Por Ev. Jair
Alves
Subsídio classe de Adultos | 3°Trimestre de 2018 | Aula:
8 de julho
Apresentação
O nome "Levítico" vem de
"Levi" e significa "referente
aos levitas". Na verdade, os levitas são mencionados em apenas um versículo
desse livro (Lv 25.32), sendo que as prescrições de Levítico dizem respeito principalmente
aos sacerdotes. Obviamente, como assistentes dos sacerdotes, os levitas precisavam
saber o que o Senhor desejava que fosse feito no ministério de sua casa. Em
nosso estudo de hoje veremos o conceito de culto e os elementos do culto
levítico e do cristão.
I - O CONCEITO DE CULTO
1. Definição etimológica
A palavra culto é originária do vocábulo
latino "cultos", e
significa adoração ou homenagem que se presta ao Supremo Ser. No grego, temos
duas palavras para culto: "latréia",
significando adoração; e: "proskynēo",
reverenciar, prestar obediência, render homenagem.
2. Definição
teológica
O Culto é tributação voluntária de
louvores e honra ao Criador. A liturgia, em si, não constitui-se em culto; é
necessário venha ela acompanhada de verdadeira predisposição espiritual. A
liturgia é o símbolo; a piedade, a essência. A liturgia é a roupagem; o amor a
Deus, a verdadeira substância do culto. Eis o texto-áureo do culto: "Deus
é Espirito; importa que os que o adorem, façam-no em espírito e verdade"
(Jo 4.24). O objetivo primário do culto é a adoração a Deus; o secundário, o
enlevo espiritual do adorador.
3. As três
dimensões do Culto
Um adjetivo-chave, usado com frequência no
Novo Testamento para descrever os atos apropriados de culto é a palavra aceitável.
Todo adorador procura ofertar o que seja aceitável. As Escrituras especificam
pelo menos três categorias de culto aceitável.
a) A dimensão externa
Primeiro, a maneira de nos comportarmos
com os outros pode refletir o culto. Romanos 14.18 afirma: 'Porque quem nisto
serve [latreuo] a Cristo agradável
[aceitável] é a Deus'. Qual é a oferta aceitável a Deus? O contexto revela que
é ser sensível ao irmão mais fraco (v.13). Tratar companheiros cristãos com a
devida sensibilidade é um culto aceitável.
b) A dimensão interior
Uma segunda categoria de culto envolve
comportamento pessoal. Efésios 5.8-10 afirma: 'Andai como filhos da luz (pois o
fruto do Espírito está em toda bondade, justiça e verdade), aprovando o que é
agradável ao Senhor'. A palavra agradável vem de uma palavra grega que
significa 'aceitável'. Nesse contexto, Paulo refere-se à bondade, à justiça e à
verdade, dizendo claramente que fazer o bem é um ato aceitável de culto a Deus
(1 Tm 2.2,3).
c) A dimensão superior
O culto afeta todo o relacionamento com
Deus. Hebreus 13.15,16 resume maravilhosamente esta dimensão superior
[...]".[1]
II - ELEMENTOS DO CULTO LEVÍTICO
1. Sacrifícios e Ofertas
Havia alguma
diferença entre um sacrifício e uma oferta? Em Levítico, as palavras são
trocadas. Um sacrifício especifico é chamado de oferta (oferta queimada
[holocausto], oferta de manjares, oferta de paz), enquanto as ofertas
geralmente são chamadas de sacrifícios. O fato é que cada pessoa oferecia um presente
a Deus sacrificando-o no altar. No Antigo Testamento, o sacrifício era a única
maneira de aproximar-se de Deus e restaurar o relacionamento com Ele. Havia
mais de um tipo de oferta ou sacrifício, e esta variedade tornava-os mais
significativos porque cada um estava relacionado a uma situação especifica da
vida.
Os sacrifícios eram
oferecidos em louvor, adoração e agradecimento, e também para perdão e comunhão.
Os primeiros sete capítulos de Levítico descrevem uma variedade de ofertas e
como deveriam ser praticadas.
2. Ofertas
A Lei mosaica
prescrevia cinco categorias de sacrifícios e de outras ofertas:
a) As ofertas queimadas - tinham a
finalidade de fazer a expiação e enfatizavam a total devoção ao Senhor.
A marca distintiva do holocausto, ou oferta
queimada (oferta preparada no fogo”) era o fato de ela ser inteiramente
consumida no altar, enquanto nos outros sacrifícios animais apenas algumas
partes eram queimadas.
O propósito da oferta queimada era a propiciação ou a
expiação, embora houvesse outra ideia ligada a ela — a total consagração do
adorador ao Senhor. Nenhuma parte do animal era deixada para consumo humano,
por isso o termo usado é “ofertas queimadas” (em inglês, “ofertas totalmente
queimadas”; ver SI 51.19).
A oferta queimada era o sacrifício normal do israelita em
seu adequado relacionamento com Deus - era o único sacrifício designado como
prática regular do serviço do santuário.
Era oferecida todos os dias, no período da
manhã e novamente à tarde. Nos dias comuns, um cordeiro de um ano de idade era
sacrificado, enquanto no sábado eram oferecidos dois cordeiros, de manhã e à
tarde (Nm 28.9,10).
Outros dias de festas especiais pediam um número
maior de animais. Também havia ofertas queimadas quando um nazireu cumpria seus
votos ou quando se tornava impuro (Nm 6), na consagração dos sacerdotes (Êx
29.15), na cura da lepra (Lv 14.9), na purificação da mulher (12.6) e em
resposta a outras impurezas rituais (15.15,30). Era o único tipo de oferta em
que se permitia a participação de um não israelita (17.8; 22.18,25).
b) As ofertas de grãos - expressavam uma
petição individual para que Deus concedesse as bênçãos da aliança e também
representavam a dedicação a Deus dos frutos do trabalho do homem ou da mulher.
Ø A oferta de cereal (Lv 2.1-16;
6.14-18) era constituída de farinha fina, pão sem fermento, bolos; ou então
eram espigas de grãos tostados, sempre com sal e, exceto na oferta pelo pecado
(Lv 4.1-35), com óleo de oliva (2.1,4,13,14; 5.11).
Ø Às vezes, eram acompanhadas de incenso. Apenas uma parte
era consumida pelo fogo do altar; o restante era guardado pelos sacerdotes, que
o comiam num lugar sagrado (6.16; 10.12,13).
Ø Com exceção da oferta pelo pecado, a oferta de
cereais acompanhava todas as outras ofertas em ocasiões importantes (7.1; Nm
15). Sempre seguia as ofertas queimadas da manhã e da tarde. A ideia por trás
da oferta de cereais parece estar relacionada com a alimentação: uma vez que a
refeição normal do povo não consistia apenas de carne, seria errado oferecer a
Deus somente carne.
c) As ofertas de
comunhão (Lv 3.1-17) - (Às vezes chamadas "ofertas pacíficas"). Estudaremos sobre
as ofertas pacíficas na lição 10.
d) As ofertas pelo pecado - ou ofertas de
purificação faziam a expiação dos pecados involuntários, como os cometidos por
negligência e também pela impureza ritual.
As ofertas pelo
pecado eram feitas por toda a congregação em todos os dias de festa,
especialmente no Dia da Expiação (ver Lv 16). Com exceção dessas importantes
ocasiões nacionais, as ofertas pelo pecado eram apresentadas apenas em circunstâncias
especiais, que demandassem expiação de pecados.
e) As ofertas pela culpa (Lv 5.14-16) - ou ofertas de
reparação faziam a expiação pelos pecados não intencionais cometidos contra as
"coisas santas" e os mandamentos de Deus. Nessas ofertas obrigatórias,
estava implícito o aspecto da restituição.
A oferta pela culpa era um tipo especial de
sacrifício pelas transgressões. Por meio dela, era possível fazer restituição e
satisfazer a outras exigências legais. Quando os direitos de Deus ou de outras
pessoas eram violados, era preciso reparar o erro, honrar a lei quebrada e
expiar o pecado por meio da oferta pela culpa.
A oferta, que era sempre de um cordeiro (Lv 14.12),
era apresentada depois que as partes prejudicadas estavam satisfeitas. O ritual
era o mesmo da oferta pelo pecado, exceto pelo fato de que o sangue não era
aspergido, mas derramado sobre a superfície do altar.
O propósito principal desse sacrifício
era fazer a expiação pelas dívidas contraídas com Deus, como a negligência em
pagar ao santuário o que era devido no tempo próprio e as dívidas contraídas
com outras pessoas, como roubo, falta de devolução do bem em depósito, falso
juramento sobre algo que foi perdido ou sedução de uma noiva escrava.
Em adição as ofertas que foram
relacionadas acima, era ainda pedido aos israelitas dízimos e outras ofertas (Dt
14.22). Diferentes tipos de ofertas eram apresentadas sob diversas combinações
em ocasiões diferentes, como a ordenação do sacerdote e a consagração de objetos
sagrados (Lv 8 e 9; Nm 7), os sacrifícios diários (Lv 6.8-13), as festas
anuais2 e os momentos marcantes da vida da família (Lv cap. 12).
3. A eficácia dos Sacrifícios
A eficácia do sistema sacrifical
dependia não da oferta do animal em si (embora seguir os regulamentos fosse
essencial, porque ensinavam os israelitas a se aproximar de Deus apenas nos termos
dele), mas de Deus mesmo, que ordenara esses sacrifícios. Sem a imprescindível atitude
de arrependimento, a observância mecânica dos rituais não tinha nenhum significado,
fato repetidamente denunciado pelos profetas de Deus ( 1Sm 15.22; Am 5.21-24;
Mq 6.6-8; Sl 51.14-19). Levítico 17.11 indica com bastante clareza que o
precioso sangue do animal sacrificado era a provisão de Deus para expiar o
ofensor.
4. Outros
elementos do culto no Antigo Testamento.
a) Cânticos (2Cr
5.12,13)
b) Exposição da
Palavra (2Cr 6.1-13)
c) Oração (2Cr
14.31)
d) Leitura da
Palavra (Ne 8.1-8)
e) Bênção Araônica
(Nm 22.6).
Esses elementos
(Incluindo os sacrifícios) existiram no auge do culto divino do Antigo
Testamento, porém isso não significa que todos esses elementos estivessem
presentes em todas as celebrações.