Introdução.
O termo grego
apóstolos vem do verbo apostellein,
“enviar”, “remeter”. O apóstolo é alguém que foi enviado. Este vocábulo pode
ser encontrado 79 vezes no Novo Testamento.
A princípio, era
considerado apóstolo somente aquele que pertencia ao grupo dos doze.
Mais tarde, com o
desenvolvimento da Igreja, vemos Paulo defender, diante dos gálatas, sua
autoridade apostólica.
Mateus e Marcos usam
o termo “apóstolo” apenas uma vez para se referirem aos doze que foram enviados
em uma viagem missionária (Mt 10.2; Mc 6.30).
I. O USO DA PALAVRA APÓSTOLO
Ela também é
utilizada para se referir a mensageiros das igrejas em duas ocasiões (2Co 8.23;
F1 2.25).
Existe também um uso
bastante interessante da palavra para descrever os mensageiros de Deus a Israel
(Lc 11.49).
1. As ocorrências da palavra
apóstolo
Ao todo, a palavra
ocorre dez vezes nos Evangelhos, vinte e oito em Atos, trinta e oito nas
epístolas, e três vezes em Apocalipse. Na maior parte dos casos, ela se refere
a homens separados por Cristo para executarem uma função especial na Igreja.
2. Obreiros chamados de apóstolos
Os Doze e Paulo
estão, com frequência, chamados de apóstolos, mas há outras situações em que
outros são chamados apóstolos.
Tiago, o irmão do
Senhor, parece ser um desses casos (G1 1.19; 2.9; cp. ICo 15.7).
Bamabé é descrito
como um apóstolo em Atos 14.4,14, e está associado com Paulo na argumentação de
1 Coríntios 9.5-6, mas é distinguido dos apóstolos de Jerusalém (At 9.27).
Silvano e Timóteo
podem ser associados com Paulo sob esse titulo (lTs 2.6).
Andrônico e Júnias também
podem ser chamados apóstolos (Romanos 16.7).
II. OS APÓSTOLOS E CRISTO.
1. Durante o seu ministério.
Jesus teve um grande número
de discípulos durante seu ministério, porém, nem todos eles foram apóstolos.
Os Doze foram
escolhidos dentre um grupo bem maior (Mc 3.13-19) e eles deveriam estar com
Jesus, como discípulos, e ser enviados para pregar e expulsar demônios como
apóstolos (Mc 16.15-18). Jesus lhes deu o título de “apóstolos” (Lc 6.13).
Os apóstolos eram
capazes de agir em nome de Cristo (Mc 9.38-41). Lucas os descreve regularmente
como “os apóstolos” (9.10; 17.5; 22.14; 24.10).
2. Depois da Ressurreição.
Todas as fontes
concordam que os Onze foram comissionados pelo Cristo ressuscitado a saírem
pelo mundo com uma missão (Mt 28.19s.; Lc 24.48s.; Jo 20.21-23; At 1.6-8; cp.
Mc 16.14s.).
Uma das primeiras
tarefas foi a de encontrar um substituto para o traidor Judas, e Matias foi
escolhido para completar o número dos doze (At 1.15-26). A ênfase é colocada na
escolha divina (At 1.24).
O apostolado de Paulo
também foi devido à escolha divina e ele, muitas vezes, teve o cuidado especial
de explicar esse fato, tanto para enfatizar a maravilha da graça de Deus, como
para preservar a autoridade de sua mensagem (G1 1.1,11,12,15-17, cp. Rm 1.1;
ICo 1.1; 9.1; 15.8). Nesse trabalho, nada poderia substituir o chamado pessoal
feito por Cristo.
3. Os pré-requisitos para se qualificar como um dos Doze
Os requisitos para se
qualificar como um dos Doze estão listados em Atos 1.21.
Era necessário ter estado com Jesus desde o tempo em que
ele foi batizado por João até o dia de sua Ascensão, e também ser testemunha da
sua Ressurreição (At 1.21).
Ao mesmo tempo em que
era necessário ter estado presente durante todo aquele período, uma ênfase
particular é colocada sobre ser também
uma testemunha da Ressurreição (At 2.32; 3.15; 13.30-31).
Em suma os
requisitos são:
1)
Ter
estado com Jesus (At 1.21).
2)
Ser
testemunha da Ressurreição (At 2.32; 3.15; 13.30-31).
4. Entendendo o apostolado de Paulo
Paulo não poderia ser
contado com os Doze, porque não preenchia as condições requeridas. Porém, ele
havia sido uma testemunha da Ressurreição (At 26.14-18; ICo 9.1; 15.8), e a
maneira como ele descreve a forma em que Cristo lhe apareceu sugere que ele teve
uma experiência objetiva única, que realmente pertencia ao período anterior à
Ascensão.
Tiago, o irmão do
Senhor, havia visto o Cristo Ressuscitado da mesma forma (ICo 15.7), como o
tinham mais de 500 (15.6).
Os apóstolos não eram
apenas testemunhas de fatos, mas também seus intérpretes. Deus havia enviado
homens para interpretar os seus atos de salvação, narrados no AT,
particularmente Moisés que foi uma testemunha e também participante deles no
Êxodo (SI 103.7; Mq 6.4).
Portanto, tomados em
conjunto, a pregação e o ensino dos apóstolos e seus companheiros fornecem
tanto a evidência histórica básica quanto a norma de interpretação, somente por
intermédio das quais as gerações futuras poderiam alcançar os fatos a respeito
de Cristo.
5. Os apóstolos e o Espírito.
O testemunho
apostólico somente poderia ser realizado com o auxílio do Espírito. Suas
jornadas missionárias dependiam dele (Lc 24.49; At 1.8). Sua proclamação de
perdão era eficaz por meio dele (Jo 20.22s.).
Eles compreenderam
sua completa vocação apostólica somente no dia de Pentecostes.
Era o Espírito quem
deveria ensiná-los e lhes fazer lembrar das coisas (Jo 14.26).
Ele deveria guiá-los
a toda verdade a respeito de Jesus (Jo 16.13-15). O testemunho direto do
Espírito dentro do nível existencial estava intimamente ligado ao testemunho
dos apóstolos no nível histórico (Jo 15.26s.). O ministério do evangelho é um
ministério do Espírito (2Co 3).
A obra de
um verdadeiro apóstolo era acompanhada de sinais e prodígios e obras
poderosas (2Co 12.12).
III. OS APÓSTOLOS E A IGREJA.
O apostolado foi um
dom de Deus à Igreja e tem uma posição de preeminência entre os ministérios
(ICo 12.28; Ef 4.11).
A Igreja, poderia
dizer-se, está fundada sobre os apóstolos e profetas (Ef 2.20). A eles foi dada
autoridade (Mc 6.7) e poder ( At 1.8) para serem usados não apenas na
proclamação do Evangelho aos que estão de fora, mas também para uso dentro da
Igreja (At 4.32-33; 2Co 10.8; 13.10).
1. As funções dos apóstolos
Embora não lhes fosse
permitido abrir mão de seu trabalho de pregação (At 6.1-4), suas funções também
incluíam ensinar (At 2.42), curar (5.12), e assumir certa administração (4.37).
Sua autoridade era
demonstrada no exercício da disciplina (5.1-11; ICo 5.1-5) e da superintendência
(At 15.36; 1Co4.15). Viajando como representantes de Cristo e da Igreja
universal, eles procuravam abrir novos campos para o Evangelho (Rm 15.14-24).
As decisões mais
importantes, que deveriam ser tomadas pela Igreja, foram tomadas por um concílio
dos apóstolos e presbíteros (At 15.6).
Apóstolos no sentido
geral e no sentido especial
1 - Apóstolos, no sentido geral, continuam sendo
essenciais para o propósito de Deus na igreja.
Se as igrejas cessarem de enviar pessoas
assim, cheias do Espírito Santo, a propagação do evangelho em todo o mundo
ficará estagnada. Por outro lado, enquanto a igreja produzir e enviar tais
pessoas, cumprirá a sua tarefa missionária e permanecerá fiel à grande comissão
do Senhor (Mt 28.18-20).
2 - O termo “apóstolo” também é usado no NT em
sentido especial,
em referência àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram
pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer a igreja
(e.g., os doze discípulos e Paulo).
Tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante
à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais até
hoje (ver Ef 2.20).
O
ministério de apóstolo nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há
repetição. Os apóstolos originais do NT não têm sucessores (ver 1Co 15.8 ).
Possivelmente,
muitos dos missionários da atualidade sejam, de fato, apóstolos de Jesus.
Outros há que, por não terem ido a terras distantes, não são assim
reconhecidos, mas estão desempenhando
esse ministério em sua própria "Jerusalém" (At.1:8), e receberão do
Senhor o devido galardão.
Bibliografia
-
Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. Vol 1 – Editora Cultura Cristã.
-
Dicionário Teológico – CPAD
-
Bíblia ACF