Revista Cristão Alerta : Edição 20, 1° trimestre de 2025: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ Subsídios Bíblicos : EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ A Revista Evangélica Digital é uma fonte confiável de subsídios bíblicos que oferece os melhores recursos para professores e alunos de Escolas Bíblicas, especialmente para as lições dominicais de adultos da CPAD. 📚 VOCÊ ENCONTRA NESTA EDIÇÃO Subsídios para todas as lições bíblicas, classe dos adultos: Subsídios Lição 1: Quando as Heresias Ameaçam a Unidade da Igreja Subsídios Lição 2: Somos Cristãos Subsídios Lição 3: A Encarnação do Verbo Subsídios Lição 4: Deus É Triúno Subsídios Lição 5: Jesus é Deus Subsídios Lição 6: O Filho É igual com o Pai Subsídios Lição 7: As Naturezas Humana e Divina de Jesus Subsídios Lição 8: Jesus Viveu a Experiência Humana Subsídios Lição 9: Quem é o Espírito Santo? Subsídios...
Lição 8 - A Vida Cristã e a Estima pela Liderança
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Observação. Este é um subsídio para ajudar os professores na
ministração da lição 8 – Classe de Jovens | 2° Trimestre de 2018.
É pensando sobre o
papel do reconhecimento da igreja local — tanto em seu aspecto de honra aos que
trabalharam para a expansão do Reino, como com relação à autoridade da
coletividade em reconhecer os chamados e as vocações individuais — que
discutiremos neste subsídio.
1. Sobre a Necessidade de Anunciar constantemente a
Verdade
Vivemos em tempos de
muitas mentiras, erros, falsificações. A crise que nos rodeia é tão grande que
muitos insistem hoje que os critérios de verdade, justiça e bondade foram todos
relativizados; e, se assim for, deve valer tudo em nossa sociedade. Na verdade,
esses dois aspectos da contemporaneidade estão intimamente relacionados, ou
seja, a causa de todo relativismo é a profusão de mentiras que se propagam com
uma enorme velocidade em nosso contexto histórico.
Uma mentira não precisa ser contada mais de mil vezes para
tornar-se uma verdade; as milhares de mentiras coexistentes já emudeceram as
parcas verdades que ainda sobrevivem.
Dessa forma, como
restabelecer a verdade a seu lugar? Dando-lhe lugar de fala, redirecionando
nossas estratégias de combate ao erro. Ao invés de insistirmos em apontar para
as falácias, de tal modo que, num mundo midiático, estas ganhem os holofotes
continuamente, devemos estar concentrados em clarificar e proclamar a verdade.
Um exemplo muito
claro da necessidade deste novo modo de enfrentamento da mentira é o desafio
que qualquer liderança enfrenta hoje no contexto religioso. Os vários
escândalos de natureza sexual, as inúmeras denúncias de envolvimento com
corrupção pública, o uso imoral do dinheiro de muitas comunidades para a compra
de roupas de grife a jatinhos; tudo isso, no julgamento da imensa maioria da
população, põe todas as lideranças religiosas na mesma vala comum.
Se reduzirmos essa
análise ao mundo evangélico brasileiro, tudo fica muito pior. A credibilidade
de pastores e líderes é baixíssima no senso comum da maioria das pessoas. Mas
isso tudo porque, numa avaliação generalizante, todos são considerados iguais
em suas posturas e intenções.
É claro que esse tipo
de ponderação sobre o enorme universo de homens e mulheres que se dedicam ao
Reino de Deus é injusto. O que acontece, como já anteriormente apontamos, é que
o mal e o erro têm maior visibilidade que o bem e aquilo que é correto. Uma minoria
de indivíduos comete erros reprováveis, e suas atitudes vêm a público; contudo,
todo um universo de pessoas é pejorativamente mal avaliado.
O escândalo dos
mal-intencionados faz com que a imensa maioria dos que exercem serviços de
liderança em nossa comunidade sejam malvistos, quando, na verdade, existe um
exército de servos que, de maneira desprendida, doam suas vidas, tempo e até
mesmo finanças para o desenvolvimento do Reino aqui na terra.
Sobre a necessidade de ponderação e mediação
sobre o trabalho dos que lideram, Boor afirma-nos:
Nessa
multidão viva e ativa existem pessoas “que labutam em vosso meio”. Porque a
longo prazo nenhuma comunhão de pessoas pode subsistir somente com os respectivos
serviços voluntários. Carece das ordens e igualmente dos membros que assumem
certos serviços de forma duradoura. Nessa questão a igreja precisa levar em
conta o permanente perigo de que essas ordens se enrijeçam como fins em si mesmos
e de que esses membros da igreja se tornem “papas” (com ou sem talar e tiara!)
que transformam o serviço em dominação. Esse perigo precisa ser constantemente
superado com reiterados avivamentos e reformas. Mas não é possível existir sem
serviços organizados e permanentes. (BOOR, 2007, p. 47)
2. Paulo, os Tessalonicenses e o Reconhecimento das
Lideranças
Diante desse quadro
problemático que se impõe hoje, as orientações paulinas nunca se fizeram tão
necessárias. Ao escrever para os tessalonicenses, o apóstolo faz um último rogo
àquela comunidade: que reconheçam os que trabalham entre os irmãos e que também
lideram conforme as orientações do Senhor (ver 1 Ts 5.12).
Um dos elementos
centrais no pedido de Paulo à Igreja em Tessalônica é que o reconhecimento deve
ser feito às pessoas, e não ao trabalho realizado. O que se percebe
continuamente em nosso contexto evangélico brasileiro é que, muitas vezes, se
fala muito sobre o trabalho dos líderes, as obras que eles realizaram, seus feitos;
contudo, esquece-se de suas pessoas.
A despessoalização
daqueles que se doam aos ministérios de liderança é algo muito sério. Num
processo de abuso e uso dos sujeitos, instituições aproveitam-se do coração
generoso, das inexperiências juvenis e, muitas vezes, exploram pessoas para,
simplesmente, num momento posterior, lança-las fora.
São incontáveis as histórias de líderes — não apenas de
pastores, mas também de irmãs de oração, dirigentes de congregação, piedosos
servos e servas — que, durante anos, se entregaram completamente ao apoio a uma
determinada obra, mas que, ao envelhecerem ou mesmo apenas ao não serem capazes
de doarem-se o quanto faziam antes, são simplesmente afastados, isolados,
esquecidos.
Quantos abnegados
pioneiros da obra de Deus aqui no Brasil, especialmente do pentecostalismo
protestante, estão completamente ostracizados em suas residências, alguns
inválidos, outros simplesmente machucados demais na alma para conseguirem, ao
menos, congregar-se novamente.
O raciocínio de
compreensão do envelhecer em nossas igrejas está abandonando os padrões
bíblicos para adequar-se à lógica perversa da sociedade contemporânea. Em nosso
mundo, quando as coisas não produzem o resultado que as demais são capazes de
gerar, elas são descartadas de pronto.
Existem inúmeros textos
sagrados que apontam para a valorização e honradez da velhice. Envelhecer,
segundo os padrões bíblicos, não deve ser visto como um suplício ou declínio,
mas, antes, como uma benção, como um privilégio que o SENHOR Deus concede aos
seres humanos.
O ancião, com sua
bagagem de experiências e dons, tem a capacidade de instruir os mais novos em
suas ações e pretensões. A sabedoria de quem já passou por situações
semelhantes e encarnou dilemas análogos deveria ser sempre muito bem-vinda.
Entretanto, não é assim que muitas igrejas funcionam; em muitos casos, elas
estão subordinadas a conceitos humanos de produtividade, resultados e
racionamento.
Por isso, a produção
em massa de bens fundamenta o princípio da “obsolescência programada”, isto é,
os objetos e ferramentas que utilizamos no cotidiano são fabricados com um
prazo previsto para seu desuso; por isso, ainda que tal bem não esteja avariado
ou quebrado, ele será descartado do mesmo modo, pois é necessário que ele dê lugar
a um novo objeto, ainda que este não seja — na maioria dos casos — em nada
melhor que o outro.
Quando pessoas são
inseridas na lógica da obsolescência programada, tudo se torna mais perverso
ainda. Pessoas são “sugadas” em sua força e ânimo até o último estágio — por
isso, em muitas pesquisas contemporâneas, há a constatação do elevado índice de
stress e exaustão entre líderes evangélicos no Brasil e no mundo. No momento em
que tais pessoas já não são mais capazes de “dar o retorno” esperado pela
instituição ou por aqueles que a comandam, elas são rapidamente trocadas,
substituídas, desvalorizadas.
Quantas santas mulheres de Deus, anônimas para o
grande público, porém bastante conhecidas em suas comunidades locais, padecem de
esquecimento e isolamento em suas próprias casas, pois seus joelhos, que se
dobraram durante anos para clamar pelo Reino de Deus, não suportam mais o peso
da idade.
3. A Igreja Contemporânea e o Reconhecimento às
Lideranças
E hoje, de que modo
uma igreja local pode reconhecer o trabalho daqueles que se doam a ela
amorosamente? Em primeiro lugar, mantendo um compromisso com a memória da
coletividade; histórias inteiras de uma comunidade não devem ser apagadas ao
bel-prazer de um líder inseguro que, para autoafirmar-se, precisa desconsiderar
toda uma trajetória histórica que lhe antecedeu.
Outra medida prática
e de simples implantação, porém de destacável relevância, seria o empenho
comunitário no acompanhamento sistemático dos anciãos existentes na igreja
local. Tanto como num esforço de servir a um público-alvo específico — e cada
vez mais em crescimento —, como num ministério de acolhimento, auxílio e
valorização do idoso como grupo social relevante dentro de toda e qualquer
igreja.
Outra medida de
natureza mais específica diz respeito ao trato com aqueles que se dedicaram ao
serviço de liderar igrejas. Se uma igreja local desenvolveu um conjunto de atividades
de tal forma que exigiu — explícita ou implicitamente — a dedicação integral de
seu líder àquelas atividades, essa mesma igreja deve responsabilizar-se por
providenciar as garantias para um envelhecimento digno.
Tais
responsabilidades de uma igreja local passam tanto pelos aspectos espirituais,
como também pelos sociais e emocionais. Não se deve abandonar um líder, mais
especialmente quando este, pelo avançar de sua idade, já não consegue exercer
da mesma maneira as atividades que realizava anteriormente.
Esse tipo de atitude
que toda igreja deve tomar reflete diretamente uma verdade espiritual enunciada
por Paulo nesse contexto de sua primeira carta aos tessalonicenses: o
ministério que realizamos na obra de Cristo foi-nos dado pelo Pai, mas deve ser
chancelado pela comunidade local onde o desenvolvemos.
4. A Igreja como Instrumento de Reconhecimento
Ministerial
No meio evangélico
brasileiro, há uma série de anomalias extremamente perigosas, associadas
exatamente à quebra desse princípio apresentado por Paulo. Por exemplo, existem
indivíduos que, no afã de afirmarem sua suposta vocação ministerial, saem em
turnês por vários lugares. São personagens de vários extratos ministeriais:
cantores, pregadores, profetas, etc. Gente que não possui, de fato, uma igreja
local para congregar-se.
Como tais pessoas
poderão desenvolver qualidades inerentes ao serviço cristão, mas que se
evidenciam ou até mesmo se manifestam na vida em coletividade? Valores como
submissão, serviço e senso de coletividade somente serão desfrutados numa experiência
que envolva um grupo específico de pessoas que congreguem em um local
particular.
Como alguém que não
se submete a autoridades constituídas, que é incapaz de receber exortações por
seus atos, ou até mesmo que não recebe acompanhamento espiritual de ninguém poderá
desfrutar de um crescimento equilibrado e maduro? Necessariamente, somos parte
de um todo; no caso do exercício de nossos dons e ministérios, eles são para a
glória do Reino como um todo, mas tornam-se efetivos circunscritos a
comunidades que são geográfica e historicamente localizáveis.
Dessa maneira, é
importante destacar que todo esforço para um ministério autossuficiente é
satânico e diabólico. Pessoas que se bastam a si mesmas estão adoecidas,
maculadas pelo vírus luciferiano da adoração a si mesmo.
No cristianismo, a
comunidade tem prerrogativas sobre o indivíduo. Por isso, em vários momentos do
Novo Testamento, os escritores sagrados atestam que os chamados e ministérios
pessoais são todos frutos de demandas reais de igrejas específicas (1 Co
12.27-31; Rm 12.5-8; Ef 4.11-13).
Não foi para a
vanglória de homens que a Igreja nasceu; antes, foi para o serviço daqueles que
foram vocacionados por Deus à salvação que o Senhor Jesus estabeleceu líderes —
homens e mulheres — de caráter e qualidade.
Se alguém não tem
testemunho entre os seus (1 Tm 3.6,7), o que ele pretende levar aos demais que
estão distantes? Instituições podem até certificar pessoas como líderes; no
entanto, é o testemunho da pessoa entre os santos em uma comunidade local que
atesta o real fundamento divino de seu chamado.
CONCLUSÃO
Desconfiemos de
pessoas que priorizam mais seus ministérios do que seus relacionamentos; que
desejam mais a fama e o poder do que o serviço e o ministrar a vida dos outros.
Todas as vezes que o rosto de um homem estampa a porta de entrada de uma comunidade,
a coletividade está sendo sacrificada em detrimento da individualidade.
É claro que, falando
em termos práticos, dependendo do sistema de governo eclesiástico, o
reconhecimento comunitário oficial dar-se-á de modos diferentes. Entretanto,
não estamos aqui nos atendo a mecanismos específicos de reconhecimento
institucional, mas, sim, à natureza comunitária dos dons e ministérios
espirituais, os quais emanam, funcionam e finalizam-se por meio da ação de
Jesus Cristo com vistas às necessidades locais da igreja.
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Fonte:
A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses
para estes últimos Dias, CPAD