Este é subsídio para a presente lição da classe de Adultos. Para
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O pano de fundo dos
eventos relatados no livro de Rute é uma fome em Israel nos dias em que os juízes
julgavam, o que forçou a emigração de uma pequena família de Belém, em Judá,
para a terra de Moabe, a sudeste da Palestina.
A expressão
peregrinar significa viver na situação de estrangeiro residente.
O nome do pai
da família era Elimeleque, que
significa “Deus é [o seu] rei”. Noemi (“deleite,
prazer”) e dois filhos, Malom
(“doente, fraco”) e Quiliom
(“definhando” ou “decaindo”), completavam a família. Eles eram efrateus, um
termo que normalmente se refere à tribo de Efraim. Contudo, como Boaz, o
remidor, era claramente da tribo de Judá (4.18-21; Mt 1.3-5), neste caso
efrateus é provavelmente derivado de Efrata, um termo do Antigo Testamento
intimamente relacionado com Belém (Gn 35.19; 48.7; Rt 4.11; 1 Cr 4.4; Mq 5.2).
Tanto Malom como
Quiliom se casaram com moças moabitas: Orfa
e Rute (“amizade” ou “amiga”). Os
três homens da família morreram durante os dez anos de residência em Moabe e
Noemi ficou sozinha com suas duas noras.
I. FUGINDO
DA CRISE DE ALIMENTO (Rute 1.1,2)
Havendo uma época de escassez
de alimentos em Judá, um habitante de Belém de Judá migrou para a terra de
Moabe (não muito distante), levando consigo sua esposa e seus dois filhos
solteiros. O chefe da família chamava-se Elimeleque.
a) A Desastrosa
Migração a Moabe (Rute 1.1-5)
Uma data aproximada
para esses acontecimentos se formos retrocedendo da genealogia de 4.17, é 1100
A.C. O período de fome, em Israel, tornou Elimeleque e os três membros de sua
família “peregrinos” em Moabe, onde eles não tinham nenhum direito como cidadãos.
b) As terras de Moabe
Moabe foi um filho de
Ló, o fruto funesto de um relacionamento incestuoso de Ló com uma de suas
filhas (Gn. 19:36, 37). Os moabitas pagaram a Balaão para amaldiçoar Israel
(Nm. 22:1-8), durante a peregrinação de Israel a Canaã. Sob circunstâncias
normais os moabitas eram excluídos da participação da vida nacional e
cooperativa de Israel (Dt. 23:3-6).
Deus havia decretado
que nenhum moabita faria parte do povo de Israel. Lemos em Deuteronômio 23.3:
“Nenhum amonita nem moabita entrará na assembleia do Senhor; nem ainda a sua
décima geração entrará na assembleia do Senhor, eternamente”. Portanto, seu
casamento com Quiliom e, posteriormente, com Boaz (ver sobre os dois nomes no
Dicionário), e dessa vez, na terra de Israel, têm de ser atribuídos a duas
causas: ou esses israelitas afrouxaram na proibição acerca dos moabitas ou,
então, Rute mereceu ser uma exceção à regra, devido à sua excelência de
caráter.
Quanto à Rute, ela se
integrou perfeitamente ao povo de Israel, o que transparece, acima de tudo, em
sua famosa declaração à sogra, Noemi: “Não me instes para que te deixe, e me
obrigues a não te seguir; porque aonde quer que fores, irei eu, e onde quer que
pousares, ali pousarei eu; e teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus”
(Rute 1.16).
c) A família de Elimeleque
Seus familiares eram
Noemi, sua esposa, Malom e Quiliom.
Elimeleque faleceu em
Moabe. Agora a família de Noemi era composta de somente três pessoas, ela mesma
e seus dois filhos rapazes. Mas, como é natural, eles se enamoraram de duas
jovens moabitas, com as quais acabaram se casando: Malom com Orfa, e Quiliom
com Rute. Alegria de Noemi, porém, já amargurada com sua viuvez e distante de
sua terra, não durou muito. Menos de dez anos depois, seus dois filhos, Malom e
Quiliom, também faleceram. Agora, a família estava em situação difícil como
nunca, pois eram três viúvas numa só casa, uma já idosa e as outras duas ainda
bem jovens, ambas sem filhos.
d) Significados dos
Quatro Nomes:
-
Elimeleque: Deus é meu Rei.
-
Noemi: Bela, amigável.
-
Malom: Enfermidade.
-
Quiliom: Completo, perfeito.
e)
Belém
Ela
ficava cerca de oito quilômetros ao sul de Jerusalém. O marido hebreu de Rute
nascera ali. Posteriormente, Obede, filho de Boaz e Rute, também nasceu em
Belém. Um neto de Obede foi Davi, o rei (ver Rute 4.18-21; I Sam. 17.58), o
qual também nasceu ali. Belém foi ainda o lugar do nascimento de Jesus, o
Cristo, o Filho maior de Davi (Luc. 2.4-7).
II.
SUPERANDO AS CRISES (Rute 1.6-22)
1. NOEMI VOLTA PARA A
CASA DO PÃO
Noemi e Rute voltaram
a Judá, para a cidade de Belém (no hebraico, “casa do pão”), enquanto em
Moabe tinham sofrido privações. E voltaram no tempo da sega, o que, por si só,
serviu de previsão de abundância de bênçãos materiais e espirituais. Isso
constituiu uma autêntica restauração. Nesse episódio, Noemi representa o povo
judeu do futuro, e Rute, a moabita, representa todos os povos gentílicos que
tiverem permissão de compartilhar a sorte renovada e feliz do povo de Israel,
durante o milênio.
a) Duas viajantes de
Moabe para Belém
Rute partiu com
Noemi, naquela viagem de apenas 80 km até Belém da Judéia. Para nós, essa
distância nada representa. Com um automóvel, nas estradas modernas, tal
distância pode tomar apenas uma hora de viagem. Mas, naquele tempo, viajando a
pé, duas mulheres podem ter passado vários dias no trajeto, enfrentando os mais
diversos perigos.
b) Se sentindo amarga
Os anos se tinham
passado, e Noemi envelheceu. Mas os habitantes da cidade ainda se lembravam
dela. Desoladas diante da situação de Noemi e Rute, as mulheres judias
perguntavam: “Não é esta Noemi?”. E ela, muito triste e amargurada de espírito,
respondia: “Não me chameis Noemi (no hebraico, “agradável”), chamai-me Mara (no
hebraico, “amarga”), porque grande amargura me tem dado o Todo-poderoso” (Rute
1.20).
Todavia, o Senhor é
Aquele que fere e cura a ferida, e o futuro próximo traria a Noemi perenes
alegrias, como ela nem imaginava. O amargor e a desesperança de Noemi cederiam
lugar à satisfação e ao senso de realização, conforme se vê no decorrer da
história.
Um dado interessante
aparece no último versículo do primeiro capítulo do livro: Noemi e Rute
“chegaram a Belém no princípio da sega das cevadas”. Esse informe permite-nos
saber que a seca terminara em Judá — os campos estavam novamente floridos e
produtivos. E também faz-nos saber que elas chegaram em abril/maio.
Na Palestina, era a
primavera! Semanas mais tarde começaria a colheita do trigo e do linho. De
acordo com Lev. 23.10,11, no mês de abib (mais ou menos correspondente ao nosso
abril) ocorreria à entrega das primícias do campo. Portanto, tudo era festivo
em Israel. Somente Noemi guardava no coração sua profunda tristeza. Mas, para
Rute, as coisas começavam a perder os tons sombrios e iam-se tornando
promissoras!
c) De mulher amarga à
mulher feliz
No tocante a Noemi, o
relato acompanha a transformação pela qual ela passou depois que voltou à sua
terra, de mulher amargurada em mulher feliz. Ela chegou ali empobrecida (Rute
1.21; 3.17), destituída de todos os seus parentes (Rute 1.1-5), e terminou uma
mulher segura de si, feliz, radiante de esperança (Rute 4.13-17).
CONCLUSÃO
O
livro de Rute termina com uma breve genealogia ou histórico familiar de Davi,
ao partir de Perez, o filho mais velho de Judá com Tamar, sua nora (Gn 38.29).
A genealogia inclui Esrom, “fechado, murado”, Arão, “alto”, Aminadabe, “parente
do príncipe”, Naassom, “encantador” e o pai de Boaz, Salmom, “vestido”. Assim,
à humilde, mas devotada moabita Rute, foi dada a sublime honra de ter um lugar
na sucessão de ancestrais do maior rei de Israel e do maior Filho de Davi,
Jesus, o Messias (Mt 1.5,16; Lc 3.23,32).
Comentarista
de Subsídios EBD: Ev. Jair Alves
A
continuação deste artigo você encontra em E-book Subsídios EBD – Vol. 6