TEXTO BÍBLICO BÁSICO: Jz 2.1 “E subiu o Anjo do SENHOR de
Gilgal a Boquim e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe à terra que a
vossos pais tinha jurado, e disse: Nunca invalidarei o meu concerto convosco.”
A Bíblia menciona
frequentemente os anjos; o presente estudo provê uma noção geral do ensino
bíblico a respeito dos anjos.
I. ANJOS
A palavra “anjo” (hb.
malak; gr. angelos) significa “mensageiro”. Os anjos são mensageiros ou
servidores celestiais de Deus (Hb 1.13,14), criados por Deus antes de existir a
terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5; Cl 1.16).
(1) A Bíblia fala em
anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram
originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos
anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17; 2Pe 2.4; Jd 1.6; Ap
12.9; ver Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de graça como servos de
Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.
VEJA
TAMBÉM:
(2) A Bíblia fala numa vasta hoste de anjos
bons (1Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9-10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas
dois sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 1.9; Ap 12.7) e
Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26).
Segundo parece, os
anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo
(lit.: “anjo principal”, Jd 9; 1 Ts 4.16); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez
10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as miríades de espíritos
ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11).
(3) Como seres
espirituais, os anjos bons louvam a Deus (Hb 1.6; Ap 5.11; 7.11), cumprem a sua
vontade (Nm 22.22; Sl 103.20), veem a sua face (Mt 18.10), estão em submissão a
Cristo (1Pe 3.22), são superiores aos seres humanos (Hb 2.6,7) e habitam no céu
(Mc 13.32; Gl 1.8). Não se casam (Mt 22.30), nunca morrerão (Lc 20.34-36) e não
devem ser adorados (Cl 2.18; Ap 19.9,10).
Podem aparecer em
forma humana (geralmente como moços, sem asas, Gn 18.2,16; 19.1; Hb 13.2).
(4) Os anjos executam
numerosas atividades na terra, cumprindo ordens de Deus.
Desempenharam uma
elevada missão ao revelarem a lei de Deus a Moisés (At 7.38; Gl 3.19; Hb 2.2).
Seus deveres relacionam-se principalmente com a obra redentora de Cristo (Mt
1.20-24; 2.13; 28.2; Lc 1—2; At 1.10; Ap 14.6,7).
Regozijam-se por um
só pecador que se arrepende (Lc 15.10), servem em prol do povo de Deus (Dn
3.25; 6.22; Mt 18.10; Hb 1.14), observam o comportamento da congregação dos
cristãos (1Co 11.10; Ef 3.10; 1Tm 5.21), são portadores de mensagens de Deus
(Zc 1.14-17; At 10.1-8; 27.23-24), trazem respostas às orações (Dn 9.21-23; At
10.4); às vezes, ajudam a interpretar sonhos e visões proféticos (Dn 7.15-16);
fortalecem o povo de Deus nas provações (Mt 4.11; Lc 22.43), protegem os santos
que temem a Deus e se afastam do mal (Sl 34.7; 91.11; Dn 6.22; At 12.7-10),
castigam os inimigos de Deus (2Rs 19.35; At 12.23; Ap 14.17—16.21), lutam contra
as forças demoníacas (Ap 12.7-9) e conduzem os salvos ao céu (Lc 16.22).
(5) Durante os
eventos dos tempos do fim, a guerra se intensificará entre Miguel, com os anjos
bons, e Satanás, com suas hostes demoníacas (Ap 12.7-9). Anjos acompanharão a
Cristo quando Ele voltar (Mt 24.30-31) e estarão presentes no julgamento da
raça humana (Lc 12.8,9).
II. O ANJO
DO SENHOR
É mister fazer menção
especial ao “Anjo do SENHOR” (às vezes, “o Anjo de Deus”), um anjo incomparável
que aparece no AT e no NT.
(1) Seu primeiro
aparecimento foi a Agar, no deserto (Gn 16.7); outros aparecimentos incluíram
pessoas como Abraão (Gn 22.11,15), Jacó (Gn 31.11-13), Moisés (Êx 3.2), todos
os israelitas durante o êxodo (Êx 14.19) e mais tarde em Boquim (Jz 2.1,4),
Balaão (Nm 22.22-36), Josué (Js 5.13-15, onde o príncipe do exército do SENHOR
é mais provavelmente o Anjo do SENHOR), Gideão (Jz 6.11), Davi (1Cr 21.16),
Elias (2Rs 1.3-4), Daniel (Dn 6.22) e José (Mt 1.20; 2.13).
(2) O Anjo do SENHOR
realizou várias tarefas semelhantes às dos anjos, em geral. Às vezes,
simplesmente trazia mensagens do Senhor ao seu povo (Gn 22.15-18; 31.11-13; Mt
1.20). Noutras ocasiões, Deus enviava o seu anjo para suprir as necessidades
dos seus (1Rs 19.5-7), para protegê-los do perigo (Êx 14.19; 23.20; Dn 6.22) e,
ocasionalmente, destruir os seus inimigos (Êx 23.23; 2Rs 19.34,35; Is 63.9).
Quando o próprio povo de Deus rebelava-se e pecava grandemente, este anjo podia
ser usado para destruí-lo (2Sm 24.16,17).
(3) A identidade do
anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo como ele frequentemente
se dirige às pessoas. Note os seguintes fatos:
(a) em 2.1, o anjo do
Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos
pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco
(o grifo dos pronomes foi acrescentado).
Comparada esta
passagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do
Senhor, o Deus do concerto dos israelitas. Foi Ele quem jurou a Abraão, a
Isaque e a Jacó que daria aos seus descendentes a terra de Canaã (Gn 13.14-17;
17.8; 26.2-4; 28.13); Ele jurou que esse concerto seria eterno (Gn 17.7), Ele
tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1,2) e Ele os levou à terra prometida (Js
1.1,2).
(b) Quando o anjo do
Senhor apareceu a Josué, este prostrou-se e o adorou (Js 5.14). Essa atitude
tem levado muitos a crer que esse anjo era uma manifestação do próprio Senhor
Deus; do contrário, o anjo teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10; 22.8-9).
(c) Ainda mais
explicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente disse,
em linguagem bem clara: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de
Isaque e o Deus de Jacó” (Êx 3.6; ver Gn 16.7 nota; Êx 3.2).
(4) Porque o anjo do
Senhor está tão estreitamente identificado com o próprio Senhor, e porque ele
apareceu em forma humana, alguns consideram que ele era uma aparição do Cristo
eterno, a segunda pessoa da Trindade, antes de nascer da virgem Maria.