A Divindade do Espírito Santo
Se,
porventura, a personalidade e a divindade do Espírito Santo parecem vagas para
um crente, isso não é devido a qualquer falha do Texto Sagrado, para
representar a Terceira Pessoa como tal.
No
que diz respeito à Escritura, o Espírito Santo é apresentado em conexão com
todas as ações e características que pertencem às pessoas divinas. De acordo
com o registro apresentado na Bíblia, o Espírito Santo, embora constantemente
visto em ação, nunca aparece em qualquer outra perspectiva, além daquela que
deve ser construída sobre a divindade.
Nisto,
há um amplo alcance de distinções a ser notado entre aquele que faz parte da
Cristologia e aquilo que faz parte da Pneumatologia.
Um
estudo decente da doutrina de Cristo exige um reconhecimento de Seu nascimento,
de seu corpo humano, alma e espírito, de suas certas limitações humanas, de sua
morte, sua ressurreição, sua presente intercessão num corpo glorificado no céu,
e seu retorno em forma visível à terra novamente.
Portanto,
é afirmado com confiança que a esfera total das atividades do Espírito, iguais
as de Sua própria pessoa, está totalmente dentro da esfera daquilo que pertence
a divindade.
De
igual modo, se as ações e as características reveladas podem sugerir
personalidade, a personalidade do Espírito é mais sustentada pela evidência do
que a do Pai, visto que o Espírito Santo é o Executivo, o Criador do universo,
o Autor divino das Escrituras, o Gerador da humanidade de Cristo, o Regenerador
daqueles que creem, e a fonte direta de todo fator vital na vida espiritual do
cristão; todavia, estranhamente suficiente, em todas as gerações, os homens têm
feito concessão a uma estranha incerteza com respeito à realidade da Pessoa do
Espírito Santo. Parece como se as Escrituras não fossem lidas, ou, se lidas, a
mente humana é incapaz por si mesma de receber a mais simples e óbvia das
verdades a respeito deste membro da Trindade.
Visto
que todos os homens são afetados em alguma medida por tal incapacidade de
receber a verdade revelada sobre este assunto, torna-se um assunto digno de
oração que Aquele cujo trabalho é comunicar para os crentes as coisas do Pai e
do Filho venha comunicar a Si mesmo também.
Atributos Divinos
É um fardo para qualquer obra
que se propõe a servir como um livro-texto que, à medida que seja possível,
apresente todos os fatos envolvidos, mesmo aqueles mais óbvios. Assim, torna-se
imperativo que ao menos alguns dos atributos do Espírito Santo sejam listados
com evidência a respeito de Sua perfeição divina. Se executado plenamente, o
empreendimento envolveria uma recontagem de todos os atributos de Deus já
mencionados em Teontologia porque cada atributo de Deus é atributo do Espírito
Santo tão plenamente quanto do Pai ou do Filho.
Eternidade
"... Cristo, que pelo
Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus..." (Hb 9.14).
Será
visto que nesta afirmação de apenas algumas palavras todas as três pessoas da
Trindade estão mencionadas, e seria, na verdade, um raciocínio forçado
argumentar que em tal passagem a identidade da Terceira Pessoa é incerta.
O
texto não poderia - de conformidade com as teorias humanas - dizer que Cristo,
através do Seu próprio espírito, ou através de um atributo, ou mera influência,
ofereceu-se a Si mesmo a Deus.
A
construção
do texto, assim como a coisa estupenda, é vista como realizada, exige uma
pessoa tão grande, do mesmo modo que é exigido das outras duas pessoas. O Filho
oferece-se a si mesmo; o Pai recebe o sacrifício; e tudo é executado pelo
Espírito eterno.
Poderia
possivelmente ser demonstrado que a obra do Espírito Santo neste grande
empreendimento é menor do que a do Filho, ou do que a responsabilidade do Pai
em receber o sacrifício? O termo eterno, que com toda propriedade pode também
ser atribuído a Deus, o Pai, ou a Deus, o Filho, é aqui atribuído ao Espírito
Santo.
Visto
que este atributo só pode ser predicado de Deus, o Espírito Santo deve ser
entendido como Deus.
Onipotência
"Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o Justo pelos
injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas
vivificado no espírito" (1Pe 3.18).
Por
esta passagem, a ressurreição de Cristo é crida como energizada pelo poder do
Espírito Santo. É afirmado não menos que 2,5 vezes que Cristo foi ressuscitado
pelo poder do Pai (cf. At 2.32; Gl 1.1), e uma vez que Ele ressuscitou pelo seu
próprio poder (Jo 10.18). Igualmente, Cristo disse: "Derribai este
santuário [do seu corpo], e em três dias o levantarei" (Jo 2.19).
Não
obstante, a onipotência imensurável que pode ressuscitar os mortos é atribuída
também ao Espírito Santo. Esta é apenas uma realização onipotente à qual
poderia ser feita referência. Na verdade, todas as obras do Espírito Santo,
como ainda será verificado, são obras que exigem onipotência divina.
Onipresença
"Para
onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua presença? Se subir ao
céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também.
Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, ainda ali a tua
mão me guiará e a tua destra me susterá" (SI 139.7-10).
Ele é
onipresente Ele sempre foi onipresente em toda criação, mas é também verdade
que Ele agora, ao começar no dia do Pentecostes e continuará até a remoção da
Igreja, está residente no mundo (Ef 2.18-22).
Onisciência
"Porque Deus no-las
recebeu pelo seu Espírito: pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmo
as profundezas de Deus. Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão
o espírito do homem que nele está? Assim também as coisas de Deus, ninguém as
compreendeu, senão o Espírito de Deus" (1Co 2.10,11).
Nada
é Jamais escondido da sondagem do Espírito Santo, nem mesmo "as
profundezas de Deus". Além disso, o que significa as profundezas de Deus,
a imaginação humana não pode avaliar. O texto definitivamente declara que o
homem sem ajuda não pode conhecer as coisas de Deus (cf. v. 14), mas o Espírito
Santo conhece todas as coisas.
É
feita referência aos limites mais remotos da onisciência, e ninguém pode negar
que, se o conhecimento que o Espírito Santo possui alcança as profundezas de
Deus, tudo mais seria igualmente compreendido por Ele.
Aquele
que assim sonda o oceano mais profundo da verdade e do entendimento é capaz
também de discernir os pensamentos e os propósitos do coração humano. Aqueles
tentados a pecar em secreto podem bem se lembrar de que nada está escondido do
Espírito de Deus. É igualmente um conforto saber que Ele observa plenamente
todo propósito sincero, seja a capacidade de executar percebida ou não.
Amor
"O
fruto do Espírito é amor" (Gl 5.22).
O atributo
do amor pertence
ao Espírito Santo num grau
infinito. Além do mais, Ele é o Executor das coisas de Deus. Assim, Ele
literalmente ama com compaixão divina através daquele em quem habita. Conquanto
esta seja uma provisão de vantagem inestimável para o cristão, o ponto a ser
reconhecido é que o Espírito exerce a plena medida do amor divino. Ele é sua
fonte.
Fidelidade
"O fruto do espírito é... fidelidade" (Gl 5.22).
Aqui não há referência a
atitude de fé como está sugerido provavelmente na Authorized Version, mas antes, o Espírito é dito reproduzir a
fidelidade divina no crente. Todos os pactos de Deus, Suas promessas e
predições falam de Sua fidelidade. "Ele permanece fiel". "Grande
é a tua fidelidade". O Espírito Santo compartilha plenamente deste
atributo que pertence a Deus.
Veracidade
"E
o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade" (1Jo
5.6).
Cristo
anteriormente havia chamado o Espírito de "o Espírito da verdade".
Assim, pode ser observado que o Espírito não somente possuí a verdade: Ele é a
testemunha fiel da verdade.
Como
tal, Ele é o Autor divino das Escrituras, e nesse sentido concede testemunho da
verdade. Uma mentira contra o Espírito Santo foi instantaneamente punida com a
morte (At 5.1-11). Consequentemente, a verdade infinitamente vital está
relacionada ao Espírito Santo.
Santidade
Qualquer que possa ser a
distinção subjacente dentro da Trindade, não pode haver dúvida de que as
Escrituras dão uma ênfase peculiar sobre a pureza e santidade da Terceira
Pessoa. O próprio título "Espírito Santo" testifica desta realidade
solene. A verdade que Ele é santo e que, através daquilo que Cristo operou no
julgamento da natureza pecaminosa, nunca é manchado nem pela sombra do pecado
que suprime, essa verdade também será tornada clara.
Como
indicado uma morte instantânea foi posta sobre duas pessoas no começo desta
dispensação, ao mentirem ao Espírito Santo. Por ter ligação com a mesma verdade
com respeito à santidade distintiva do Espírito Santo, será lembrado que havia
um pecado contra o Espírito Santo que não poderia ser perdoado.
Dele
Cristo disse: "Portanto vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos
homens; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo, não será perdoada. Se alguém
disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se
alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo,
nem no vindouro" (Mt 12.31,32).
É
impossível para o caráter interior de uma Pessoa da Trindade ser mais santa do
que a de outra; a distinção deve recair em algum lugar dentro da esfera em que
existe a responsabilidade oficial do Espírito Santo.
Por
ser o Executivo divino, a Terceira Pessoa pode não ter uma designação especial
para manifestar assim como para defender a santidade infinita de Deus. É com
igual conveniência, então, que os seres angelicais atribuem a adoração à
bendita Trindade: "Santo, santo, santo, é o Senhor dos exércitos".