Faleceu
em 10 de março, no Rio de Janeiro, um dos maiores nomes das Assembleias de Deus
no Brasil, o pastor Túlio Barros Ferreira, aos 85 anos, dos quais 66 de
conversão e 64 de ministério. Deixou a esposa Eunice Lobato, netos e oito
filhos.
Túlio
Barros nasceu em Manaus (AM), em 11 de outubro de 1921. Antes de se converter,
era alcoólatra. Ao aceitar Jesus em 1941, foi imediatamente liberto deste
vício. Seus pais, Manoel Moysés Ferreira e Joaquina Barros Ferreira, foram
contra sua conversão no início, até que se renderam depois de testemunharem a
transformação na vida do filho.
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Desde
cedo aplicado ao estudo da Palavra de Deus, em 1943, ele e os jovens pastores
Alcebíades Vasconcelos, José Rodrigues Muniz e Paulo de Oliveira criaram uma
escola em Manaus para preparação de obreiros. Porém, havia outras paixões que
faziam arder o coração de Túlio: a evangelização do país e a obra missionária.
Por isso, em 1943, ele resolveu tomar uma posição radical: abandonou seu curso
de Engenharia Agrônoma e o emprego no Estaleiro de Construção Naval, onde
ganhava bem, trabalhando para a empresa J. A. Lima. Túlio e sua esposa passaram
a viver pela fé. Evangelista aos 22 anos e sem sustento próprio, iniciou suas
atividades evangelísticas em Guajará-Mirim, Rondônia, sendo o pioneiro na
evangelização daquela cidade, que fica na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Em
Guajará-Mirim, passou cerca de um ano. Além das necessidades financeiras,
havia, na época, índios antropófagos na região. Esses índios chegaram a matar e
devorar dois companheiros seus de evangelização durante o período em que esteve
lá. Túlio percorria quilômetros de áreas inóspitas, a trem ou a pé, pregando a
Palavra de Deus, e com cuidado para não ser pego pelos índios. Foi acometido de
várias enfermidades, mas prosseguiu. Como fruto de sua persistência, em menos
de um ano, realizou o primeiro batismo em águas na região, no Rio Albunã.
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Depois
de Guajará-Mirim, foi para o Acre. Foi pioneiro na evangelização da cidade de
Rio Branco. Vencendo o impaludismo e o paratifo, ele construiu o primeiro
templo da Assembleia de Deus em Rio Branco. Com as próprias mãos, construiu os
tijolos e levantou o prédio. Nos anos seguintes, foi para o interior do Estado,
onde levantou templos na cidade de Chapuri e região. Foi nessa época que foi
ordenado pastor, mais precisamente em 15 de janeiro de 1950, na AD em Manaus,
pelo pastor Alcebíades Pereira Vasconcelos. Em seguida, passou quatro anos e
sete meses evangelizando os bolivianos das comunidades ribeirinhas do Rio
Albunã.
Os cultos eram realizados de casa em casa e a igreja começou a crescer. Ali,
criou uma pequena escola de preparação de obreiros, que sempre foi sua
preocupação.
Em
1954, ele recebeu o convite para ir trabalhar na obra do Senhor no Estado do
Rio de Janeiro, onde pastoreou a AD em Cabuçu, distrito da cidade de Itaboraí,
de 1954 a 1957. Deixou a igreja no ano seguinte, para dirigir a CPAD, função
que exerceu de 1958 a 1960. De 1958 a 1959, a convite do pastor Alcebíades
Vaconcelos, que agora liderava a AD em São Cristóvão, também assumiu a
vice-presidência da igreja no Rio.
Em
1959, o pastor Alcebíades entregou a presidência de São Cristóvão ao pastor
Francisco Pereira do Nascimento, então líder da AD em Belém do Pará. Na mesma
época, Alcebíades e Túlio Barros compartilharam com o pastor Francisco que
sentiam-se chamados para serem missionários na Bolívia. Em janeiro de 1960,
atendendo ao chamado divino, os dois seguiram para aquele país. O pastor
Alcebíades voltou ao Brasil pouco tempo depois, mas o pastor Túlio ficou lá
cinco anos, período em que fundou a AD em Cochabamba. Em janeiro de 1965,
retornou ao Rio, deixando na Bolívia uma igreja com 70 membros. Poucos dias
após seu retorno, devido à enfermidade do pastor Francisco Pereira, assumiu a
presidência da AD em São Cristóvão.
Em
sua gestão, inaugurou um novo templo-sede para a AD em São Cristóvão em 1974 e
ainda outro templo-sede nos anos 90. Em março de 1971, fundou a Escola de
Preparação de Obreiros (Epoe), que formou muitos obreiros. Expandiu tremendamente
os trabalhos missionários da igreja. Nos anos 70 e 80, a AD em São Cristóvão
passou a ser conhecida no Brasil como "A igreja que respira missões",
inspirando uma onda missionária nas ADs em toda a nação. Na época, a igreja
enviou missionários para África, América Latina, Europa e Estados Unidos. Em
1993, pastor Túlio Barros fundou o Centro Educacional do Menor para Assistência
e Reintegração (Cemear), em parceria com uma instituição evangélica sueca,
Làkarmissionen.
Nos
últimos anos, por razões pessoais, pastor Túlio desligou-se da CGADB.
O
pastor Túlio presidiu a CGADB quatro vezes: em 1966, 1975, 1977 a 1979, e 1979
a 1981. Presidiu a Ceader e a Confraderj por vários mandatos. Foi também
presidente do Conselho Administrativo da CPAD de 1973 a 1975. Representou as
Assembleias de Deus brasileiras em diversos eventos internacionais como o
Congresso de Evangelismo em Lausanne, em 1974, na Suíça; e as Conferências
Mundiais Pentecostais nos EUA, Inglaterra e Coreia do Sul.
Fonte:
Jornal Mensageiro da Paz – Abril de 2007
Divulgação:
www.sub-ebd.blogspot.com