“TULIP”
é um acróstico que significa:
Total
Depravity (Depravação Total)
Unconditional
Election (Eleição Incondicional)
Limited
Atonement (Expiação Limitada)
Irresistible
Grace (Graça Irresistível)
Perseverance
of the Saints (Perseverança dos Santos)
Esses
são os cinco pontos considerados mais importantes dentro do sistema calvinista,
ainda que o calvinismo em si seja mais do que apenas isso. Eles são um sistema
fechado, o que significa que os pontos permanecem ou caem juntos.
O
que passa disso é petição de princípio ou non sequitur. Isso é reconhecido
pelos próprios calvinistas, como Boettner, que disse:
“Prove
que qualquer um destes pontos seja falso e o sistema como um todo precisa ser
abandonado”.
Engelsma
também observa: “Negue esta doutrina, e todo o sistema calvinista é demolido”.
Geisler igualmente discerne que, “se um ponto
é rejeitado, logicamente todos serão”. Isso porque,
do ponto 2 ao 5, uma coisa leva à outra. Calvinistas e arminianos clássicos
creem na depravação total, mas tem uma visão diferente sobre como Deus resolve
esse problema. Para os calvinistas, a solução é uma graça irresistível que atua
somente nos eleitos. Para os arminianos, a solução é uma graça preveniente
universal, que pode ser aceita ou rejeitada pelo ser humano.
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Consequentemente,
os calvinistas creem em uma eleição individual incondicional, onde certas
pessoas (os eleitos) têm que ser salvas e outras pessoas (os não-eleitos) têm
que ser condenadas. Como os arminianos não creem em uma predestinação
individual incondicional, e sim que a salvação está disponível a todos, a
eleição é condicional à fé em Jesus, significando que todos os que creem fazem
parte do grupo corporativo de eleitos – a Igreja.
Em consequencia do fato de que apenas os eleitos
podem ser salvos e os demais já foram predestinados à perdição, os calvinistas
tem que crer em uma expiação limitada, isto é, que Jesus só morreu pelos
eleitos. E como os arminianos creem que a salvação está disponível a todos,
Cristo morreu por todos.
Por
fim, se a eleição é incondicional e tudo só depende de Deus, então ninguém que
uma vez foi salvo pode cair da fé e apostatar. Os arminianos, ao contrário,
creem que a apostasia é possível porque a graça de Deus não é irresistível, e o
homem pode rejeitá-la a qualquer momento. Como vemos, os últimos quatro pontos
do calvinismo ficam de pé ou caem juntos. Refutando ou descrendo em um dos
pontos do acróstico, os outros caem igualmente por um non sequitur.
Um “calminianismo” é
possível?
Uma moda recente, inventada por muitos
pregadores que querem se manter afastados da polêmica entre calvinismo e
arminianismo é dizer que não é nem calvinista nem arminiano. Palavras de
efeito, mas sem nenhum significado real, tais como: “não sou nem calvinista nem
arminiano, eu sigo a Bíblia” e “não sigo Calvino nem Armínio, eu sigo a Cristo”
tem sido ditas no objetivo de se afastar do debate e tentar satisfazer ambos os
lados.
Ainda
outros, tentando conciliar as duas doutrinas para ser simpatizante de ambos, se
auto-rotulam como “calminianos” (o que seria uma mistura de calvinismo e
arminianismo), afirmando que os dois sistemas são bíblicos, como se a verdade
fosse relativa ou a Bíblia fosse contraditória e afirmasse doutrinas mutuamente
excludentes como mutuamente verdadeiras.
Primeiramente,
é necessário esclarecer que é simplesmente impossível uma mistura de calvinismo
com arminianismo. A razão é simples: ou a eleição é condicional ou é
incondicional; ou a graça é resistível ou é irresistível; ou o livre-arbítrio
existe ou ele não existe; ou Deus determina tudo ou Ele não determina tudo; ou
Cristo morreu por todos ou ele não morreu por todos; ou uma vez salvo está
salvo para sempre ou é possível perder a salvação.
É
impossível, para qualquer pessoa que queira manter o mínimo de consistência,
afirmar ambas as doutrinas como sendo complementares e não como sendo
excludentes. É uma coisa ou outra, não pode haver um meio-termo. Isso é
reconhecido tanto por calvinistas como por arminianos.
Spurgeon
mesmo reconhecia que “não há nada entre eles senão uma vastidão estéril”, e
William Shedd disse que “somente estes dois esquemas gerais de doutrina cristã
são logicamente possíveis”. É como disse Boettner:
“Deve ser evidente que há apenas duas teorias
que podem ser mantidas pelos cristãos evangélicos sobre este importante tema;
que todos os homens que têm feito qualquer estudo dele, e que têm alcançado
toda as conclusões estabelecidas sobre isto, deve ser ou calvinistas ou
arminianos. Não há nenhuma outra posição que um cristão pode tomar”.
O
arminiano Roger Olson também comenta:
“Apesar
dos pontos comuns, o calvinismo e o arminianismo são sistemas de teologia
cristãs incompatíveis; não há um meio termo estável entre eles nas questões
determinantes para ambos”.
Portanto,
a não ser que você seja um humanista secular relativista e inconsistente, que
crê em duas coisas contraditórias como sendo verdadeiras ao mesmo tempo, não
pode afirmar que é “meio calvinista” e “meio arminiano”. Ou você é calvinista,
ou você é arminiano. Como vimos anteriormente, os cinco pontos são um sistema
fechado, onde toda a doutrina cai ou permanece de pé, como em um dominó. Se um
ponto do calvinismo está errado, todos os outros estão.
Por
mais que palavras de efeito e sem sentido sejam utilizadas hoje em dia por
pregadores que querem se parecer mais “cristãos” se não se rotularem de
“arminiano” nem “calvinista”, no final das contas ele sempre é ou calvinista ou
arminiano, se ele tem mesmo alguma opinião formada. Ele nunca é realmente um
“meio-termo”, a não ser que seja inconsistente. O pastor Ciro Sanches, por
exemplo, gosta de dizer que não é arminiano nem calvinista. Ele diz que “segue
só a Bíblia”. Mas a teologia dele é inteiramente arminiana em todos os
detalhes.
Seria
mais honesto, e melhor para a comunidade arminiana no Brasil, que ele
simplesmente admitisse que é um arminiano. Ele, assim como outros pregadores,
são arminianos mesmo que escondam isso, da mesma forma que existem calvinistas
que evitam se intitularem calvinistas, mas em ambos os casos a doutrina que é
ensinada por tais pregadores é exatamente a mesma daqueles que se intitulam
calvinistas ou arminianos de forma aberta.
Não muda absolutamente nada em termos de
doutrina, muda apenas o discurso. Dizer que “não sou nem calvinista nem
arminiano” parece um discurso bonito, parece mais “bíblico”, mas se perguntar
para essa pessoa o que ela crê sempre irá responder algo que seja plenamente
compatível ou com o calvinismo ou com o arminianismo, embora evite o rótulo.
Portanto, tais frases de efeito são inúteis e
completamente superficiais. É lógico que um dos pontos é bíblico e o outro não.
Se o calvinismo é verdadeiro, o arminianismo é falso; da mesma forma, se o
arminianismo é verdadeiro, o calvinismo é falso. A Bíblia ensina um e não ensina
outro. A razão ensina um e não ensina outro. A moral ensina um e não ensina
outro. Não há como escapar disso, por mais que se tente evitar. De fato, tais
pregadores que não se intitulam nem calvinistas nem arminianos só podem ser uma
coisa: inconsistentes.
Fonte: Calvinismo
ou Arminianismo – Quem está com a razão?
Autor: Lucas
Banzoli
Reverberação: Subsídios
EBD