"...O
natal. Sei que esta é uma das datas que sofrem diversos ataques e
questionamentos por alguns seguimentos do Cristianismo".
Jesus,
sabemos, não nasceu em 25 de dezembro. Além do mais, esta era uma data
pagã no passado.Ainda há
o apelo capitalista usado ao extremo ao final do ano aproveitando essa data.
Também é
fato que os cartões de Natal, em sua maioria, pouco têm a ver com o sentido da
data. Suas imagens apresentam um senhor idoso com barbas brancas, trenós,
anjos, renas, anjos, lugares com neve...
Ao
contrário do que os cartões gostariam que nós crêssemos, o Natal não simplifica
de maneira sentimental a vida no planeta Terra. Embora goste muito dessa data,
nesse período prefiro me afastar das mensagens dos cartões e me aproximar da
mensagem contida nos Evangelhos.
O
nascimento de Jesus em duas perspectivas
Ao ler a
narrativa de Lucas e de Mateus, percebemos que eles nos
apresentam o nascimento de Jesus de duas perspectivas diferentes.Cada uma
põe à prova o nosso entendimento de um aspecto central da nossa fé.
Em Lucas, é a
natureza do senhorio de Cristo.
Em Mateus, é o que
significa seguir esse Senhor.
No
evangelho de Lucas
Lucas nos
traz elementos bastante calorosos e cheios de alegria: “Ora, havia,
naquela mesma comarca, pastores que estavam no campo e guardavam durante as
vigílias da noite o seu rebanho. E eis que um anjo do Senhor veio sobre eles, e
a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo
lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que
será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que
é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: achareis o menino envolto em
panos e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma
multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas
alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!”, Lc 2.8-14.
A
narração de Lucas nos faz lembrar de vários cânticos festivos. Anjos que
cantam, pastores em paz nos campos... Tudo dará certo. Nasceu o Rei! E o que
nos diz Lucas.
No
evangelho de Mateus
Mateus,
entretanto, nos mostra outra visão. Olhe bem e perceberá que nem tudo está bem.
A criança já saiu do estábulo, já está na casa (Mt 2.9-11).
Saem as
mulheres; entram os homens. Em lugar dos pastores, há magos.
No lugar
de anjos cantam, Herodes e sues soldados estão arrombando portas em busca
de meninos que tiverem menos de dois anos de idade. Em lugar de paz, há
perturbação (Mt 2.16-18).
“Ouviu-se
um clamor em Ramá, pranto, [choro] e grande lamento; era Raquel chorando por
seus filhos e inconsolável porque não mais existem”, Mt 2.18.
Herodes ouve
aquelas canções felizes sobre o nascimento do Rei e mata todos os meninos de
Belém.
Soldados
furiosos, cumprindo a ordem do rei, saem com suas espadas brilhantes
prontas a assassinar. As mães choram sobre túmulos pequenos e rasos. Esse é o
relato de Mateus.
Somos
desafiados por Lucas e Mateus
Interessante
é que tanto Lucas quanto Mateus nos desafiam.
Lucas
desafia e demonstra o nosso conceito do senhorio de Cristo. Ele nos diz que
chegou o Salvador, Cristo, o Senhor. Ao lermos, perguntemos Onde?.
E, em vez de nos remeter a um rei no trono ou a um guerreiro montado, Lucas nos
mostra um recém nascido numa manjedoura.
“E isto
vos servirá de sinal”, afirma Lucas. “Este é o seu Deus, este bebê”.
Interessante: Cristo, o Senhor, era ali igualmente indefeso. O amor pela
humanidade o deixou vulnerável.
Como
disse certa vez um escritor cristão sobre esse episódio:
“Creio
que vivemos em mundos paralelos. Um mundo consiste em montanhas, e lagos, e
celeiros, e políticos, e pastores guardando os seus rebanhos à noite.
O outro
consiste em anjos, forças sinistras, e, em algum ponto lá fora, lugares que se
chamam céu e inferno. Em uma noite fria, escura, entre as enrugadas montanhas
de Belém, aqueles dois mundos se juntaram em um ponto impressionante de
intercessão. Deus, que não conhece o antes ou o depois, entrou no tempo e no
espaço. Deus, que não conhece fronteiras, assumiu as limitações chocantes da
pele de um nenê, as restrições sinistras da mortalidade”.
Mateus
não nos permite ser ingênuos quanto a seguir este Senhor.
Seguimos
um recém nascido que possui inimigos ferozes que matarão inocentes para chegar
até ele. Só de ouvi falar deste bebê, o ódio do rei Herodes e de seus
soldados lhes incita ao ódio.
O preço de
se viver o estilo de vida do Deus que se fez homem
Assim,
entendemos que viver o estilo de vida do Deus que se fez homem, paz e boa
vontade para com os outros fará todas as tropas do inferno saírem para
deter-nos. Somos chamados para sermos discípulos em um mundo em que o bem se
paga com o mal e onde os justos sofrem pelo bem que fazem.
Faço as
perguntas:
Você está
realmente pronto para cantar ”?
Você
entende o que acontecerá quando contar a história da mãe virgem e de seu bebê?
Será a
melhor história que o mundo já ouviu. Alguns cantarão. Alguns matarão. Mas, nós
devemos contá-la todos os dias. Jesus nasceu.
APROFUNDE SEU CONHECIMENTO - LEIA TAMBÉM:
Autor:
Eduardo Leandro Alves
Fonte:
JMP (dezembro de 2009)