A Remonstrância
foi preparada por aproximadamente 43 (o número exato é debatido) pastores e
teólogos reformados holandeses após a morte de Armínio, em 1609.
O
documento foi apresentado em 1610 para uma conferência de líderes da igreja e do
estado em Gouda, Holanda, para explicar a doutrina arminiana. Seu foco
principal está nas questões da salvação e, em especial, na predestinação.
Existem várias versões da Remonstrância (da qual os remonstrantes receberam o
seu nome).
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Faremos
uso de uma tradução para o inglês feita a partir do original em Latim
apresentada de forma um tanto condensada pelo especialista inglês em
arminianismo A. W Harrison:
1.
Que Deus, por um decreto eterno e imutável em Cristo antes que o mundo existisse,
determinou eleger, dentre a raça caída e pecadora, para a vida eterna, aqueles
que, através de Sua graça, creem em Jesus Cristo e perseveram na fé e
obediência; e que, opostamente, resolveu rejeitar os inconversos e os
descrentes para a condenação eterna (Jo 3.36).
2.
Que, em decorrência disto, Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada
um dos homens, de modo que Ele obteve, pela morte na cruz, reconciliação e
perdão pelo pecado para todos os homens; de tal maneira, porém, que ninguém senão
os fiéis, de fato, desfrutam destas bênçãos (Jo 3-16; 1 Jo 2.2).
3.
Que o homem não podia obter a fé salvifica de si mesmo ou pela força de seu
próprio livre-arbítrio, mas se encontrava destituído da graça de Deus, através
de Cristo, para ser renovado no pensamento e na vontade (Jo 15.5).
4.
Que esta graça foi a causa do início, desenvolvimento e conclusão da salvação do
homem; de forma que ninguém poderia crer nem perseverar na fé sem esta graça
cooperante, e consequentemente todas as boas obras devem ser atribuídas à graça
de Deus em Cristo. Todavia, quanto ao modus operandi desta graça, não é irresistível
(At 7.51).
5.
Que os verdadeiros cristãos tinham força suficiente, através da graça divina, para
enfrentar Satanás, o pecado, o mundo, sua própria carne, e a todos vencê-los; mas
que se por negligência eles pudessem se apostatar da verdadeira fé, perder a
felicidade de uma boa consciência e deixar de ter essa graça, tal assunto
deveria ser mais profundamente investigado de acordo com as Sagradas
Escrituras.
Observe
que os remonstrantes, assim como Armínio antes deles, não se posicionaram em
relação à questão da segurança eterna dos santos. Ou seja, eles deixaram em
aberto a questão se uma pessoa verdadeiramente salva poderia ou não cair da
graça.
A DEPRAVAÇÃO TOTAL
Nem
Armínio e nem os remonstrantes negaram a depravação total; mas afirmaram-na. O
arminianismo ensina que todos os seres humanos nascem moral e espiritualmente depravados
e incapazes de fazer qualquer coisa boa ou digna aos olhos de Deus, sem uma
infusão especial da graça divina para superar as inclinações do pecado
original.
"Todos
os homens não apenas nascem debaixo da penalidade da morte como consequência do
pecado, como também nascem com uma natureza depravada, que em contraste com o
aspecto legal da pena é comumente denominado de pecado inato ou depravação
herdada”.
Os
arminianos acreditam que a morte de Cristo na cruz fornece uma solução
universal para a culpa do pecado herdado, de maneira que ele não é imputado aos
infantes por causa de Cristo.
Na
teologia arminiana, portanto, todas as crianças que morrem antes de alcançarem
a idade do despertamento da consciência e de pecarem efetivamente (em oposição
ao pecado inato) são consideradas inocentes por Deus e levadas ao paraíso.
Dentre as que efetivamente pecam, somente as que se arrependem e creem têm
Cristo como Salvador.
Conclusão
A
verdadeira posição arminiana admite a plena penalidade do pecado, e consequentemente
não minimiza a excessiva pecaminosidade do pecado e nem menospreza a obra
expiatória de nosso Senhor Jesus Cristo. Ela, todavia, a admite, não ao negar a
plena força da penalidade, como fazem os semipelagianos, mas ao magnificar a
suficiência da expiação e a consequente transmissão da graça preveniente a
todos os homens por intermédio da autoridade do último Adão.
O homem é condenado unicamente por suas próprias transgressões.
O dom gratuito removeu a condenação original e abunda para muitas ofensas. O
homem se torna responsável pela depravação de seu próprio coração somente
quando rejeita a solução para ela, e conscientemente ratifica-a como sua
própria, com todas as suas consequências penais.
Fonte: Teologia Arminiana - Mitos E Realidades, Roger-Olson
Adaptação de: J. Alves