“Vocês, que procuram ser justificados pela
lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça” (Gálatas 5:4)
Se
há uma linguagem forte o suficiente para esvaziar qualquer dúvida sobre a
possibilidade da perda da salvação, é o “cair da graça”. Como já vimos, um texto que diz que alguém se separou
de Cristo só pode existir se este um dia já esteve ligado a Cristo, sendo “um”
com ele. Somente duas pessoas que um dia foram casadas podem se separar. Se
João nunca foi casado com Maria, ele não pode se “separar” dela. Se aqueles
gálatas nunca tivessem tido um real relacionamento com Cristo, Paulo jamais
teria dito que eles se separaram dEle.
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Assim
também, da mesma forma que se João se separa de Maria ele não está mais com
ela, alguém que se separa de Cristo não tem mais parte com ele. A linguagem
implica em alguém que era uma só carne com Cristo, que tinha um relacionamento
com ele, que estava ligado ao Corpo, mas que se separou, deixando tudo isso
para trás. Para ser mais claro, a linguagem implica na perda da salvação, que
uma vez já se teve. Se separar de Cristo é se separar da salvação, pois Ele é a
nossa salvação.
Essas
pessoas que se separaram de Cristo, para Paulo, “caíram da graça” (Gl.5:4). Eles não
poderiam “cair” da graça se não estivessem na graça uma vez. A linguagem, mais
uma vez, denota que eles tinham aceitado a graça, pois somente desta forma eles
poderiam “cair” dela. Se eles tinham aceitado a graça, isso significa que eles
eram salvos. Eles só caíram porque estavam de pé. E, ao caírem da graça, se
apartaram dela. Não é preciso dizer que, sem a graça, não há qualquer salvação.
Nós só somos salvos pela graça (Ef.2:8-9).
Da
mesma forma que algum time que “caiu da Série A” não está mais na Série A,
alguém que “caiu da graça” não está mais na graça. Se não está mais na graça,
não está mais salvo, pois é a graça que nos salva, se estamos nela. Uma pessoa
salva à parte de graça não tem sentido algum. Novamente, é uma linguagem que
expressa a possibilidade clara de perder a salvação, desde que concordemos que
somos salvos pela graça. Essa possibilidade de cair da graça é o que levou
Paulo a escrever:
“Mantenham-se firmes na graça de Deus” (1ª
Pedro 5:12)
Se
aquele que foi uma vez salvo pela graça não pode se apartar desta graça de
jeito nenhum até o fim da vida, não haveria qualquer sentido em Paulo dizer
para se manter firme na graça de Deus. Se temos que nos manter firmes, é porque
existe a possibilidade de não nos mantermos firmes, o que significa cair.
Manter-se firme é condicional, nunca incondicional. Deus salva pela graça, mas
é possível que alguém não se mantenha na graça, ao deixar de exercer fé, que é
a ponte que nos liga à graça (Rm.5:1-2; Ef.2:8).
A possibilidade de alguém se excluir da
graça
O
autor de Hebreus também conhecia muito bem a possibilidade de alguém se excluir
da graça. Ele disse:
“Cuidem
que ninguém se exclua da graça de Deus. Que nenhuma raiz de amargura brote e
cause perturbação, contaminando a muitos” (Hebreus 12:15).
É
possível que alguém que está na graça de Deus permaneça firme nela ou se exclua
dela. É possível que alguém caia dela ou permaneça de pé. A perseverança nunca
foi incondicional. Não há nenhum lugar da Bíblia que diga que aquele que foi
uma vez salvo pela graça não pode cair dela ou ser excluído dela. O testemunho
bíblico unânime ressoa o contrário. É exatamente em função da possibilidade de
alguém não continuar na graça de Deus que Paulo e Barnabé disseram:
“Despedida
a congregação, muitos dos judeus e estrangeiros piedosos convertidos ao
judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Estes conversavam com eles,
recomendando-lhes que continuassem na graça de Deus” (Atos 13:43).
Há
sentido em recomendar algo se este algo irá acontecer inevitavelmente, sem
qualquer possibilidade do contrário? Há sentido em exortar a permanecer na
graça, se não há chances de não permanecer? Não, não há. A exortação só ganha
um sentido se há a possibilidade de alguém se excluir da graça, o que, de fato,
implica em perder a salvação, já que ninguém é salvo longe da graça.
As
“explicações” calvinistas não convencem. Geisler, por exemplo, disse que “eles
[os gálatas] não haviam perdido a salvação, mas somente a verdadeira
santificação, que também vem pela graça, não pela Lei”. O problema com uma
afirmação dessas é duplo. Primeiro, porque não trabalha com o fato da exclusão
da graça. Para alguém excluído da graça (como os gálatas – Gl.5:4) permanecer
salvo mesmo assim, teriam que inventar um evangelho onde a graça não é mais o
fator determinante para a salvação, mas somente para a “verdadeira
santificação”. Ou seja: teriam que assassinar o evangelho.
Além
disso, a perda da santificação sempre implicou na perda da salvação. Jesus
disse que, “se eu não os lavar, você não terá parte comigo” (Jo.13:8). O autor
de Hebreus foi ainda mais claro ao dizer que “sem santificação ninguém verá ao
Senhor” (Hb.12:14). Alguém será salvo e proibido de ver a Deus? É claro que
não. Os que não verão a Deus são os condenados. Sem santificação ninguém verá
ao Senhor. Sem santificação ninguém será salvo. Perder a santificação e
permanecer com a salvação é algo que pode parecer cabível para um calvinista,
mas é completamente repudiável à luz da Bíblia.
Fonte: Calvinismo ou Arminianismo
– Quem está com a razão?
Artigo: Lucas Banzoli
Reverberação: Subsídios EBD