Obs. Lições Bíblicas – CPAD – 4° trimestre de 2016
TEXTO DO DIA
'[...]
amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma. e de
todas as forças e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os
holocaustos e sacrifícios." (Mc 12.33)
SÍNTESE
Jesus,
em seu ministério, preocupou-se em apresentar o verdadeiro caminho de adoração
ao Pai.
AGENDA DE
LEITURA
SEGUNDA
-Lc 4.8: Adorar só a Deus
TERÇA
- Mt 211: Jesus foi adorado desde o seu nascimento
QUARTA
- Mt 15.9: A falsa adoração
QUINTA
- Jo 12.13: Adoração sem profundidade
SEXTA
- Lc 16.13: Adoração sem mistura
SÁBADO
- Mt 14.33; Adoração como ato de reconhecimento da natureza de Jesus
OBJETIVOS
•
APRESENTAR a adoração como uma ação integral do ser humano.
•
DISCUTIR a respeito do amor ao próximo como um requisito da adoração.
•
PROBLEMATIZAR e contextualizar o conceito de próximo na Igreja contemporânea.
INTERAÇÃO
Que
tipo de preconceito você já enfrentou ou enfrenta caro (a) educador (a)? Por
incrível que possa parecer, faz parte da adoração confrontar as atitudes discriminatórias
e de hostilidade, tão comuns em nossa sociedade contemporânea. Na preparação
desta aula, pesquise e reflita a respeito dos grupos de pessoas que mais sofrem
com o preconceito na região onde você mora.
Compartilhe
suas indagações e impressões com seus educandos (as); leve-os a refletirem
também, a perceberem os preconceitos que carregam, e o quanto estes são
negativos e perigosos para o desenvolvimento de uma fé saudável. Este não deve
ser um momento de reforço das discriminações: de ironias ou piadinhas. Faça
deste instante uma ocasião de confissão, quebrantamento e arrependimento,
individuais e coletivos.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Você
vai precisar dos seguintes materiais: retângulos constando características ou
grupos de pessoas discriminados (a quantidade de retângulos deve ser suficiente
para cada educando ficar com cinco, as características ou grupos podem se
repetir). Sugestão de características ou grupos: ex-presidiários. moradores de
ruas, dependentes químicos, doentes mentais, etc.
Diga aos
alunos que eles serão líderes de um grupo, cada um será responsável por outras
pessoas. Deixe os retângulos voltados para baixo de modo que não possam ver o
que está escrito. À medida que eles forem escolhendo às cegas, perceba as
reações e possível mal-estar. Finalize a dinâmica fazendo um momento de
reflexão, indagando-os como eles sentir-se-iam se o preconceito fossem com
eles; e se aquelas pessoas começassem a visitar a igreja eles aproximar-se-iam
dessas pessoas?
TEXTO BÍBLICO
Lucas 10.25-35
25 E eis que se levantou um certo doutor da lei,
tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
26 E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?
27 E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus
de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de
todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
28 E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
29 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a
Jesus: E quem é o meu próximo?
30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de
Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram,
e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
31 E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo
sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
32 E de igual modo também um levita, chegando àquele
lugar, e, vendo-o, passou de largo.
33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele
e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
34 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes
azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem,
e cuidou dele;
35 E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e
deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu
to pagarei quando voltar.
INTRODUÇÃO
Jesus, através de sua
vida, demonstra que adorar a Deus é muito mais do que cumprir exigências
cerimoniais: louvar ao Criador envolve a totalidade de nosso ser todo nosso
espírito, alma e corpo. Logo, se é tudo o que somos, a adoração está ligada
também com nossos relacionamentos. Deste modo, a maneira pela qual nos
relacionamos com as pessoas denuncia se somos ou não adoradores Partindo da
célebre parábola de Jesus, em Lucas 10, refletiremos nesta lição a respeito do
caráter integral da verdadeira adoração a Deus.
I
- JESUS EXPLICA O QUE É ADORAÇÃO
1. A capciosa pergunta do doutor da lei (Lc 10.25).
Mais uma vez. Jesus
está às voltas com uma pergunta feita por um dos religiosos da época. A questão
suscitada pelo escriba referia-se a problemática da vida eterna e o recebimento
desta Jesus, numa estratégia discursiva típica dos sábios da época, devolve a
pergunta com outras duas: Que está escrito na lei? Como lês?
Apesar de não responder
diretamente, as indagações de Jesus direcionam e restringem as opções que o
doutor tem para apresentar sua tréplica. O acesso a vida eterna estava
intimamente relacionado a duas questões muito sérias: tanto às verdades eternas
já manifestas por Deus e registradas nas Escrituras, como também ao modo pelo
qual as pessoas a interpretavam. É claro que a Bíblia é nosso manual sobre
adoração e louvor, todavia, corremos sérios riscos de negarmos ao Pai. se a
lermos de maneira errónea.
2. “Amarás ao Senhor teu Deus" (v.27).
Imediatamente o
doutor da Lei responde a primeira indagação de Jesus. Cita com perfeição o
texto de Deuteronômio 6.5. Como é possível receber a vida eterna? Amando,
adorando a Deus com tudo aquilo que temos e somos: coração, alma, forças e
entendimento Percebe-se assim que a adoração não está relacionada com aquilo
que recebemos, mas com nossa percepção sobre quem é Deus. Basta que tenhamos um
simples vislumbre da sua pessoa (Êx 33.18-23:2 Co 12.1-10), e será o suficiente
para não desejarmos mais nada, senão apenas um relacionamento intenso e genuíno
com Ele. Adorar é amar ao próprio Deus. e só consegue amá-lo como Ele merece
quem realmente conhece-o. Tudo que há em nós foi divinamente elaborado para
louvar ao Altíssimo, por isso devemos zelar por cada área de nosso ser. Nosso
amor dever ser direcionado à pessoa de Deus e em virtude de quem Ele é.
3. Adorando a Deus por meio do amor ao próximo.
Uma vez que
pouquíssimas pessoas terão o privilégio de ter uma experiência reveladora e
direta com a divindade, como poderemos adorá-lo? A resposta parece explicita no
final da fala do escriba: “[...] e o teu próximo como a ti mesmo" (Lv
19.18).
O amor. que nos
identifica universalmente uns com os outros, é a ferramenta capaz de revelar a
face de Deus à humanidade. Posso ver Deus através de quem está próximo a mim;
por meio daqueles que. assim como eu. são filhos, adoradores e amados do Pai.
Não devo divinizar nenhuma pessoa, isto é idolatria, mas todas ás vezes que eu
concedo àqueles que estão próximos a mim a dignidade inerente a eles (Gn 1.26).
estou amando-os e. per uma inevitável consequência, oferecendo a Deus a
verdadeira adoração que lhe é devida (Jo 15.1-14).
O Pense!
Que chave de leitura
temos utilizado para lera Bíblia? Se compreendermos as Escrituras através do
amor, misericórdia e graça, estaremos mais próximos do Pai.
O Ponto Importante
O amor a Deus
torna-se palpável quando nos dedicamos a construir uma vida digna àqueles que,
em virtude da maldade e pecado, tiveram-na roubada (Mt 25.34-40).
II
- "MAS... E QUEM É MEU PRÓXIMO?"
1. Como o doutor da Lei "lia" o mundo.
O escriba quis
justificar-se (v.20); mas desculpar-se de quê? De, contraditoriamente, afirmar
que amava a Deus sem amar aqueles que estavam ao seu lado. Para aquele homem
era impossível amar determinadas pessoas ou grupos sociais: os publicanos
traidores, os leprosos impuros, as meretrizes promíscuas, os samaritanos
etnicamente rejeitados.
Indagou então o
doutor ‘Quem é meu próximo? O termo grego para ‘próximo" é literalmente
vizinho, metaforicamente, ‘aquele que é o mais intimo’ Ao indagar sobre quem
era seu próximo, arrogantemente o escriba questionava, ‘quem é semelhante a
mim?, postura análoga ã do Fariseu em Lucas 18.11. Para aquele homem, a
religiosidade o fazia superior, e qualitativamente diferente de todas as demais
pessoas; deste modo. amar a quem. senão apenas a si mesmo?
2. Uma parábola como resposta.
A fim de esclarecer o
escriba, mais uma vez. Jesus não oferece uma resposta direta, mas por meio de
uma parábola, denuncia a arrogância daquele homem. A parábola do samaritano, como
é tradicionalmente nomeada esta imagem bíblica, é um dos mais belos textos da
Escritura; lembremo-nos, todavia, que seu objetivo central é responder ao
questionamento: ‘Quem é meu próximo?’
Se levarmos em conta
está questão perceberemos que, dentre os três personagens secundários do
enredo: o sacerdote, o levita e o samaritano, a ajuda ao homem assaltado vem de
quem o escriba jamais se identificaria: o samaritano.
Os samaritanos eram
os descendentes do Reino do Norte que, colonizados pela Assiria, desenvolveram
uma religiosidade mista, considerada impura e espúria pelos judeus. Por isso,
um judeu, particularmente um especialista em conhecimentos da Torá, jamais
consideraria um samaritano digno de amor ou compaixão.
3. O amor supera o ódio.
Diante da cena que
Jesus elabora, o quadro tradicional muda; temos um sacerdote e um levita, não
misericordiosos, cerimonialmente puros, mas cheios de preconceitos. Por outro
lado temos um samaritano, socialmente rejeitado, mas graciosamente acolhedor;
etnicamente odiado, entretanto o único que demonstra amor.
A quem o escriba
comparar-se-ia, aos dois primeiros? Se fizesse isso Jesus demonstraria que não
havia amor a Deus naquele homem. O escriba, num exercício de superação de seus
preconceitos, teve de comparar-se ao samaritano. Por esta parábola Jesus
demonstra que o próximo, o intimo, é todo aquele que é carente de amor, assim
como é aquele que desinteressadamente ama.
Pense!
A
fé que desenvolvemos a partir de nosso encontro com Jesus tem nos tomado
pessoas mais amorosas, misericordiosas, capazes de superar os preconceitos que
a sociedade constituiu sobre nós?
O Ponto
Importante
Os
judeus e os samaritanos são um exemplo típico do mal qte as divergências
culturais podem causar.
III
– SALVAÇÃO, AMOR E ADORAÇÃO
1. O desenvolvimento de uma adoração plena.
O culto não pode ser
nosso único momento de adoração. Não é saudável que reduzamos nossa adoração
apenas a louvores, pregações, orações e contribuições Devemos adorar com tudo o
que somos, em todo o tempo (Sl 32.6; Ef 6.18), com tudo o que temos (At 20.35;
Cl 3.22-25). Sempre conscientes de que é fraudulenta a adoração do coração
daquele que afirma amar a Deus, mas tem algo contra seu irmão (Mt 5.23.24).
2. Igreja, acolhimento e adoração.
Que tipo de pessoas a
espiritualidade que praticamos tem desenvolvido? Indivíduos insensíveis à dor
do outro, que em nome de rituais e tradições observam de maneira Inerte
multidões morrendo á mingua sob o domínio do pecado, sem sequer estender a mão.
Ou nossa fé, que é simultaneamente resultado e causa de nossa adoração (Hb
11.1), tem cotidianamente transformado nosso ser, quebrando nossa arrogância e
exaltação (Pv 8.13), levando-nos a perceber àquele que está a nossa volta não
apenas como um outro (Gr heteros),
distante e diferente, mas como o próximo (Gr. ptesion), íntimo, amigo mais chegado que irmão (Pv 18.24).
3. Nós e os samaritanos.
Quem são os
samaritanos de nossa sociedade? Nossa fé não é excludente. o Reino de Deus é
inclusivo (Mt 9.10-13). O evangelho do Senhor Jesus é a boa-nova de Deus para a
humanidade. Ele é convidativo, acolhedor. Assim como Jesus, não tenhamos medo
de aproximarmo-nos das pessoas que necessitam de Deus (Fp 2.6-9; Hb 2.11).
O
Pense!
Como
estão seus relacionamentos, dentro e fora da Igreja?
O Ponto Importante
A
Igreja precisa ser o lugar daqueles que estão em processo de cura. através da
adoração e do amor
SUBSÍDIO
Questões que exigem atenção
1. Esta história
pertence, originalmente, ao contexto do diálogo de Jesus e o doutor da Lei a
respeito do caminho para a vida eterna e do mandamento para amar? A omissão
dessa história nos outros Evangelhos (mesmo que eles apresentem debates
semelhantes acerca do mandamento de amar) e a disparidade entre a pergunta do
doutor da Lei ( Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que
caiu nas mãos dos salteadores?) levou muitos a separarem a parábola (vv. 30-35
ou 36) do seu contexto.
2. Que relevância
outras passagens sobre o mandamento para amar. especialmente a conversa com o
escriba em Mateus 22.34-40; Marcos 12.28-34 (que é omitida por Lucas) tem para
a compreensão desta parábola?
3. Será que estamos
diante de uma 'história-exemplo', ou, melhor, diante de uma parábola indireta
simples, ou de uma parábola indireta dupla e. no caso da última opção, qual é o
exemplo metafórico?
4 Existe alguma
armadilha na pergunta feita pelo doutor a respeito da vida eterna (v.25)? Não
estaria o fariseu meramente testando o conhecimento de Jesus para determinar a
sua competência tentando apanhá-lo em uma armadilha? (SNODGRASS. K
Compreendendo todas as Parábolas de Jesus. 1 ed Rio de Janeiro; CPAD. 2010. p
477)
CONCLUSÃO
O tipo de vida que
Deus deseja que desenvolvamos está intimamente ligada à vivência do louvor e da
adoração; por isso vai muito além da mera observação de tradições ou
ordenamentos humanos. Adorar ao Pai significa amá-lo, e tal experiência somente
é possível quando nos permitimos amar e ser amados pelas pessoas que estão à
nossa volta. Viva o melhor de Deus para você: adore, Ame e perdoe.
HORA
DA REVISÃO
1. Quais aspectos
da fé estão relacionados nosso acesso ao Reino segundo Jesus em Lucas 10?
As verdades eternas
já manifestas por Deus e registradas nas Escrituras, como também ao modo pelo
qual as pessoas interpretavam a mesma.
2. Por que é impossível adorar a Deus sem amar
o meu próximo?
Porque o amor ao
próximo é um mandamento gémeo ao amor a Deus. e por consequência à adoração.
3. Por que
havia todo esse distanciamento entre judeus e samaritanos?
Porque historicamente
eles eram descendentes do Reino do Norte que se misturaram cultural e
espiritualmente com os assírios.
4. Quem
são, na atualidade, os ‘samaritanos’ dos quais precisamos nos aproximar? Resposta Pessoal.
(Sugestão: moradores de rua, miseráveis, ex-presidiários)
5. Que
ações a Igreja precisa tomar para vivenciar a plena adoração que Jesus tem
preparado para ela?
Através de ações de
acolhimento e respeito às diferenças
Fonte: Lições Bíblicas de Jovens, 4° trimestre de 2016
Editora: CPAD