Perguntas
tais como:
O
que é o batismo no Espírito Santo? O que é falar em outras línguas? O que foi o
dia de Pentecostes? Essas perguntas são respondidas à medida que lemos este artigo.
I. ATOS 1- A PROMESSA DO PAI (1.4)
A plenitude do Espírito é
chamada literalmente de “a promessa do Pai”. Muitas promessas são dadas na
Bíblia, mas esta promessa específica tem a ver diretamente com o derramamento
do Espírito. Profetas como Ezequiel e Joel tinham indicado um futuro derramamento
do Espírito sobre a casa de Israel (Ez 39-29) e até sobre toda a carne (Joel 2.28;
Is 32.15; 44.3).
Deus, pelos profetas
(inclusive João Batista), tinha prometido o derramamento do Espírito.
VEJA TAMBÉM
1. João
Batista fala do batismo com o Espírito Santo
Durante seu ministério, João
falou de um batismo com o Espírito que seria administrado por Cristo e pelo
qual os crentes seriam capacitados (Mt 3-11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33).
Mais tarde Jesus prometeu
aos discípulos que eles seriam batizados com o Espírito em pouco tempo (At
1.5).
2. O
agente do batismo
Na execução de um batismo,
deve haver um agente que faz o batismo, um elemento no qual o batismo ocorre e
um candidato que é batizado. Quando João Batista batizou, ele foi o agente, as
águas do rio Jordão, o elemento, e os candidatos, os que se arrependeram e
desejaram o batismo.
No batismo com o Espírito,
Cristo é o agente, o Espírito é o elemento e o candidato é o crente.
II. COMPREENDENDO O BATISMO NO ESPÍRITO
SANTO
1. Batismo “com ou “no” Espírito Santo
A
maioria das versões bíblicas modernas usa a expressão “com o Espírito Santo”,
mas a preposição “com” (en) pode ser
traduzida por “em”. “Batizado no
Espírito” identifica claramente o Espírito Santo como o elemento deste
batismo; ao passo que a expressão “batismo com o Espírito Santo” pode sugerir
estar na companhia do Espírito Santo.
2. O
que é o batismo no Espírito Santo?
O verbo “batizar” (baptizo) significa literalmente
“mergulhar” ou “submergir”.
O batismo no Espírito é uma
capacitação sobrenatural e carismática que equipa a Igreja para cumprir sua
missão no mundo (At 2.4,17; 8.17-19; 9.31; 10.38,44,45;
11.15,16; 13.2,4).
3.
Batizados no Espírito Santo
O verbo traduzido por encher
(pimplemi), usado em Atos 2.4, está
estreitamente ligado como Espírito (Lc 1.41,67; At 4.8,31; 9.17; 13-9).
Este
verbo é usado por Lucas para indicar o processo de ser ungido
com o poder do Espírito para o serviço divino.
Ser
cheio com o Espírito significa o mesmo que ser batizado no o
Espírito ou receber o dom do Espírito (At 1.5; 2.4,38).
O “batismo” é o termo
teológico e objetivo que se refere ao trabalho inicial do Espírito na vida de
um crente, enchendo-o, e dando início ao relacionamento e – como o batismo nas
águas - não é um ato repetido (At 11.15,16; Rm 6.3; 1 Co 12.13; Cl 2.12).
O crente que deu este passo
inicial e recebeu o batismo no Espírito precisa, entretanto, continuar a
desfrutar a obra ativa do Espírito em sua vida.
Este fenômeno é descrito no
Novo Testamento como ser “cheio” do Espírito (veja At 4.8,31; 6.3,5; 7.55; 9.17;
13.9,52; G1 5.16; E f 4.30; 5.18).
4. O
falar em línguas
O Espírito Santo habilita os
discípulos a “falar em outras línguas”.
Falar em línguas não é meramente questão de vontade humana, pois é o Espírito
que inicia a manifestação. Em plena submissão ao Espírito (“o Espírito Santo
lhes concedia”), eles falam e agem conforme o Espírito os conduz. Tais
expressões vocais não são fala estática ou mera algaravia; mas, como o termo
“falar” (apophthengomai) sugere, elas
são poderosas e capacitadoras (At 2.14; 26.25).
As línguas no Dia de
Pentecostes podem ser corretamente descritas como proféticas e confirmam o
padrão de Atos 2.17,18: “Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão”.
No batismo com o Espírito,
declarações inspiradas originam- se com o Espírito Santo.
Os crentes são porta-vozes
do Espírito, embora permaneçam em pleno controle de suas faculdades. O Espírito
respeita a liberdade e busca a cooperação deles. Ele fala por meio deles, mas
eles estão falando ativamente em línguas e podem parar à vontade. Por exemplo,
Pedro fala em línguas, mas para quando se dirige à multidão. Assim a
manifestação de línguas pode ser entendida como resposta e obediência ativas ao
Espírito Santo.
“Falar em outras línguas (At
2.4)” era uma manifestação exterior do fato de que “ficaram cheios do Espírito Santo”.
Três vezes no livro de Atos,
menciona línguas: 2.4; 10.44-47 e 19.6; porém, só uma vez houve som de um
vento, só uma vez línguas como de fogo, etc.
Portanto línguas são o sinal
do batismo, e não o ruído dum vento, etc. Diz, explicitamente, no cap. 10.45,46
que os discípulos reconheceram o batismo no Espírito Santo, naquela ocasião,
pelo fato de os recém-convertidos falarem línguas.
É uma experiência espiritual
intensa pela qual a vida do crente é submersa no Espírito de Deus.
É cercada, coberta e cheia
do poder e presença de Deus. Como uma roupa que é imersa na água, assim os
crentes se acham cercados, cobertos e cheios do poder e presença do Espírito.
5. Batismo
e Regeneração
A experiência de batismo no
Espírito é distinta da experiência de regeneração, a qual os crentes têm no
momento da conversão.
Repare que os discípulos a quem
Jesus está falando já tiveram seus corações renovados pelo trabalho regenerador
do Espírito (Tt 3-5).
O batismo no Espírito não é
o mesmo que a nova vida que acompanha o arrependimento e a fé. Nascemos de novo
pelo Espírito e somos habitados pelo Espírito desde o tempo da conversão
(Rm8.9; 1 Co6.19).
O Espírito Santo veio para
habitar nos discípulos no momento de sua conversão, mas só no Dia de
Pentecostes eles são capacitados a proclamar o evangelho e a fazer as obras de
Deus.
6. A
virtude do Espírito Santo (At 1.8)
Aos discípulos é prometido
“virtude” ou “poder” (ARA) — não poder político, mas poder para servir. A
palavra traduzida por “virtude” ou “poder” (dynumis)
provém de um verbo que significa “ser capaz” ou “ter força”.
Em Atos, pode se referir à
operação de milagres (At 3.12; 4.7;
6.8), poder para dar
testemunho de Cristo (At 1.8; 4.33) e poder sobre o Diabo (At 10.38).
Jesus promete equipar os
discípulos para serem suas “testemunhas”.
O
significado básico da palavra “testemunha” (martys) é “alguém que testemunha”; o
poder para tal procede de Deus, um “poder [...] do alto” (Lc 24.49), um poder
concedido pelo Espírito Santo para dar testemunho de Jesus Cristo, um poder
para influenciar os outros a aceitar Cristo.
7. Testemunhando
com Poder
As palavras de Jesus
“ser-me-eis testemunhas” são geralmente consideradas uma ordem, mas não é tanto
uma ordem quanto uma promessa. Esta promessa está unida ao recebimento do
batismo no Espírito.
Quando eles recebem a
plenitude do Espírito, o poder que eles recebem inevitavelmente os transformará
em testemunhas. E dando testemunho de Jesus os identificará como povo de Deus.
A capacitação para testemunhar é descrita como a vinda do Espírito Santo sobre
eles (v. 8; cf. At 19.6) - expressão estreitamente ligada à ideia de
“revestidos de poder” (Lc 24.49). O Espírito Santo entrará neles de uma nova
maneira, sugerindo a contínua presença poderosa do Espírito Santo.
Depois que Jesus prometeu
aos discípulos o poder do Espírito para eles cumprirem a missão, Deus Pai o tomou
para o céu diante dos olhos deles (Atos 1. 9-11).
III. ATOS 2 – COMPREENDENDO O DIA DE
PENTECOSTES
No Dia de Pentecostes, a
comunidade de crentes experimentou uma dimensão totalmente nova do Espírito
Santo. a Igreja cristã já existia antes do Dia de Pentecostes. O derramamento
do Espírito no Dia de Pentecostes não significa uma nova Igreja, mas uma Igreja
capacitada, uma comunidade ungida de crentes, que estão estreitamente ligados
com o povo de Deus do Antigo Testamento (At 7.38).
O
Dia de Pentecostes (hepentecoste,
“o quinquagésimo [dia]”) se dava cinquenta dias depois de 16 de nisã, o dia
seguinte à Páscoa.
Também
era chamado “Festa das Semanas”, porque ocorria sete
semanas depois da Páscoa. Por causa da colheita de trigo que acontecia naquele
período, era uma celebração da colheita de grãos (Êx 23.16; 34.22; Lv
23.15-21).
Jesus foi crucificado na
época da Páscoa e subiu aos céus quarenta dias depois da sua ressurreição. O
Espírito Santo veio cinquenta dias depois da ressurreição, dez dias depois da
ascensão.
A festividade judaica do Dia
de Pentecostes assume novo significado em Atos 2, pois é o dia no qual o
Espírito prometido desce em poder e torna possível o avanço do evangelho até
aos confins da terra. O batismo dos apóstolos com o Espírito Santo no Dia de
Pentecostes serve de fundação da missão da Igreja aos gentios.
No Dia de Pentecostes a
presença do Espírito está evidente na divisão de línguas de fogo e no fato de
os discípulos falarem em outras línguas.
O Espírito Santo se tornou
disponível pela primeira vez a todos os crentes no Pentecostes (At 2). Enquanto
nos dias do Antigo Testamento o Espírito Santo capacitava indivíduos
específicos para propósitos específicos, agora todos os crentes têm o poder do
Espírito Santo disponível para a sua vida.
1. A
unidade no dia de Pentecostes
Uma de suas características
surpreendentes é a unidade. Lucas já descreveu que eles estão unidos em oração,
sugerindo que eles têm uma mente e propósito (At 1.14).
O Dia de Pentecostes começa
com eles “todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1) — muito provavelmente no
templo onde eles se reuniam diariamente (Lc 24.53; At 2.46; 5.42; At 6.13,14).
2. Sinais
no dia de Pentecostes
A princípio, há um som
sobrenatural vindo do céu, como um vento violento. A medida que o som enche a
casa (o templo) onde eles estão sentados, línguas como fogo pousam sobre os
presentes. Sinais milagrosos introduzem o Dia de Pentecostes como no monte
Sinai (Êx 19.18,19), em Belém (Mt 1.18—2.12; Lc 2.8-20) e no Calvário (Mt 27.51-53;
Lc 23.44).
3.
Vento e Fogo
Nas Escrituras, o vento é
usado frequentemente como símbolo do Espírito Santo. ( Ez 37.1-14). Cristo, na
palestra com Nicodemos, comparou o Espírito Santo a uma brisa refrescante,
purificante, vivificante. Não se vê esse “Vento” divino, mas se sente quando
faz a Sua obra no íntimo do coração, João 3.8.
Porém, no Pentecoste foi um
estrondo (“de repente”) ; não um som como de vento que se levanta gradualmente.
Foi como um vento forte e violento (“impetuoso”), representando a força do
Sopro divino que encheu a casa de Deus, entrou nos assistentes na ocasião e
passou para toda a terra, criando, vivificando e renovando como quando “o
Espírito (Fôlego ou vento) de Deus se movia sobre a face do abismo” na criação,
Gn 1.2. Pode-se imaginar Jesus Cristo, no Pentecoste, em pé, à destra de Deus,
assoprando sobre os cento e vinte discípulos e dizendo: “Recebei o Espírito
Santo”. (Compare João 20.22; 1 Co 15.45).
“Fogo” simboliza a presença
purificadora de Deus, que elimina os elementos indesejáveis na vida das pessoas
e acende o fogo nos seus corações para que “acendam” a vida de outros.
4. O
Espírito Santo é representado como fogo porque:
1) Produz luz, alumiando o
entendimento e fazendo tudo se tornar real e glorioso para nós.
2) Purifica, consumindo toda
a escória e libertando o ouro de nossa natureza. (Compare Ml 3.1-3).
3) Aquece
o coração até abrasar com o calor do céu.
4) Alastra-se. As
autoridades religiosas descobriram logo que o cristianismo se desenvolve
rapidamente, apesar de parecer insignificante, cap. 4.17; 5.28.
O vento e o fogo
enfatizam a grandeza da ocasião e são evidências audíveis e visíveis da
presença do Espírito — o som do vento poderoso significa que o Espírito Santo
está com os discípulos, e as chamas de fogo em forma de língua que posam em
cada um deles são manifestação da glória de Deus, acrescentando esplendor à
ocasião.
IV. O SIGNIFICADO QUÁDRUPLO DO DIA DE
PENTECOSTES
1.
A principal característica do batismo com o Espírito é primariamente vocacional
em termos de propósito e resultado.
Como nos tempos do Antigo
Testamento, a unção com o Espírito é primariamente vocacional, em vez de ser
salvadora (isto, é, que leva à vida eterna).
O batismo com o Espírito não
salva ou faz da pessoa um membro da família de Deus; antes, é uma unção
subsequente, um enchimento que equipa com poder para servir.
No Dia de Pentecostes, os
discípulos se tornam membros de uma comunidade carismática, herdeiros de um
ministério anterior de Jesus. Eles são iniciados num serviço capacitado pelo
Espírito e dirigido pelo Espírito para o Senhor.
2.
Falar em línguas é o sinal inicial do batismo com o Espírito.
Serve como manifestação
externa do Espírito e acompanha o batismo ou imersão no Espírito.
Para Pedro, o sinal
milagroso demonstra a plenitude do Espírito. Ele aceita línguas como a
evidência de que os cento e vinte foram cheios com o Espírito.
Como sinal inicial, as
línguas transformam uma profunda experiência espiritual num acontecimento
reconhecível, audível e visível. Os crentes recebem a certeza de que eles foram
batizados com o Espírito.
O próprio Jesus não falou em
línguas, nem mesmo no Rio Jordão. Sua unção especial foi normativa para seu
ministério, mas o derramamento do Espírito em Atos 2 é normativo para os
crentes. A distinção entre Jesus e os crentes é que Ele inicia a nova era como
Senhor.
3.
As línguas proporcionam aos discípulos os meios pelos quais eles louvam e
adoram a Deus.
Estes discípulos falam em
línguas que nunca aprenderam, mas ao celebrarem os trabalhos poderosos de Deus
elas são completamente inteligíveis aos circunstantes (v. 11).
Todos os que testemunham o
que está acontecendo reconhecem que os discípulos estão louvando a Deus. Em
vários idiomas, eles magnificam e agradecem a Deus pelas grandiosas coisas que
Ele fez.
4.
Falar em línguas é sinal para os ouvintes descrentes ( 1 Co 14.22).
As palavras de louvor nos
lábios dos discípulos servem como sinal de julgamento para os incrédulos. Com
base na manifestação milagrosa, Pedro declara: “Saiba, pois, com certeza, toda
a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor
e Cristo” (At 2.36).
Falar em línguas é o meio
pelo qual o Espírito Santo condena os judeus por terem crucificado Jesus e por
serem incrédulos. Tanto quanto a evidência inicial do batismo com o Espírito,
as línguas podem ser sinal do desgosto de Deus.