Êx 12.11 “Assim, pois, o comereis: Os
vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na
mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor.”
I. CONTEXTO HISTÓRICO.
Desde que Israel partiu do Egito em cerca de 1445 a.C., o povo hebreu
(posteriormente chamado “judeus”) celebra a Páscoa todos os anos, na
primavera (em data aproximada da sexta-feira santa). Depois de os
descendentes de Abraão, Isaque e Jacó passarem mais de quatrocentos anos de
servidão no Egito, Deus decidiu libertá-los da escravidão. Suscitou
Moisés e o designou como o líder do êxodo (3 — 4).
Em obediência ao chamado de Deus, Moisés compareceu perante Faraó e lhe
transmitiu a ordem divina: “Deixa ir o meu povo.” Para conscientizar
Faraó da seriedade dessa mensagem da parte do Senhor, Moisés, mediante o poder
de Deus, invocou pragas como julgamentos contra o Egito.
No decorrer de várias dessas pragas, Faraó concordava em deixar o povo
ir, mas, a seguir, voltava atrás, uma vez a praga sustada. Soou a hora da
décima e derradeira praga, aquela que não deixaria aos egípcios nenhuma
outra alternativa senão a de lançar fora os israelitas. Deus mandou um anjo
destruidor através da terra do Egito para eliminar “todo primogênito...
desde os homens até aos animais” (12.12).
Lições Bíblicas
Classe de Adultos
Visto que os israelitas também habitavam no Egito, como poderiam escapar
do anjo destruidor? O Senhor emitiu uma ordem específica ao seu povo; a
obediência a essa ordem traria a proteção divina a cada família dos hebreus,
com seus respectivos primogênitos. Cada família tinha de tomar um
cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito e sacrificá-lo ao
entardecer do dia quatorze do mês de Abibe; famílias menores podiam
repartir um único cordeiro entre si (12.4). Parte do sangue do cordeiro
sacrificado, os israelitas deviam aspergir nas duas ombreiras e na verga da
porta de cada casa.
Quando o destruidor passasse por aquela terra, ele passaria por
cima daquelas casas que tivessem o sangue aspergido sobre elas (daí o
termo Páscoa, do hb. pesah, que significa “pular além da marca”, “passar por
cima”, ou “poupar”). Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas
foram protegidos da condenação à morte executada contra todos os
primogênitos egípcios. Deus ordenou o sinal do sangue, não porque Ele não
tivesse outra forma de distinguir os israelitas dos egípcios, mas porque
queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção pelo
sangue, preparando-o para o advento do “Cordeiro de Deus,” que séculos
mais tarde tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29).
Naquela noite específica, os israelitas deviam
estar vestidos e preparados para viajar (12.11). A ordem recebida era
para assar o cordeiro e não fervê-lo, e preparar ervas amargas e pães sem
fermento. Ao anoitecer, portanto, estariam prontos para a refeição
ordenada e para partir apressadamente, momento em que os egípcios iam se
aproximar e rogar que deixassem o país. Tudo aconteceu conforme o Senhor
dissera (12.29-36).
II. A PÁSCOA NA HISTÓRIA ISRAELITA
A partir daquele momento da história, o povo de Deus ia celebrar a
Páscoa toda primavera, obedecendo as instruções divinas de que aquela
celebração seria “estatuto perpétuo” (12.14). Era, porém,
um sacrifício comemorativo, exceto o sacrifício inicial no Egito, que
foi um sacrifício eficaz. Antes da construção do templo, em cada Páscoa
os israelitas reuniam-se segundo suas famílias, sacrificavam um cordeiro,
retiravam todo fermento de suas casas e comiam ervas amargas.
Mais importante: recontavam a história de como seus ancestrais
experimentaram o êxodo milagroso na terra do Egito e sua libertação da escravidão
ao Faraó.
Assim, de geração em geração, o povo hebreu relembrava a redenção
divina e seu livramento do Egito (ver 12.26). Uma vez construído o templo, Deus
ordenou que a celebração da Páscoa e o sacrifício do cordeiro fossem
realizados em Jerusalém (Dt 16.1-6).
O AT registra várias ocasiões em que uma Páscoa especialmente
relevante foi celebrada na cidade santa (2Cr 30.1-20; 35.1-19; 2Rs
23.21-23; Ed 6.19-22).
Nos tempos do NT, os judeus observavam a Páscoa da
mesma maneira. O único incidente na vida de Jesus como menino, que as
Escrituras registram, foi quando seus pais o levaram a Jerusalém, aos doze anos
de idade, para a celebração da Páscoa (Lc 2.41-50). Posteriormente, Jesus
ia cada ano a Jerusalém para participar da Páscoa (Jo 2.13).
A última Ceia de que Jesus participou com os seus discípulos em
Jerusalém, pouco antes da cruz, foi uma refeição da Páscoa (Mt 26.1, 2,
17-29). O próprio Jesus foi crucificado na Páscoa, como o Cordeiro pascoal (1Co
5.7) que liberta do pecado e da morte todos aqueles que nEle crêem.
Os judeus hoje continuam celebrando a Páscoa, embora seu modo de
celebrá-la tenha mudado um pouco. Posto que já não há em Jerusalém um
templo para se sacrificar o cordeiro em obediência a Dt 16.1-6, a festa judaica
contemporânea (chamada Seder) já não é celebrada com o cordeiro assado.
Mas as famílias ainda se reunem para a solenidade. Retiram-se
cerimonialmente das casas judaicas, e o pai da família narra toda a história do
êxodo.
III. A PÁSCOA E JESUS CRISTO
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Bíblicas Classe de Jovens - Acesse:
Para os cristãos, a Páscoa contém rico simbolismo profético a falar de
Jesus Cristo.
O NT ensina explicitamente que as festas judaicas “são sombras das
coisas futuras” (Cl 2.16,17; Hb 10.1), i.e., a redenção pelo sangue de
Jesus Cristo. Note os seguintes itens em Êxodo 12, que nos fazem lembrar do
nosso Salvador e do seu propósito para conosco.
(1) O âmago do evento da Páscoa era a graça
salvadora de Deus.
Deus tirou os israelitas do Egito, não porque eles eram um povo
merecedor, mas porque Ele os amou e porque Ele era fiel ao seu concerto (Dt
7.7-10). Semelhantemente, a salvação que recebemos de Cristo nos vem
através da maravilhosa graça de Deus (Ef 2.8-10; Tt 3.4,5).
(2) O propósito do sangue aplicado às vergas das
portas era salvar da morte o filho primogênito de cada família; esse fato
prenuncia o derramamento do sangue de Cristo na cruz a fim de nos salvar da
morte e da ira de Deus contra o pecado (12.13, 23, 27; Hb 9.22).
(3) O cordeiro pascoal era um “sacrifício” (12.27)
a servir de substituto do primogênito; isto prenuncia a morte de Cristo
em substituição à morte do crente (ver Rm 3.2). Paulo expressamente
chama Cristo nosso Cordeiro da Páscoa, que foi sacrificado por nós (1Co
5.7).
(4) O cordeiro macho separado para morte tinha de
ser “sem mácula” (12.5); esse fato prefigura a impecabilidade de Cristo, o
perfeito Filho de Deus (Jo 8.46; Hb 4.15).
(5) Alimentar-se do cordeiro representava a
identificação da comunidade israelita com a morte do cordeiro, morte esta
que os salvou da morte física (1Co 10.16,17; 11.24-26). Assim
como no caso da Páscoa, somente o sacrifício inicial, a morte dEle na
cruz, foi um sacrifício eficaz. Realizamos em continuação a Ceia do Senhor como
um memorial, “em memória” dEle (1Co 11.24).
(6) A aspersão do sangue nas vergas das portas era
efetuada com fé obediente (12.28; Hb 11.28); essa obediência pela fé resultou, então,
em redenção mediante o sangue (12.7, 13). A salvação mediante o sangue de
Cristo se obtém somente através da “obediência da fé” (Rm 1.5; 16.26).
(7) O cordeiro da Páscoa devia ser comido
juntamente com pães asmos (12.8). Uma vez que na Bíblia o fermento normalmente
simboliza o pecado e a corrupção (ver 13.7; Mt 16.6; Mc 8.15), esses pães asmos representavam a
separação entre os israelitas redimidos e o Egito, i.e., o mundo e o pecado
(ver 12.15).
Semelhantemente, o povo redimido por Deus é chamado para separar se do
mundo pecaminoso e dedicar-se exclusivamente a Deus.
Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal –
CPAD
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