A doutrina da predestinação
sempre se refere ao meio da salvação, e nunca ao destino eterno de cada pessoa.
• Existe na Bíblia uma "predestinação pessoal" que
não se refere ao destino eterno de ninguém, mas somente à chamada de Deus para
um serviço no seu Reino. A Bíblia
firma que Paulo foi chamado desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15,16). Assim
também foi com Jeremias (Jr 1.5), João Batista (Lc 1.76), Isaías (Is 49.1) e outros.
Ainda encontramos uma predeterminação a respeito de
Israel, quando Deus rejeitou Esaú e escolheu Jacó (Rm 9.11-14). Do
mesmo modo Israel, como povo, foi eleito para ser uma nação especial de Deus (Rm
9.4 e 11.2-7).
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A afirmação
doutrinária que afirma ser a predestinação algo que determine a salvação para
alguns e a perdição para outros previamente determinados, não tem apoio na
Bíblia. Pelo contrário, provoca graves contradições:
Essa doutrina
constitui uma contradição à pessoa de Deus,
porque torce a sua imagem em relação à sua justiça (Gn 18.25), pois assim Ele
teria predestinado pessoas à perdição antes mesmo que nascessem. Também põe
em dúvida o amor ilimitado de Deus (cf. Rm 5.7,8), porque ensina ter Ele
destinado pecadores ao inferno sem lhes dar direito nem oportunidade de
arrependimento. Até a veracidade de Deus fica
em jogo, pois enquanto Deus diz:
"Desejaria eu, de qualquer
maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor Jeová;
não desejo, antes,
que se converta dos seus caminhos e
viva?" (Ez
1 8.23). No entanto, os adeptos da doutrina da predestinação afirmam
que o próprio Deus manda alguns para a
perdição, sem lhes dar a mesma oportunidade de
salvação que deu aos "predestinados" ao
céu.
Há também uma
flagrante contradição entre a doutrina da predestinação
e a pessoa e a obra de
Cristo, pois Jesus afirmou ter
dado a sua vida pelo mundo (Jo
6.51; 3.16). Todavia, conforme essa doutrina,
Ele morreu somente pelos "predestinados à salvação", lista também
escrito que Ele "pode também salvar perfeitamente os que por ele se
chegam a Deus" (Hb 7.25). Porém, também conforme a tal doutrina, Jesus
somente tem poder para salvar os que forem privilegiados pela predestinação.
A
contradição atinge também a própria Palavra de Deus, que é a Verdade (cf. Jo
17.17), pois a Bíblia afirma que Deus "quer que todos os homens se salvem"
(1 Tm
2.4), que todos são convidados à salvação (Is 55.1; 45.22; Mt
11.28) e que "a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos
os homens" (Tt 2.11). Afirma também que "para com Deus, não há
acepção de pessoas" (Rm 2.11) e que "todos os que nele creem
receberão perdão dos seus pecados" (At 10.43), enquanto aquela doutrina
afirma que são exclusivamente os predestinados à salvação que têm esse
direito. A doutrina em apreço também desfaz o livre arbítrio do homem, um dos
grandes ensinamentos da Bíblia (Dt 30.19; Js 24.15; 1 Rs 18.21; SI 119.30,173;
Ap 22.17). Se alguém fosse predeterminado por Deus quanto ao seu destino, como
poderia escolher?!
A doutrina
constitui uma dúvida para os crentes sinceros que, embora tenham recebido a
certeza da salvação, ficam em dúvida quanto a serem ou não predestinados para
a salvação. O apóstolo Paulo não tinha esse problema. Ele escreveu: "Eu
sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para
guardar o meu depósito até àquele Dia" (2 Tm 1.12).
Finalmente,
essa doutrina é perigosa para a própria evangelização. Os evangelizadores podem raciocinar
que não há necessidade de evangelização, pois aqueles que
Deus predestinou para o céu, Ele é poderoso para salvá-los sem a nossa
intervenção, e para aqueles que Ele predestinou para o inferno, não existem
mais recursos: de qualquer maneira estão perdidos! Entretanto, todos são
passíveis de salvação. Jesus disse: "Eu sou a porta; se alguém entrar por
mim, salvar-se-á" (Jo 10.9).
Fonte:
Bergstein, Eurico. Introdução à Teologia
Sistemática. 1a- ed. - Rio de Janeiro: CPAD, 1993.
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