1. O
NOVO NASCIMENTO E O CARÁTER HUMANO
Jesus veio ao mundo para salvar
o homem perdido da tragédia do pecado que separa o homem de Deus (Is 59.2). No
cenário da Queda, por sua misericórdia para com o homem, Deus prometeu a
redenção da raça humana por meio da “semente da mulher” (Gn 3.15).
A miséria humana inclui a
deformação do seu caráter. Sem Deus, ele peca por inclinação, por opção e até
por prazer.
Crendo ou não, o pecador torna-se propriedade do Diabo. “Quem
comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o
Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1 Jo 3.8).
Tudo na vida do homem, desde
seus pensamentos, ideias e ideais, sentimentos e emoções, bem como suas
atitudes e condutas são transformados pelo evangelho, que “[...] é o poder de Deus
para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).
VEJA
TAMBÉM
Salvação é regeneração, é
novo nascimento (Jo 3.3,7). A salvação em Cristo faz do homem uma nova criatura
completamente transformada em todas as áreas de seu ser e de sua vida. Um
verdadeiro salvo jamais permanece na condição da velha vida de pecado. “Assim que,
se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis
que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). O caráter do nascido de novo é poderosamente
transformado pelo poder do Espírito Santo. Se ele mentia, não mente mais; se
roubava, não rouba mais; se fornicava, adulterava ou se prostituía, não pratica
mais esses erros em sua vida. O homem regenerado por Deus passa a adotar uma
nova ética. Ele assimila e pratica a ética cristã, que tem como base a Palavra
de Deus (Sl 119.105).
Salvação é conversão, que significa
transformação na vida do servo de Deus. O salvo é filho de Deus e revestido de
nova natureza. “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus;
porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo”
(Gl 3.26,27). O salvo é nascido de novo e considerado morto para o pecado:
“[...] sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que
o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado” (Rm
6.6). A mudança provocada pelo poder de Deus através do Espírito Santo e também
pela palavra penetrante do evangelho (Hb 4.12) é tão forte e eficaz que,
escrevendo aos efésios, Paulo enviou uma exortação profunda sobre a tremenda
transformação operada na vida do salvo em Cristo Jesus (Ef 4.17-24).
O sentido da nova
vida em Cristo é tão real que Paulo comparava a si mesmo como um “crucificado”
ou morto: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo
vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o
qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20).
Na formação do bom
caráter e da cidadania elevada, o ensino da palavra de Deus tem grande
contribuição. Tendo como base para o ensino a Palavra de Deus, através das
lições ministradas em cada classe, por faixa etária, a EBD torna-se inestimável
por auxiliar na formação do caráter. É fato notório que a maioria dos líderes
das igrejas — os missionários, os dirigentes, os pastores e outros obreiros —
passaram pela Escola Bíblica Dominical.
Com raras exceções,
os bons pais e as boas mães de família foram alunos da EBD. Os filhos dos
cristãos, quando levados à EBD todas as semanas, absorvem o ensino fundamentado
na Bíblia, passando, assim, a ter uma conduta pautada nos princípios elevados da
Palavra de Deus. Devemos lembrar, no entanto, que a Escola Bíblica Dominical
não substitui o ensino no lar no culto doméstico. Uma atividade ajuda a outra
na formação do verdadeiro caráter cristão.
2. A
PALAVRA DE DEUS FORTALECE O CARÁTER
A Bíblia tem um poder
transformador tão grande na vida do nascido de novo que todo o seu ser é alcançado
pelos seus efeitos benéficos e regeneradores. As Escrituras dizem: “Porque a
palavra
de Deus é viva, e
eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à
divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).
a) As crianças podem
ser educadas na Palavra de Deus.
“Ponde, pois, estas
minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa
mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos, e ensinai-as a
vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te, e levantando-te” (Dt 11.18,19). “Instrui o menino no caminho em que
deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv 22.6); Jesus,
quando criança, teve uma educação familiar do mais alto nível espiritual,
moral, intelectual e social: “E o menino crescia e se fortalecia em espírito,
cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40).
b) Os adolescentes e
jovens podem ser fortalecidos em sua
personalidade.
Os adolescentes estão
na fase em que buscam a sua identidade; preocupam-se muito consigo mesmos,
reorganizando sua personalidade; fazem questionamentos do tipo “Quem sou eu?”,
“Por que sou assim?”, “Qual o meu futuro?”, “Meus pais não me entendem”; muitos
se desviam da igreja nessa fase. É necessário muita atenção por parte dos pais
e da igreja na contribuição para a formação da personalidade desses
adolescentes.
Os jovens, que enfrentam
as turbulências da adolescência, acabam, de uma forma ou de outra,
conscientizando-se de seu papel na sociedade. Eles pensam seriamente nas
escolhas: escola, faculdade, profissão, namoro, noivado, casamento, vida
espiritual, etc. Diz a Palavra de Deus: “Como purificará o jovem o seu caminho?
Observando-o conforme a tua palavra” (Sl 119.9); “Foge, também, dos desejos da
mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um
coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2.22).
c) Os adultos são fortalecidos em sua vida, podendo
contribuir
para a formação dos mais jovens:
“Os passos de um homem
bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho” (Sl 37.23).
Há adultos que não têm consciência da vida cristã, ou por terem tido uma formação
espiritual deficiente, ou então por só terem aceitado a Cristo na idade adulta.
A igreja, por sua
vez, precisa ajudar a lapidar o seu caráter. Toda a família é beneficiada pela
ministração da Palavra de Deus. “Ajunta o povo, homens, e mulheres, e meninos,
e os teus estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e
aprendam, e temam ao Senhor, vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras
desta Lei” (Dt 31.12).
3. O
CARÁTER AMOROSO E SANTO DO CRISTÃO
A salvação propiciada
pelo sacrifício expiatório de Cristo abrange todas as áreas ou estruturas do
ser humano: espírito, alma e corpo. Os aspectos fundamentais da salvação,
regeneração, justificação e santificação devem ser vistos em toda a sua abrangência.
A regeneração e a
justificação revelam-se como atos próprios e exclusivos de Deus, em Cristo, na
operação do Espírito Santo no íntimo do ser daquele que aceita a redenção de Deus.
Pode-se dizer que o cristão tem a marca principal do amor a Deus e do amor ao
próximo (Mt 22.34-40; Jo 13.34,35).
Quem não ama não é
salvo (1 Jo 2.9,11). Ao lado do amor, o salvo tem divino executado por Deus, simultaneamente
com a regeneração e a justificação. No seu aspecto progressivo, a santificação
tem a participação e o esforço da parte do homem. Desse modo, a santificação é
um processo que se desenvolve mediante o poder de Deus e o esforço do crente, a
qual torna o
pecador em salvo e o
ímpio em um santo. O cristão passa a experimentar uma vida progressiva de
santificação (Hb 12.14), dando testemunho de sua fé, por suas obras, ou então
do que precisa ser demonstrado de modo prático (Mt 5.16; Ef 2.10). Há crentes que
são carnais e que se arriscam a perder sua posição diante de Deus (1 Co 3.3), e
há também os “santificados em Cristo Jesus, chamados santos” (1 Co 1.2).
A santificação progressiva
envolve todas as áreas da vida do cristão: primeiramente, o pensar; depois, as
atitudes, os gestos, as palavras; em seguida, a vida espiritual, a vida
familiar, a vida profissional, a vida moral, a vida financeira; enfim, ele
torna-se santo em toda a maneira de viver (veja 1 Pe 1.15). Sua santificação é
aperfeiçoada “no temor de Deus” (2 Co 7.1). Em suma, a santificação molda o
caráter do crente em seu desenvolvimento espiritual.
O salvo tem que se
santificar para que seu caráter seja santo: “Segui a paz com todos e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
Fonte: O caráter Cristão, Moldado pela Palavra de Deus e Provado Como Ouro.
Autor: PR. Elinaldo R. Lima / Editora: CPAD