TEXTO
DO DIA
"Pela
fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou
testemunho de que era justo [...]." (Hb 11.4)
SÍNTESE
A
adoração a Deus conduz-nos a uma vida de maior intimidade com o Senhor. Mas,
neste percurso, muitas vezes nos deparamos com um perigoso obstáculo, nosso
coração mau e teimoso.
AGENDA DE LEITURA
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SEGUNDA - Gn 4.2
Abel e Caim, duas
trajetórias
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QUINTA - Gn
4.16
Por seu pecado, Caim não
pôde permanecer na presença de Deus
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TERÇA - 1 Jo
3.12
Caim, homem de
comportamento maligno
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SEXTA - Jd 11
Caim, paradigma daqueles
que entraram pelo caminho mal
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QUARTA - Mt
23.35
Abel, um homem justo
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SÁBADO - Hb
12.24
O sangue de Jesus para a
obra da salvação
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OBJETIVOS
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DISCUTIR os principais aspectos do relato bíblico
sobre Abel e Caim.
RELACIONAR os conflitos vivenciados por Caim com as
crises que enfrentam aqueles que não têm um coração puro diante de Deus.
DEMONSTRAR que
as crises que vivenciamos na Igreja estão diretamente ligadas aos nossos
relacionamentos com as outras pessoas, nunca com Deus.
Leia também:
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INTERAÇÃO A vida em
comunidade é um enorme desafio; são pessoas diferentes, com visões e
percepções diversas, unidos por um elemento em comum, no nosso caso, a fé.
Pressupõe-se que a Igreja seja um ambiente de construção de relacionamentos
sadios, abençoadores e fundamentados em Deus. Mas na verdade, como bem
sabemos, nem sempre é assim. A narrativa acerca de Abel e Caim ilustra de
maneira primorosa como nossa convivência com outras pessoas pode ser
conturbada e traumática. Eram irmãos, orientados a desenvolverem uma
espiritualidade viva, todavia, foi exatamente no espaço religioso que o
conflito tomou corpo: inveja, insegurança, rancor e raiva encheram o coração
de um dos irmãos, enquanto o outro experimentava gratidão, acolhimento,
aceitação e paz
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ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
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"Inveja",
esta parece ser uma das palavras-chave de nossa lição hoje. Desafie seus
educandos a montarem um quadro identificando os comportamentos que podem ser
definidos como práticas que tem seu fundamento na inveja. Lembre-se, este
deve ser um momento construtivo na aula, não de "lavagem de roupa
suja" ou de exposição da vida de uma pessoa específica, antes,
instigue-os a partirem da própria experiência pessoal, de seus sentimentos
particulares.
Demonstre
aos seus educandos que não existe "inveja positiva" e que a raiz de
tal sentimento sempre é a vontade de destruição do outro. Se possível, ao
final deste momento, realize uma oração, clamando ao Pai por cura e
restauração aos corações feridos e machucados pela inveja.
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TEXTO BÍBLICO
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GÊNESIS 4.1-8
1. E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela
concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um varão.
2. E teve mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor
de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
3. E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do
fruto da terra uma oferta ao SENHOR.
4. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas
ovelhas e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.
5. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E
irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.
6. E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por
que descaiu o teu semblante?
7. Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E,
se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e
sobre ele dominarás.
8. E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que,
estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel e o matou.
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INTRODUÇÃO
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Na aula de hoje, vamos
analisar um dos mais trágicos textos da Bíblia Sagrada: o fratricídio de Abel
por Caim. Dentre as várias maneiras de se estudar este denso relato bíblico,
o elemento do culto não pode ser desconsiderado em nenhuma delas. O fio condutor
que interliga toda história de Abel e Caim é a adoração. Como compreender que
o contexto da adoração a Deus pode fazer tanto bem a alguns e deixar outros
tão mal? É sobre isso que pensaremos hoje.
I. ENTRE SACRIFÍCIOS E ASSASSINATOS: OS PRIMEIROS
ANOS DEPOIS DA QUEDA
1.
A vida além do jardim de
Deus
Os primeiros versículos
do quarto capítulo do Gênesis concentram-se na apresentação das histórias de
Caim, em hebraico eth -"com ajuda de..." e Abel, hébel, que
significa "vaidade", "efêmero".
Apesar das dores
prometidas, da maldição sobre a terra e do esforço redobrado para a
subsistência (Gn 3.16-19), Deus não
havia abandonado seus filhos como bem reconhece Eva, pois era "com ajuda
do Senhor" que a vida continuava após a Queda. Conta-nos o texto que
Caim foi lavrador, enquanto Abel pastor de ovelhas. As diferenças entre os
filhos de Eva não se limitavam apenas a suas profissões; ambos eram muito
diferentes quanto ao caráter (1 Jo 3.12).
2. A adoração presente
após a Queda.
De maneira absolutamente
sucinta a Bíblia relata o acontecimento em Gênesis
4.3-5. Esta é uma típica cena do Antigo Testamento: no fim de um
ciclo produtivo, as pessoas desejavam agradecer a Deus pelo bom resultado de
seus trabalhos, e apresentavam-se diante do Altíssimo para oferecerem-lhe
sacrifícios. Abel, criador de animais, traz o melhor de suas ovelhas. Caim,
agricultor, oferece o fruto dos seus campos. Tudo ficaria dentro da
normalidade se o escritor do Gênesis não destacasse a intrigante nota: "[...]
e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua
oferta não atentou [...]" (v.4,5).
Aqui está um detalhe
relevante para nossas discussões a respeito do louvor e adoração que levanta
vários questionamentos: Deus não recebe todo tipo de adoração? Como devo
louvar para que minha adoração seja aceita? Neste caso a rejeição e a
aprovação estão relacionadas aos elementos ofertados ou à vida das pessoas
que ofertam?
3. A oferta que revela
os corações.
Há várias hipóteses que
procuram explicar a relação "aceitação-Abel x rejeição-Caim" neste
texto. Abel apresentou suas primícias, enquanto Caim trouxe uma parte
qualquer de sua produção. O problema se concentraria na importância que cada
um deu àquilo que ofertou, o que revelaria o quanto o ato de ofertar seria
significativo ou não. Seguindo outra análise, Abel já era um homem justo (Hb 11.4), Caim já era uma pessoa "do
maligno" e de más obras (Jd 11),
a aceitação-rejeição dos sacrifícios é uma imagem de louvor e denúncia dos
comportamentos de ambos. Associar estes acontecimentos exclusivamente à
natureza dos elementos ofertados - gordura e sangue de um lado, vegetais do
outro - é muito precipitado. Nem a melhor oferta trazida por alguém consegue
esconder seu coração diante de Deus.
II. QUANDO O MOMENTO DE LOUVOR TORNA-SE MOMENTO DE DOR
1. Caim não aceitou a
verdade.
O texto não deixa claro
de que modo Caim percebeu a rejeição de Deus para sua oferta. Se foi uma
conversa pessoal ou um sinal que repercutiu em seu trabalho no campo, isso
não nos é revelado. O fato é que diante da terrível constatação: "O
Senhor não recebeu minha adoração!", Caim agravou a situação - irou-se,
expôs publicamente sua revolta, mas em momento algum procurou a Deus. Quando
estamos diante de Deus, não há máscaras, personagens, mentiras, revelamo-nos
em nossa inteireza. Caim não gostou do que viu. Diante da bondade de Deus, o
coração mau do filho de Adão veio à tona, e isto entristeceu-lhe. O que Caim
deveria ter feito? Deveria ter se humilhando e pedido ajuda do Pai.
2. A adoração como
momento de cura e restauração.
Quantas pessoas têm o
privilégio de serem tão abertamente esclarecidas pela palavra divina como
Caim? O ato de Deus para com o filho de Eva não era punição, mas orientação.
Tanto que o Senhor preocupa-se em esclarecê-lo e conscientizá-lo sobre os
riscos que ele corria se não mudasse de postura (v.6,7).
Reconhecer nossos erros não é nada fácil, é custoso, muitas vezes doloroso,
mas como nos demonstra o caso de Caim, absolutamente necessário. Por não
escutar a voz do Senhor, as consequências para Caim foram desastrosas (v.11,12).
Caim não estava "predestinado" a matar Abel, pois o Senhor
declarou-lhe o caminho de restauração. É diante de Deus, em adoração, que
curamos nossas feridas e recebemos alento e ajuda do céu (2 Co 12.7-10).
3. O que acontece quando
não levamos a adoração a sério.
Caim não escutou as
advertências de Deus. Isto parece ser mais uma prova de seu caráter duvidoso,
de sua adoração mecânica e ritualística, que tinha como fim cumprir uma
obrigação e não apresentar gratidão.
A revelação do Senhor
para Caim foi sem arrodeios (v.7).
Ele, todavia, não temeu ao Senhor e covardemente assassinou seu irmão. Se
continuarmos a leitura do texto, perceberemos que, cinicamente, Caim nega o
fratricídio, e demonstra absoluta frieza ao declarar que nada tem a ver com
seu irmão e que não é seu "guardador". Quando não consideramos o
louvor como algo digno de honra entre nós, nosso coração enche-se de terrível
maldade (Is 46.12; Ez 2.1-5). Talvez o pior de tudo isso é
quando a maldade extrapola nossos corações e fere quem está perto nós.
III. DEUS NÃO FICA INERTE DIANTE DA INJUSTIÇA
1. A dor do justo (v.8).
Esse é o primeiro
registro nas Sagradas Escrituras da complexa questão: Por que sofre o justo?
Esta indagação percorrerá toda a Bíblia, em inúmeros episódios. Como entender
que a malignidade de Caim teve poder para realizar tão brutal ato? Mais
ainda, como explicar a morte daquele que agradava ao Pai, sem que este
interviesse na história? Estas são questões intrincadas com as quais somos
desafiados a tratar diariamente, em nossas cidades, igrejas e famílias. Diante
das múltiplas variáveis para responder os porquês, ao menos uma verdade
emerge: Deus não fica inerte diante da injustiça.
Os "Cains"
nunca ficarão impunes! (v. 11-16)
Quanto aos "Abéis", nenhuma morte pode enterrar suas bondades e
atos de justiça os quais brilharão e servirão de inspiração às novas
gerações. Talvez, "Porque o justo sofre?" seja uma pergunta
demasiadamente complexa para respondermos, consolemo-nos com uma certeza: o
justo nunca será desamparado, nem sua família (Sl
37.25).
2. Conflitos e dores nos
espaços de adoração.
Nem sempre teremos no
ambiente de adoração somente pessoas como Abel, desejosas de oferecer a Deus
suas vidas e dons. Entretanto, como Abel, devemos focar nossa vida e adoração
para o serviço a Deus. E devemos nos lembrar de que o Senhor conhece aqueles
que realmente estão adorando no culto. O amor de Deus é capaz de nos
direcionar nos momentos de adoração dentro e fora da congregação. E os que
são maus, como Caim, não terão guarida onde os santos vivem (Sl 1.5).
3. Quem feriu quem?
Uma última verdade que
necessitamos explicitar, acerca de Abel e de sua morte pelas mãos de Caim é a
seguinte: Deus não foi o responsável pelo que aconteceu! Há pessoas que,
quando sofrem, reputam seu sofrimento a Deus. Ocorre que em um mesmo lugar de
adoração podemos ter pessoas com o sentimento de Abel e o sentimento de Caim,
mas isso não deve ser motivo para desistir da vida em comunidade. Por isso,
não há motivos para abandonar sua comunhão com o Pai. O Senhor nos ama
infinitamente (Ef 3.18,19). Se pessoas te decepcionaram, Deus nunca
nos desapontará (Sl 94.14).
CONCLUSÃO
Partindo do olhar
construído durante toda esta lição, podemos afirmar que há dois tipos de
pessoas que se apresentam diante do Pai em adoração: Aquelas que reconhecem a
soberania dEle, e por isso são capazes de darem o melhor de si; e as outras
que não podem dar a Deus o melhor de si porque estão envoltos em maldade e
inveja. Para estes há punição, para aqueles Deus destina amor, paz e
redenção.
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HORA DA REVISÃO
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1. Se
Deus expulsou Adão e Eva do seu jardim, por que continuou ainda aceitando a
adoração destes?
Porque a disciplina pelo pecado do primeiro casal era fruto do amor e cuidado de Deus, não era um sinal de abandono e rejeição.
2. Dentre
as várias possibilidades possíveis, apresente uma explicação para o fato de
Deus ter aceitado o sacrifício de Abel e rejeitado o de Caim.
Resposta Pessoal. SUGESTÃO:
As
obras e o caráter de Abel eram boas, enquanto que a vida e coração de Caim
denunciavam sua maldade.
3. Você
concorda com a afirmação: "Quando estamos em adoração diante de Deus,
todas as máscaras caem"? Justifique sua resposta.
Resposta Pessoal. Sugestão: Sim, pois diante de Deus, aquEle que habita na imarcescível luz, tudo o que somos manifesta-se.
4. Esclareça
o que acontece quando não consideramos a adoração a Deus como algo
importante.
Nosso coração enche-se de terrível maldade. Talvez o pior de tudo isso é quando a maldade extrapola nossos corações e fere o que está perto de nós.
5. O
que você diria a alguém que, como Abel, foi ferido e machucado por prestar
uma adoração sincera a Deus?
Nunca abandone sua comunhão com o Pai. O Senhor nos ama infinitamente. Se pessoas lhe decepcionaram, Deus nunca nos desapontará. |