Lições Bíblicas Dominical Adultos 1° Trimestre 2025 CPAD

Lições Bíblicas Dominical Adultos 1° Trimestre 2025 CPAD Título da Revista Dominical: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ : Combatendo as Antigas Heresias que se Apresentam com Nova Aparência Comentarista: Esequias Soares | Classe: Adultos TEMAS DAS LIÇÕES Lição 1 – Quando as Heresias Ameaçam a Unidade da Igreja Lição 2 – Somos Cristãos Lição 3 – A Encarnação do Verbo Lição 4 – Deus É Triúno Lição 5 – Jesus é Deus Lição 6 – O Filho É igual com o Pai Lição 7 – As Naturezas Humana e Divina de Jesus Lição 8 – Jesus Viveu a Experiência Humana Lição 9 – Quem É o Espírito Santo Lição 10 – O Pecado Corrompeu a Natureza Humana Lição 11 – A Salvação não É Obra Humana Lição 12 – A Igreja Tem uma Natureza Organizacional Lição 13 – Perseverando na Fé em Cristo

Lição 2 - O Nascimento de Jesus Segundo o Evangelho de Mateus

Este artigo é um auxílio para os professores da classe de Jovens.
Lições Bíblicas 1° Trimestre de 2018, Jovens Professor – CPAD
TÍTULO: Seu Reino não Terá Fim
Subtítulo: Vida e obra de Jesus seguindo o Evangelho de Mateus
Comentarista: Natalino das Neves
Classe: Jovens
Professor (a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Mostrar que Maria foi somente escolhida para ser a mãe terrena de Jesus e não para ser mediadora entre Deus e os seres humanos;
Apresentar as qualidades de José como o escolhido para ser o pai terreno de Jesus;
Esclarecer a concepção virginal de Jesus Cristo.

PALAVRAS-CHAVE: Nascimento de Jesus.

LEIA ALIÇÃO COMPLETA AQUI – CLIQUE.

Para ajudá-lo (a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:

Maria, a Mulher da qual Nasceu Jesus
Desde o início da vida humana de Jesus a obra de Deus foi se manifestando. Interessante como na descrição genealógica de Jesus o termo usado para demonstrar a descendência é utilizado o verbo gerar. Fulano gerou beltrano. No entanto, quando chega em José o padrão muda. A ele não é atribuído essa ação de gerar, mas sim é citada a relação dele com Maria: José, marido de Maria, “da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo”. Jesus não foi gerado por ação humana, mas divina.

Jesus nasce em um momento turbulento para o povo judeu, que estava sob o domínio do Império Romano. Desde a destruição do Templo, da cidade e dos muros de Jerusalém em 587 a.C. o povo judeu aguardava por uma libertação sobrenatural, uma ação direta de Deus em seu favor, a exemplo de seus antepassados. A cultura judaica da época do nascimento de Jesus era profundamente influenciada pela expectativa messiânica, ou seja, de que um Messias viria para libertar o povo judaico da opressão romana. As mulheres judaicas, dentro dessa cultura, almejavam ser a escolhida para tamanha honra de ser mãe da figura mais esperada de seu povo. Essa expectativa é formada por meio da literatura messiânica que surgiu bem antes da época de Jesus, a literatura apocalíptica.

Desse modo, Maria, a mulher da qual nasceu Jesus, seria a realização de uma das mais profundas promessas de Deus. Ela seria o instrumento pelo qual o Deus se faria presente, morando junto com o seu povo (Emanuel). O texto messiânico mais expressivo para demonstrar essa realidade é Isaias 7 (em especial os versículos 10 a 17), complementado pela perícope de Isaias 9.1-6. Os textos têm um significado histórico que não pode ser ignorado ao se comentar sobre eles. Referem-se ao rei de Judá chamado Acaz. Ele não tinha descendente e vivia sob a ameaça da Síria e de Samaria (Reino Norte). Esse rei recebe o sinal que demonstraria a ação de Deus em favor do reino de Judá, livrando-o de seus inimigos opressores. O sinal era o fato de uma moça bem jovem que engravidaria dele e lhe daria um filho. Esse filho prometido seria Ezequias, considerado pelos judeus como um rei justo e bom. Para cultura judaica da época, um rei justo e bom que tratasse o povoado com justiça era sinal da presença de Deus junto ao seu povo. Dessa forma, o primeiro cumprimento da promessa foi no nascimento do rei Ezequias, que não foi o Messias, mas é considerado como uma figura do Messias.

O episódio de Ezequias, mais tarde é relido pelas comunidades judaicas dando-lhe o sentido messiânico. Quando Jesus nasceu havia muitas correntes messiânicas em Israel. Nos discursos de Jesus, Mateus fez questão de se relacionar à tradição profética. Em Mateus 12.18 e no relato da paixão Ele é apresentado como “Servo do Senhor” e em outros textos recebe o título de “Filho de Davi”, dentre outros termos. Evidências da relação de Jesus com a promessa de Deus a Davi, que é tema predominante nos profetas. O próprio nome de Jesus (Ioshua), que é o mesmo de Josué, o patriarca que conduz o povo hebreu na conquista prometida, revela seu caráter messiânico, a expressão de um Deus presente e Salvador.

Na época de Acaz uma jovem moça teve o privilégio de dar à luz ao rei Ezequias, figura de liderança justa e boa que trouxe esperança em um momento difícil da história de Israel. No entanto, Maria teve ainda um privilégio maior, pois deu a luz ao menino Jesus, o verdadeiro Messias que Israel esperava. Jesus, o menino que nasce judeu e filho de judeus. Mas, “gerado” por Deus.

Uma mulher escolhida para ser agraciada
A igreja católica usa o termo “imaculada conceição” para referir-se à Maria mãe de Jesus que é confundido por algumas pessoas como se aludindo à pureza imaculada da concepção de Jesus, mas, na realidade, refere-se à concepção da própria Maria no seio de sua mãe. No entanto, não se tem a intenção de afirmar que a sua concepção foi virginal como a de Jesus. Seu nascimento é considerado normal, fruto da relação conjugal de um casal conhecido pelos católicos como São Joaquim e Santa Ana. Portanto a concepção considerada imaculada de Maria é tida pelos católicos como um dom de Deus. Isso significa que desde o início de sua existência Maria esteve livre do pecado original.

No plano de Deus, a jovem Maria estava destinada a ser a mãe do Cristo, o Messias Salvador. Segundo a crença católica, ela foi liberada da mancha do pecado desde a sua concepção. Por isso, a justificativa de que Maria jamais esteve separada de Deus. De acordo com a mesma crença, ela estava sendo preparada para dizer sim à vontade de pertencer e obedecer a Deus, uma forma de interpretar o texto bíblico que afirma ser Maria “cheia de graça”. O privilégio da escolha de Maria para ser mãe do próprio Filho de Deus e cumprir essa missão de forma perfeita e santa, sem resistência aos desígnios de Deus. Maria aceitou sem nenhuma restrição o convite do Senhor feito por meio do anjo mensageiro. Os católicos entendem que essa entrega incondicional de Maria não seria possível sem a ação sobrenatural de Deus em sua concepção.

Maria realmente foi agraciada em ser escolhida para ser a mãe de Jesus Cristo. Todavia, ela estava na mesma condição de qualquer outro pecador, em condição de inimizade e separado de Deus, sendo totalmente dependente do ato salvífico de Cristo na Cruz, como afirma o apóstolo Paulo na Epístola aos Romanos (NEVES, 2015, p. 24-46). Portanto, Maria teve um nascimento como qualquer outro ser humano, era pecadora e carente da misericórdia de Deus, e dependente da intervenção da obra de Cristo para sua justificação. No entanto, entre as mulheres de sua época, ela tinha um comportamento exemplar e por isso foi agraciada e escolhida para ser mãe de Jesus, o menino Deus.

A Concepção Virginal de Jesus Cristo (Mt 1.18-23)
O nascimento virginal de Jesus tem sido contestado ao longo de décadas, mas o cristianismo continua firme na defesa desta doutrina. Ela é fundamental para demonstrar a divindade de Jesus e o propósito de sua missão: doação do Deus encarnado para a redenção da humanidade.

a) Um nascimento diferente dos relatos míticos
Em 2007 foi disponibilizado um vídeo com mais de 2 horas de duração com o título “ZEITGEIST — THE MOVIE”1 para contestar a divindade de Jesus, comparando com mitos gregos, persas, indus e outros, que surgiram pelo menos um século antes de Jesus. Dentre as contestações está a doutrina cristã e a crença no nascimento virginal e na ressurreição de Jesus. O vídeo foi lançado no mês de junho e seis meses depois já tinha quase 10 milhões de acessos. No ano seguinte lançaram o filme “ZEITGEIST — ADDENDUM” e em 2011 o terceiro filme com o título “MOVING ZEITGEIST — FORWARD”.

Entretanto, os organizadores da película não foram os primeiros, pois o primeiro defensor acadêmico da teoria do Cristo foi o historiador e teólogo do século XIX, Bruno Bauer. Garner (2010, p. 113) que analisou o tema, defende que essa teoria retoma depois de ter perdido a força no segundo período do século XIX devido a três fatores: “o interesse pós-moderno em espiritualismo, a crescente falta de embasamento histórico e o acesso pronto à informação não-filtrada através da internet”.

Raymond Brown, afirma que “não há nenhum exemplo claro de concepção virginal no mundo ou nas religiões pagãs que plausivelmente poderia ter dado aos judeus cristãos do primeiro século a ideia da concepção virginal de Jesus” (BROWN, 1999, p. 523). Diferente do texto bíblico, os relatos míticos de nascimento virginal dizem respeito à fecundação que ocorre por meio de casamentos entre um casal de deuses mitológicos ou como fruto do relacionamento de um deus mitológico, disfarçado de ser humano ou de animal (Zeus e Perséfone) que mantém relação sexual com uma mulher mortal. 
b) O nascimento virginal segundo Mateus
Quando se fala do nascimento virginal, tecnicamente, o que está em questão é a preservação da virgindade no processo da concepção. Maria estava comprometida com José, mas não tinha relacionamento com ele, aguardando a data da formalização do casamento. O evangelista afirma que ela simplesmente achou-se grávida pelo Espírito Santo (Mateus 1.18). Humanamente falando, como poderia ser possível haver uma concepção feminina sem a interferência de homem ou qualquer forma de conjunção carnal? Parece totalmente improvável. Por isso, a aceitação da narrativa de Mateus é uma questão de fé e não de lógica.

Para comprovar o plano divino do nascimento virginal, Mateus não recorre à mitologia e sim ao profeta Isaias: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14). Importante ressaltar que o autor de Isaias não tinha em vista Jesus, o Cristo, como o conhecemos. Ele estava profetizando para seu tempo e o menino que era tido como salvador na época era Ezequias. Todavia, como ocorreu em com outros textos, foi relido no Novo Testamento. A releitura surge como uma nova luz ou revelação para entender que acontecimentos do passado. Além disso, apontavam para acontecimentos futuros, principalmente em relação a Israel e ao plano de salvação da humanidade de Deus.

Os evangelhos têm em uma de suas funções evidenciar a divindade de Jesus. O autor do Evangelho de João deixa isso bem explicito, em especial por meio dos sinais realizados por Jesus. Ele afirma: “estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20. 31). Mateus evidencia a origem divina de Jesus, dentre outras evidências, por meio da narrativa do nascimento virginal. Uma concepção sem ação humana e unicamente pela ação divina, independente do casal judaico escolhido para a missão de criar e educar o Messias prometido. Portanto, Jesus é apresentado como o Messias divino no qual foi cumprida a profecia judaica. Como afirma Tasker (2006, p. 14): “Daí o elevado número de citações do AT encontradas neste evangelho e introduzidas por uma formula mais ou menos assim: ‘para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta’”. 


Este subsídio foi adaptado de NEVES, Natalino. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,   pp. 23-33.