Texto
de: Pr. José Gonçalves
ANTES DE
TRATAR DIRETAMENTE SOBRE ESSE ASSUNTO PRECISO ESCLARECER ALGUNS PONTOS:
1. Se você não gosta de teologia,
história da igreja e suas controvérsias, possivelmente não irá apreciar esse
texto.
2. Mas se resolver ler o texto, não
faça interpretações descontextualizadas e nem tampouco faça comentários
depreciativos com outros irmãos de confissão diferente da sua.
3. Se você não se vê dentro de
tradição protestante alguma, e achar o texto chato por ser confessional, então
é bom que saiba que você possivelmente e um desigrejado.
4. Sou radicalmente contra uma jihad
Arminiana ou Reformada. Como outros líderes, também assinei o armistício que
propôs um cessar-fogo entre essas duas tradições. Portanto, não quero aqui, de
forma alguma, desenterrar a machadinha de guerra!
5. Não tenho nenhum problema de
natureza pessoal com qualquer líder de confissão reformada. Conheço
pessoalmente alguns desses proeminentes líderes e outros pela literatura
produzida. Alguns deles são meus amigos. Minhas divergências, portanto, se
restringem ao campo doutrinário.
6. Acho os reformados coerentes com
aquilo que creem e defendem, assim como eu que procuro ser coerente com aquilo
que creio e defendo. Admiro a convicção que demonstram na defesa de seus credos
e confissões de fé, mesmo sem concordar com todas elas.
7. Não tenho dúvidas que são nossos
irmãos inseridos na tradição protestante do século 16, portanto, herdeiros da
Reforma.
8. Admiro-os pela fidelidade e
coerência doutrinaria que abraçaram, o que os impede de aprovar em seus
concílios alguém que não comunga com sua confissão de fé, um arminiano, por
exemplo.
9. Por último, o termo “deformado” que
usarei com frequência aqui nada tem a ver com seu primeiro sentido de sua derivação
semântica – “reformado”. Por isso mesmo não pode ser associado a essa tradição
protestante. É usado aqui no seu sentido figurado: “Que sofreu mudança para
pior (no comportamento, atitude etc.); corrompido”.
LEIA TAMBÉM:
Onde está, então, a
minha dificuldade? Qual o meu desconforto? Meu desconforto não está lá fora, no
arraial reformado, mas aqui dentro, no arraial assembleiano.
1.
Em uma frase: Está em ver arminianos querendo viver como
reformados! O que pretendo dizer ficará claro ao longo da exposição desse texto.
2. Historicamente as ADs são de linha
armínio-wesleiana. Basta uma leitura rápida na obra de Donald Dayton:
Theological Roots of Pentecostalismo (Raízes Teológicas do Pentecostalismo)
para se perceber esse fato. Todavia, há arminianos querendo viver como
reformados. Não conseguem! Explico. Reformados são os que estão lá, no seu
próprio habitat. Por outro lado, “deformados” são os que estão cá, mas que
querem viver como quem está lá. Esse fato faz com que um “deformado” não seja
nem arminiano nem tampouco Reformado. Não é carne nem peixe! É um hibrido! Um
mutilado!
3. A condição de um deformado querendo
viver como reformado produz efeitos colaterais. Antes de falar sobre isso,
desejo sublinhar que um reformado vivendo em seu próprio contexto eclesiástico
ou cultural nenhum efeito colateral produz, porque quem os cerca comunga da
mesma crença e cosmovisão. Mas o mesmo não acontece com o deformado. O
deformado não é mais arminiano, mas está no meio deles! É aqui onde está o
contrassenso – colocar alguém que seja deformado para ensinar ou liderar
pessoas que, culturalmente, pertencem a uma outra tradição (arminiana) e que,
portanto, não comungam com a crença do deformado. O resultado é confusão
doutrinária! Vejo deformados reclamando porque pastores de convicção arminiana
cancelaram agendas previamente marcadas quando souberam de seu novo
posicionamento doutrinário, enquanto outros reclamam que foram afastados da
liderança da EBD por igual motivo. Em casos extremos que tomei conhecimento,
alguns deformados ameaçaram judicializar uma questão que era meramente
confessional. Quando interpelados por sua denominação, que cobraram fidelidade
doutrinária, ameaçaram ir aos tribunais para manterem sua condição de
deformados.
4. Todos tem o direito de ir e vir, de
sair ou ficar. Quem quiser ser arminiano ou reformado tem todo o direito de o
ser. Precisamos respeitar, mesmo sem concordar, com quem pensa diferente da
gente. Como pastor recebi em igrejas nas quais pastoreei, crentes de confissão
batista e reformada. O mesmo pode ser dito por outros companheiros dessas
confissões que também receberam nas suas fileiras crentes de confissão
pentecostal. Em ambos os casos esses novos egressos precisaram assumir suas
novas convicções e estarem dispostos a arcarem com as consequências de suas
escolhas. Não há nada de errado nisso.
5. O mesmo não pode ser dito dos
deformados. Esse é o tipo de cristão que abraça a crença ou doutrina de uma
outra confissão de fé, mas não tem coragem de sair para poder expressá-la em
toda a sua plenitude. Ele prefere fermentar outros dentro de sua casa do que mudar
de endereço.
6. Se há algum assembleiano que leu
esse texto e se sentiu na condição descrita nele, o meu conselho é que saia do
armário. Assuma quem você é ou o que quer ser e esteja pronto para viver as
implicações que essa sua decisão terá. Como está é que não pode ficar.