Assunto:
Reforma Protestante: história, ensinos e legado.
Lição: Jovens e Adultos
Trimestre: 4°
de 2017
Comentarista:
Pr. Gilmar Vieira Chaves
Editora: Central Gospel
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Mateus
16.13-18
13-
E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus
discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?
14
- E eles disseram: Uns, João Batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um
dos profetas.
15
- Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
16
- E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17
- E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjo-nas,
porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
18
- Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a
minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Efésios 1.3,4
3
- Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com
todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo,
4
- como também nos elegeu nele antes da
fundação do mundo, para que
fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele em amor.
Efésios
2.21
21
- (...) no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no
Senhor.
TEXTO ÁUREO
Olhai
pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio
sangue. Atos 20.28
SUBSÍDIOS PARA O
ESTUDO DIÁRIO
2ª
Feira - Efésios 4.11-16: Cresçamos em tudo naquele que é a Cabeça
3ª
Feira - Atos 17.22-24: Deus não habita em templos feitos por mãos
4ª
Feira - Romanos 12.1-5: Somos um só corpo em Cristo
5ª
Feira - 1 Pedro 2.1-10: Vós sois a geração eleita
6ª
Feira - Colossenses 1.24-29: Pelo seu corpo, que é a Igreja
Sábado
- 1Coríntios 3.11-17: Vós que sois o templo de Deus
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
• entender as
condições reinantes na comunidade cristã na parte final da Idade Média;
• Identificar o
modo como os reformadores conceituavam a
•
definir as características e a missão da Igreja, conforme preceituado nas
Escrituras Sagradas.
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Caro professor,
O método interrogativo é praticado desde a mais remota
antiguidade. O educador moderno não deve ver-se como alguém limitado às
preleções e exposições; ao contrário, deve desenvolver a arte de fazer
perguntas que provoquem a participação e, consequentemente, a aprendizagem.
Mais do que um preletor, o professor é alguém que sabe fazer
perguntas pertinentes; mais do que um respondedor de perguntas, ele é alguém
que aprendeu a arte de provocar em seu aluno a capacidade de fazer perguntas
inteligentes.
Excelente aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Vimos
até agora que a Igreja Romana na Europa — entre o final da Idade Média e o início
da Idade Moderna — tornou-se uma instituição marcada pela decadência teológica,
moral e espiritual.
Toda
espécie de distorção era praticada pelos sacerdotes que a representavam —
incluindo aberrações doutrinárias, desvio de dinheiro, abuso de poder,
sacrilégios inomináveis e homossexualismo —, e tudo isso era feito em nome da
fé em Deus e em nome da Igreja.
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1. COMO OS
REFORMADORES CONCEITUAVAM A IGREJA
Os reformadores assumiram uma
posição corajosa de denúncia e pregação veemente contra os pecados do Clero e
de suas práticas, pois esses colidiam frontalmente com a Palavra de Deus.
Vejamos a seguir alguns pontos que ilustram o posicionamento
desses verdadeiros heróis da fé.
1.1. Eles jamais desejaram
criar uma nova Igreja
Hoje
em dia, por razões nem sempre legítimas, o número de novas igrejas e
denominações cresce de maneira exponencial. No entanto, Lutero e os demais
reformadores jamais pretenderam criar uma nova igreja ou denominação. O alvo
deles era corrigir os erros e rumos daquela à qual pertenciam. Foi a oposição
ferrenha do Papa e do Clero que levou, inevitavelmente, ao cisma.
1.2. O mercantilismo do
sistema romano
A
visão romana, centrada na ganância e no desejo desenfreado pela aquisição de
bens materiais, cegou a liderança da época, impedindo qualquer possibilidade de
diálogo ou entendimento. Porém, os reformadores mobilizaram o povo em torno da
pregação bíblica e do testemunho pessoal para trazer a Igreja de volta ao
padrão que, no entendimento deles, era fundamentalmente bíblico.
1.3. A concepção
eclesiástica dos reformadores
Ao
contrário do clero romano, que confundia a Igreja com os seus sacerdotes, os
reformadores viam-na como um organismo vivo, cuja existência caracteriza-se
pelo sacerdócio universal dos crentes e pela pregação popular.
Apoiados nas Escrituras Sagradas, eles afirmaram que Igreja não
é sinônimo de templo físico, tampouco é o conjunto dos seus sacerdotes; ao
contrário, ela é o corpo espiritual de Jesus, formado por cristãos verdadeiros,
lavados pelo sangue do Cordeiro (1Jo 1.7-9; Hb 9.14). Lutero, dirigido pelo
Espírito Santo, e seguindo os princípios eclesiológicos deixados por Wycliffe,
entendia a Igreja como o povo de Deus (2 Co 6.16; 1 Pe 2.9,10), a comunidade de
cristãos (At 2.42-47), a comunhão dos santos (SI 133.1-3; Gl 6.2; 1 Ts
3.12,13).
Os
reformadores, inspirados em John Wycliffe e John Huss, prenunciaram que a
verdadeira Igreja é espiritual e invisível; ela é o Corpo de Cristo formado pelos
salvos de todas as épocas por Jesus.
2. PONTO DE VISTA
BÍBLICO SOBRE A IGREJA
Em
Mateus 16.18, Jesus asseverou que edificaria Sua Igreja e que as portas do inferno
jamais poderiam vencê-Ia. Essa é a primeira referência neotestamentária — entre
as dezenas existentes — à ekklesia
[palavra grega composta pela preposição
ek (fora de) e o verbo kaléo
(chamar)].
2.1. Origem do termo
ekklesia
Ekklesia
denotava, originalmente, um grupo de cidadãos chamados e reunidos (em uma
assembleia) em torno de um propósito específico. A palavra é conhecida desde o
quinto século a.C., estando presente nos escritos de Heródoto, Xenofontes,
Platão e Eurípedes.
Vale
ressaltar que o conceito de ekklesia prevalecia especialmente em Atenas, onde
os líderes políticos eram convocados para compor uma assembleia constituinte
até quarenta vezes por ano.
2.1.1. Uso secular do termo
ekklesia no Novo Testamento
O
termo ekklesia, com conotação secular, aparece em Atos 19.32,41, em alusão ao
grupo de cidadãos revoltados contra a pregação de Paulo.
Na
maioria das vezes, entretanto, o vocábulo tem uma aplicação sagrada, sendo
utilizado para fazer referência àqueles que Deus tem chamado para fora do
pecado e para dentro da comunhão do Seu Filho, Jesus Cristo, e que tornaram
concidadão dos da família de Deus (Ef 2.19).
2.2. A origem da Igreja
Apesar de o conceito de igreja estar presente em todo Novo, Testamento,
ele simplesmente inexiste no Antigo Testamento. Parte significativa dos
teólogos concorda que a Igreja (Corpo de Cristo) teve seu início marcado no dia
de Pentecostes (At 2).
Ao
citar expressamente a palavra ekklesia, em Mateus 16.18, Jesus fala a respeito
de algo que seria instaurado no futuro. E, na condição de Corpo de Cristo,
seria natural que seus membros dependessem integralmente da obra concluída por
Aquele que é o seu Cabeça (Ef 5.23), a saber: Sua morte (Mc 15.33,34),
ressurreição (At 3.15) e ascensão (At 1.9-11); e a vinda do Espírito Santo (Jo
16.7; At 20.28; 1Co 12.13).
3. A NATUREZA DA
IGREJA
A Bíblia emprega inúmeras metáforas para descrever a natureza da Igreja de
Cristo, e cada uma dessas figuras de linguagem retrata um aspecto diferente do
que ela é e do que foi chamada a fazer.
No
Novo Testamento, cerca de oitenta termos delineiam o significado e o propósito
da Igreja. Vejamos alguns deles.
3.1. Povo de Deus
Por
todo Novo Testamento, a Igreja é retratada como povo ia de Deus.
O apóstolo Paulo, por exemplo,
aproveitou a descrição de Israel feita no Antigo Testamento (Lv 26.12) para
estabelecer uma relação com a Igreja de Cristo: Neles habitarei e entre eles
andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo (2 Co 6.16b).
No Antigo Testamento, observamos que Deus forma um povo para Si
(Israel; conf. Dt 10.15; Os 1.10); e, no Novo Testamento, Ele adquire um povo
para SI (a Igreja). Ambos (Israel e a Igreja) são Suas criações exclusivas (1
Pe 2.9,10).
3.2. Os eleitos
A
Bíblia fala reiteradas vezes sobre os eleitos em Cristo (Ef 1.4; Rm 8.30,31).
Não significa que o Altíssimo predestinou uns para salvação e outros para a
perdição eterna, uma vez que isso anularia o poder da morte de Cristo e faria
de Deus um ser injusto e parcial em Suas decisões.
Os eleitos são todos aqueles que, por livre escolha,
colocaram-se pelo lado de dentro dos limites do sacrifício expiatório de Cristo
efetuado no Calvário e agora vivem sob a operação ativa do Espírito Santo (Rm
8.28,29).
3.3. Os santos
Santos
é um termo muito utilizado no Novo Testamento para fazer referência aos salvos
em Cristo. Paulo e Pedro, ao usarem essa expressão (Fp 4.21; Cl 1.2; 1Pe 1.15,16),
não ajudam a uma classe de pessoas que,
supostamente, teria alcançado certa superioridade espiritual; ao contrário, os
apóstolos falam de um grupo de pessoas comprado pelo precioso sangue de Cristo
que, a partir de então, foi chamado para viver em santidade.
3.4. O Corpo de Cristo
Essa
figura de linguagem salienta que a Igreja é, agora, o centro da atividade de
Cristo. A expressão é utilizada tinta para a igreja universal (Ef 1.22,23),
como para as congregações locais (1Co 12.27).
A
metáfora Corpo de Cristo também ressalta a íntima ligação da Igreja (um grupo
de cristãos) com o seu Salvador. A salvação, em toda sua complexidade, é, em
grande parte, consequência da união do remido com o Filho de Deus: Cristo nós é
o fundamento da nossa fé e da nossa esperança (Cl 1.27; Gl 2.20).
3.5. Templo do Espírito
A
metáfora templo do Espírito Santo confirma que a terceira pessoa da Trindade
habita na Igreja — tanto individual, quanto coletivamente.
Paulo, por exemplo, pergunta à igreja de Corinto coletivamente:
Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em
vós? (1Co 3.16). (...) Porque o templo de Deus, que sois vós, é santo (1Co
3.17b). Na mesma carta, o apóstolo dirige-se aos cristãos, individualmente:
Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita
em vocês, que lhes foi dado por Deus (1Co 6.19a NVI)?
4. O PROPÓSITO DA
IGREJA
Cristo entregou-se em favor da
Igreja e revestiu-a com o poder do Espírito Santo, não para que ela existisse
em função de si mesma, mas para que pudesse cumprir o plano divino relacionado
à vida em sociedade e à vida eterna.
Desde o início, o Senhor deu à Sua Igreja a missão de comunicar
o Evangelho (At 1.8), edificar-se mutuamente (Rm 14.19) e apoiar os
necessitados (Tg 1.27). Vejamos a seguir.
4.1. Comunicação do
Evangelho
A
parte central das últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, antes de
ascender aos céus, é esta: ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura (Mc 16.15). Cristo não abandonou aqueles evangelistas à sua própria capacidade
ou técnica. Ele os comissionou a ir sob a Sua autoridade (Mt 28.18) e no poder
do Espírito Santo (At 1.8) - os discípulos proclamariam o Evangelho, e o
Espírito convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11).
A Igreja
é constituída por pessoas que foram regeneradas por Cristo e habitadas pelo
Espírito Santo. Elas receberam um chamado divino para viver fora do mundo e dos
seus princípios; da mesma forma, foram vocacionadas ao serviço do Reino.
4.2. Edificação mútua
Repetidas
vezes, nas Escrituras, os cristãos são admoestados a edificarem-se mutuamente
para, assim, formarem uma comunidade idónea (Ef 4.12-16; Rm 14.19).
A edificação pode ser levada a efeito por meios práticos,
tais como:
• ensinar e
instruir sobre os caminhos de Deus (Mt 28.20; Ef 4.11,12);
• corrigir em
atitude de amor (Gl 6.1);
• compartilhar com
os necessitados (2 Co 9);
• levar os fardos uns dos outros
(Gl 6.2);
• fornecer
oportunidades de convívio e interação social.
4.3. Responsabilidade social
A
principal responsabilidade da Igreja continua sendo divulgar a mensagem da Cruz
e anunciar as boas-novas de salvação; no entanto, por outro lado, como cristãos
não podemos descuidar dos necessitados, pois isso representaria o abandono de
um grande número de admoestações bíblicas acerca de nossa responsabilidade
social.
O ministério de Jesus caracterizou-se pela compaixão amorosa
devotada a todos os sofredores e indigentes deste mundo. Idêntica solicitude é
demonstrada tanto nos escritos proféticos do Antigo Testamento (Is 1.15-17; Mq
6.8), quanto nas epístolas neotestamentárias (Tg 1.27; 1Jo 3.17,18).
Expressar o amor de Cristo de modo tangível é também uma forma
de a Igreja cumprir a missão que lhe foi confiada por Deus na terra.
CONCLUSÃO
Pela
ousadia e intrepidez dos reformadores, a ekklesia foi preservada e devolvida ao
seu eixo bíblico. Daquela data em diante, abriu-se uma grande via para que ela
pudesse se tornar o que Deus, em Sua vontade soberana, sempre quis que ela
fosse.
Cabe
à comunidade atual dos salvos ao redor do mundo, pela intercessão e estudo da
Palavra, mantê-la igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante,
mas santa e irrepreensível (Ef 5.27).
ATIVIDADE PARA
FIXAÇÃO
1. Qual a origem do termo ekklesia?
R.: Ekklesia denotava, originalmente, um grupo de cidadãos
chamados e reunidos (em uma assembleia).