Introdução Depois do Carnaval, o
evento mais esperado do calendário brasileiro são as festas
juninas, que animam todo o mês
de junho com muita música caipira,
quadrilhas, comidas e bebidas típicas em homenagem a três santos
católicos: Santo Antônio, São João e São Pedro. Naturalmente as festas juninas fazem parte das manifestações populares mais
praticadas no Brasil.
Seria as festas juninas folclore ou
religião? Até onde podemos distinguir entre ambos? Neste estudo não pretendemos atacar a religião
católica, já que todos podem professar a religião que bem desejarem, o
que também é um direito constitucional. Mas tão somente confrontar
tais práticas com o que diz a Bíblia.
Herança Portuguesa
A palavra folclore é formada dos termos ingleses folk (gente) e lore (sabedoria popular ou
tradição) e significa “o
conjunto das tradições, conhecimentos ou crenças populares expressas em
provérbios, contos ou canções; ou estudo e conhecimento das tradições de um
povo, expressas em suas lendas, crenças, canções e costumes".
Como é do conhecimento geral, fomos descobertos pelos portugueses, povo de
crença reconhecidamente católica. Suas tradições religiosas foram por nós
herdadas e facilmente se incorporaram em nossas terras, conservando seu aspecto
folclórico.
Sob essa base é que instituições educacionais promovem, em nome do
ensino, as festividades juninas, expressão que carrega consigo muito
mais do que uma simples relação entre a festa e o mês de sua realização.
Entretanto, convém salientar a coerente distancia existente as finalidades educacionais e as religiosas.
É bom
lembrar também que nessa época as escolas, "em nome da
cultura", incentivam tais festas
por meio de trabalhos escolares, etc...
A criança que não tem como se defender aceita, pois se sente na obrigação de
respeitar a professora que lhe impõe estes trabalhos (sobre
festa Junina), e em alguns casos é até
mesmo ameaçada com notas baixas, porquê a professora, na maioria das vezes, é devota de algum
santo, simpatizante ou praticante da religião Católica, que é a maior
divulgadora desta festa. Neste momento quando se mistura folclore e religião, a
criança - inocente por natureza - rapidamente se envolve com as músicas,
brincadeiras, comidas e doces.
Aliás,
não existiria esta festa não fosse à religião. Inclusive existe a competição entre clubes, famílias ou grupos para
realizarem a maior ou a melhor festa junina da rua, do bairro, da fazenda,
sítio, etc... Além disso, não
podemos nos esquecer de que o teor de tais festas oscila de região para região
do país, especialmente no norte e no nordeste, onde o misticismo católico é mais acentuado. As mais
tradicionais festas juninas do Brasil acontecem em Campina Grande (Paraíba) e
Caruaru (Pernambuco). O espaço onde se
reúnem todos os festejos do período são chamado de arraial. Geralmente é decorado com
bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro. Nos arraias acontecem
as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos caipiras.
Uma Suposta Origem das Festividades
Para as crianças católicas, a explicação para tais festividades é tirada
da Bíblia com acréscimos mitológicos. Os católicos descrevem o seguinte:
“Nossa Senhora e Santa Isabel eram muito amigas. Por esse motivo,
costumavam visitar-se com freqüência, afinal de contas amigos de verdade
costumam conversar bastante. Um dia, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora para contar uma novidade: estava esperando um bebê ao
qual daria o nome de João Batista. Ela estava muito feliz por isso! Mas naquele tempo,
sem muitas opções de comunicação, Nossa Senhora queria saber de que forma seria informada sobre o
nascimento do pequeno João Batista. Não havia correio, telefone, muito menos Internet.
Assim, Santa Isabel combinou
que acenderia uma fogueira bem grande que pudesse ser vista à distância.
Combinou com Nossa Senhora que mandaria erguer um grande mastro com uma boneca sobre ele. O tempo
passou e, do jeitinho que combinaram, Santa Isabel fez. Lá de longe Nossa Senhoraavistou o sinal de fumaça, logo depois viu a fogueira.
Ela sorriu e compreendeu a mensagem. Foi visitar a amiga e a encontrou com um
belo bebê nos braços, era dia 24 de junho. Começou, então, a ser festejado São
João com mastro, fogueira e outras
coisas bonitas, como foguetes, danças e muito mais!”.
Como podemos ver, a forma como é descrita a origem das festas juninas é
extremamente pueril, justamente para que alcance as crianças. As comemorações
do dia de São João Batista, realizadas em 24 de junho, deram origem ao ciclo festivo conhecido como festas
juninas. Cada dia do ano é dedicado a um dos santos canonizados
pela Igreja Católica. Como o número de
santos é maior do que o número de dias do ano, criou-se então o dia de “Todos
os Santos”, comemorado em 1 de
novembro. Mas alguns santos são mais
reverenciados do que outros. Assim, no mês de junho são
celebrados, ao lado de São João Batista, dois outros santos: Santo
Antônio, cujas festividades acontecem no dia 13, e São Pedro, no dia 28.
Plágio do Paganismo
Na Europa antiga, bem antes do descobrimento do Brasil, já aconteciam
festas populares durante o solstício de verão (ápice
da estação), as quais marcavam o início
da colheita. Dos dias 21 a 24, diversos povos, como celtas, bascos, egípcios e sumérios, faziam rituais de invocação da fertilidade para
estimular o crescimento da vegetação, prover a fartura nas colheitas e trazer
chuvas. Nelas, ofereciam-se comidas, bebidas e animais aos vários deuses em que
o povo acreditava. As pessoas dançavam e faziam fogueiras para espantar os maus
espíritos. Por exemplo: as
cerimônias realizadas em Cumberland, na Escócia e na Irlanda, na véspera de São João, consistiam em oferecer bolos ao sol, e algumas vezes
em passar crianças pela fumaça de fogueiras.
As origens dessa comemoração também remontam à antiguidade, quando se
prestava culto à deusa Juno da mitologia
romana. Os festejos em homenagem a essa
deusa eram denominados “junônias”. Daí temos uma
das procedências do atual nome “festas juninas”. Tais
celebrações coincidiam com as festas em que a Igreja Católica comemorava a data
do nascimento de São João, um anunciado da vinda de Cristo.
O catolicismo não conseguiu impedir sua realização. Por isso, as
comemorações não foram extintas e, sim, adaptadas para o calendário cristão.
Como o catolicismo ganhava cada vez mais adeptos, nesses festejos acabou se
homenageando também São João. É por isso que no inicio as festas eram chamadas de Joaninas e os primeiros países a comemorá-las foram França,
Itália, Espanha e Portugal.
Os jesuítas portugueses trouxeram os festejos joaninos para o Brasil. As festas de Santo
Antonio e de São Pedro só começaram a
ser comemoradas mais tarde, mas como também aconteciam em junho passaram a ser chamadas de festas
juninas. O curioso é que antes da
chegada dos colonizadores, os índios realizavam festejos relacionados à agricultura no
mesmo período. Os rituais tinham canto, dança e comida. Deve-se lembrar que a
religião dos índios era o animismo politeísta (adoravam vários elementos da
natureza como deuses). As primeiras
referências às festas de São João no Brasil datam de 1603 e foram registradas pelo frade Vicente do Salvador, que se referiu aos nativos que aqui estavam
da seguinte forma: “os
índios acudiam a todos os festejos dos portugueses com muita vontade,
porque são muito amigos de novidade, como no dia de São João Batista,
por causa das fogueiras e capelas”.
Sincretismo Religioso
Religiões de várias regiões do Brasil, principalmente na Bahia, aproveitam-se
desse período de festas juninas para manifestar sua fé junto com as comemorações católica.
O Candomblé, por exemplo, ao homenagear os orixás de sua linha, mistura suas práticas com o ritual
católico. Assim, durante o mês de junho, as festas romanas ganham um cunho profano com muito
samba de roda e barracas padronizadas que servem bebidas e comidas variadas.
Paralelamente as bandas de axé music se espalham pelas ruas das cidades baianas durante os
festejos juninos.
Um fator fundamental na formação do sincretismo é que, de acordo com as tradições africanas, divindades
conhecidas como orixás governavam
determinadas partes do mundo. No catolicismo popular, os santos também tinham esse poder. “Iansã
protege contra raios e relâmpagos e Santa Bárbara protege contra raios e
tempestades". Como as duas
trabalham com raios, houve o cruzamento. Cultuados nas duas mais populares religiões
afro-brasileiros – a umbanda e o candomblé – cada orixá
corresponde a um santo católico. Ocorrem
variações regionais.
Um exemplo é Oxóssi, que é sincretizado na Bahia com São Jorge, mas no Rio de Janeiro representa São Sebastião. Lá, devido ao candomblé, oSanto Antônio das festas juninas é confundido com Ogun, santo guerreiro da cultura afro-brasileira.
Fonte:
Pr. João Flávio & Presb. Paulo Cristiano
Matéria compilada e adaptada pela equipe editorial
do CACP.
Fontes de consultas:
Defesa da Fé - junho de 2002 nº45;
Jornal - Folha de Rio Preto, 22/06/2003;
Revista - Galileu Junho 2003 nº143;
Artigo do CACP - "As Maldições das Festas
Juninas" - Pr. Afonso Martins;
Anotações particulares do Pb. Paulo Cristiano
da Silva.