Obs. Este
artigo é um subsídio para a lição bíblica da classe de Adultos.
Introdução
No capítulo XI, da
declaração de fé das Assembleias de Deus, fala sobre a Igreja. O referido
capítulo responde satisfatoriamente as perguntas:
1) O que é a igreja?
2) Quem fundou a
igreja?
3) Quais são os
fundamentos da Igreja.
Assim está escrito: CREMOS, professamos e ensinamos que a Igreja é a assembleia
universal dos santos de todos os lugares e de todas as épocas, cujos nomes
estão escritos nos céus: “À universal assembleia e igreja dos primogênitos, que
estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos
aperfeiçoados” (Hb 12.23). A Igreja foi fundada por nosso Senhor Jesus Cristo,
pois Ele mesmo disse: “sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Essa pedra é o próprio
Cristo: “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi
posta por cabeça de esquina” (At 4.11), tendo a doutrina dos apóstolos por
fundamento e Jesus a principal pedra de esquina: “edificados sobre o fundamento
dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da
esquina” (Ef 2.20). Ela, a Igreja, é a coluna e firmeza da verdade. É a
comunidade do Senhor. Além de assembleia universal dos crentes em Jesus, o
vocábulo “igreja” refere-se a um grupo de crentes em cada localidade
geográfica. Ensinamos que a Igreja é una e indivisível: um só corpo, um só
Espírito, uma só fé e um só batismo. A Igreja envolve um mistério que não foi
revelado no Antigo Testamento, mas que foi manifesto aos santos na nova
aliança.
Já nos pontos 1 a 6,
do capítulo XI, deste credo assembleiano, o leitor aprende sobre os nomes e
títulos da Igreja, a formação da igreja, a eleição da igreja, as ordenanças e a
missão da igreja. Entretanto, falaremos nesta oportunidade acerca da liturgia
da igreja, o culto, sobre a ética no culto a Deus no templo e a adoração da
igreja.
I
- A IGREJA E A LITURGIA
1. Definindo liturgia.
Conjunto de práticas
e elementos religiosos instituídos por uma igreja para se prestar culto a Deus.
No caso das Igrejas Assembleias de Deus, a nossa liturgia diz respeito aos
nossos principais elementos do culto. Em suma a liturgia da igreja é
apresentada da seguinte maneira:
1) oração;
2) louvor;
3) leitura bíblica;
4) pregação ou
testemunho;
5) oferta e
6) manifestação dos
dons do Espírito Santo (1Co 14.26).
Muito tem-se falado
em renovação na liturgia. Alguns argumentam que precisamos renovar nossos
princípios litúrgicos. Mas, essa "renovação", na prática, se confunde
com inovação. Embora muito semelhantes, essas palavras nos impõem profundas
divergências no contexto pentecostal.
2. A diferença entre renovar e inovar.
Renovar é mudar para
melhor ou melhorar em alguns aspectos, enquanto que inovar é abandonar o
antigo, recomeçando de modo diferente.
No meio em que
vivemos, presenciamos todos os dias inovações das mais diversas. Algumas até
razoáveis; outras, esquisitas, antibíblicas.
Não podem suportar as
intempéries do tempo, porque, geralmente, são movimentos baseados na presunção,
na porfia. Esses movimentos estão centralizados, quase sempre, na pessoa do
líder.
Se esse líder sofrer
algum problema de ordem social ou moral, todo movimento sofre as consequências,
ou seja, vai a pique.
3. A alerta para as igrejas Assembleia de Deus.
Observamos esses fatos
apenas para lembrar que não precisamos copiar ou importar costumes e métodos
para manter a estabilidade que o Espírito Santo nos legou até aqui.
Liturgias humanas
passam. Não, porém, a liturgia dos cultos da Igreja Primitiva. Comparar a
Igreja do século 20 com a Igreja Primitiva, aquela que brilhou no livro de Atos
dos Apóstolos, embora distante, sempre será necessário para não se perder o
referencial.
Veja 1Coríntios
14.26: "Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem
salmos, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se
tudo para edificação".
Doutrinas meramente
humana logo cedem passagem para outras recém-descobertas. Não, porém, a
doutrina dos apóstolos.
Rejeitemos essas
inovações. Expurguemo-las cio nosso meio!
4. Perguntas fidedignas.
A renovação de que
precisamos não seria melhorar alguns aspectos do que já funcionou
comprovadamente no início?
E esta nova geração
de obreiros não é fruto disso?
O número que dispomos
de crentes, templos, obras sociais e pastores porventura não é a prova da
eficácia do método de trabalho dos pioneiros? Podemos, então, julgá-lo
obsoleto?
Não é preciso ir
muito longe para identificar nosso perfil. Está diante de nós. Voltemos nosso
olhar para a Igreja Primitiva em Atos dos Apóstolos e para o início das
Assembleias de Deus no Brasil e teremos um ponto de partida essencial. Esse
olhar dirimiria muitas dúvidas.
Veja o caso da Europa
e da América do Norte, celeiros de missionários e berços dos grandes
avivamentos. Inovaram, por isso tornaram-se não mais celeiros de missionários,
mas grandes campos missionários.
Mudaram o marco
estabelecido pelos pioneiros (Pv 22.28). Permitiram a ingerência do deus deste
século que, com astúcia, opinou nos negócios da Casa do Senhor (IJo 2.15 – 17).
6. A renovação que as Assembleias de Deus Precisam.
A renovação de que
precisamos, antes de quaisquer métodos ou estratégias, é o urgente retorno ao
altar da oração, da busca da sabedoria e da fé, dos dons do Espírito,
indispensáveis na execução das libras de Deus.
Da oração, porque
orando tornamo-nos humildes diante de Deus; da sabedoria, porque ela é a mola
mestra que norteia decisões; da fé, porque sem ela é impossível agradar a Deus.
Renovar sim. Inovar não.
II-
A IGREJA E O CULTO A DEUS
Você já parou para pensar em que
direção litúrgica está sendo conduzidos nossos cultos? Que influências eles têm
recebido? Qual tem sido a tónica de nossas mensagens e o perfil de nossos
pregadores?
Faço essas perguntas,
pois vemos de forma clara e até escandalosa a enxurrada de novas tendências
que têm permeado a pregação e a liturgia pentecostal, e isso sob falsas
suposições de serem de Deus ou até mesmo essencialmente bíblicas!
1. Significado de culto.
Perceba: todos os termos
gregos conotadores de culto significam "trabalho", "serviço
dedicado prestado a um superior", "serviço religioso" e
"devocional prestado a Deus".
Assim, culto, como
fica definido, é um serviço que se presta a Deus. Todavia, muitos,
modernamente, entendem que culto é apenas "invocação da divindade"
para que o Deus invocado se coloque a serviço dos invocadores.
E uma reunião de
pedintes de bênçãos espirituais e materiais, e mais estas que aquelas. Porém, os
que mais pedem são os que menos servem.
2. Pensamentos distorcidos sobre o culto a
Deus.
Outros
pensam que culto é uma festa com o objetivo de alegrar os fiéis. Quanto mais
festivo, mais "espiritual" é o culto.
Ainda outros
ressuscitam o dualismo persa da luta do deus do bem contra o deus do mal,
fazendo dos cultos apenas sessões de exorcismo. O púlpito assume a forma de
ringue onde manifestam-se as forcas opostas, transformando-se numa batalha
entre Deus e Satanás, quando sabemos pela Bíblia que o Diabo já está derrotado.
3. O verdadeiro Culto.
Se,
de fato, nos voltarmos para a Escritura, veremos que o culto é um serviço
prestado a Deus pelo salvo e pela comunidade em todas as atividades vitais e
existenciais.
Servir é a condição
essencial do servo. Culto é a reunião dos salvos em Cristo Jesus, convocados
por Deus para adoração em espírito e em verdade.
II – A ADORAÇÃO DA IGREJA
CREMOS, professamos e ensinamos que a adoração é serviço sagrado,
culto, reverência a Deus por aquilo que Ele é e por suas obras: “Ao Senhor, teu
Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4.10). Seguimos o modelo bíblico da
adoração cristã sem nenhuma representação visual: “Então, o SENHOR vos falou do
meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes
semelhança nenhuma” (Dt 4.12). Aqui estão incluídas as coisas que estão nos
céus e na terra, como manda o segundo mandamento do Decálogo. Isso se faz
necessário considerando, ainda, a reverência a Deus: “Deus é Espírito, e
importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24).
Assim, prestamos nossa adoração e nosso louvor em termos espirituais e
imateriais sem o uso de imagens de escultura ou de qualquer outro tipo de
representação. Entendemos que a adoração é o nosso reconhecimento de que Deus é
digno de ser adorado como resposta humana à natureza divina: “o meu coração te disse a ti: O teu rosto,
SENHOR, buscarei” (Sl 27.8) [Fonte: Declaração de Fé das Assmebleias de
Deus].
Das epístolas de Paulo inferimos que havia duas classes de
reuniões para adoração: uma consistia em oração, louvor, e pregação; a
outra era um culto de adoração, conhecido como a "Festa de Amor"
("ágape", em língua grega). O primeiro era culto público; o
segundo era um culto particular ao qual eram admitidos somente os
cristãos.
O culto público, segundo o historiador Robert Hastings
Nichols, era "realizado pelo povo conforme o Espírito movesse as
pessoas". Citamos um trecho dos escritos desse historiador: Oravam a Deus
e davam testemunhos e instruções espirituais. Cantavam os Salmos
e também os hinos cristãos, os quais começaram a ser escritos
no primeiro século. Eram lidas e explicadas as Escrituras do
Antigo Testamento, e havia leitura ou recitação decorada dos
relatos das palavras e dos atos de Jesus.
Quando os
apóstolos enviavam cartas às igrejas, a exemplo das Epístolas do Novo
Testamento, essas também eram lidas. Esse singelo culto podia ser
interrompido a qualquer momento pela manifestação do Espírito na forma de
profecia, línguas e interpretações, ou por alguma iluminação inspirada sobre
as Escrituras. Essa característica da adoração primitiva é reconhecida por
todos os estudantes sérios da história da igreja, não importando sua filiação
denominacional ou escola de pensamento. Pela leitura de 1Co 14.24, 25 sabemos
que essa adoração inspirada pelo Espírito era um meio poderoso de atrair e
evangelizar os não-convertidos.
Lemos que os primeiros cristãos perseveraram no "partir
do pão" (Atos 2.42). Descrevem essas palavras uma refeição comum ou
a celebração da Ceia do Senhor? Talvez ambas. É possível que
houvesse acontecido o seguinte: no princípio a comunhão dos discípulos
entre si era tão unida e vital que tomavam suas refeições em comum.
Ao sentarem-se à mesa para pedir a bênção de Deus sobre o alimento,
vinha-lhes à lembrança a última Páscoa de Cristo, e assim essa bênção
sobre o alimento espontaneamente se estendia em culto de adoração. Dessa
forma, em muitos casos, é difícil dizer se os discípulos faziam uma
refeição comum ou participavam da Comunhão.
A vida e a
adoração a Deus estavam intimamente relacionadas naqueles dias! Porém muito
cedo os dois atos, o partir do pão e a Ceia do Senhor, foram distinguidos,
de forma que o segundo se tomou a ordem do culto: em determinado dia os
cristãos reuniam-se para comer uma refeição sagrada de comunhão, conhecida como
a Festa de Amor, a qual era uma refeição alegre e sagrada, simbolizando
o amor fraternal. Todos traziam provisões e delas participavam todos em
comum.
Em 1Co 11.21,22
Paulo censura o egoísmo daqueles que comiam seus alimentos sem
distribuí-los entre os pobres. Ao terminar a Festa de Amor, celebrava-se a Ceia
do Senhor. Na igreja de Corinto alguns se embriagavam durante o
"ágape" e participavam do sacramento nessa condição indigna.
Mais tarde, no primeiro século, a Ceia do Senhor foi separada do
"ágape" e celebrada na manhã do Dia do Senhor.
Conclusão
A verdadeira Igreja é
constituída por todos os fiéis remidos de todas as eras e de todos os lugares,
formando o corpo místico de Cristo por meio do Espírito Santo (1Co 12.13) e
cada crente salvo é membro desse corpo (1Co 12.27). A vida cristã não é
solitária; pois nenhum membro vive isolado do corpo: “assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas
individualmente somos membros uns dos outros” (Rm 12.5); “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos
membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo
também” (1 Co 12.12). A conversão da pessoa leva à comunhão com um grupo de
crentes em Jesus (At 2.42,42). A cabeça da Igreja é Cristo, sendo Ele mesmo o
Salvador do corpo (Ef 5.23) e acrescentando ao corpo, ou seja, à Igreja,
aqueles que herdam a salvação (At 2.47).
Refutamos e
repudiamos qualquer outro fundamento da Igreja que não seja Jesus Cristo (1Co
3.11) Negamos que exista Igreja se Cristo não for glorificado nela e se o
Evangelho não for proclamado, crido e obedecido (2Co 11.4).
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