Para entendermos melhor o
tema deste artigo, temos que levar em consideração algumas palavras do tema,
como "cristão" e "quaresma".
CRISTÃO VERSUS QUARESMA
Quando o Evangelho foi
pregado aos gentios em Antioquia, os discípulos haviam caminhado até à Fenícia,
Chipre e Antioquia por causa da morte de Estêvão (At 7.55-60), que fora
apedrejado fora da cidade, enfurecendo a turba que clamava com grande voz,
tapando os ouvidos, quando dizia: "Eis que vejo os céus abertos, e o Filho
do Homem que está em pé, à mão direita de Deus" (At 7.56).
Barnabé fora enviado pela
igreja de Jerusalém a Antioquia, depois partiu para Tarso a encontrar Paulo.
Achando-o, o conduziu para Antioquia. Lá, foram os discípulos chamados, pela
primeira vez, CRISTÃOS.
Mas afinal, o que significa a palavra
cristão?
O apóstolo Pedro a usa na
sua carta primeira (4.16; "Mas se padecer como cristão...). Paulo, em Atos 26.28, relata quando o rei Agripa lhe
diz: "Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão".
Sempre se ouve alguém dizer:
"Não sou cristão, sou católico da religião de meus pais". Esses, às
vezes, sãos os que se tornam um devoto nominal.
EXISTE UMA DISTINÇÃO CHAVE ENTRE CATÓLICOS E CRISTÃOS: é a visão da Bíblia. Os católicos veem a Bíblia como a
suprema autoridade de fé e prática, enquanto os cristãos afirmam que a Bíblia é
a Palavra de Deus. Os católicos insistem em dizer que a Bíblia apenas contém a
Palavra de Deus.
Os cristãos não negam o valor
das tradições da igreja, pelo contrário, apoiam. Para que uma tradição de
igreja seja válida, ela deve basear-se nos ensinamentos e concordância com as
Escrituras Sagradas.
Há outra diferença entre os
católicos e os cristãos bíblicos. É o chegar a Deus com intermediários, como Maria e os santos.
Já os cristãos, os denominacionais, chegam diretamente a Deus (Chegai-vos a
Deus e Ele se chegará a vós - Tiago 4.8).
O apóstolo Paulo foi enfático
quando clareando todas as dúvidas, diz que há um só Deus e um só Mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo Homem (1Tm 2.5).
Outro aspecto diz respeito à
salvação da alma quase completa para os católicos e plena para os cristãos, que
a recebem no momento da aceitação de Jesus como seu Salvador.
A salvação pela fé para os católicos necessita de manutenção através de boas obras
e participação nos sacramentos. Para os cristãos, as obras são consequências da
salvação pelo sacrifício expiatório de Jesus Cristo.
Nos tempos apostólicos, esse
nome foi aplicado aos não-cristãos. Hoje, esse título vem a designar aqueles
que seguem a nova fé cristã, distinguindo genericamente dos islamitas, judeus e
outros.
O termo
cristão indica "aquele que professa verdadeiramente ser um crente em Jesus
Cristo".
QUARESMA, SIGNIFICADO
Quaresma é um período de
jejum, moderação e autonegação, tradicionalmente observado pelos católicos e
algumas poucas denominações protestantes. Período de penitências de 40 dias que
inicia na quarta-feira de cinzas (após o carnaval) e se prolonga até o chamado
Domingo de Ramos.
QUARESMA PARA OS CATÓLICOS
É um evento tradicionalmente
praticado pelos católicos que observam o período de jejum de duração de 40
dias, desde o século IV. Os fieis, nessas ocasiões, abstêm-se de comer certo
tipo de alimentação ou praticar algum hábito usual. Os católicos, nesse
período, também se lembram do arrependimento de seus pecados como que
praticando os mesmos atos de fiéis do Antigo Testamento, como "panos de
saco", "cinzas" e "jejum" (Et 4.1-3; Jr 6.26; Dn 9.3).
"Na
antiguidade, era um período de preparação para o batismo, durante a páscoa, e
para a penitência pública por parte desses candidatos. As igrejas oriental
ortodoxa, católica romana e anglicana observam a quaresma".
QUARESMA PARA OS EVANGÉLICOS
Os evangélicos rejeitam o uso
católico de na quaresma vestirem-se de saco, fazer jejum, colocar cinzas na
cabeça, entendendo que ganharão a bênção de Deus (Is 64.6). Sobre a forma de
jejum e arrependimento, o Novo Testamento atesta que devem ser praticados de
maneira que não atraia atenção para si (Mt 6.16-18 - "E quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas;
porque desfiguram os seus rostos para que aos homens pareça que jejuam...").
A INSTITUIÇÃO DA PÁSCOA
A palavra "páscoa"
vem do termo hebraico pesah, cujo
sentido é "passar por sobre", "saltar", uma referência à
páscoa original relatada no livro de Êxodo (12.1), quando o anjo da morte
passou por sobre os filhos de Israel, mas destruiu os primogênitos do Egito.
Veja também:
A chamada semana santa é a
última semana da Quaresma, quando nesse período os fieis devem permanecer em
constante jejum e penitências. Durante 40 dias que precedem a Semana santa e a
Páscoa (que é conhecida como Quaresma), os católicos dedicam-se a penitências
para lembrar os 40 dias que Jesus passou no deserto e seus sofrimentos na cruz.
Os católicos celebram a morte de Jesus Cristo na cruz na sexta-feira santa, com
a chegada do domingo da páscoa, celebrando no domingo a ressurreição de Jesus.
Através dos séculos, valores
mais "sacramentais" foram se desenvolvendo, acreditando os católicos
que deixar de fazer algo na Quaresma seja uma das maneiras de receber graça de
Deus.
Nesse desenrolar surgiram os sete
sacramentos da Igreja católica romana:
1.
Batismo;
2.
Confirmação;
3.
Penitência;
4.
Santa eucaristia (pão e vinho na transubstanciação: o pão se transforma na
carne e o vinho transforma-se em sangue);
5.
Santa ordem;
6.
Matrimónio;
7.
Extrema unção. Os Luteranos, por sua vez, reduziram seus sacramentos a dois:
a)
Batismo;
b)
Mesa do Senhor.
No entanto, a Bíblia ensina
que a graça não é alcançada por nossos méritos; ela é o dom da justiça (Rm
5.17). Jesus ensinou a forma de jejuar e lavar o rosto. Arrependermos de nossos
pecados é algo que devemos fazer todos os dias do ano, e não apenas nos 40 dias
da quaresma.
40 É PERÍODO DE PROVA
1. Moisés esteve 40 dias no
monte, quando do recebimento da Lei (Êx 24.18);
2. Jonas convocou os
habitantes de Nínive para se arrependerem no prazo de 40 dias (Jn 3.4);
3. Jesus jejuou no deserto
pelo espaço de 40 dias (Mt 4.2);
4. Em certa ocasião, Elias
jejuou por 40 dias, quando estava sob severa provação (1Rs 19.8.9);
5. Moisés esteve por 40 anos
em Midiã, um tempo de preparação para a sua missão (At 7.29,30).
O apóstolo Paulo, em sua
carta aos coríntios, exorta os crentes a limpar-se do fermento velho para serem
uma nova massa, assim como estão sem fermento, porque Cristo, nossa páscoa, foi
sacrificado por nós (1Co 5.7).
Em parte, os cristãos
evangélicos concordam em fazer referências litúrgicas nessas datas, como: a
ressurreição de Jesus Cristo ao terceiro dia; que está à direita do Pai
intercedendo por Seu povo; rejeitar um Cristo morto carregado em procissão
pelas avenidas; celebrar a ceia do Senhor como uma das duas ordenanças (batismo
e ceia) deixadas por Jesus antes de ascender aos céus. Negar a
transubstanciação, que é a mudança do elemento pão, que assume a substância do
corpo de Jesus; e a mudança do elemento sangue que assume a substancia do
sangue de Jesus.
A crença fundamental para os
fiéis cristãos é que o único Mediador entre Deus e os homens é Jesus Cristo, o
Eterno intercessor para com o Pai, e que levará a Sua Igreja no rapto a
acontecer em breve.
Fonte: Jornal Mensageiro da Paz, Abril
de 2-17
Artigo: Pr. Nemuel Kessler