Até há bem pouco tempo, os
melhores livros escritos sobre seitas e heresias não incluíam a Igreja Católica
Romana no seu esquema de estudos, talvez devido ao fato de grande parte deles
terem sido escritos em países onde essa igreja não exercia suficiente
influência para ser notada como tal. Não é esse o caso do Brasil, onde a grande
maioria dos membros de nossas igrejas, teoricamente, veio do catolicismo romano,
já que essa igreja é majoritária (pelo menos nominalmente) em nossa pátria
desde o seu descobrimento, em 1500.
I.
RESUMO HISTÓRICO DO CATOLICISMO
A Igreja Católica menciona o
ano 33 d.C. como a data da sua fundação. Isto vem do fato de que toda
ramificação do Cristianismo costuma ligar a sua origem à Igreja fundada por
Jesus Cristo. Porém, quanto ao desenvolvimento da organização eclesiástica e
doutrinária da Igreja Romana, é muito difícil fixar com exatidão a data de sua
fundação, porque o seu afastamento das doutrinas bíblicas deu-se
paulatinamente.
1.1.
COMEÇO DA DEGENERAÇÃO
Durante os primeiros três
séculos da Era Cristã, a perseguição à Igreja verdadeira ajudou a manter a sua
pureza, preservando-a de líderes maus e ambiciosos. Nessa época, ser cristão
significava um grande desafio, e aqueles que fielmente seguiam a Cristo sabiam
que tinham suas cabeças a prêmio, pois eram rejeitados e perseguidos pelos
poderosos. Só os realmente salvos se dispunham a pagar esse preço.
Graças à tenacidade e coragem
dos Pais da Igreja e dos famosos apologistas cristãos, o combate da Igreja às
heresias que surgiram nessa época resultou numa expressão mais clara da
teologia cristã. Quando os imperadores propuseram-se a exterminar a Igreja
Cristã, só os que estavam dispostos a renunciar o paganismo e a sofrer o
martírio declaravam sua fé em Deus.
Logo no início do século IV,
Constantino ascendeu ao posto de imperador. Isso parecia ser o triunfo final do
Cristianismo, mas, na realidade, produziu resultados desastrosos dentro da
Igreja. Em 312, Constantino apoiou o Cristianismo e o fez religião oficial do
Império Romano. Proclamando a si mesmo benfeitor do Cristianismo, achou-se no
direito de convocar um Concilio em Nicéia, para resolver certos problemas doutrinários
gerados por determinados segmentos da Igreja. Nesse Concilio foi estabelecido o
chamado "Credo dos Apóstolos".
1.2.
CAUSAS DA DECADÊNCIA DA IGREJA
A decadência doutrinária,
moral e espiritual da Igreja começou quando milhares de pessoas foram por ela
batizadas e recebidas como membros, sem terem experimentado uma real conversão
bíblica. Verdadeiros pagãos que eram, introduziram-se no seio da Igreja
trazendo consigo os seus deuses, que, segundo eles, eram o mesmo Deus adorado
pelos cristãos.
Nesse tempo, homens
ambiciosos e sem o temor de Deus co-meçaram a buscar posições na Igreja como
meio de obter influência social e política, ou para gozar dos privilégios e do
sustento que o Estado garantia a tantos quantos fizessem parte do clero. Deste
modo, o formalismo e as crenças pagas iam-se infiltrando na Igreja até o nível
de paganizá-la completamente.
1.3.
RAÍZES DO PAPADO E DA MARIOLATRIA
Desde o ano 200 a.C. até o ano
276 da nossa Era, os imperadores romanos haviam ocupado o posto e o título de
Sumo Pontífice da Ordem Babilônica. Depois que o imperador Graciano se negara a
liderar essa religião não-cristã, Dâmaso, bispo da Igreja Cristã em Roma, foi
nomeado para esse cargo no ano 378. Uniram-se assim numa só pessoa todas as
funções dum sumo sacerdote apóstata e os poderes de um bispo cristão.
Imediatamente depois deste acontecimento,
começou-se a promover a adoração a Maria como a Rainha do Céu e a Mãe de Deus.
Daí procederam todos os absurdos romanistas quanto à humilde pessoa de Maria, a
mãe do Salvador.
Enquanto se desenvolvia a
adoração a Maria, os cultos da Igreja de Roma perdiam cada vez mais os
elementos espirituais e a perfeita compreensão das funções sobrenaturais da
graça de Deus. Formas pagas, como a ênfase sobre o mistério e a magia, influenciaram
essa igreja. O sacerdote, o altar, a missa e as imagens de escultura assumiram
papel de preponderância no culto. A autoridade era centralizada numa igreja
dita infalível e não na vontade de Deus, conforme expressada pela sua Palavra.
1.4.
O CISMA ENTRE O ORIENTE E O OCIDENTE
O cisma entre o Oriente e o
Ocidente logo tornou-se evidente. O rompimento final aconteceu, em 1054, com a
Igreja Ocidental, ou Romana, sediada em Roma, então Capital do Império, por parte
da Igreja Oriental, ou Ortodoxa, que assim separou-se da Igreja Romana, ficando
sediada em Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia. A Igreja Oriental guardou
a primazia sobre os patriarcados de Jerusalém, Antioquia e Alexandria.
Desde então, a Igreja Romana,
nitidamente desviada dos princípios ensinados por Jesus no seu Evangelho,
esteve como um barco à deriva, sem saber onde aportar. Até que veio a Reforma
Protestante, liderada por Martinho Lutero. Foi mais um cisma na já combalida Igreja
Romana.
Fonte:
-
Seitas e Heresias
-
Autor: Raimundo F. de Oliveira
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Editora: CPAD