Vaticano assume seus crimes como
"antitestemunho e escândalo", mas insiste em maquiar a verdade sobre
as execuções e os papas.
O papa João Paulo II admitiu
e pediu perdão, no dia 15 de junho de 2004, pelas atrocidades da Igreja
Católica Romana cometidas no período da Inquisição, quando judeus, protestantes
e outros grupos foram torturados, mutilados e assassinados com requintes de
crueldade pelo simples fato de não confessarem a fé romanista.
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Centenas de milhares de
protestantes foram mortos no período. Porém, apesar da declaração de desculpas,
o Vaticano divulgou uma obra que distorce parte dos fatos, suavizando os crimes
romanistas no período e tentando manter a imagem dos papas do passado.
O
PEDIDO DE PERDÃO
Em seu pedido de perdão,
feito por meio de uma carta lida em uma conferência cujo tema era um novo livro
sobre o assunto, o líder romanista classificou os crimes da Inquisição como
"verdadeiras formas de antitestemunho e de escândalo".
Durante esse período, Roma
fez de tudo para derrubar o movimento de retorno às Sagradas Escrituras, que
tirou boa parte da Europa de um período longo de densas trevas espirituais. Mas
sua tentativa foi em vão, uma vez que o protestantismo avançou...
Em 2000, Roma já havia
manifestado mea-culpa em relação à Inquisição, ocasião em que procurou se
penitenciar pelos "erros cometidos a serviço da verdade por meio de
métodos que nada tinham a ver com o Evangelho". Porém, na carta lida em
junho, o líder romanista não só voltou a fazer referência às torturas e
execuções como também pediu perdão "pelas feridas à memória coletiva que
se seguiram".
Em determinado trecho, ele
afirma: "É justo que a Igreja (Católica Romana) assuma com toda a
consciência os pecados de seus filhos ao longo da História, que se afastaram do
espírito de Cristo e de seu Evangelho, oferecendo ao mundo, em vez do
testemunho de uma vida inspirada nos valores da fé, o espetáculo de modos de
pensar e de atuar que foram verdadeiras formas de antitestemunho e de
escândalo".
Roma minimiza crimes, mas dados desmentem
Apesar de todo esse discurso,
o professor Agostino Borromeo, editor da obra chancelada pelo Vaticano sobre o
assunto, lançada no dia de divulgação da carta, asseverou que o número de
pessoas mortas pela Inquisição foi bem menor do que o que se diz até hoje, numa
tentativa clara de tentar minimizar a gravíssima mácula histórica de Roma.
Segundo ele, por exemplo,
apenas 1,8% das pessoas investigadas na Espanha pelas autoridades do
"Santo Ofício" foram executadas. Borromeo afirma que de 1540 a 1700,
foram realizados na Espanha apenas 44.674 julgamentos por tribunais
inquisidores, com menos de mil execuções (sic).
O italiano Marco Politi,
especialista em Vaticano do jornal La Repubblica, também foi outro que tentou
minimizar os fatos históricos, afirmando em entrevista que "o número de
condenados à morte foi relativamente tinua clamando através dos séculos, como
testemunho da fidelidade a Deus e das atrocidades humanas promovidas por
aqueles que, em nome da Verdade, cometem atos horrendos que nada têm a ver com
o Evangelho.
Só para sentir mais uma vez
a profunda discrepância entre o relatório romanista e os dados históricos, Roma
afirma que durante toda a Inquisição foram queimadas por bruxaria apenas 59
pessoas na Espanha e 36 em Portugal, países extremamente católicos romanos;
mas, na Alemanha, onde a maioria do povo era protestante, teriam sido queimadas
cerca de 25 mil pessoas e essas condenações não teriam sido "impostas
apenas pêlos tribunais da Inquisição".
O NÚMRO DE PESSOAS QUE ROMA MATOU
Os dados dos historiadores
sem vínculo com o Vaticano, pelo contrário, falam de centenas de mortos por
"bruxaria" nesse período nesses países, e os casos de bruxos ou
supostos bruxos mortos por radicais protestantes em países como. a Alemanha são
extremamente menores em relação aos dados romanistas e à quantidade de
execuções por eles efetuadas.
O pastor, teólogo e historiador Abraão de Almeida, autor da
obra Reforma Protestante (CPAD), cita dados históricos imensamente diferentes
dos de Roma.
Torquemada, durante os 18 anos de seu
poder na Espanha, queimou 10.220 pessoas.
Deza, o segundo inquisidor geral,
queimou e castigou de diversos modos 39.440 pessoas.
Cisneros IV, outro inquisidor geral,
condenou 52.855 'hereges', incluindo-se neste número 3.564 queimados vivos!
Liorenta calcula que entre os anos de 1481 a 1811, foram
queimadas na Espanha 30 mil pessoas, e mais de 209 mil foram condenadas a
castigos quase tão maus quanto a morte", evoca pastor Abraão.
John dos Mártires, publicado
pela CPAD, relata um "auto da fé" ocorrido em Madri, no dia 30 de
maio de 1682, mostrando que em muitos desses autos, que ocorreram aos milhares
em solo espanhol, dezenas eram sentenciados à morte:
"Os oficiais da
Inquisição, acompanhados por trombetas, tambores e sua bandeira, desfilaram a
cavalo até a praça maior, onde proclamaram para 30 de junho a execução da
sentença contra os prisioneiros.
Destes, seriam queimados 20
homens e mulheres, e um muçulmano renegado. (...) No dia, toda a corte da
Espanha estava presente. O grande trono do inquisidor foi instalado numa
espécie de estrado acima do trono do rei. (...) Começara a missa, em meio a
qual o sacerdote encaminhou-se do altar para junto do cadafalso, e sentou-se
numa cadeira ali posta pare ele".
"Então, o grande
inquisidor desceu do anfiteatro vestido com a sua capa e a mitra (...) Depois
disso, seguiu-se a queima dos 21 homens e mulheres, cuja coragem nesta horrenda
morte foi verdadeiramente assombrosa. O rei, próximo dos condenados, pôde ouvir
bem seus estertores enquanto morriam. Todavia, não pôde ausentar-se da terrível
cena; assisti-la era um dever religioso, e o seu juramento de coroação obrigava
o dar sanção, por sua presença, a todos os atos do tribunal. O que já temos
dito pode-se aplicar às inquisições em geral, assim como a da Espanha em
particular".
Como se vê, segundo Fox, era
comum haver julgamentos na Espanha em que dezenas eram condenados à morte pela
Inquisição. Além disso, somando-se às vítimas dos outros países, especialmente
Portugal, França e Itália, chega-se ao número repugnante de centenas de
milhares de executados pelo "Santo Ofício" de Roma. Por mais que o
Vaticano tente, não dá para maquiar os números.
A TENTATIVA VÃ DE MANTER A INFALIBILIDADE
PAPAL
Outro ato que mostra a
tentativa inócua dos romanistas de diminuir a gravidade do ocorrido é a
declaração do cardeal Georges Cottier, teólogo do Casa Pontifícia, que defendeu
a posição do Vaticano de não condenar os papas do passado que aprovaram e
sancionaram a Inquisição.
"Quando pedimos perdão,
não condenamos. Somos todos condicionados pela mentalidade de nossos tempos.
Daqui a 50 anos podemos ser acusados de não ver certas coisas agora",
afirmou Cottier. Tal postura, porém, mostra ainda mais o caráter dúbio do
arrependimento do Vaticano, uma vez que pede perdão pelos erros cometidos, mas
não considera culpados aqueles que aprovaram e promoveram tais atrocidades.
A ideia é tentar manter a todo custo a
aberração da infalibilidade papal, declarada em 1870. Segundo esta doutrina
antibíblica do Vaticano, papas são considerados infalíveis nas suas decisões e
decretos.
Por isso, o livro
romanista sobre a Inquisição, fala em erros, porém, livrando seus responsáveis
- os papas -, que tinham poder de deter tudo o que estava ocorrendo naquele
período, mas que, muito pelo contrário, queriam mesmo é fomentar mais e mais
aquela crueldade.
"SANTA INQUISIÇÃO"
No Concílio de Verona em
1186, Roma falou pela primeira vez de "Santa Inquisição". Porém, ela
foi criada e estabelecida mesmo pelo papa Gregório IX em 1233 com o
propósito de "combater heresias e seitas". Na verdade, de torturar e
assassinar discordantes.
O PAPA QUE AUTORIZOU O USO
DE TORTURAS
Em 1252, o papa Inocêncio
IV autorizou o uso da tortura.
O FOCO DA INQUISIÇÃO NO
SÉCULO 16
Apesar de seu início ter sido
no século 13, foi só no século 16, por ocasião da Reforma Protestante, que a
atividade inquisitória se intensificou. O foco da Inquisição nesse período
passou a ser deter a todo custo o avanço do protestantismo no mundo.
Os anos de passaram e Roma
continua com sua guerra velada contra os evangélicos. Se hoje não matam mais,
porém usam a influência religiosa e política para perseguir o povo de Deus.
Mas a Igreja continua viva,
ativa e crescendo, pois seu fundamento não é o papismo, nem santos e tradições,
mas Cristo, a Rocha Eterna.
Reverberação:
†Subsídios EBD
Fonte: JMP – Julho de
2004
Acervo
pessoal: JAS