Veremos a importância
da paciência como um aspecto do fruto do Espírito e abordaremos sobre a
paciência para o crente. Esta também é uma boa oportunidade para estudaremos
também acerca de mais uma obra da carne: as dissensões.
I. A
PACIÊNCIA COMO UM ASPECTO DO FRUTO DO ESPÍRITO
Tanto o termo paciência
(Tg 5.10) quanto longanimidade (Gl 5.22), vem do original grego
“makrothumia”. Ser paciente é difícil, principalmente, quando estamos na
expectativa concernente a alguém ou alguma coisa. Afinal, esperamos que nossos
desejos se realizem agora, e não de modo vago e num futuro incerto.
O cristão cheio do
Espírito deve aprender o segredo da paciência a fim de o caráter de Cristo ser
formado nele. A paciência como fruto do Espírito leva à perseverança —
permanecer firme na fé, persistir, mesmo que, humanamente, não haja mais nada a
ser feito. Não estamos a falar, pois, de paciência humana, natural.
a) A palavra grega makrothumia
refere-se à paciência que temos com nosso próximo. Longânimo quer dizer longa e
paciente resistência a provocações e provações; mostrar paciência sob longa
provocação.
b) A palavra paciência, no original, associa as ideias de
longanimidade e serenidade em dimensões divinas. Trata-se de aprender a esperar
no Senhor sem perder a esperança, mesmo que ocorram falhas e insucessos (Lições
Bíblicas – 1° trimestre de 2015, CPAD).
c) Makrothumia, o
substantivo, makrothumos, o adjetivo
e makrothumein, o verbo, são expressos
na ARC e ARA pela ideia de e paciência. Makros
significa grande ou longo, e thumos
quer dizer ânimo ou disposição. Makrothumia
expressa certa atitude para com as pessoas e eventos.
Expressa a atitude
para com as pessoas de nunca perder a paciência, por pouco razoáveis que elas
sejam, e de nunca perder a esperança com relação a elas, por menos agradáveis e
dóceis que sejam. Expressa a atitude para com os eventos de nunca admitir
derrota e de nunca perder a esperança e fé, por mais obscura que a situação
seja, por mais incompreensíveis que os eventos se mostrem, ou por mais severa
que seja a correção divina. É uma qualidade da qual os comentaristas do NT têm
dado muitas definições excelentes. Makrothumia é o autocontrole que não se
apressa em retribuir o mal sofrido. Trench diz que ela descreve "a mente
que suporta por muito tempo, antes de dar lugar a ação ou ira" (William
Barclay).
d) A paciência é aquela qualidade habitual de suportar os
testes e as circunstâncias testadoras, sem queixume. Também é a tolerância
diante das falhas alheias; uma tranquila espera por algum acontecimento, que
venha alterar as circunstâncias incômodas. Trata-se da capacidade de esperar
por mudanças, sem demonstrar ansiedade exagerada (R.N. Champlin, Ph. D.).
Comentarista de Subsídios EBD: Ev. Jair Alves
A
continuação deste artigo você encontra em E-book Subsídios EBD – Vol. 7 Acesse AQUI
2. A PACIÊNCIA EM
RELAÇÃO À SANTA TRINDADE.
a) Paciência como um
aspecto do fruto do Espírito Santo.
O trecho de Gl 5.22
encerra essa virtude cristã como um dos aspectos do fruto do Espírito, ou seja,
uma qualidade espiritual que o Espírito cultiva no crente. Com base nesse
ensino, aprendemos que a paciência autêntica é uma virtude espiritual, de que o
homem espiritual é dotado.
b) Deus é o Pai e a
Paciência.
Deus nos tolera, tal
como devemos tolerar ao próximo. A paciência divina abrange todos os homens. Fora
isso, e todos pereceríamos (2 Pe 3.9; Sl 86.15). A paciência de Deus é
reiteradamente ilustrada na história da nação de Israel (ver Êx 34.6; Núm.
14.18; Sl 86.15; Jr 15.15). Isso aplica-se ao seu trato com os homens, em todas
as coisas (Rm 9.22).
O propósito da
longanimidade de Deus é levar o homem ao arrependimento (Rm 2.4; 2Pd 3.9,15);
mas quando os perversos o desprezam (Rm 2.4) e insultam (Ne 9.28-31; Ec 8.11;
Mt 24.48,49) eles são punidos (Ne 9.30; Mt 24.50,51; Rm 2.5). A longanimidade
de Deus não é infinita (Gn 6.3; Jr. 44.22); ela é temperada com justiça (Pv
1.24-27; 29.1; Is 42.14; Ap 2.21,22).
A divina
longanimidade é ilustrada por:
1)
O cântico da vinha (Is 5.1-7), e duas parábolas, quais sejam,
2)
A parábola dos lavradores maus (Mt 21.33,41) e
3)
A da figueira estéril (Lc 13.6,9).
c) A Paciência de
Cristo.
Jesus Cristo
deixou-nos o grande exemplo de paciência, visto que ele percorreu a sua
carreira terrena com alegria e paciência (resistência) (ver Hb 12.1,2). Ele
deixou um notável exemplo de paciência em sua vida terrena (Mat. 27:38-44; Mc
15:28-32; Luc. 23:35-39; Sal. 22:1).
Os crentes deveriam
seguir esse exemplo, mesmo nos casos em que sofrem contradição e oposição da
parte de homens ímpios (ver Sal. 37:1, 73; Pro. 3:31; 23:17; 24:1; Jer. 12).
3. EXPRESSÕES DO
ANTIGO TESTAMENTO PARA PACIÊNCIA.
No AT há certas
expressões para paciência, tais como “Esperei pacientemente no Senhor” (SI
40.1) e “paciente de espírito” (Ec 7.8), “o Senhor é tardio em se irar” (Nm
14.18; Êx 34.6; SI 86.5; Jr 15.15). Isto indica que, uma vez que a paciência é
exemplificada em Deus, espera-se que seus filhos a tenham também.
II. O
CRENTE E APACIÊNCIA
1. A PACIÊNCIA DO
CRISTÃO.
O crente é exortado
andar “de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda humildade e
mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef 4.1,2;
Cl 1.11; 3.12). Isto é possível apenas como resultado de uma vida cheia do
Espírito (G1 5.22; Rm 8.3,4).
Em relação à vinda do Senhor, o crente é orientado a tomar
como exemplo um lavrador.
“Portanto, meus
irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor. Observai como o lavrador aguarda
o precioso fruto da terra, que recebe as primeiras chuvas de outono e as que
encerram a primavera (Tiago 5.7, KJA)”. “Sede vós também pacientes
(makrothumeo) e fortalecei o vosso coração coração, pois a vinda do Senhor está
próxima (Tiago 5.8, ARA)’”.
Em relação o sofrimento, precisamos ser pacientes a
exemplo dos profetas.
“Lembrem dos profetas
que falaram em nome do Senhor e os tomem como exemplo de paciência nos momentos
de sofrimentos (Tiago 5.10, NTLH)”.
Os cristãos devem
imitar a longanimidade de Deus (Rm 15.5) e suplicar por ela nas orações (Jr.
15.15). No Novo Testamento a longanimidade é uma virtude que capacita o
discípulo a levar a sua cruz pacientemente (2Cr 6.6; Ef 4.2; 2Tm 4.2).
2. PACIÊNCIA NA
CORREÇÃO DIVINA.
Para desenvolver a fé
e o caráter daqueles a quem ele ama, Deus corrige e prova seus servos (Hb
12.513). Isto é para o benefício do crente e é parte de “todas as coisas” que
cooperam para seu bem (Rm 8.28). A fé e a paciência requeridas para suportar
provações aprofundam a experiência do crente, e as próprias provações devem ser
recebidas e suportadas com alegria (Tg 1.22).
III. AS DISSENSÕES COMO OBRAS DA CARNE
A
palavra “dissensões” em Gálatas 5.20 vem do original grego “dichostasia”. Vejamos com algumas
versões traduziram este original.
-
Discórdia (Almeida Século 21);
-
Desunião (NTLH);
-
Rixas (Novo Testamento Fácil de ler).
1.
DEFINIÇÕES.
a)
Significado literal.
Dichostasia
não é uma palavra comum, quer no grego bíblico, quer no secular. Fora do presente
(Gl 5.20) trecho, só ocorre outra vez nos escritos de Paulo em Rm 16.17, onde
ele adverte os cristãos romanos a evitarem os que criam dissensões e
dificuldades.
O
significado literalmente é "ficar à parte, separado", ou seja: um
estado em que já se foi toda a comunhão, toda a comunidade e toda a
fraternidade.
b)
Outros significados.
Dissensão
significa sedição, rebelião, e também posicionar-se uns contra os outros.
Trata-se daquele sentimento que só pensa no que é seu, e não também no que é
dos outros (Hernandes Dias Lopes).
c)
Dissensão no dicionário português.
Falta
de entendimento ou divergência de opiniões entre duas ou mais pessoas. Condição
de disputa, litígio, desavença.
Qualidade daquilo que diverge. Divergência de opiniões, de interesses,
de sentimentos etc.
2. A POSTURA PARA COM
QUEM PROVOCA DISSENSÕES.
“Rogo-vos, queridos
irmãos, que tomem muito cuidado com aqueles que causam divisões (gr. dichostasia) e levantam obstáculos à
doutrina que aprendestes. Afastai-vos deles. Porquanto essas pessoas não
estão servido a Cristo, nosso Senhor, mas sim a seus próprios desejos. Mediante
palavras suaves e bajulação, enganam o coração dos incautos (Romanos 16.17,18,
KJA)”.
3. DUAS DAS
CARACTERÍSTICAS DOS HOMENS QUE SÃO DANINHAS PARA A IGREJA E PARA A COMUNIDADE
DOS CRISTÃOS.
a) Há pessoas que
causam dissensão entre os irmãos.
Há pessoas que se
orgulham de provocar distúrbios, e que não gostam de nada melhor que semear as
sementes venenosas da dissensão e aguardar a irrupção da contenda. O homem que
é um perturbador da paz, o homem que desatou a luta em qualquer grupo de irmãos
terá que responder por isso algum dia Àquele que é o Rei e a Cabeça da Igreja.
b) Há homens que põem
obstáculos no caminho de outros.
O homem que torna mais
difícil para qualquer outro o ser cristão, também tem muito pelo qual
responder. O homem cuja conduta é um mau exemplo, cuja influência é uma
armadilha pecaminosa, cujo ensino dilui e castra a fé cristã que pretende
ensinar, levará algum dia seu castigo; e não será leve, porque Jesus foi severo
com qualquer que escandalizasse a um de seus pequenos (William Barclay).
Conclusão.
Acertadamente,
podemos afirmar que existe um expressivo número de denominações evangélicas, as
quais são sinceras e procuram obedecer a Bíblia Sagrada. Entretanto, existe um
grande número de igrejas (denominações), as quais são frutos de dissensões. Que
o Senhor nos guarde dos que provocam dissensões entre nossos irmãos, ou entre
os departamentos de nossa igreja, ou entre a nossa liderança.
Comentarista de Subsídios EBD: Ev. Jair Alves
A
continuação deste artigo você encontra em E-book Subsídios EBD – Vol. 7 Acesse AQUI