As palavras “cânon” e
“inspiração”, às vezes, significam a mesma coisa. O termo kanōn se origina do
vocábulo hebraico qāneh, “cana”, que se usava como “cana de medir” (Ez 40.3, 5;
41.8) e originalmente quer dizer “vara de medir”. Na literatura clássica,
significa “regra, norma, padrão”. Aparece no Novo Testamento com o sentido de
regra moral (Gl 6.16). É também traduzido por “medida” (2 Co 10.13, 15).
Nos três primeiros séculos
do cristianismo, o termo se referia ao conteúdo normativo, doutrinário e ético
da fé cristã. A partir do quarto século, os pais da Igreja aplicaram as palavras
“cânon” e “canônico” aos livros sagrados, para reconhecer sua autoridade como
textos inspirados por Deus e instrumentos normativos para a vida e a conduta
dos cristãos, portanto separados de outras literaturas. Eles constituíram a
partir de então uma “lista de livros com autoridade divina”, uma biblioteca que
é a nossa medida, a nossa regra de fé e prática.
O cânon é, assim, a lista de
livros já definidos e reconhecidos como divinos para a vida e a conduta do
cristão. Cada um dos livros era reconhecido como inspirado por Deus desde a sua
origem, mas a coleção desses escritos sagrados só aconteceu posteriormente.
Fonte: A razão de Nossa fé –
de Ezequias Soares / Reverberação: Subsídios EBD