As bênçãos resultantes da
Vinda do Senhor Jesus a este mundo são incontáveis. Elas se relacionam com tudo
o que existe. Creio que na glória celestial ser-nos-ão reveladas inúmeras
outras bênçãos derivadas da Vinda de Jesus, as quais usufruiremos.
Uma delas tem a ver com os
fiéis que dormem ou vierem a dormir no Senhor, entre a nossa morte e a Volta de
Jesus. As bênçãos decorrentes da vinda de Jesus têm alcance ilimitado, aqui e
na eternidade. Para entendermos melhor esse
assunto, analisaremos sucintamente a condição dos mortos, justos e injustos,
antes e depois do advento de Jesus, culminando na sua morte, ressurreição e
ascensão.
APROFUNDANDO SEUS
CONHECIMENTOS – LEIA:
Antes da
ressurreição de Jesus
A palavra seol, no Antigo Testamento, equivale em
sentido a hades, no Novo Testamento.
Diferem na forma porque a primeira é hebraica e a segunda é grega. Elas
designam o lugar para onde iam todos após a morte: justos e injustos, havendo,
no entanto, uma divisão para os justos e outra para os injustos nessa região de
mortos. Esses compartimentos eram separados por um abismo intransponível. Todos
estavam ali plenamente conscientes.
O lugar dos justos era de
felicidade, prazer e segurança. Era chamado de Seio de Abraão e Paraíso.
Já o lugar dos ímpios era
medonho, ignífero, cheio de dores, sofrimentos, estando todos plenamente
conscientes.
Jesus ensinou essas coisas ao relatar o
fato descrito em Lucas 16. É oportuno dizer aqui que esse capitulo não
constitui parábola.
O título posto no capítulo,
informando que é parábola, não vem no original. Parábola é uma modalidade de
narração na qual não aparece nomes de pessoas.
Além disso, o verbo haver,
como está empregado no primeiro versículo, denota um fato real.
Conforme Efésios 4.8-10, o Hades situa-se
bem no profundo da terra.
Além do ensino de Efésios,
as referências à entrada de almas nesse lugar é sempre "desceu".
Podemos ver isso nos casos de Jacó (Gn 37.35), Core (Nm 16.30,33) e em outras
passagens (Jó 17.16; 11.8; SI 30.3; 86.13; 139.8;Pv9.18;15.24;Is 14.9;
38.18-32; Ez31. 15,17 e Am 9. 12). Em todas essas passagens, a referência é ao seol, e mostram um lugar situado nas
profundezas da terra.
É de lastimar o fato de que
em inúmeras referências ao seol no
Antigo Testamento certas versões em português traduze-o por
"sepultura" e outros termos afins, trazendo não pouca confusão ao
leitor comum.
As palavras hades e seol
aparecem às vezes traduzidas também por "inferno" (Dt 32.22; 2Sm
22.6; Jó 11.8; 26.6; SI 16.10; Mt 16.18 e Ap 1.18). Um estudante menos avisado
ou apressado pode partir daí para falsas interpretações.
O Inferno propriamente dito,
isto é, o Inferno Eterno, como destino final dos ímpios, é o chamado Lago de
Fogo. E Enxofre, mencionado em Apocalipse 20.10,14.
O
Hades é apenas um inferno-prisão onde os ímpios permanecem entre sua morte e
ressurreição, a qual ocorrerá por ocasião do Juízo do Grande Trono Branco, após
o reino milenial de Cristo (Ap 20.7,11-15).
É
preciso muito cuidado para evitar ensino erróneo decorrente de imperfeições nas
traduções. É preciso recorrer a obras de renome, para consulta e referência,
como a Concordância de Strong e léxicos bilíngues das línguas originais, mesmo
para os versados nessas línguas. Para citar só mais um exemplo desse problema,
esta mesma palavra hades é ainda traduzida como "morte" em 1
Coríntios 15.55. Essas diferentes traduções de uma mesma palavra têm trazido
muita confusão entre os menos avisados.
Portanto, antes da vinda de
Jesus a este mundo, todos desciam ao seol, justos e injustos, havendo uma
separação intransponível entre as duas divisões do mesmo.
Depois da ressurreição de Jesus
Jesus, antes de morrer por
nós, prometera: "As portas do Hades não prevalecerão contra a minha
Igreja", Mt 16.18. Isso mostra que os fiéis de Deus, a partir dos dias de
Jesus, não mais desceriam ao Hades, isto é, à divisão reservada ali para os
justos.
O texto em apreço indica
futuridade em relação à ocasião em que foi proferido por Jesus. A mudança
ocorreu entre a morte e a ressurreição do Senhor, pois Ele disse ao ladrão
arrependido: "Hoje estarás comigo no Paraíso", Lc 23.43. Paulo diz a
respeito do assunto: "Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu
dons aos homens. Ora, isto - ele subiu - que é, senão que também antes havia
descido às partes mais baixas da terra?", Ef 4.8-9.
Entende-se, pois, que Jesus
ao ressuscitar levou para o Céu os crentes do Antigo Testamento que estavam no
Seio de Abraão, conforme Ele prometera em Mateus 16.18. Muitos desses crentes
Jesus os ressuscitou, certamente para que se cumprisse o tipo prefigurado na
Festa das Primícias (Lv 23.9-11), que falava profeticamente da ressurreição de
Cristo (1Co 15.20,23). Nessa festa sagrada, havia pluralidade (o texto bíblico
fala de molho ou feixe). No seu cumprimento, deveria haver também pluralidade.
E houve, conforme vemos em Mateus 27.52-53. A obra redentora de Jesus no
Calvário afetou não só os vivos, mas também os mortos que dormiam no Senhor.
A vitória plena de Cristo
teria que incluir a derrota da morte. Ora, todo vencedor sempre regressa da
última batalha trazendo consigo provas e evidências de sua vitória final. Era
pois justo que Jesus ressuscitasse alguns e os trouxesse consigo, uma vez
derrotada a morte.
O apóstolo Paulo foi ao
Paraíso, o qual já estava no Terceiro Céu (2Co 12.1-4). Portanto, o Paraíso está
agora lá em cima, na imediata presença de Deus. Não em baixo, como dantes. A
mesma coisa vê-se em Apocalispe 6.9-10, onde as almas dos mártires da Grande
Tribulação permanecem no Céu "debaixo do altar", aguardando o fim da
Grande Tribulação, para ressuscitarem (Ap 20.4) e ingressarem no reino milenial
de Cristo.
Os crentes que agora dormem
no Senhor estão no Céu, pois o Paraíso está agora ali, como um dos resultados
da obra redentora do Senhor (2Co 5.8). No momento do Arrebatamento da Igreja,
seus espíritos virão com Jesus, unir-se-ão aos seus corpos ressurretos e subirão
com Cristo já glorificados (1Ts 4.14).
Comparando Filipenses 1.23
com 1Pedro 3.22, vê-se que o Paraíso situa-se agora no Céu. Quem parte daqui
fica com Cristo (Fp 1.23). Ora, Cristo está agora assentado à destra de Deus
(1Pd 3.22).
A presente situação dos ímpios mortos
Para os ímpios mortos não
houve qualquer alteração quanto ao seu estado. Continuam descendo ao Hades, o
"império da morte", onde ficarão retidos em sofrimento consciente até
o Juízo do Grande Trono Branco, após o Milénio, quando ressuscitarão para serem
julgados e postos no Inferno eterno (Ap 20.13-15). Assim sendo, qualquer
fantasma ou "alma do outro mundo" que aparecer por aqui é coisa
diabólica, porque do Hades não sai ninguém. É uma prisão, cuja chave está com
Jesus (Ap 1.18).
Alma do outro mundo não vem à Terra. Os
salvos estão com Jesus e os perdidos estão presos. O Diabo, sim, por enquanto
está solto e sabe imitar e enganar com muita perícia.
Em Ezequiel 32.17-32, no
chamado "Rol das Nações ímpias no Hades", vemos os ímpios mortos das
nações ali referidas postos no Hades. Essa passagem é sumamente importante
diante dos fatos que estamos estudando. Convém ser lida na sua totalidade.
Uma última observação é que
em 1Pedro 3.18-20 e Atos 2.27,31, o estudo comparativo das palavras empregadas
nas diferentes versões, especialmente a Revised Standard Version, a Versão
Brasileira e a Almeida Revisada Atualizada, mostra que a vitória do Senhor
Jesus foi anunciada até no Hades. Todo o Universo tomou conhecimento da
transcendental vitória de Jesus na sua morte e ressurreição!
Autor: Pr.
Antonio Gilberto. JMP – Agosto de 2004
Estudo
Publicado em Subsídios EBD –
Site de Auxílios Bíblicos e Teológicos para Professores e Alunos da Escola Dominical.