Quando Cristo entrou na casa
do dirigente da sinagoga, ele confortou a multidão dizendo que a filha do dirigente
não estava morta, mas dormindo (Lucas 8:52). Em outra ocasião, quando começou
sua viagem para Betânia, ele disse para os discípulos: “Nosso amigo Lázaro
adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo” (João 11:11).
Paulo usou a mesma figura de
linguagem quando ensinou que alguns cristãos poderiam não conhecer a morte, mas
ser arrebatados para se encontrar com Cristo: “Eis que eu lhes digo um
mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados” (1 Coríntios
15:51). Nem todos morrerão, alguns viverão até o retorno de Cristo. Assim,
fala-se da morte como sono reparador.
1) O
sono da Alma é uma falsa doutrina
Como você provavelmente está
ciente, há os que ensinam o “sono da alma”, ou seja, a crença de que ninguém
está consciente na morte porque a alma adormece até a ressurreição do corpo.
Embora essa percepção tenha alguns defensores hábeis, ela sofre com a
dificuldade de ter de reinterpretar muitas passagens claras das Escrituras a
fim de que essa doutrina se ajuste.
2)
Moisés ao morrer não entrou em um estado de inconsciência
Moisés, com certeza, não
“dormiu” até o dia da ressurreição, mas estava plenamente consciente quando apareceu
no monte da transfiguração. Dizer, como fazem alguns, que ele já tinha
ressuscitado é fazer uma suposição que não encontramos na Bíblia. Devemos ficar
satisfeitos com o fato de que ele, embora tenha morrido e sido enterrado por
Deus, não estava inconsciente, mas conseguiu conversar com Cristo.
3) A
história de Estêvão
Quando Estêvão estava
prestes a morrer, ele não pediu para a sepultura o receber, mas disse: “Senhor Jesus,
recebe o meu espírito” (Atos dos Apóstolos 7:59). Fica claro que ele não
aguardava uma existência inconsciente, mas esperava a felicidade imediata do
céu e da comunhão com Cristo.
4) A
história do ladrão
Depois, há a história do
ladrão à morte a quem Cristo disse: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no
paraíso” (Lucas 23:43). Ignorando tanto as regras da gramática como a sintaxe,
os que acreditam no sono da alma dizem que a palavra hoje se refere apenas ao
tempo em que Cristo pronunciou as palavras. Eles interpretam que as palavras de
Cristo dizem: “Eu lhe garanto hoje: você estará comigo no paraíso.” Assim, o argumento
prossegue, o ladrão não iria naquele dia para o paraíso; Cristo apenas fizera
uma promessa para ele naquele dia! O problema é que estudiosos
gregos concordam que esse rearranjo das palavras é “gramaticalmente sem sentido”.
Já estava, antes, óbvio que
Cristo estava falando com o ladrão naquele dia (Será que Cristo poderia ter
falado com ele ontem ou amanhã?). Está claro que Cristo confortava o ladrão ao
lhe dizer que eles ainda se encontrariam no paraíso antes do fim daquele mesmo
dia. Forçar qualquer outro sentido no texto por causa de uma ideia preconcebida
de que a alma adormece é um desserviço ao sentido claro das Escrituras.
5)
Estar com Cristo imediatamente após morrer
Paulo, sem dúvida, esperava
estar com Cristo quando morreu. Ele escreve que tem grande desejo de “partir e
estar com Cristo, o que é muito melhor” (Filipenses 1:23). Paulo não anseia
pela morte para que sua alma descanse; ele anseia pela morte porque sabe que
estará com Cristo, o que é muito melhor. Mais uma vez ele escreve que sua
preferência é “estar ausente do corpo e habitar com o Senhor” (2 Coríntios 5:8).
Não há maneira justa de interpretar isso a não ser entender que ele esperava
estar com Cristo imediatamente após morrer.
Dormir é usado como uma
imagem da morte no Novo Testamento porque o corpo adormece até o dia da ressurreição,
não a alma. Dormir é usado como imagem da morte porque é um modo de
rejuvenescer.
Esperamos dormir quando nos
sentimos exaustos e nosso trabalho está feito. Além disso, não tememos dormir,
pois temos certeza de que despertaremos de manhã; comprovamos milhares de vezes
que a luz do dia virá.
O livro de Apocalipse descreve
os que seguem a besta [anticristo] como quem “não [...] descans[a], dia e noite”
(Apocalipse 14:11); mas os que pertencem ao Senhor: “Felizes os mortos que
morrem no Senhor de agora em diante. [...] Sim, eles descansarão das suas
fadigas, pois as suas obras os seguirão” (Apocalipse 14:13). Os cristãos acham
que sua morte é o feliz descanso do cumprimento de uma promessa. E suas obras
os seguem e nunca ficarão perdidas nos anais da eternidade.
Autor: Erwin Lutzer /
Adaptação por JAS