Lições Bíblicas Dominical Adultos 1° Trimestre 2025 CPAD Título da Revista Dominical: EM DEFESA DA FÉ CRISTÃ : Combatendo as Antigas Heresias que se Apresentam com Nova Aparência Comentarista: Esequias Soares | Classe: Adultos TEMAS DAS LIÇÕES Lição 1 – Quando as Heresias Ameaçam a Unidade da Igreja Lição 2 – Somos Cristãos Lição 3 – A Encarnação do Verbo Lição 4 – Deus É Triúno Lição 5 – Jesus é Deus Lição 6 – O Filho É igual com o Pai Lição 7 – As Naturezas Humana e Divina de Jesus Lição 8 – Jesus Viveu a Experiência Humana Lição 9 – Quem É o Espírito Santo Lição 10 – O Pecado Corrompeu a Natureza Humana Lição 11 – A Salvação não É Obra Humana Lição 12 – A Igreja Tem uma Natureza Organizacional Lição 13 – Perseverando na Fé em Cristo
Lição 7- Política e Corrupção na Perspectiva Cristã
“Toda alma esteja sujeita às
autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as
autoridades que há foram ordenadas por Deus.” (Rm 13.1)
SÍNTESE
Em tempos de crise moral e política, a
Igreja deve ser exemplo íntegro de participação cívica e de combate à
corrupção.
AGENDA DE
LEITURA
SEGUNDA – Is 51.4: A justiça de Deus é
luz para as nações
TERÇA – Pv 29.2: O povo se alegra com
a administração sábia e justa
QUARTA – Pv 29.4: A diferença entre o
governante justo e o corrupto
QUINTA – At 5.29: Melhor obedecer a
Deus que aos homens
SEXTA – Ef 4.28: Aquele que furtava,
não furte mais
SÁBADO – Jo 10.10: O ladrão mata,
rouba e destrói
OBJETIVOS
•
CONSCIENTIZAR-SE do papel da política governamental e
dos efeitos da corrupção;
•
CONHECER a base bíblica da separação entre Estado e
Igreja;
• SABER
como o cristão deve lidar com a política e a corrupção.
A história de nosso
país é assinalada por má governança e escândalos de corrupção. Sem dúvida
alguma, a desonestidade e a trapaça não são novidades para o país que criou o
“jeitinho brasileiro” – a artimanha utilizada por muitos para resolver problemas
ou levar vantagem em alguma coisa. Em tempos recentes, porém, a crise política
que se instalou na nação parece ter atingido níveis alarmantes. A estrutura
política encontra-se transtornada. Diante desse contexto, o que pode fazer o
justo? Na aula de hoje, veremos que o justo muito pode fazer pela nação. A
participação política dos crentes de maneira íntegra, alinhada às recomendações
das Escrituras, é vital para a boa governança e combate à corrupção.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor (a), no tópico
III, utilize o esquema abaixo para refletir com os seus alunos acerca de
algumas medidas importantes para evitar a prática da corrupção, tanto no setor
público quanto no privado. Lembre aos jovens que todas essas medidas decorrem
de princípios bíblicos, e partem do pressuposto de que o homem possui a tendência
natural para a prática da corrupção. Na segunda coluna, peça para os alunos
opinarem a respeito do objetivo da medida anticorrupção constante da primeira
coluna.
MEDIDAS ANTICORRUPÇÃO OBJETIVO
MEDIDAS ANTICORRUPÇÃO
OBJETIVO
Divisão de poder.
Fiscalização
constante.
Transparência.
Punição, inclusive
dos pequenos delitos.
Afixação de regras
claras.
Recordação
da importância do agir ético.
TEXTO BÍBLICO
Romanos
13
1
TODA a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade
que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.
2
Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que
resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
3
Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más.
Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela.
4
Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois
não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar
o que faz o mal.
5
Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas
também pela consciência.
6
Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo
sempre a isto mesmo.
7
Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto,
imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.
INTRODUÇÃO
Na
lição de hoje falaremos a respeito de política e corrupção. A palavra
“política” deriva do grego politikos,
e em geral refere-se à ciência de governar ou bem administrar. O homem é um ser
político, pois foi criado por Deus para se relacionar com o próximo e viver em
comunidade (Gn 2.18). Embora, na maioria das vezes, o termo seja aplicado à
esfera pública, a política envolve todas as áreas da vida em que haja interação
humana, seja em casa, nas empresas, nas escolas ou nas demais instituições. Por
outro lado, a corrupção é a prática desonesta que visa à obtenção de vantagem
ilícita, incluindo suborno, propina, fraude ou qualquer outra forma de desvio
de dinheiro. Como a fé cristã lida com estes dois temas? É o que veremos na
presente lição.
I – POLÍTICA GOVERNAMENTAL E CORRUPÇÃO
1. Política
governamental.
Na
esfera pública, a política refere-se à forma como os governantes administram e
tomam as melhores decisões para a nação, estado ou município. As Escrituras
ensinam que Deus delega certa autoridade ao homem para governar (Tt 3.1).
Utilizada de forma correta, portanto, a política deve servir para aprovar leis
justas, refrear o mal e praticar o bem, a fim de proporcionar aos cidadãos uma
sociedade onde haja liberdade, acesso à saúde, segurança e educação de
qualidade.
2. O mal da
corrupção.
Infelizmente,
nem todos aqueles que ocupam cargos públicos estão preocupados com a sociedade e
o interesse coletivo. Conforme
a
história e os noticiários podem atestar, com frequência pessoas se utilizam da função
política para proveito próprio e aumento do patrimônio pessoal, através do
desvio de dinheiro dos cofres públicos e outros esquemas, falcatruas e
“jeitinhos” para obtenção de vantagens ilícitas. A corrupção é um mal moral que
decorre da natureza decaída e pecaminosa do homem, provocando enormes prejuízos
sociais (2 Pe 2.19). Ela contribui para a desigualdade e o aumento da miséria, reduz
o crescimento econômico e prejudica,
por
consequência, a oferta dos serviços públicos básicos aos cidadãos. De acordo
com Provérbios 29.2, o povo se alegra com a administração sábia e justa, mas
geme quando os impiedosos dominam. Igualmente, o governante justo administra
corretamente a sua terra, mas o corrupto a destrói (Pv 29.4).
Pense!
“Jeitinho”
é um eufemismo para a trapaça.
Ponto
Importante
A
corrupção é um mal moral que decorre da natureza decaída e pecaminosa do homem,
provocando enormes prejuízos sociais.
II – A SEPARAÇÃO ENTRE ESTADO E IGREJA
A
reflexão a respeito da participação adequada do crente na esfera política inicia
com o correto entendimento sobre a relação entre Estado e Igreja.
1. Entre César e
Deus.
Há
uma passagem bíblica em particular que serve como diretriz hermenêutica do pensamento
cristão acerca do relacionamento entre cristão e estado: “[...] Dai, pois, a
César o que é de César e a
Deus,
o que é de Deus” (Lc 20.25). Ao responder uma pergunta carregada de falsidade e
perversidade dos religiosos de sua época sobre o tributo romano, Jesus ensina
sobre a necessidade de separação entre Estado e Igreja, haja vista possuírem
papéis distintos. Isso não significa dizer, entretanto, que a Igreja não possa
colaborar com o Estado em assuntos de interesse social e influenciar
positivamente a vida política da nação, a fim de conformar com a vontade de
Deus.
Francis Beckwith
observa que, embora a imagem da moeda seja de César, há outra pergunta
implícita na narrativa bíblica que também deve ser respondida: Quem tem em si a
imagem de Deus? Beckwith conclui: “Se a moeda representa a autoridade de César,
porque tem nela sua imagem, então nós, seres humanos, estamos sob a autoridade de
Deus, porque temos em nós a sua imagem”. Portanto, “o governo e a Igreja, apesar
de terem jurisdições distintas, partilham da obrigação de promover o bem daqueles
que são feitos à imagem de Deus” (Razões para Crer, CPAD).
2. Soberania divina
sobre o Estado.
Na
perspectiva cristã, a autoridade dos governantes provém de Deus (Rm 13.1-4).
Ele é a fonte do poder de onde os governantes retiram a sua legitimidade para
governar, por isso a recomendação
bíblica
para nos sujeitarmos à autoridade humana por amor ao Senhor (1 Pe 2.13). A partir
dessa verdade, compreendemos que o Estado ou qualquer outra instituição pública
está abaixo do Criador.
Quando
a vontade do poder público e do povo entram em conflito com a vontade divina,
não há outra opção senão obedecer a Deus (At 5.29). Assim, tão errado quanto
adorar a César nos tempos de Jesus, é a lealdade absoluta ao Estado nos dias
atuais.
3. Estado laico, não
ateu.
Em
nosso país, o modelo atualmente adotado de relação entre Estado e organizações religiosas
é o da laicidade. O poder público não pode adotar ou patrocinar uma determinada
igreja ou religião. Estado laico (ou leigo), todavia, não significa estado ateu
ou laicista, que busca o desaparecimento das religiões ou a defesa da sua influência
somente ao ambiente privado. O modelo historicamente adotado no Brasil valoriza
o fenômeno religioso como tal, permitindo, inclusive, a colaboração de interesse
público. Assim, a igreja cristã deve respeitar o princípio da laicidade, mantendo-se
separada institucionalmente do governo, ao mesmo tempo em que pode colaborar
com temas de interesse da sociedade, com programas de educação, filantropia e
recuperação de usuários de drogas, por exemplo.
Pense!
“A
lealdade ao reino de César é condicional, mas a lealdade ao Reino de Deus é
absoluta” (Comentário Bíblico Pentecostal).
Ponto Importante
Deus
é a fonte que emana o poder de onde os governantes retiram a sua legitimidade
para governar, por isso a recomendação bíblica para nos sujeitarmos à autoridade
humana por amor ao Senhor.
III – COMO O CRISTÃO DEVE LIDAR COM A
POLÍTICA E A CORRUPÇÃO
1. Adotando uma
postura adequada sobre a política.
Não
há nada de erradocom a participação
política dos cristãos.Enquanto
cidadãos, os crentes tambémtêm
direitos e responsabilidades na cidadedos
homens. O apóstolo Paulo valeu-seda
cidadania romana para exercer seusdireitos
e garantias legais (At 16.37-39).
Uma
vez que os crentes são portadores de cidadania política, nos é possível
participar da escolha dos governantes, assim como contribuir com as discussões
e o rumo político da nação. Mas, se por um lado a aversão à política é uma
conduta equivocada, por outro, o engajamento inadequado prejudica a vida
espiritual da Igreja, especialmente quando esta atua em busca de benefícios
próprios e por meio de envolvimento com a politicagem mundana.
2. Influenciando o
mundo político.
O
caminho para iluminar o mundo político com a luz de Cristo é o engajamento político
socialmente adequado e teologicamente consistente da comunidade cristã. Isso,
sem se perder nos jogos de poder e nas disputas partidárias e ideológicas. A
Igreja pode exercer uma influência expressiva sobre a política e o governo, por
meio da conscientização dos seus membros sobre a importância do voto. Deve
atuar como voz profética de transformação, combate ao mal e defesa dos
princípios e valores morais expressos nas Escrituras.
Daniel
é exemplo de um jovem fiel a Deus que influenciou positivamente o governo de
seu tempo. Ele era governador de toda a província da Babilônia e chefe de todos
os sábios (Dn 2.48). Além
de
aplicar a sabedoria na administração do governo, Daniel confrontou
corajosamente os erros do rei Nabucodonosor (Dn 4.27). Jovem, aja como Daniel,
com coragem para denunciar os erros observados na política, e com sabedoria
para sobressair-se na esfera pública!
3. A corrupção e o
sétimo mandamento.
Por
contrariar o sétimo mandamento (Êx 20.15), a corrupção é severamente condenada
aos olhos de Deus (Lv 19.35,36). Ao longo da narrativa bíblica, encontramos
várias advertências contra diversos tipos de corrupção, no funcionalismo
público (Lc 3.12-14), no Judiciário (Dt 16.19,20; Êx 23.8) e no Legislativo:
“Ai dos que decretam leis injustas e dos escrivães que escrevem perversidade,
para prejudicarem os pobres em juízo, e para arrebatarem o direito dos aflitos
do meu povo, e para despojarem as viúvas, e para roubarem os órfãos!” (Is
10.1,2).
4. Combatendo a
corrupção.
A
fé verdadeira tem um sério compromisso com o combate à corrupção em todos os
níveis. Aquele que teve um encontro com o Senhor é aconselhado a não roubar
mais e é também compungido a devolver o que defraudou (Lc 19.8). Não coaduna, portanto,
com a prática de atos desonestos, fraudadores e corruptos, e nem com aqueles
que assim agem (Rm 1.32). Se nova vida não combina com a vigarice, é
inconcebível que a bênção de Deus esteja em negócios escusos e deletérios.
Pense!
Se
nova vida não combina com a vigarice, é inconcebível que a
bênção
de Deus esteja em negócios escusos e deletérios.
Ponto
Importante
O
caminho para iluminar o mundo político com a luz de Cristo é o engajamento
político socialmente adequado e teologicamente consistente da comunidade cristã.
SUBSÍDIO
A
Questão de Pagar Impostos a César (20.20-26)
Jesus
lhes pede que lhe mostrem uma moeda de prata (denarion, o pagamento médio de um dia de trabalho). Quando Ele
pergunta de quem é a inscrição na moeda, eles respondem: ‘De César’, dando a
entender que os judeus aceitam o governo do imperador como uma realidade
prática. Naquela época, era ponto comum que o governo de um soberano se
estendia tanto quanto iam suas moedas (Geldenhuys, 1951, p. 504).
Sem
interromper, Jesus lhes responde a pergunta — não com um ‘Sim’ ou um ‘Não’,
como esperavam, mas com estas palavras: ‘Dai, pois, a César o que é de César e
a Deus, o que é de Deus’. Esta resposta vai além do pagamento de impostos (cf.
Rm 13-1-7; 1 Pe 2.13-17). As coisas que pertencem a César devem ser pagas a
ele; as coisas que pertencem a Deus devem ser pagas a Deus. Obviamente a moeda
pertence a César; os impostos devem ser pagos ao imperador. Os assuntos que
giram em tomo dos deveres a Deus e dos deveres a César podem ficar complexos.
Quando os assuntos de estado entram em conflito com a vontade de Deus, o povo
de Deus tem de obedecer a Deus (cf. At 5.29). Como Jesus ensina, há dois
reinos: um terreno e um divino. O povo de Deus deve lealdade a ambos — a
lealdade ao reino de César é condicional, mas a lealdade ao Reino de Deus é
absoluta. Os inimigos de Jesus lhe fizeram uma pergunta teológica difícil. Sua
resposta significa que o povo de Deus tem de permanecer fiel a Deus e obediente
à autoridade civil, contanto que suas ações não entrem em conflito com a lei do
Senhor” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2. ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2004, p. 449).
CONCLUSÃO
Como
foi possível perceber, política e combate à corrupção também são “coisas de crente”.
Em tempos de crise moral na política do nosso país, a Igreja de Cristo pode instruir,
conscientizar, denunciar e mobilizar-se para propósitos cívicos legítimos.
HORA DA
REVISÃO
1. De acordo com a
lição, o que é corrupção?
É
a prática desonesta que visa a obtenção de vantagem ilícita, incluindo suborno,
propina, fraude ou qualquer outra forma de desvio de dinheiro.
2. Cite algumas
consequências da corrupção.
Ela
contribui para a desigualdade e o aumento da miséria, reduz o crescimento econômico
e prejudica, por consequência, a oferta dos serviços públicos básicos aos
cidadãos.
3.
Qual o sentido da afirmação de Jesus ao dizer: “Daí a César o que é de César, e
a Deus o que é de Deus” (Lc 20.25).
A
necessidade de separação entre Estado e Igreja, haja vista possuírem papéis distintos.
4. Qual o modelo
adotado no Brasil de relação entre Estado e organizações religiosas?
Modelo
da laicidade.
5. Qual o caminho
para a comunidade cristã iluminar o mundo político com a luz de Cristo?
Por
meio do engajamento político socialmente adequado e teologicamente consistente.