“Então foi conduzido Jesus
pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo” (Leia Mateus 4. 1 -11).
Nessa narrativa, dois agentes invisíveis preparam-se para um grande confronto.
Enquanto o Espírito Santo
transporta Jesus ao lugar da tentação, encontra-se já o adversário preparado
para o tentar.
A tentação estava nos
propósitos de Deus. O Senhor muitas vezes permite sejamos tentados para que o
seu nome seja enaltecido, e Satanás, derrotado. Para o nosso próprio bem somos
submetidos à tentação, embora pareça- nos contraditório. Não foi, por acaso, o
que aconteceu a Jó?
I. PODERIA
A SEGUNDA PESSOA DA TRINDADE SER TENTADA?
Como Filho do homem, Jesus
possuía alma passível de tentação e corpo sujeito a fome e canseira. Afinal,
assumira ele a forma humana; revestira-se de carne para enfrentar batalhas, não
para viver de forma contemplativa. Nessa condição, o Senhor Jesus “como nós, em
tudo foi tentado” (Hb 4.15).
A Bíblia afirma que quando
Jesus veio a este mundo, deixou de lado o poder e os privilégios da divindade.
De forma consciente, limitou-se a viver aqui como mero homem. Até mesmo os
milagres que realizou foram atribuídos por ele ao poder do Espírito (Mc 3.22-30).
O esvaziamento descrito por Paulo é um processo progressivo de humilhação.
Jesus
esvaziou-se;
nasceu
em semelhança de homem;
foi
obediente, mesmo quando isso significou a morte;
aceitou
a morte vergonhosa reservada aos criminosos mais vis!
1. POR QUE FOI TENTADO?
Em primeiro lugar, para iniciar
seu ministério com um forte golpe contra Satanás, cujas obras viera destruir (1
Jo 3.8).
Sua missão era finalmente expulsar
o adversário da terra, assim como Deus o expulsara do Céu. Aqui, o Espírito
mostra-se sábio estrategista.
Uma vitória retumbante sobre
o chefe das hostes inimigas, logo de início, desmoralizaria todas as forças do
mal. Tal vitória seria mais que decisiva para o conflito que iria se desenrolar
e cujo final já podemos pressentir. Cada demônio que, naquela época, vivesse a
atormentar a humanidade, ficaria sabendo que o império do mal estava prestes a
desmoronar-se.
Afugentado o maioral dos
demônios, pôs-se Jesus imediatamente a expulsar as castas inferiores das
trevas.
O Senhor Jesus foi ungido
pelo Espírito Santo para exercer um ministério espiritual que acabaria por
quebrar o poder que tem Satanás sobre os homens. Sua obra era “amarrar o homem
valente” e “saquear-lhe a casa” (Mt 12.29). Satanás assustou-se ao ver o seu
reino ameaçado.
Se pudesse, persuadiria
Cristo a transferir seu ministério do plano espiritual para o natural. Era seu
intento induzir o Senhor a substituir o programa espiritual por uma plataforma política.
II.
TENTADO COMO HOMEM
Ao ler a respeito da
tentação de Jesus, em Mateus 4, precisamos ter em mente a ideia da kenosis (Em
teologia, a humilhação de Jesus é chamada kenosis, que significa “esvaziar-se”
. Paulo desenvolve essa doutrina de forma resumida em Filipenses 2).
Jesus, já fisicamente
debilitado após quarenta dias de jejum no deserto, foi tentado por Satanás, mas
não usou a força de sua natureza divina para resistir! A resposta de Jesus à
primeira tentação de Satanás deixa isso muito claro.
“Se és o Filho de Deus”,
desafiou Satanás, “manda que estas pedras se transformem em pães” . Jesus
respondeu com uma citação de Deuteronômio: “Nem só de pão viverá o homem, mas
de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.2-4). Observe o detalhe:
“Nem só de pão viverá o homem!”.
1. TENTADO COMO FILHO DO
HOMEM
Mesmo sendo tratado como
Filho de Deus, Jesus deixou clara sua intenção de viver como ser humano na
terra. Do mesmo modo que você e eu, Jesus estava sujeito à fome, aos impulsos e
às necessidades que pulsam dentro de nós e nos pressionam a pecar, mas ele enfrentou
cada uma das tentações de Satanás.
Rejeitando o privilégio de
sua divindade. Jesus enfrentou as mesmas tentações que enfrentamos.
Graças a esse fantástico
ato de auto-esvaziamento, você e eu podemos nos encher de esperança. Jesus
venceu as tentações — como ser humano! Visto que ele combateu a tentação em sua
natureza humana, você e eu, da mesma maneira, podemos vencê-la.
III.
AS TRÊS TENTAÇÕES
Tanto Mateus quanto Lucas
descrevem as três tentações de Jesus. Mas a ordem difere. Cada escritor relata
a experiência de Jesus procurando destacar o ponto alto do teste conforme sua
perspectiva pessoal.
1. A VISÃO DE LUCAS
Lucas, que descreve Jesus
como ser humano autêntico e vigoroso, entendeu a tentação do pináculo do Templo (a de jogar-se lá do
alto e assim provar que o Pai estava com ele) como o teste culminante.
Todos nós, em determinados
momentos, sentimo-nos abandonados por Deus — quando as coisas não estão dando
certo e começamos a duvidar de sua provisão.
Como o texto citado por
Jesus salienta, o aspecto principal dessa tentação era colocar Deus à prova,
para ver se o “SENHOR está entre nós, ou não” (Êx 17.7).
2. A VISÃO DE MATEUS
Mateus, no entanto,
considerava essa tentação menos importante que a visão de todos os reinos do
mundo, a qual Satanás descortinou diante de Jesus. “Tudo isto te darei” ,
atiçou o tentador, “se te prostrares e me adorares’ (Mt 4.9).
O Homem nascido para ser
Rei viu os reinos que seriam seus. E foi lembrado que poderiam ser seus naquele
momento. Todo o sofrimento seria evitado — toda a angústia, toda a rejeição,
toda a dor da morte em que ele carregaria sozinho os pecados de toda a
humanidade.
E novamente Jesus escolheu:
“ ...está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto” ’ (Mt
4.10). O caminho para o trono significava o cumprimento total da vontade de
Deus. Não havia lugar para atalhos. Não havia outro caminho.
Antes que pudesse reinar,
Jesus precisava aprender pela experiência o significado mais profundo da submissão
à vontade do Pai. A coroa o aguardava, porém só depois da cruz.
Por:
EV. Jair Alves
Myer
Pearlman, Livro: Mateus – o evangelho do Grande Rei, CPAD
Lawrence
Richards, Comentário do Professor, VIDA