A teoria da
reencarnação se constitui no cerne de toda a discussão espiritista. Destruída
esta teoria, o espiritismo não poderá subsistir.
Sobre o assunto,
escreveu Allan Kardec: "A reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob
o nome de ressurreição... A reencarnação é a volta da alma, ou espírito, à vida
corporal, mas em outro corpo novamente formado para ele que nada tem de comum
com o antigo" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, pp. 24,25).
1. A
BÍBLIA NEGA A REENCARNAÇÃO
A Bíblia jamais faz
qualquer referência à palavra "reencarnação", tampouco confunde-a com
a palavra "ressurreição". Segundo o dicionário Escolar da Língua
Portuguesa, de Francisco da Silveira Bueno, "reencarnação" é o ato ou
efeito de reencarnar, pluralidade de existências com um só espírito; enquanto a
palavra "ressurreição", no grego, é anástasis e égersis,
ou seja, levantar, erguer, surgir, sair de um local ou de uma situação para
outra.
Leia
também:
No latim,
"ressurreição" é o ato de ressurgir, voltar à vida, reanimar-se.
Biblicamente, entende-se o termo "ressurreição" como o mesmo que
ressurgir dos mortos, e, em linguagem mais popular, união da alma e do espírito
ao corpo, após a morte física.
2.
RESSURREIÇÃO NA BÍBLIA
No decorrer de toda a
narrativa bíblica, são mencionados oito casos de ressurreição, sendo sete de
restauração da vida, isto é, ressurreição para tornar a morrer, e um de
ressurreição no sentido pleno, final — o de Jesus. Este foi diferente, porque
foi ressurreição para nunca mais morrer, não somente pelo fato de Ele ser Jesus,
mas porque, ao ressurgir, tornou-se Ele o primeiro da ressurreição real (1 Co
15.20,23).
A expressão
"ressurreição dentre os mortos", como em Lucas 20.35 e Filipenses
3.11, implica uma ressurreição da qual somente os justos participarão. Os
participantes da verdadeira ressurreição não mais morrerão (Lc 20.36). A
referida expressão e tradução correta do original. A palavra "dentre"
indica que os mortos ímpios continuarão sepultados quando os santos
ressurgirem.
Os sete outros casos
de ressurreição na Bíblia, por ordem, são: o filho da viúva de Serepta (1 Rs
17.19-22); o filho da sunamita (2 Rs 4.32-35); o defunto que foi lançado na cova
de Eliseu (2 Rs 13.21); a filha de Jairo (Mc 5.21-23,35-43); o filho da viúva
de Naim (Lc 7.11-17); Lázaro (Jo 11.1-46); Dorcas (At 9.36-43).
O caso da
ressurreição de Jesus, que, como já dissemos, é diferente, acha-se registrado
em Mateus 28.1-10; Marcos 16.1-8; Lucas 24.1-12; João 20.1-10 e 1 Coríntios
15.4,20-23.
Quanto à ressurreição
propriamente dita, escreve Allan Kardec: "A ressurreição implica a volta
da vida ao corpo já morto — o que a ciência demonstra ser materialmente
impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo foram, depois de muito
tempo, dispersos e absorvidos".
E evidente que esta
teoria de Allan Kardec não pode prevalecer, uma vez que se baseia em conceitos
de homens e não nas Escrituras, que declaram a possibilidade da ressurreição
dos mortos. Não é relevante citarmos aqui os casos de mortos que foram
ressuscitados antes de serem levados à sepultura. Vamos citar apenas dois casos
de mortos que foram levantados dentre os mortos após quatro e três dias de
sepultados: Lázaro e Jesus.
2.1.
LÁZARO
O
testemunho de João capítulo 11 é que Lázaro:
a)
estava morto (vv.14,21,32,37);
b)
estava sepultado já havia quatro dias (vv. 17,39);
c)
já cheirava mal (v.39);
d)
ressuscitou ainda amortalhado (v.44);
e)
ressuscitou com o mesmo corpo e com a mesma aparência que possuía antes de
morrer (v.44).
2.2.
JESUS
O testemunho das
Escrituras quanto à morte e ressurreição de Jesus Cristo, é que:
a) Os soldados romanos testemunharam que Cristo
estava morto (Jo 19.33).
b) José de Arimatéia
e Nicodemos sepultaram-no (Jo 19.38-42).
c) Ele ressuscitou no
primeiro dia da semana (Lc 24.6).
d) Mesmo após
ressuscitado, Ele ainda portava as marcas dos cravos nas mãos, para mostrar que
seu corpo, agora vivo, era o mesmo no qual sofrerá a crucificação, porém, glorificado
(Lc 24.39; Jo 20.27).
3. UMA
TEORIA ABSURDA
Procurando dar
sentido bíblico à absurda teoria da reencarnação, Allan Kardec lança mão do
capítulo 3 de João para dizer que Jesus ensinou sobre a reencarnação.
Os tradutores da obra
de Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, usaram a versão bíblica do
padre Antônio Pereira de Figueiredo como texto base de sua tradução, grifando o
versículo 3 do citado capítulo de João: "Na verdade te digo que não pode
ver o reino de Deus senão aquele que renascer de novo" (ênfase minha),
quando o versículo naquela versão é escrito da seguinte forma: "Na
verdade, na verdade, te digo, que não pode ver o reino de Deus, senão aquele
que nascer de novo" (ênfase minha).
"Renascer"
já significa nascer de novo, enquanto "renascer de novo" constitui-se
numa intolerável redundância, mas não sem propósito por parte do espiritismo,
que por tudo procura provar que a absurda teoria da reencarnação tem fundamento
na Bíblia.
Fonte:
-
Seitas e Heresias
-
Autor: Raimundo F. de Oliveira
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Editora: CPAD