"Para quem deve ser
ministrada a unção com óleo no Novo Testamento?"
Considerando as razões que levavam a unção no Antigo Testamento, vemos Deus determinando
algumas coisas importantes:
1)
A receita do óleo da santa unção (Êx 30.22,33);
2)
A quem e em quais as ocasiões o mesmo
deveria ser usado (Êx 30.26,32);
3)
E o que a unção representava (Êx 30.29,30).
Na
Bíblia, o óleo é
apresentado como um dos símbolos do Espírito Santo. Nesse caso, o objeto ou
pessoa ungida recebia uma autoridade específica da parte de Deus e recebia o
efeito produtivo de santidade, ou seja, separação, consagração para o serviço
sagrado. Já no Novo Testamento, a referência de Tiago 5.14 oferece a ideia de
um rito que deveria ser usado apenas em favor dos enfermos.
É
interessante notar que o texto sagrado neotestamentário
não faz menção alguma ao uso do óleo
para outros fins e para outras situações que não seja a aplicação em oração pelos
enfermos salvos em Jesus Cristo.
Um
pequeno apelo às regras de interpretação mostrará
que o propósito de Tiago era orientar sobre a possibilidade de um salvo estar
sofrendo enfermidade como consequência de alguma desobediência, sendo que o
contexto faz teferência à confissão e ao efeito da fé para levantar o enfermo.
Assim, percebemos que o uso do óleo não deve ser entendido como algo com poder
isolado, como nos cultos animistas. O mesmo não é portador de nenhuma virtude
autónoma. É apenas mais um componente que não dispensa a oração c a imposição
de mãos: "Está alguém doente? Chame os presbíteros da igreja; e estes
façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé
salvará o doente e o Senhor o restabelecerá", Tg 5.14,15.
Nos
tempos pós-modernos, com a preocupação de despertar
a religiosidade a qualquer custo, mesmo comprometendo questões básicas da fé
cristã, alguns grupos lançaram incrementos contraditórios ao modelo bíblico e
passaram a ungir qualquer coisa em qualquer momento, e visando a seus próprios
desejos egoístas, como dinheiro,
casa, carro etc. Muitos líderes religiosos deveriam considerar
a seriedade com que se devem encarar os ensinamentos sagrados para não
vulgarizar questões tão importantes que envolveram a preocupação dos apóstolos,
pois quando alguém se decepciona não alcançando o resultado prometido, torna-se
cético e incrédulo.
Note
que a epístola de Tiago foi
dirigida primeiramente aos judeus convertidos, e que estavam dispostos, os quais precisavam de um pastoreio. Os mesmos
eram conhecedores das simbologias representadas no óleo e assim podiam
entender a razão de ungir um enfermo. Diferentemente de hoje, quando se aplica
o óleo fora do objetivo apontado pelo apóstolo e longe do propósito estabelecido
por Deus.
Se
os crentes querem seguir o modelo da Igreja Primitiva também nesse quesito, devem adotar a prática da unção com óleo
apenas em favor dos enfermos, e com oração.
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Jornal Mensageiro da Paz, Setembro de 2011| Pr. Paulo
Gonçalves.