As Escrituras aplicam
esse nome "Deus" ao Pai (Fp 2.11), da mesma forma ao Filho (Jo 1.1 e
TJo 5.20) e ao Espírito Santo (At 5.3-4).
Aparece, na maioria
das vezes, com referência à Trindade (Dt 6.4). Isso também ocorre com o nome
Jeová. Com referência ao Pai sozinho (SI 110.1), ao Filho (compare Is 40.3; Mt
3.3) e ao Espírito Santo (Ez 8.1-3).
No entanto, aplica-se
à Trindade (Dt 6.4 e SI 83.18). Vale lembrar que o nome "Deus",
theos, no Novo Testamento grego, quando vem acompanhado do artigo definido e
sem outra qualificação, é sempre uma referência ao Deus Pai.
Lições Bíblicas Juvenis
Se o Pai é o
verdadeiro Deus, e da mesma forma o são também o Filho e o Espírito Santo, como
fica o monoteísmo judaico-crisião?
As Escrituras ensinam
que existe um só Deus e que Deus é um só. Isso vale tanto para o Velho
Testamento (Dt 6.4) como para o Novo (Mc 12.29-30). O cristianismo é religião
monoteísta (1Co 8.6).
A mesma Bíblia que
ensina haver um só Deus, e que Deus é um só, ensina também que tanto o Pai, o
Filho, como o Espírito Santo é Deus.
1. Unidade composta.
A
doutrina da Trindade não contradiz o monoteísmo do Velho Testamento, pois
convém salientar que a unidade de Deus, em Deuteronômio 6.4: “Ouve ó Israel o
Senhor nosso Deus é o único Senhor”, é composta e não absoluta.
A palavra hebraica
para essa unidade composta é echad (lê-se "errad"), que aparece nesse
versículo, a mesma usada em Gênesis 2.24, quando diz que marido e mulher são
“uma só carne”.
Já a Unidade absoluta
em hebraico é yachid (lê-se "iarrid"), como encontramos em Gênesis
22.2.
A Trindade, portanto,
não é triteísmo e é erro crasso comparar a Trindade bíblica, da religião
cristã, com as tríades do paganismo, como fazem as Testemunhas de Jeová e
outros grupos religiosos heterodoxos, para nos criticar.
Brahma, Vishnu e
Shiva, por exemplo, na religião hindu, são três deuses e não uma trindade.
A Bíblia ensina o
monoteísmo, a Trindade, portanto é a união de três Pessoas: o Pai, o Filho e o
Espírito Santo, em uma só Divindade, sendo iguais, eternas, da mesma
substância, embora distintas, sendo Deus cada uma dessas Pessoas (Mt 28.19; ICo
12.4-6; 2Co 13.13 e Ef 4.4-6).
O Credo de Atanásio
diz: "Não separamos as pessoas e nem confundimos a substância".
2. Resumo histórico da Santa Trindade.
A
palavra "trindade" é um termo técnico para designar um Deus em três
Pessoas aplicada à Divindade no final do século 2 por Tertuliano em Contra
Práxeas, II: “Todos são de um, por unidade de substância, embora ainda esteja
oculto o mistério da dispensação que distribui a unidade numa Trindade,
colocando em sua ordem os três: Pai, Filho e Espírito Santo; três, contudo,...
não em substância, mas em forma, não em poder, mas em aparência, pois eles são
de uma só substância e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só
Deus que esses graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai,
Filho e Espírito Santo".
No segundo século da
Era Cristã surgiram os que Tertuliano chamou de monarquianistas (do grego monarca
a - "governo exercido por uma única pessoa"). Estavam divididos em
dois grupos: dinânimos e modais. Os monarquianistas dinâmicos, (do grego
dynamis, "força, poder"), diziam que Deus deu força e poder a Jesus,
adotando-o como Filho, negando assim a divindade absoluta de Jesus e também a
Trindade.
Era o prenúncio do
arianismo, que no início do quarto século negava a eternidade de Jesus,
considerando Cristo um deus de segunda categoria, igual ao ensino das
Testemunhas de Jeová. Essa doutrina dos dinâmicos era defendida por Teodoro de
Bizãncio, Artemão e Paulo de Samosata.
Monarquianistas
modais ensinavam que as três Pessoas da Divindade se manifestavam por vários
modos, daí o nome modalista. Eram defendidos por Noeto de Esmirna e Práxeas de
Cartago. Ensinavam que o Pai nasceu e sofreu e que Jesus era o Pai. Por essa
razão, no Ocidente, eles eram chamados de patripassianistas (do latim Pater
"Pai" e passus de patrior, ''sofrer": o Pai se encarnou em
Cristo e sofreu com Ele). Tertuliano disse que eles crucificaram o Pai e
puseram em fuga o Espírito Santo.
No Oriente eram
chamados sabelianistas, pois o heresiarca Sabélio foi quem mais se destacou na
propagação dessa heresia. Segundo essa doutrina, o Pai, o Filho e o Espírito
Santo são apenas três aspectos da Divindade sendo, portanto, uma mesma Pessoa.
Sabélio usava a
palavra "pessoa'' para cada Pessoa da Divindade, mas para ele essa
“pessoa” tinha o sentido de máscara ou de manifestações diferentes de uma mesma
pessoa divina.
Na sua concepção o
Pai, o Filho e o Espírito Santo eram nomes de três estágios ou fases
diferentes. Ele era Pai na Criação e na promulgação da Lei, Filho na encarnação
e Espírito Santo na regeneração.
Essa doutrina foi
combatida por Tertuliano em Contra Práxeas, quando pela primeira vez esse
apologista usa o termo Trinitas ("Trindade") para a Divindade e
depois por Hipólito e Origines.
O sabelianismo ganhou
espaço por mais ou menos cem anos em Roma, Ásia Menor, Síria e Egito.
Em 263, Dionísio de
Alexandria enfrentou o próprio Sabélio derrotando assim esse movimento. Depois
disso o cristianismo passou a repudiar essas crenças e o combate a essa heresia
continuou até que ela desapareceu completamente da história.
Depois de muitos
séculos essa heresia foi trazida de volta, das profundezas do inferno, por John
G. Scheppe, fundador da seita "Só Jesus", em 1913.
Os unicistas de hoje,
como o Movimento Só Jesus, a Igreja Voz da Verdade, Tabernáculo da Fé. Igreja
Local Testemunhas de Jeová, dentre outros movimentos, têm suas raízes no antigo
sabelianismo.
Tanto os antigos como
os modernos negam a doutrina da Santíssima Trindade e defendem a crença de que
o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam uma só Pessoa e não três Pessoas
distintas em uma só Divindade.
O arianismo
O outro conceito
heterodoxo sobre a Divindade foi o arianismo. Fundado entre 321-325, foi a
maior controvérsia da história do cristianismo. Ário pregava que o Filho era
criatura (doutrina advogada ainda hoje pelas Testemunhas de Jeová) e esta
inovação sacudiu o cristianismo da época.
Foi por volta de 320
d.C. que Ário, de Alexandria, Egito, encontrou em Provérbios 8.22, no texto da
Septuaginta, o seguinte: "O Senhor me criou no princípio dos seus
caminhos", e assim procurava fundamentar sua doutrina, de que Jesus era
criatura, negando a doutrina da Trindade.
O imperador romano,
Constantino, enviou 'mensageiros com o propósito de uma conciliação, mas foi
tudo em vão, até que convocou um concílio, que aconteceu na cidade de Nicéia,
em 325 dC.
Até hoje não está
claro se a "Sabedoria" de Provérbios 8.22 se refere a Cristo. Foi
aplicada ao Filho por Tertuliano como um dos dois estágios da história do Logos
(Contra Praxeas, VII).
Para Justino, o
Mártir, esta sabedoria divina é o Logos (Diálogo com Trifon, LXI.), mas para
Irineu a Sabedoria é o Espírito Santo (Contra Heresias Livro IV. XX).
Até hoje, muitos
expositores da Bíblia não concordam em que essa sabedoria seja o Logos.
Essa interpretação da
patrística não é uniforme, além disso, é questionada por muitos expositores, ao
longo da história do cristianismo e, ainda que o fosse, fala de sua eternidade,
pois, do contrário, seríamos obrigados a admitir que Deus esteve sem sabedoria
na eternidade passada.
IV - A
TRINDADE SANTA NÃO SÃO TRÊS DEUSES
Deus não é três
pessoas independentes ou três deuses diferentes; e também Deus não é uma pessoa
que veste três máscaras diferentes ou simplesmente Se revela em três formas
diferentes. O Deus das Escrituras existe simultaneamente como três pessoas
distintas e iguais que são um em sua natureza e essência divina, e que vivem em
perfeita igualdade e unidade.
Os textos das
Escrituras estão claro que o Pai, Filho, e Espírito Santo são três pessoas
distintas.
Funções distintas
Embora o Pai, Filho e
Espírito Santo são iguais e existem em perfeita unidade, eles costumam realizar
funções distintas, e Se manifestam de maneiras diferentes.
a) O Pai - é o Deus invisível que nenhum homem viu (João
118).
b) O Filho - é Deus que se fez carne e a perfeita revelação
do Pai (João 1.1, 14,18; 14. 9).
c) O Espírito Santo é Deus vivendo nos Cristãos (Romanos
8.9; João 14.16-17, 23).
Tentando entender a trindade
1.
Deus é Um. Não existem três Deuses diferentes na Trindade.
2.
Deus é Três. Existe um Deus que subsiste em três pessoas: o Pai, o Filho e o
Espírito Santo.
3.
As três pessoas da Trindade são Pessoas reais e distintas.
4.
As três pessoas da Trindade são perfeitamente iguais. O Filho não é o menor do
que o Pai, nem o Espírito menor que o Filho.
5.
As três pessoas da Trindade podem se manifestar de maneiras diferentes e podem
exercer funções diferentes.
Deus é um em essência, três em pessoa.
Essa fórmula atribui
duas coisas a Deus, duas coisas diferentes (embora não contraditórias). Por um
lado é afirmado que Deus é um em essência. Por outro lado asseverado que Deus é
três em pessoa. Poderíamos afirmar a fórmula da Trindade como segue:
Deus é um em A; Deus
é três em B.
Ora, se A e B são
contraditórios, então a fórmula chegaria perto de uma contradição. Se B fosse
contrário a A, então chamaríamos B de não “A”. E, nesse caso, a fórmula diria:
Deus é um em “A’,
Deus é três em não “A”.
Mas mesmo que fosse
esse o caso (o que não é), então a fórmula não seria necessariamente
contraditória. Se um ser ou assunto tivesse quatro dimensões, poderíamos dizer
que o assunto era um em “A” e também possuía três não “As’”.
“A” não pode ser “A”
e não “A” ao mesmo tempo e dentro de
uma mesma relação.
Isso significa
simplesmente que algo não pode ser o que é e não ser o que é, ao mesmo tempo, e
dentro de uma mesma relação.
Se tivéssemos dito
que Deus era um em sua essência, e somente um em essência, e então
acrescentássemos que Deus era três em essência, teríamos uma contradição de boa
fé. Algo não pode ser um e muitas coisas, ao mesmo tempo e dentro da mesma
relação. Portanto, se asseverássemos que Deus era três em pessoa e um em
pessoa, ao mesmo tempo e dentro da mesma relação, estaríamos nos espasmos de
uma contradição.
Mas a fórmula da
Trindade não assevera tais coisas. A fórmula diz que Deus é um em uma coisa
(essência) e três em outra coisa (pessoas). A menos que alguém possa provar que
essência e pessoa são a mesma coisa, essa fórmula não contém qualquer
contradição.
A Igreja estabeleceu
uma distinção cuidadosamente traçada entre essência e pessoa, para evitar fazer
uma declaração contraditória acerca de Deus.
Se existe uma diferença real entre essência e
pessoa, então a fórmula da Trindade nem é contraditória e nem é irracional.
Antes, ela é lógica e bíblica.
O
Mistério da Trindade não é um motivo para sua negação.
Alguns dizem que não
podem acreditar naquilo que não conseguem entender, ou se alguma coisa não pode
ser explicada, não pode ser verdade.
Se formos aplicar a
mesma lógica na Bíblia inteira, ou até mesmo à nossa própria existência, iria
sobrar muito pouco para nós acreditarmos.
Mesmo as mais simples
verdades das Escrituras e da realidade humana vão além do nosso entendimento.
Nós não acreditamos por que podemos entender, mas acreditamos por que é verdade
– o testemunho das Sagradas Escrituras.
V. AS TRÊS PESSOAS TEM OS MESMOS ATRIBUTOS
Eternidade: Pai (Sl 90.12);
Filho (Ap 1.8,17; Jo 1.2; Mq 5.2); Espírito Santo (Hb 9.14).
Poder infinito: Pai (1Pe 1.5);
Filho (2Co 12.9); Espírito Santo (Rm 15.19).
Onisciência: Pai (Jr 17.10);
Filho (Ap 2.23); Espírito Santo (1Co 2.11).
Onipresença: Pai (Jr 23.24);
Filho (Mt 18.20); Espírito Santo (Sl 139.7).
Santidade: Pai (Ap 15.4);
Filho (At 3.14); o Espírito é chamado de Espírito Santo, foi por isso que os
anjos clamaram: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6.3).
Verdade: Pai (Jo 7.28); Filho
(Ap 3.17); Espírito Santo (1Jo 5.6).
Benevolentes: Pai (Rm 2.4); Filho
(Ef 5.25); Espírito Santo (Ne 9.20).
Comunhão: Pai (1Jo 1.3);
Filho (idem); Espírito Santo (2Co 13.14).
Trindade não é: 3 deuses em 1 deus (triteísmo); o filho não é
criado pelo pai (arianismo e Testemunhas de Jeová); as pessoas de Deus não são
apenas manifestações (modalismo). Nenhuma pessoa sem as outras é Deus; cada
pessoa com as outras é Deus.
O Pai não é o Filho;
o Filho não é o Espírito Santo e o Espírito Santo não é o Pai. Eles são
co-iguais, co-eternos e co-poderosos.
Trindade: 1. Deus é três pessoas; 2. Cada pessoa é
plenamente Deus; 3. Há um só Deus” (Wayne Grudem)”.
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