Subsídios Bíblicos: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ - Nova Edição

Revista Cristão Alerta : Edição 20, 1° trimestre de 2025: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ   Subsídios Bíblicos : EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ A Revista Evangélica Digital é uma fonte confiável de subsídios bíblicos que oferece os melhores recursos para professores e alunos de Escolas Bíblicas, especialmente para as lições dominicais de adultos da CPAD. 📚 VOCÊ ENCONTRA NESTA EDIÇÃO Subsídios para todas as lições bíblicas, classe dos adultos: Subsídios Lição 1: Quando as Heresias Ameaçam a Unidade da Igreja   Subsídios Lição 2: Somos Cristãos     Subsídios Lição 3: A Encarnação do Verbo Subsídios Lição 4: Deus É Triúno       Subsídios Lição 5: Jesus é Deus Subsídios Lição 6: O Filho É igual com o Pai Subsídios Lição 7: As Naturezas Humana e Divina de Jesus Subsídios Lição 8: Jesus Viveu a Experiência Humana    Subsídios Lição 9: Quem é o Espírito Santo?     Subsídios...

Lição 10 - A Manifestação do Anticristo e o Dia do Senhor


Observação. Este é um subsídio para ajudar os professores na ministração da lição 10Classe de Jovens | 2° Trimestre de 2018.
Apresentação, Descrição e Possibilidades acerca do Anticristo
O capítulo 2 da segunda carta de Paulo aos tessalonicenses encerra um conjunto de versículos envoltos em uma série de polêmicas exegéticohermenêuticas.
Uma das imagens centrais apresentadas nesse capítulo é a do Anticristo. Quem ou o que seria essa figura? Quais suas características e prerrogativas? Em que contexto dar-se-á sua manifestação entre nós? Essas são algumas das inúmeras questões que este texto suscita.

A expressão anticristo não aparece literalmente em 2 Tessalonicenses; contudo, a definição de “homem da anomia” e “destinado a destruição”, que constam em 2Ts 2.3, parecem referir-se de maneira cabível ao indivíduo/postura apresentado por João em 1 Jo 2.18,22; 4.3 e 2 Jo 7.
Como fica explícito nos textos de João, a figura do anticristo transita entre a identificação pessoal de um indivíduo que surgirá como síntese humana da maldade — numa clara tentativa de emulação de Cristo, aquEle no qual habitou corporalmente toda a divindade (Cl 1.19;2.9) — e a constatação histórica de uma mentalidade que se estabelecerá em confronto a tudo aquilo que se alinha aos valores e princípios cristãos.

A defesa da primeira hipótese estaria mais alinhada à imagem similar proposta por Daniel em Dn 11.36. Em contrapartida, a associação do texto paulino com o de Daniel poderá exigir uma leitura mais histórica da imagem descrita — assim como o indivíduo blasfemador de Dn 11 refere-se diretamente à Antíoco IV. Nesse caso, a quem se referiria Paulo ao descrever este personagem? Ao César, ao próprio Estado, ou a outro personagem político que nos foge o conhecimento?

Tomando o conceito de Anticristo como uma ideia que perpassa todo um tempo, isto é, como uma ideologia que se alastrará socialmente a ponto de defender a desconstrução de tudo aquilo que se refere a Deus e sua obra, resta também saber sobre quem Paulo falava a partir do contexto histórico dos tessalonicenses e sobre que paradigma ideológico contemporâneo caberia a pecha de anticristão, tendo em vista que a parusia de Cristo ainda não se deu.
Diante da impossibilidade prática de chegar-se a uma definição conclusiva sobre tais hipóteses interpretativas, resta-nos analisar a figura em si apresentada por Paulo e procurar, sempre que possível, contextualizá-la com o momento histórico dos tessalonicenses e com o nosso atual.

Primeiro, é importante discutir como Paulo define esse ser. “Homem da anomia” equivaleria a dizer que o Anticristo é uma pessoa ou mentalidade que se opõe a todo e qualquer tipo de regramento social. Ele contrapor-se-á a tudo o que é ordenado e que traga bem-estar social. Se este ser de 2 Tessalonicenses e das epístolas de João é o mesmo a quem este mesmo João refere-se no livro de Apocalipse, deve-se compreender que a oposição que este ser fará a tudo o que é divino, ordenado e regrado deriva de um sórdido plano de manipulação e engano da humanidade.

Nesse caso, o anômico seria aquele cujo desejo é completamente descontrolado; é o indivíduo cuja regra é não ter regra, cuja vontade é desconstruir todos os valores e tradições vigentes. O que se ganha com a multiplicação em escala social de um quadro como esse? A insegurança e o desespero dos indivíduos que, vítimas de uma sociedade sem regras ou controle, estariam fadados ao retrocesso primitivo da vida guiada exclusivamente por instintos animalescos.
“O homem sem lei”, essa é a síntese do Anticristo; um indivíduo sem escrúpulos, respeito ou qualquer tipo de dignidade. Para onde iria a sociedade seguindo este tipo de paradigma pessoal ou ideológico? Para o caos e a barbárie.
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Entretanto, além de “homem da anomia”, a figura descrita por Paulo também é “Filho da perdição”, ou, mais precisamente, “aquele que é destinado à perdição”. Se Cristo Jesus veio ao mundo para encarnar o amor de Deus pela humanidade por intermédio de todo o seu ministério salvífico, a figura apresentada por Paulo seria aquele que assumiria para si o ônus de ser a síntese da perdição eterna.

Ao apresentá-lo como “filho da perdição”, Paulo utiliza-se de uma expressão idiomática que equivale dizer que tal pessoa, na verdade, nasceu para encarnar tudo aquilo que se orienta para a  destruição e fim da humanidade. Ele seria o máximo exemplo da decadência que a humanidade pode atingir.
A mesma expressão é utilizada por João para descrever Judas (Jo 17.12) e mais especificamente o espírito que o mobilizava em seu covarde ato de traição. Para Paulo, esse seria o tipo de indivíduo que exemplificaria bem tudo aquilo que se volta contra Deus.

QUEM ESTÁ IMPEDINDO A VINDA DO ANTICRISTO?
O apóstolo, além da indicação da necessidade de manifestação do “homem do pecado”, informa que existe um que impede a vinda desse personagem.
A discussão entre os intérpretes sobre o que ou quem seria o katechon é extensa; ela vai desde o imperador romano, passando pelo Espírito Santo, chegando até mesmo ao próprio Paulo e sua pregação. Sobre esse ser que impede a vinda do “filho da perdição”, Carriker (2002) apresenta-nos cinco possíveis vertentes interpretativas:

1) A primeira, mais historicista, defende que o katechon é a figura do imperador ou mesmo do império romano; ou seja, nessa interpretação, o governante é a encarnação da lei, e o “homem da anomia” é a manifestação de tudo o que não seria lei. Todavia, contra essa interpretação, pesa o fato de um aparente elogio ao império romano, o que obviamente seria um tanto quanto contraditório diante da situação de opressão que viviam os tessalonicenses.

2) A segunda interpretação defende que “aquele que detém” é, a partir de uma relação com uma limitação radical do poder das trevas, similar àquilo que João cita em Apocalipse com relação à prisão de Satanás no milênio (Ap 20.2). Falta a essa hipótese uma maior fundamentação no contexto em debate na segunda carta aos tessalonicenses.

3) Já a terceira e quarta possibilidades referem-se ao próprio Deus ou sua vontade, uma vez que, não tendo chegado o tempo determinado para os devidos acontecimentos, Ele opõe-se a todas as forças do maligno de maneira soberana e autônoma.

4) A quinta e última hipótese interpretativa, a qual parece mais pertinente a Carriker é a de que:
“Aquilo que detém” se refere à pregação do evangelho e “aquele que detém” ao pregador, prototipicamente o próprio apóstolo Paulo. Esta perspectiva foi defendida por Oscar Cullmann, com base numa pergunta feita na literatura apocalíptica judaica sobre a razão da demora da parousia. A resposta mais frequente é a falta de arrependimento de Israel. Esta resposta estabelece o palco para a perspectiva cristã da necessidade apocalíptica de pregar o evangelho aos gentios, uma perspectiva expressa mais claramente em Mateus 24.14 e Marcos 13.10.
Estes textos destacam a ordem cronológica dos eventos que precedem o fim: “primeiro” (Marcos) de que o evangelho seja pregado a todas as nações para que “então” (Mateus) venha o fim. É importante notar que nestas passagens o aparecimento do Anticristo segue a pregação do evangelho, como ocorre em 2 Tessalonicenses. Outros possíveis paralelos incluem Apocalipse 6.1-8, 19.11ss, e 11.3, onde Cullmann interpreta o primeiro cavaleiro, como o pregador do evangelho pelo mundo, que, novamente, precede imediatamente o Fim. Atos 6.6-9 também relaciona a proclamação mundial do evangelho à questão da demora do reino, ilustrando a perspectiva cristã nascente da atividade missionária, como prelúdio e sinal apocalíptico da vinda na nova era.
O contexto imediato de 2 Tessalonicenses 2.6-7 sustenta a interpretação de “aquilo que detém” como se referindo à pregação do evangelho e “aquele que detém” como se referindo ao pregador, prototipicamente o próprio apóstolo Paulo. Versos 9-12 se referem à perdição daqueles que não têm o amor à verdade. A audiência nos versos 13-15 se contrasta com aqueles que rejeitam a pregação do apóstolo. (CARRIKER, 2002, p. 52, 53).

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Fonte: A Igreja do Arrebatamento: O Padrão dos Tessalonicenses para estes últimos Dias, CPAD
Autor: Thiago Brazil