Dirigindo-se a Jesus,
perguntaram-lhe os seus discípulos: "Por que dizem, pois, os escribas ser
necessário que Elias venha primeiro? Então Jesus respondeu: De fato (...) Elias
já veio, e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto quiseram (...)
Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista"
(Mt 17.10-13).
Acerca de João
Batista, disse mais Jesus: "E, se o quereis dar crédito, é este o Elias
que havia de vir" (Mt 11.14).
1.
OPINIÃO ESPIRITISTA
Prevalecendo-se do
literalismo destas passagens, escreveu Allan Kardec: "A noção de que João
Batista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Terra, depara-se em
muitos passos dos Evangelhos, especialmente nos acima citados. Se tal crença
fosse um erro, Jesus não a deixaria de combater, como fez com muitas outras,
mas, longe disso, a sancionou com sua autoridade... 'É ele mesmo o Elias, que
havia de vir'. Aí não há nem figuras nem alegorias; é uma afirmação
positiva" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, pp. 25, 27).
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2.
OBJEÇÃO BÍBLICA
Um dos conceitos de
hermenêutica mais conhecido é aquele segundo o qual a Bíblia interpreta-se a si
mesma. Portanto, somos impedidos de lançar mãos de recursos alheios ao contexto
bíblico para interpretar o mais simples dos seus ensinos. A Bíblia mesma dá
respostas às suas indagações. A pergunta: "João Batista era Elias
reencarnado ou não?" responde o próprio João Batista, dizendo: "Não
sou" (Jo 1.21).
Sobre João Batista,
diz Lucas 1.17: "E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para
converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos
justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto". Isto não
quer dizer que João fosse Elias, mas que no seu ministério haveria
peculiaridades do ministério de Elias. De fato, a Bíblia não trata de nenhum
outro caso de dois homens, cujos ministérios tenham tanta semelhança como João
Batista e Elias. Lembra o refrão popular: "Tal Pai, tal filho". Isto
não quer dizer que o filho seja absolutamente igual ao pai, ou que um seja a
reencarnação do outro, mas sim, que existem hábitos comuns entre ambos.
3.
CINCO PONTOS A CONSIDERAR
Dentre as muitas
razões pelas quais cremos que João Batista não era Elias reencarnado, queremos
citar as seguintes:
• Os judeus criam que
João Batista fosse Elias ressuscitado, não reencarnado (Lc 9.7,8).
• Se os judeus
realmente acreditassem que João era Elias reencarnado e não ressuscitado, não
teriam em outra oportunidade admitido que Cristo fosse Elias ressuscitado. João
Batista e Cristo, que viveram simultaneamente por cerca de trinta anos, não
podiam ser Elias ressuscitado ou reencarnado, ao mesmo tempo (Lc 9.7,9).
• Se reencarnação é o
ato ou efeito de reencarnar, pluralidade de existências com um só espírito, é
evidente que um vivo não pode ser reencarnação de alguém que nunca morreu. Fica
claro assim que João Batista não era Elias, já que este não morreu, pois foi
arrebatado vivo ao céu (2 Rs 2.11).
• Se João Batista fosse Elias, quem primeiro
teria conhecimento disso teria sido ele mesmo e não os judeus ou os espíritas.
Àqueles que lhe perguntaram: "És tu Elias?", ele respondeu desembaraçadamente:
"Não sou" (Jo 1.21).
• Se João Batista
fosse Elias reencarnado, no momento da transfiguração de Cristo teriam
aparecido Moisés e João Batista, e não Moisés e Elias (Mt 17.18).
Fica evidente,
portanto, que a Bíblia não apoia a absurda teoria espiritista da reencarnação.
Até mesmo os chamados "fatos comprovados" da reencarnação, apresentados
pelos advogados do espiritismo, na verdade não comprovam coisa alguma.
Fonte:
-
Seitas e Heresias
-
Autor: Raimundo F. de Oliveira
-
Editora: CPAD