Assunto:
Reforma Protestante: história, ensinos e legado.
Lição: Jovens e Adultos
Trimestre: 4°
de 2017
Comentarista:
Pr. Gilmar Vieira Chaves
Editora: Central Gospel
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Gênesis
1.26-28
26
- E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e
domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e
sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27
- E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os
criou.
28
- E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei
a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos
céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
Hebreus
2.5-9
5
- Porque não foi aos anjos que
sujeitou o mundo futuro, de que falamos;
6
- mas, em certo lugar, testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele
te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites?
7
- Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste
e o constituíste sobre as obras de tuas mãos.
8
- Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou
todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas, agora, ainda não
vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas;
9
- vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um
pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça
de Deus, provasse a morte por todos.
TEXTO ÁUREO
Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro, de
que falamos. Hebreus 2.5
SUBSÍDIOS PARA O
ESTUDO DIÁRIO
2ª
feira - Salmo 8.1-5: Pouco menor o
fizeste do que os anjos
3ª
feira – Gênesis 1.12,21,24-27; 2.7: A
criação dos seres viventes
4ª
feira - Salmo 42: Minha alma anseia por
ti, ó Deus!
5ª
feira - Efésios 1.11-14: Para louvor da Sua glória
6ª
feira - Romanos 5.12-19: A morte passou
a todos os homens
Sábado
- João 11.25,26: Aquele que vive e crê em mim nunca morrerá
OBJETIVOS
Ao
término do estudo bíblico, o aluno deverá:
• identificar os
ensinos dos reformadores no que diz respeito ao homem;
• entender que o homem foi
feito por um ato especial da Trindade Santa;
• descrever os principais
motivos de Deus ter criado o homem.
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Existem certos professores cujo
conhecimento bíblico baseia-se em generalidades. O ensino que ministram, mal
comparando, é uma metralhadora que dispara em todas as direções, sem, contudo,
atingir um alvo específico.
Na Escola Dominical, o trabalho
didático não pode seguir nessa direção. É preciso trabalhar com objetivos de
ensino e aprendizagem previamente estabelecidos, como disse Paulo: Assim corro
também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar (1 Co
9.26).
Excelente aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Quem é o homem? De onde ele
veio? O que os reformadores afirmaram sobre ele? O que a Bíblia diz sobre o
assunto? Ele é um ser essencialmente bom e o meio o corrompe ou ele é
essencialmente mau e corrompe tudo que está a sua volta?
Nesta
lição, trataremos desse ser distinto e especial, a quem o Altíssimo coroou de
glória e honra (SI 8.5).
1. A BÍBLIA DIZ QUE O
HOMEM FOI CRIADO POR ATO DIRETO DE DEUS
Desde
o século passado, o tema sobre a origem do homem e da vida alcançou grande destaque
no meio acadêmico. Cientistas debruçaram-se sobre o assunto, na tentativa de
trazer soluções para o enigma. As teorias sobre a origem da vida, de modo
geral, pautam-se em duas vertentes: a evolucionista e a criacionista.
1.1. O evolucionismo
Teoria
elaborada pelo cientista britânico Charles Darwin (1B09—1882), autor da obra
intitulada "Á origem das espécies", que afirma ter o ente humano
surgido pela seleção natural das espécies que habitavam o planeta. Suas conclusões
apesar de terem sacudido o mundo — principalmente, na primeira metade do século
20 —, jamais foram unanimemente aceitas como verdadeiras.
Algumas questões constituem-se em objeções concisas à teoria da
evolução das espécies, tais como: Se O corpo do homem surgiu de um processo
natural, o que dizer da sua alma? Quem deu origem ao processo inicial de vida,
que desencadeou os demais estágios? Onde estão os dados que comprovam a
passagem da vida do reino vegetal para o reino animal? Onde estão os elos
perdidos? Tais questionamentos, dentre outros, levaram as ciências biológicas
(e afins) a questionarem vigorosamente a teoria da evolução das espécies.
1.2. A teoria do big bang
Elaborada
a partir da primeira metade do século passado, essa teoria preconiza que o
universo surgiu a partir de uma imensa explosão ocorrida entre dez e vinte
bilhões de anos atrás. A comunidade científica jamais apoiou unanimemente tal
postulado. Atualmente, inclusive, esse modelo cosmológico perdeu seu caráter
hegemônico, ostentado desde os anos iniciais da década de 1970.
1.3. O criacionismo
Apesar
das inúmeras tentativas ateístas e materialistas de explicar o surgimento do
homem no cosmos ao longo dos anos, a premissa bíblica contida no livro de
Génesis permanece inalterada, forte e convincente: No princípio, criou Deus os
céus e a terra (Gn 1.1).
CLIQUE E LEIA TAMBÉM:
O homem foi chamado à existência por um ato do Criador (Gn
1.27). Sua parte imaterial veio à existência sem que fosse utilizada qualquer
espécie de matéria-prima; por isso a palavra hebraica usada para designar esse
ato criativo é bara, que significa
criar do nada. Já a palavra hebraica usada para indicar a criação do seu corpo
físico é asah, que denota a
utilização de material preexistente, reforçando o argumento bíblico de que o
homem foi feito a partir do barro (Gn 2.7).
Parece-me
que Darwin está em processo de ser descartado, porém, talvez em deferência ao
respeitável senhor, que repousa confortavelmente na Abadia de Westminster ao
lado de Sir Isaac Newton, isso está sendo feito tão discreta e delicadamente,
com um
mínimo
de publicidade (Thomas Bethell).
2. A CRIAÇÃO DO HOMEM
FOI UM 'ACONTECIMENTO ESPECIAL
O primeiro capítulo do livro de
Gênesis informa-nos que as plantas e os animais foram criados segundo a sua
espécie (Gn 1.12,21,24,25); o homem, todavia, foi feito de maneira especial e diferenciada
(Gn 1.26,27; 2.7).
O termo imagem e semelhança (Gn 1.26) tem relação com Sua imagem
natural e moral (não física), pois Deus, sendo Espírito, não possui forma
corpórea (Jo 4.24).
Ao que tudo indica, o Criador extraiu elementos de Si mesmo e os
imprimiu no homem, tornando-o, assim, Seu representante no Universo.
Em
termos gerais, pode-se dizer que a imagem de Deus tatuada no homem significa
que ele possui as características destacadas a seguir.
2.1.
Racionalidade
Por
imagem natural de Deus, devemos entender, dentre outras coisas, a capacidade de
raciocínio que torna o homem extremamente diferente dos animais.
Exemplificando: só
o homem cria, inventa, utiliza ferramentas, formula teorias, toma decisões,
desenvolve-se em diversas áreas do conhecimento e faz história.
2.2. Personalidade
A
personalidade humana é formada por razão, sentimentos e volição (ou vontade).
Não há na Criação outro ser, além do homem, que possua tais atributos. Deus
dotou-o dessas características porque desejava criar alguém com quem pudesse
ter comunhão.
2.3. Espiritualidade
Só
o homem anela pela presença de Deus e deseja ardentemente prestar-lhe culto (SI
42.1,2; Rm 12.1,2). Ao estudarmos a história das civilizações, encontramos um
ser voltado para o Sagrado e para a devoção às entidades, às quais ele atribui
poderes sobrenaturais — por esse motivo, há inúmeras religiões e seitas que se
contrapõem às Escrituras Sagradas.
2.4. Infinitude
A
eternidade é um atributo exclusivo do Criador; o homem, no entanto, foi feito
para a infinitude. Os animais são extintos quando morrem; o homem, todavia, é
um ser imorredouro. Ao final desta existência, ele é projetado para o seu
destino eterno (Ec 12.7), definido por suas escolhas pessoais, em vida, no que
tange à cruz de Cristo (1Co 15.19; Hb 9.27).
Quando a
Escritura atribui traços físicos a Deus, está simplesmente utilizando-se de
antropomorfismos (atribuição de forma ou caráter humanos a objetos e/ou seres
não humanos), uma vez que é impossível compreender a ação do Altíssimo, sem o
uso desses recursos.
3. PROPÓSITOS DE DEUS
AO CRIAR O HOMEM
Para o homem, é muito importante saber sobre o propósito divino
de sua criação, uma vez que a resposta a essa pergunta está intimamente ligada
ao que ele é, essencialmente, o que pode ser descrito sobre o homem, de maneira
resumida, é que ele foi criado do pó da terra e que se tornou alma vi-vante
pelo sopro de Deus (Gn 1.27; 2.7).
A criação do homem ocorreu, principalmente, pelas razões
que se seguem.
•
Ele foi criado para a glória de Deus — É
consenso entre os estudiosos da Bíblia que Deus não tinha qualquer necessidade
de criar o homem. Contudo, decidiu fazê-lo por um motivo claro: para o louvor da
sua glória (Ef 1.11,12). É por isso que o apóstolo abortivo recomenda: quer
comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de
Deus (1 Co 10.31).
• Ele foi criado para refletir o domínio de
Deus —
Deus é soberano sobre a Criação e elegeu o homem para ser o reflexo do Seu
domínio e do Seu poder sobre o Universo. Por esse motivo, encontramos no
primeiro capítulo de Génesis a expressão "e domine sobre" (Gn
1.26b,28).
•
Ele foi criado para ser o mordomo do mundo
—
O privilégio de ter sido criado de forma distinta e especial faz dele, depois
de Deus, o principal responsável pela Criação.
4. O PECADO NO ÉDEN
A Queda é um dos temas mais importantes da teologia cristã. Ela
demarca a entrada do pecado no mundo e é a razão de todas as tragédias e
desgraças da espécie humana. A falta de conhecimento sobre sua natureza cria o
cenário ideal para a ignorância quanto ao amor e a graça de Deus. Quem não
entende a Queda, também não entenderá a Cruz.
Infelizmente, o homem não permaneceu no elevado estado para o
qual fora originalmente criado. Pela desobediência, o ser feito à imagem e
semelhança de Deus comeu do fruto proibido, da árvore da ciência do bem e do
mal (Gn 3).
A Queda expressa o momento histórico da origem do mal na dimensão
humana. O homem tornou-se alguém totalmente depravado e incapaz de praticar o
bem por sua livre escolha. A partir de então, ele jamais foi o mesmo (Rm 3.11).
4.1. Condições reinantes
Segundo
o relato bíblico (Gn 3), Eva foi enganada por Satanás, prefigurado em serpente,
e, em seguida, ofereceu o fruto proibido a Adão, que o comeu. Paulo diz que
Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão (1Tm
2.14).
Pode-se
depreender disso que o pecado foi consciente. A existência da árvore da ciência
do Bem e do mal é uma representação do livre-arbítrlo humano, ou seja, do
direito de o homem escolher livremente a quem servir e obedecer.
4.2. O resultado da
desobediência
Paulo
disse: como por intermédio de um homem o pecado entrou no mundo, e pelo pecado,
a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram
(Rm 5.12,19).
A
raça humana estava seminalmente ligada ao primeiro casal. Adão e Eva, ao
pecarem, levaram consigo toda humanidade, sem exceção, precipitando-a no
rompimento da comunhão com o Eterno e na total depravação. O homem tornou-se
irremediavelmente incapaz de promover o bem e, por méritos próprios, retomar o
acesso à presença de Deus.
4.3. Características do
pecado
A
entrada do pecado no mundo é responsável por todas as mazelas e desgraças
humanas. Desde então, o homem vive em permanente estado de agonia e tristeza.
Isaías declara que os ímpios não têm paz (Is 48.22), e o apóstolo Paulo lembra
que a tribulação e a angústia estão sobre toda alma que faz o mal (Rm 2.9).
5. A SOLUÇÃO PARA O
PECADO DA HUMANIDADE
Os reformadores combateram
veementemente o estilo de vida, as doutrinas, a liturgia e as práticas da
Igreja Romana; porém, o tema salvação do pecador constituiu-se no grande motivo
de cisão entre ambos os segmentos.
Como
vimos nas lições 3—6, os postulados soteriológicos defendidos pelos reformadores,
em total consonância com as Escrituras Sagradas, são observados nos pontos
destacados a seguir.
5.1. A justificação
unicamente pela fé
Apoiados
nas Escrituras Sagradas, os reformadores pontuaram que a justificação do homem
diante de Deus só pode ocorrer pela fé, e só por meio dela (da fé) o pecador
pode ser justificado (Rm 1.17; 3.22; 5.1,2,9,18,19; Ef 2.8,9).
5.2. A singularidade das
Escrituras
Diferentemente
do que defendem os romanistas, os reformados afirmam que só a Escritura contém
os princípios que podem trazer o homem de volta à comunhão com Deus. Isso
independe de decisões tornadas em concílio ou de qualquer tradição religiosa. A
Bíblia, sozinha, revela tudo o que é necessário à salvação e constitui-se no
manual de fé e prática de todo cristão (2 Tm 3.15-17).
5.3. A centralidade de
Cristo
As
Escrituras afirmam que o homem só pode ser salvo por Cristo (Lc 19.10; At 4.12;
Jo 3.16-18). A salvação operada pelo Espírito Santo só ocorre pela obra
expiatória do Filho Unigênito de Deus, sem qualquer outra espécie de
intermediação (Jo 3.14,15; 14.6; Hb 9.14; 10.12).
5.4. A centralidade da Graça
No
contrapé dos ensinos da época, os reformadores ensinaram que somente a obra
sobrenatural do Espírito Santo, operada unicamente pela Graça, independente de
quaisquer méritos humanos, pode redimir o perdido e salvá-lo da condenação
eterna (Rm 3.20, 24; Rm 5.18; Ef 2.8,9).
CONCLUSÃO
A
morte de Cristo estendeu a graça divina a todos os homens. Assim, todos,
indistintamente, podem obter o perdão do Pai e restabelecer a comunhão perdida
no Éden: Aquele que crê no Filho tem a vida eterna (Jo 3.36a).
Ter
a vida significa viver na presença de Deus e desfrutar da Sua comunhão; isso
nem mesmo a morte pode impedir (Jo 11.25,26).
ATIVIDADE PARA
FIXAÇÃO
1.
A imagem de Deus está tatuada no homem. Isso significa que o ser humano possui
quais características, considerando o que foi exposto nesta lição?
R.: Racionalidade; personalidade; espiritualidade e infinitude.