Mateus 8.28-34 fala sobre a cura de dois endemoninhados pelo Senhor
Jesus. Já Marcos e Lucas falam
que foi apenas um. Como explicar essas divergências?
Diz o texto bíblico: "E, tendo
chegado à outra margem, à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois
endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram, que ninguém podia
passar por aquele caminho. E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós contigo,
Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? (Mt 8.28,
29).
Conforme afirmam as notas da Bíblia de Estudo Pentecostal, os primeiros três evangelhos: Mateus, Marcos e
Lucas foram escritos entre os anos 60 e 65 d.C., sendo que o primeiro foi o de
Marcos, e o ultimo evangelho a ser escrito, o de João, o foi entre os anos 80 a
95 d.C. Ora, como o apóstolo Mateus só começou a escrever de 30 a 35 anos
depois, ele se utilizou, além de suas próprias experiências durante a sua vida
seguindo o Senhor desde o seu trabalho na coletoria quando o Senhor Jesus o
requisitou a
segui-lo (Mt 9.9), também das informações dos que com ele viveram
naquele tempo, lhe esclarecendo e fazendo lembrar os fatos que aconteceram,
pois já se faziam mais de 30 anos; além do que, havia também aqueles fatos que
antecederam a sua chamada por Jesus (seu nascimento, batismo, tentação no
deserto etc).
O medico amado Lucas, por sua
vez, não foi apóstolo do
Senhor. Como também o evangelista Marcos, que não obstante ter acompanhado o
Senhor Jesus, não está escrito que ele foi um dos seus apóstolos (Mc 14.52).
Relata-nos
Lucas:
"Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós
se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o
princípio e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente
descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já
informado minuciosamente de tudo desde o princípio, para que conheças a certeza
das coisas de que já estás informado" (Lc 1.1-4).
Mateus, a partir de informações ou do seu testemunho pessoal, notou que
havia dois endemoninhados, mas o gadreno (como sempre) foi destacado por sua
fúria e ousadia macabra por falar pelo outro endemoninhado que o acompanhava.
Era uma legião
("muitos") que falavam, mas o transmissor era um. Podem existir
muitas vozes, (Rm 15.6) mas somente uma deve ser notória, ou falar por todos; é o que lidera, e Mateus registrou este adendo.
Como frisa o Comentário
Bíblico do Novo Testamento da CPAD, Mateus registra só os fundamentos simples deste
exorcismo e omite detalhes de Marcos.
Mateus queria nos
mostrar a severidade da possessão e terror de toda comunidade e a instrução que
o exorcizado recebeu de testemunhar às pessoas de Decápolis. Mas Mateus
acrescenta que havia dois endemoninhados (Mt 9.27; 20.30).
Ao que parece, os dois outros evangelhos se centralizaram em um só endemoninhado, enquanto Mateus se refere aos
dois provavelmente para cumprir a exigência judaica de testemunho legal de
pelo menos duas testemunhas (Dt 17.6; 19.15).
Do mesmo modo lemos que
Mateus registrou que Jesus entraria em Jerusalém sentado numa jumenta e num
jumentinho (Mt 21.5). Entretanto, Marcos e Lucas registraram que seria em um jumentinho que Jesus faria sua entrada triunfante em
Jerusalém. Ou seja, havia uma
jumenta e um jumentinho, mas o foco de Marcos e Lucas estava no jumentinho o
qual ninguém o havia montado, e não na jumenta. Ou seja, outra vez Mateus
pluralizou os detalhes dos seus escritos, enquanto Marcos e Lucas as
individualizavam. Mas a importância desse acontecimento estava focalizada na
entrada triunfal de Jesus cm Jerusalém.
No caso dos endemoninhados, o principal objetivo foi focalizar o
poder, a libertação, e a salvação dos
gadarenos pelo poder extraordinário do Senhor Jesus.
Enfim, o foco dos registros de Mateus estava na pluralidade e o de
Marcos e Lucas, na individualidade. Portanto, eram dois os endemoninhados, mas
um notadamente se destacou.
Divulgação: Subsídios EBD | Fonte: Jornal
Mensageiro da paz, Junho de 2016 - José Edson de Souza