Este
é outro caso parecido com de Jefté (Juízes 11.30-40)
:
o do sacrifício de Isaque, registrado em Gênesis 22, quando Jeová ordena a
Abraão que ofereça seu filho Isaque em sacrifício. O livro JFD (Jeová
Falso Deus) diz: "O primeiro ponto a ponderar é que Jeová se fez igual à
Moloque, ao aceitar sacrifícios humanos, que proibiu com tanto rigor pela boca
de Moisés" (p. 176). Mais adiante, na p. 177, afirma: "Nesta tentação
de Jeová sobre Abraão, descobrimos uma diferença entre o Deus Pai de Jesus Cristo e Jeová,
pois o Pai não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta (Tg. 1:13)".
A comparação que o autor faz entre
Jeová e Moloque é sobre a questão do sacrifício de Isaque. Esse argumento revela
a fragilidade exegética do livro. O verbo hebraico, nessa passagem de Gênesis
22.1, é nassa, que significa "tentar", no sentido de experimentar. É daí que vem a palavra
hebraica nissaion, que significa "experiência", usada hoje em Israel para experiências científicas.
A Versão
Almeida Atualizada traduziu por "provar, pôr à prova", assim:
"pôs Deus Abraão à prova"; e a Tradução Brasileira traduziu assim: "experimentou
Deus a Abraão".
No primeiro versículo desse capítulo
a Bíblia diz que Deus "tentou", ou seja, "experimentou,
testou" Abraão. Jeová não queria o filho de Abraão imolado, como o próprio
relato bíblico mostra que Isaque não foi sacrificado, mas provar a fé de
Abraão. Usar os episódios de Jefté e Abraão para comparar o Deus Jeová de
Israel com a divindade falsa dos amonitas, Moloque, não resiste à exegese
bíblica e, sobretudo é uma afronta aos judeus e cristãos.
Na passagem de Tiago
1.13,
o sentido de "tentar" é outro, significa ser alguém seduzido ou
induzido a pecar.
A inclinação do homem para o pecado não vem de Deus. Tiago
diz que, quando alguém peca, não pode culpar a Deus desse pecado, Deus é Santo:
"Sede santo, porque eu sou santo" (1 Pe 1.16). Veja que o apóstolo
está se referindo ao Deus Jeová de Israel, pois essa citação é de Levítico
11.44; 19.2; 20.7. Em todas essas passagens do livro de Levítico é Jeová quem
diz que é santo. O apóstolo Pedro diz no versículo seguinte que esse Deus
Jeová, que é santo, é o Pai "E, se invocais por Pai aquele que, sem
acepção de pessoas julga segundo a obra de cada um" (v. 17). Sendo Deus,
pois santo, não pode mesmo tentar ninguém ao pecado. O que Tiago está dizendo é
que ao cometer pecado, ninguém pode culpar a Deus por isso. A responsabilidade
é pessoal.
Autor: Esequias Soares|
Reverberação: Subsídios EBD