Após 22 anos, a CPAD retorna
com o tema sobre salvação nas Lições
Bíblicas para adultos. A revista aborda a descrição das principais doutrinas da
salvação sob a perspectiva pentecostal/arminiana
e
explica porque Jesus teve que assumir a forma humana. Mostra como Ele efetuou a
obra de Salvação e sua abrangência e amplitude. Como o cristão vive a graça de
Deus. Como Deus permite o livre arbítrio. A operação da fé e do arrependimento.
Estes são alguns pontos que abordados pelo comentarista Claiton Ivan
Pommerening, que pela primeira vez assina como comentarista da revista Lições
Bíblica de Adultos e também será a primeira vez corno palestrante do Congresso
Nacional da Escola Dominical.
Ele é Doutor e mestre em Teologia pela Faculdades
EST. Graduado em Teologia e Ciências Contábeis. Membro do RELEP - Rede Latino-americana
de Estudos Pentecostais. Diretor e professor de Teologia na Faculdade Refidim/
CEEDUC (Joinville - SC). Editor da Azusa Revista de Estudos Pentecostais da
Faculdade Refidim. Editor executivo da Revista REPAS da CPAD e pastor auxiliar
na Assembleia de Deus em Joinville (SC).
ENTREVISTA
COM O COMENTARISTA DAS LIÇÕES DESTE 4° TRIMESTRE DE 2017
1)
Uma vez que a Reforma ocorreu quebrando a hegemonia do catolicismo, que
ensinava uma salvação pelas obras, que dependia na época até mesmo da venda de
indulgências, qual a importância do tema da Salvação ser frisado neste ano de
comemorações dos 500 anos da Reforma?
Independente de
momentos históricos a Doutrina da Salvação deve ser abordada, porque é a partir
dela que o povo de Deus reafirma a sua fé no Salvador e sedimenta compreensões
soteriológicas e, cristológicas que de outra forma seriam difíceis de
assimilar. Essas compreensões têm a ver com a organização da vida em todos os
seus segmentos e com a apropriação intelectual e afetiva da salvação que leva a
novas dinâmicas positivas da vida. Além disso, neste momento histórico dos 500
anos vê-se a repetição de muitas coisas similares ao tempo da reforma; pois a
Igreja sempre foi e será tentada a envolver-se na venda simbólica de bens
religiosos. Neste sentido, vimos uma similaridade com a Reforma provocada pelas
ideias do neopentecostalismo, que também negociam os bens religiosos com Deus
como a venda de indulgências de então. Essas atitudes anulam a importância da
graça e do sacrifício de Cristo na salvação. Estes são os motivos pelos quais
neste momento de celebração relembramos o tema da Salvação.
2)
A salvação unicamente pela graça, sendo justificação pela fé em Cristo, é um
dos pilares principais da Reforma. O calvinismo
acusa o pentecostalismo de ser 'pelagiano", pois a nossa matriz teológica
é arminiana. Tal acusação obviamente não
procede. Gostaria que o senhor falasse sobre isso.
O calvinismo tem
feito um "cavalo de batalha" com os pentecostais, praticamente
defendendo a ideia de que a única Teologia da qual Deus se agrada é o
calvinismo. Sabemos que isso não é verdade e o estabelecimento de diálogos
construtivos sempre será bem-vindo, mas como não é possível estabelecer diálogo
com quem se julga inteiramente correto em sua doutrina, precisamos fazer nosso
povo pentecostal entender quais as motivações e perigos desta Teologia. O pentecostalismo,
especialmente das Assembleias de Deus, adota a doutrina arminiana, que é o
equilíbrio entre o caivinismo, que prega que a decisão para a salvação é
unicamente operada por Deus e o pelagianismo que coloca este peso decisório
inteiramente na pessoa, ambas as crenças são, em certo sentido monergistas, ou
seja, a decisão parte apenas de um lado.
O arminianismo adota o sinergismo nesta
decisão, onde Deus quer a Salvação de todos e opera neste sentido com seu
Espírito Santo e o livre arbítrio humano que toma a decisão de tomar posse
deste presente. No pelagianismo o ser humano pode caminhar na direção de Deus
por sua vontade, enquanto que no arminianismo o sujeito precisa anteriormente
da obra do Espírito Santo em sua vida, caso contrário não surgirá a fé para a
salvação, mas este, ainda precisa, por decisão própria, aceitar essa graça,
enquanto que para os Calvinistas essa graça é irresistível em relação aos
eleitos.
3)
Como o senhor resumiria a exposição da doutrina da salvação ã Luz da Bíblia na
perspectiva pentecostal/arminiana?
Sob a perspectiva
da pergunta alcança-se a salvação escolhendo aceitá-la pela fé através da graça
de Deus, respondendo positivamente ao convencimento do Espírito Santo. O
significado bíblico de salvação é cura, redenção, remédio, completude,
inteireza, integralidade, saúde física, mental e emocional.
No sentido prático salvação significa que o cristão que aceita a
Jesus como seu salvador vive sua religação e a comunhão com Deus e assim
experimenta o perdão e a libertação dos pecados, apaziguando sua alma de
temores, vivendo a vida em felicidade; ele é nova criatura e se esforça para
compartilhar e implantar as realidades do Reino de Deus em sua vida e no mundo.
Significa que Cristo fez a expiação pelo pecador, ocupando seu lugar na cruz
(passado), que o crente é regenerado e santificado (presente) e será
glorificado integralmente (futuro). Portanto, a salvação só é possível por
causa da obra consumada na cruz por Cristo.
4)
O senhor começou como comentarista da CPAD escrevendo para os jovens. Neste
trimestre está, pela primeira vez, escrevendo a lição de adultos. Fale sobre
essa experiência e a parceria com a editora.
A CPAD hoje é a
maior editora evangélica da América Latina e por isso, essa parceria toma uma
dimensão enorme para mim; e me sinto feliz por poder contribuir com aquilo que
Deus me deu para o povo de minha igreja, a qual estimo muito. Eu sempre admirei
e gostei das Lições da CPAD e tive minha fé, em grande parte, construída na ED,
mas nunca nem mesmo sonhei em escrever uma Lição para a CPAD, entretanto, pela
bondade de Deus recebi o primeiro convite da Casa escrevendo a Lição de Isaías
e o livro texto para jovens e agora me sinto honrando de estar no meio de
grandes referenciais das ADs que me trazem uma grande responsabilidade e peso,
pois tenho nos ombros a responsabilidade por trilhar caminhos por onde passaram
e passam pessoas que ajudaram a construir a história da nossa igreja.
5)
O senhor está participando pela primeira vez de um Congresso Nacional de Escola
Dominical da CPAD como palestrante. Fale sobre a importância da sua disciplina
a ser ministrada. E qual a sua expectativa para o evento?
A expectativa do
evento é poder receber, no Rio de Janeiro, um grande número de pessoas
envolvidas com a educação cristã assembleiana e podermos juntos construir novos
conhecimentos que deem conta das várias demandas que existem no Brasil quanto à
ED.
Minha participação será ministrando
uma plenária com o tema Só a fé-eleitos e livres, um dos pilares da Reforma
Protestante, na qual desenvolverei a importância da fé na recepção da salvação
e como ela pode ser driblada por falsos ídolos na vida do crente, ser
substituída pela auto realização, ou ainda aperfeiçoada através da esperança
escatológica e na certeza e segurança da salvação em Cristo, onde somente a fé
em Cristo e no seu sacrifício na cruz pode dar esta esperança. Nele nos
tornamos eleitos e filhos de Deus, livres do pecado. No workshop estarei abordando
o tema A Escola Dominica afirmando a identidade pentecostal; abordarei que o
pentecostalismo lançou mão da ED para garantir às gerações futuras uma formação
bíblica focada no estudo da Palavra cultivando a identidade pentecostal, para
manter-se livre do neopentecostalismo, do calvinismo e do cessacionismo.
6)
Que conselhos o senhor deixa para o professor da Escola Dominical desenvolver e
manter seu ministério com qualidade na área do ensino?
É preciso que o
professor tenha uma experiência profunda com Deus. Não apenas como um momento
estático da vida, mas como um propósito de continuidade e cultivo desta
experiência; é necessário também estudo diligente da Palavra, através da
Teologia e seus subprodutos como a exegese e a hermenêutica; e aprimorar o
intelecto na leitura de bons livros que venham a aquilatar o conhecimento em
várias ciências e na leitura do mundo.
Fonte: Ensinador
Cristão – N° 72
EDITORA: CPAD