA A INTERPRETAÇÃO DO LIVRO DE APOCALIPSE
“Escreve as coisas
que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” (Ap
1.19).
1. Parte I. “As coisas que tens visto”, ou seja,
Cristo no meio dos sete castiçais (Ap 1.12-18,20), conforme visto por João
antes que ele começasse a escrever.
2. Parte II. “As coisas que são”, ou seja, as
coisas acerca das igrejas então existentes e das que existirão em toda a era da
igreja até a ocasião do Arrebatamento. Essa divisão limita-se a Ap 2 e 3.
3. Parte III. “As coisas que hão de acontecer”, ou
seja, os acontecimentos posteriores ao arrebatamento da igreja. Essa divisão
abrange toda a seção de Ap 4—22. O leitor só terá de reconhecer que essa tripla
divisão natural compreende todo o livro de Apocalipse, sobretudo no que
concerne ao tempo do cumprimento das coisas em cada divisão. Se essas divisões
forem ignoradas, remanejadas ou se misturaram no conjunto, o resultado será a
confusão. O leitor não conseguirá entender a ordem divina dessas verdades, expressas
já em sequência, nem a intenção do livro. É imperativo que nos abstenhamos de
confundir essas divisões se desejamos a real compreensão dessas verdades.
AS
PRINCIPAIS DIVISÕES DO LIVRO DE APOCALIPSE
1.
Ap 1—3: trata da igreja, principalmente na Terra.
2.
Ap 4 e 5: retrata a igreja e os santos do Antigo Testamento com
Deus no céu depois do Arrebatamento, representados pelos 24 anciãos.
3.
Ap 6—19: trata principalmente de Israel sob a última opressão dos
gentios em cumprimento à profecia da Septuagésima Semana de Daniel após o
arrebatamento da igreja.
4.
Apocalipse 20—22: diz respeito às três classes: a igreja, os
judeus e os gentios. Os judeus terrestres serão os chefes de todos os gentios
na Terra, e a igreja reinará com Cristo sobre ambos para sempre.
Apocalipse não é história,
provérbio, charada, mistério, cântico, alegoria, tipo, fábula, enigma ou
parábola, mas pura profecia, transmitida de forma literal, simbólica e
dramatizada. À exceção de algumas partes dos capítulos 1 e 22, o livro é uma
mensagem profética do começo ao fim. As expressões “desta profecia” (Ap 1.3),
“as palavras da profecia deste livro” e “as coisas que em breve hão de
acontecer” (Ap 22.6-10) comprovam que se trata de uma profecia.
Autor: Finis Jennings Dake