INTRODUÇÃO
A fundamentação para o Discipulado
perpassa toda Escritura Sagrada, mas encontra-se de forma mais acentuada em
Mateus 28.18-20. "Fazei discípulos" é cirúrgico na Grande Comissão,
enquanto que ir, batizar e ensinar são os caminhos e métodos para fazer
discípulos, denotando que "Discipulado" é um caminho em detrimento a
uma realização. E eis aí uma das problemáticas atuais de nosso sistema que
reduz a fé cristã a uma decisão somente, ao "apelo", no entanto, somos
chamados para sermos e fazermos não apenas convertidos, mas discípulos de
Cristo!
Jesus nos deixou o exemplo
conjugando as reuniões públicas, com uma classe básica de doze pessoas. Jesus
não deixou um plano "b" para a sua igreja. Por conseguinte, quando a
igreja organiza uma classe de Discipulado ela reassume seu formato bíblico pelo
qual Deus a projetou, dando expansão ao magistério de Cristo na terra. Mas há
de se ressaltar que para o seu êxito se faz necessário o comprometimento de
toda a igreja.
I. QUE
TIPO DE RESPONSABILIDADE CABE À IGREJA EM RELAÇÃO À CLASSE DE DISCIPULADO?
Precisamos conscientizar-nos
de que o Discipulado não é um dom, mas sim que todos os dons cabem dentro da
proposta do Discipulado! Pois todos os crentes têm recebido um chamado para
ministrar (1 Pe 2.9). Hodiernamente o que mais temos visto é uma igreja sem
integração dos neófitos, nos caracterizando como uma mãe que dá a luz e
abandona seu filho. Uma evidência disso são os 30 a 40 milhões de filhos espirituais
abandonados, que tem sido estimado como expelidos pela igreja evangélica
brasileira. Nossa atitude precisa ser diferente que a do avestruz - (Jó
39.12-16): v. 12 - Bate alegre a asa: "Botei o ovo" - Faz relatório
do evento...; v. 13 - Gera e deixa o ovo na terra: Desampara os que nascem; v.
15 - Esquece que alguém pode pisá-los; v 16 - Endurece com seus filhos: Não
toma ciência de suas necessidades; Debalde fica seu trabalho, pois muitos
morrem antes de crescer.
Em quê ou onde temos
falhado? Conforme Huber (2010), uma pesquisa feita com crentes que estão fora
da igreja mostrou que 70% deles desviaram porque sentiam que ninguém se
importava com eles. O "amor" é a chave para ganhar, consolidar e
edificar! A dura realidade é que a igreja cresce mais por motivo biológico
(filhos de crentes) e por transferência de denominação e não através da
conversão dos perdidos. Precisamos fechar a porta dos fundos, e deixar de ser
"igreja rodoviária" onde sempre existe um fluxo de pessoas, mas elas
nunca são as mesmas, elas não se relacionam. Por conta disso é que o
relacionamento no mentoriado individual pós-classe se faz indispensável.
O pastor Antonio Gilberto
sabiamente disse: "O povo vai onde é convidado; O povo fica onde é bem
recebido; O povo volta onde é bem tratado".
Em gestão de liderança, os
especialistas costumam dizer que genericamente coexistem três tipos de pessoas
no mundo, e na igreja não tem sido diferente:
1) Aquelas que não se mexem:
em geral 80%, não ouvem, não pensam e não agem;
2) As que são movíveis: 15%
ouvem, pensam mas não agem;
3) As que movem os outros:
5% ouvem, pensam e agem, transformando oportunidades em resultados. Isso fica
evidente quando observamos os dois sistemas básicos de igrejas na atualidade: o
Convencional onde 20% são líderes que mantêm os eventos, os programas e os
cultos para os 80% dos membros.
Já no modelo de Igreja com
Discipulado e Grupos de crescimento são 20% dos seus melhores líderes que
treinam e equipam os outros 80% da igreja para também se tornarem líderes e
atuantes no corpo de Cristo. E esta é uma das razões pelas quais o novo
convertido não tem sido mais incorporado nas fileiras da ED.
I.
QUAL É O NÍVEL DE RELAÇÃO ENTRE O DISCIPULADO E A ED?
A igreja enquanto agência
divina possui cinco funções básicas: adoração, proclamação, comunhão, serviço e
ensino. Entre esses papéis não existe aquele que possua maior ou menor grau de
relevância; todos são preponderantes. Contudo, é exatamente o ensino, por meio
do Discipulado e da ED que são responsáveis por dar qualidade e sustentação aos
demais. Como bem disse Alan Redpath "A conversão de uma alma é o milagre
de um momento, mas a formação de um santo é a tarefa de uma vida inteira".
A ED é o Departamento mais
importante de que dispõe a igreja, sendo a âncora do ensino, do evangelismo, do
treino e da doutrina. E, por conseguinte o Discipulado é uma porta de entrada
para o neoconverso na igreja e na própria ED.
III.
O DISCIPULADO DESPERTA INTERESSE PELA CONTINUIDADE DO ESTUDO DA PALAVRA NA ED?
O ensino bíblico produz
estrutura espiritual à pessoa. Desenvolvendo progressivamente um profundo amor
pela Palavra. Porquanto os "discípulos" não são criados de uma hora
para outra, em isolamento e num vácuo doutrinário. A inexistência de classes de
Discipulado e de uma espiritualidade relacional tem sido a maior causa de
nossas evasões, pois segundo Moore (1983), pesquisas realizadas nos EUA
revelaram que menos de 1% dos membros das igrejas dedicam-se ao Discipulado. E
o que dizer da estatística de Mello (2003), onde ele apresenta uma pesquisa no
universo da Igreja Assembleia de Deus na qual diz que em média só batizamos 10%
dos que ganhamos para Cristo, e que assustadoramente somente 5% irão
efetivamente permanecer na fé no decorrer no tempo.
Alguns
Benefícios de formar uma classe de Discipulado na ED são:
1) Aproveitar melhor o
tempo, reunindo mais pessoas por vez;
2) Oferecer sistema
rotativo, sendo que pode-se ingressar em qualquer momento do ciclo de lições;
3) Não se interrompe as
atividades normais e rotineiras de cada membro e da agenda da igreja;
4) Promover e estreitar a
unidade e a comunhão;
5) Evitar os rodeios
temáticos que desorientam os participantes: isto é, a falta de objetividade,
além da exposição a assuntos polêmicos e controversos que comumente confundem
os novatos;
6) Produzir uniformidade na
interpretação bíblica;
7) Conhecer mais a Deus para
poder servi-lo melhor, desenvolvendo uma fé mais profunda e robusta;
8) Expressar com segurança a
fé, sabendo defender-se das heresias e modismos;
9) Promover instrução
bíblica, produzindo e incentivando um testemunho de uma vida piedosa;
10) Levar o novo crente a
compreender todo o plano de Deus, e a um compromisso sério com Cristo;
11) Produz qualidade e
quantidade para o reino de Deus;
12) Formar potenciais
obreiros e líderes vocacionais, etc.
IV.
O DISCIPULADO É DETERMINANTE PARA OBTERMOS ALUNOS ASSÍDUOS NA ED?
O Discipulado é uma
excelente ferramenta a disposição da igreja, ele é muito mais do que um estudo
bíblico, pois por meio dele teremos pessoas apaixonadas pela Bíblia e alunos
vitalícios na ED que configura o alimento sólido subsequente ao leite
espiritual disponibilizado no Discipulado. Quando ele acontece na classe da
igreja ele já se encontra dentro de um formato de ED, e a experiência tem nos
mostrado que após a conclusão do Discipulado a ligação e migração do novo
convertido para a ED em sua respectiva faixa etária tem sido umbilical.
CONCLUSÃO
O Discipulado não deve ser
minimizado a uma palestra para os candidatos ao batismo em águas, porque
instruir o novo convertido na Palavra é tão importante quanto ganhá-lo para
Cristo, pois a unção levanta uma pessoa e até um ministério, mas só o caráter e
a santidade irão mantê-los em pé. Se acreditarmos no Discipulado, ele não será
apenas mais uma classe, mas uma responsabilidade da igreja e só assim
cumpriremos cabalmente a Grande Comissão não como mais um programa, mas como um
estilo de vida.
Autor:
Adriano Sebben
Fonte:
Rev.Ensinador Cristão, n° 68 - CPAD