INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos
a respeito da íntima relação entre obediência e adoração. Veremos que todo
ato de obediência a Deus pode naturalmente ser considerado uma ação que louva
ao Senhor. Deste modo, rompemos com o conceito errôneo de que apenas atitudes
cerimoniais ou litúrgicas associam-se à adoração.
Perceberemos que é
possível louvar ao Rei do universo por meio de nossa vida cotidiana. Partindo
do exemplo do povo de Israel no período dos Juízes, seremos conduzidos à
compreensão de que a obediência não pode ser meramente formal, da boca para
fora, pois é possível desobedecer a Deus fazendo aquilo que aparentemente é a
coisa certa. A verdadeira obediência, assim como o genuíno louvor, é
produzida dentro de nós.
I- UM POVO QUE DESAPRENDEU A OBEDECER E A ADORAR
1. O caráter integral da
vida.
É conhecida a história
da decadência de Israel na época dos juízes, um momento em que cada um fazia
o que achava ser certo. Aquele povo recém-acomodado no novo território não
teve fundamento suficiente para permanecer nos princípios ensinados por Josué
(Jz 2.10). A história do povo de Deus neste contexto histórico nos
deixa valiosos ensinamentos. Um deles, talvez o mais importante, é a
necessidade de compreensão da vida como um emaranhado de fatos, decisões e
emoções. Tudo em nossa existência está interligado. Quem imagina que há uma
divisão entre a instância espiritual e a física desconhece que somos pessoas
integrais. O que faço no corpo tem implicações espirituais. Se nossa
espiritualidade não vai bem, isto é um sinal que tudo em nós - ainda que
aparentemente harmônico - está à beira do colapso.
2. Quando a exceção
torna-se regra.
Que o amor de Deus e sua
paciência são incomensuráveis isso é verdade. Entretanto, o povo de
Israel tornou o erro, a queda e o pecado em uma rotina em seu arraial (Jz
2.19). O Senhor é poderoso para perdoar, mas nestes ciclos de santidade e
promiscuidade, muitos israelitas se perderam, morreram pelas mãos de
opressores impiedosos. A pior consequência dessa desestruturação espiritual
foi afastamento do temor do Senhor (Jz 3.7).
As sucessivas quedas não
eram fruto de "acidentes", e sim de uma opção baseada na
falta de comunhão com Deus. O povo passou a desenvolver um relacionamento
idolátrico com Deus. Ele era o Deus verdadeiro, mas eles não lhe prestavam um
louvor autêntico. Jeová era o amuleto a quem em tempos de crise eles clamavam
e esperavam o resultado. Sem dúvida alguma, aquele povo desaprendeu a adorar.
3. Consequências para
Israel.
Os efeitos dessa
irreverência deliberada da parte do povo de Israel foram trágicos. Vejamos:
Primeiro eles foram gradativamente perdendo a fonte da misericórdia para suas
vidas (2.20); a ação sobrenatural de Deus ajudando Israel a vencer as
guerras por várias vezes cessou (2.21); e aqueles povos que deveriam
ser vencidos tornaram-se seus opressores (3.1-8); o povo de Deus
sofreu saques e pilhagens (6.3-6).
Eles escolheram um
caminho de dor, e por isso este foi o principal cenário no qual Deus os
ensinou. A fonte da dor e do mal que os israelitas viveram neste período foi
resultado das escolhas tortuosas (21.25). Mas a despeito destas, o
Senhor ainda foi capaz de revelar seu amor e misericórdia. Israel
experimentou a amargura de perceber-se longe do Senhor, não por que Ele
simplesmente os abandonou, mas em virtude da infidelidade espiritual do povo
que os conduziu a um sistemático afastamento de Deus (Jz 2.19; 3.7; 8.33; 10.13).
Pense
Deus não foi somente abandonado pelos israelitas. Eles entregaram
aos falsos deuses aquilo que pertencia ao Senhor. Você ainda amaria essas
pessoas?
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Ponto
Importante
Deus nunca foi desleal para com o seu povo. O Senhor jamais mudou em
sua disposição de abençoar e acolher Israel. Todavia, eles repetidas vezes,
trocaram a segurança do amor do Altíssimo pelos encantos de Baal e
Astarote.
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II - QUANDO ADORAR E OBEDECER SÃO SINÔNIMOS
1.Não é possível adorar
sem obedecer.
A trajetória de Israel,
especialmente no período dos Juízes, é uma prova irrefutável de que é
impossível declarar-se adorador do Pai, e ao mesmo tempo, ser surdo e desleal
às suas ordenanças (Is 43.8).Louvar a Deus implica relacionar-se com
Ele. Quem tem comunhão com o Altíssimo sabe que Ele é o Senhor e nós seus
servos. Quando obedecemos a Deus estamos louvando-o e quando o
desobedecemos estamos em pecado (Pv 28.5; Rm 5.19). Se não
gosto de ouvir e não quero obedecer a Deus, como o adorarei? Por isso, muitos
estão apenas fingindo, conforme denunciou Isaías e ratificou Jesus (Is
29.13; Mt 15.8). Amar a lei de Deus é parte fundamental do
louvor que agrada ao Senhor (Sl 119.163).
2. É possível louvar ao
Senhor desobedecendo sua Palavra?
Esta resposta precisa
ser categórica: NÃO! A Bíblia cita vários casos onde as pessoas agiram sob o
pretexto de adorar ao Criador, mas o resultado foi desastroso, pois as ações
que tomaram confrontavam diretamente a vontade de Deus. Saul poupou
excelentes animais para serem sacrificados ao Senhor, contudo, foi rejeitado
como rei daquele momento em diante, pois a ordem dada por Deus havia sido
outra (1 Sm 15.1-3;24-28). Uma multidão resolveu seguir a
Jesus, deslocando-se e desejando estar perto dEle; tais pessoas estavam
agradando a Deus? Não, pois seu interesse não era por salvação, e sim, por
alimento fácil (Jo 6.22-26). Davi teve uma excelente ideia: construir
uma casa para adoração ao Eterno, algo extremamente louvável, e a princípio
foi até incentivado pelo profeta (2 Sm 7.3). Contudo, esta não era a
vontade de Deus para a vida dele, pois se ele fizesse aquela construção não
agradaria a Deus (1 Cr 22.7,8).
3. Como posso obedecer
se não sei o que o Senhor quer?
Esse é um velho
argumento que algumas pessoas procuram utilizar para isentarem-se de suas
responsabilidades diante de Deus. Supor-se ignorantes não nos dá autorização
para sairmos pecando e desagradando a Deus. A vontade do Mestre está expressa
em sua Palavra, tudo o que fazemos e que contradiga a Bíblia é desobediência.
Não há como escondermo-nos por trás da máscara da ignorância, nossa
responsabilidade é conhecer o plano de Deus declarado nas Escrituras (Sl
40.8; 143.10;Cl 1.9). Se aquilo que você vive é uma
questão absolutamente específica do mundo contemporâneo, mesmo assim os
preceitos eternos de Deus continuam valendo (Sl 119.44). Não se
esqueça: A Bíblia traz os princípios de Deus para nossas vidas!
Pense
Declarar que a Bíblia é um livro de princípios e não de regras
significa dizer que os valores que ela defende são imprescindíveis,
universais e eternos.
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Ponto
Importante
Você
conhece suficientemente a Bíblia para compreender a vontade de Deus para
sua vida?
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III - ADORANDO A DEUS
NO DIA A DIA
1. Superando a
dicotomia: vida secular X vida espiritual.
Dicotomia é a palavra
que usamos para expressar a ideia de uma separação radical. Para muitas
pessoas aquilo que fazemos no cotidiano (trabalhar, estudar,
responsabilidades domésticas, relacionamentos familiares e com amigos) não
possui qualquer relação com nossa vida espiritual, a qual seria exercida
exclusivamente nos momentos em que nos dedicamos a atividades religiosas (ler
a Bíblia, orar, ir ao culto etc.). Isto é um perigoso engano. Não há divisões
em nossa vida, tudo o que fazemos deve ser dedicado ao Senhor, em todo o
momento e em todo lugar (1 Pe 1.15).
2. Adorando a Deus na
obediência diária.
Entendendo que tudo em
nossa vida é do Pai, compreendemos também que devemos louvá-lo em nossas atividades
diárias. Por isso, aquele que lidera uma equipe no trabalho, deve agir com
justiça e equidade (Cl 4.1), sem ameaças sabendo que o Senhor de tudo
está no céu (Ef 6.9). O cristão que exerce um cargo de chefia com
opressão e desrespeito está pecando contra Deus. Já o crente que é empregado
em um estabelecimento deve saber que quando trabalha com seriedade e
produtividade, faz de sua profissão seu sacerdócio (Ef 6.5-8; Cl
3.23,24; Tt 2.9,10).
3. Fazendo da vida um
altar de adoração.
As verdades que aprendemos
nesta lição devem nos inspirar a ter responsabilidades em nossas escolhas.
Devemos sempre pensar: As pessoas com que me relaciono são inspiradas a ter
uma vida com Deus a partir de meu testemunho? Sou reconhecido como um
profissional de referência, um estudante dedicado ou constantemente escuto
críticas negativas a meu respeito? Afasto as pessoas de Deus com minha falta
de obediência à vontade do Pai? Que nossa vida, hoje e sempre, seja um altar
vivo de adoração (Sl 34.18).
Pense
Ao aplicar-se com amor a suas atividades você despertará nas pessoas
o desejo de saber porque você é tão feliz e dedicado em tudo o que faz;
nessas oportunidades, declare com alegria: Não sou eu, é Cristo em mim!
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Ponto
Importante
Algumas pessoas fazem de sua existência um emaranhado de
subdivisões: vida profissional, acadêmica, amorosa, espiritual, familiar,
etc. Você não possui várias "vidas" separadas entre si.
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SUBSÍDIO 1
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Quando Deus criou os
dois primeiros seres humanos, Adão e Eva, estabeleceu um limite moral: 'E ordenou o
Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás
livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás;
porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás' (Gn 2.16,17).
Adão e Eva eram livres para acreditar em Deus e
obedecer a sua lei, ou desobedecê-lo e sofrerem as consequências. Essa
mesma escolha confronta cada pessoa no decorrer da história. Obediência a
Deus não é uma questão de seguir regras arbitrariamente impostas por um
mestre severo. Mas um meio de entrar na vida real, uma vida cheia de
significado e propósito: 'Vês aqui, hoje te tenho proposto a vida e o bem,
e a morte e o mal... escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua
semente' (Dt 30.15-19). A obediência também não é apenas sobre ações
externas. Mas uma reação interna a Deus como um ser pessoal; é a escolha de
conhecer e amar (Dt 6.5). No âmago dos mandamentos de Deus não está
um conjunto de princípios ou uma lista de expectativas, mas a essência de
um relacionamento. Somos feitos para amar a Deus com todo o nosso ser"
(COLSON, Charles & PEARCEY, Nancy. E Agora Como Viveremos? 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2000. pp.235, 236).
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SUBSÍDIO 2
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"Quando chegamos no Novo Testamento, a primeira coisa
que notamos é que todo o povo de Deus é dotado e chamado para fazer várias
obras pelo Espírito de Deus (veja Atos 2.17; 1
Coríntios 12.7), e não apenas as pessoas especiais como os artesãos do
Templo, reis ou profetas. Todo o trabalho humano, quer seja complicado ou
simples, é possibilitado pela operação do Espírito de Deus na pessoa que
trabalha. Como poderia ser diferente? Se a vida inteira do cristão é por
definição uma vida no Espírito, então o trabalho não pode ser exceção, quer
seja trabalho religioso ou trabalho secular, trabalho 'espiritual' ou
trabalho mundano. Em outras palavras, trabalhar no Espírito é uma dimensão
do andar cristão no Espírito (veja Rm 8.4; Gl 5.16-25).
Deus
deseja que todos os cristãos utilizem pelo trabalho que fazem os vários
dons que Ele lhes deu. Deus chama os indivíduos para entrar no seu Reino e
viver uma vida de acordo com as suas demandas. Quando eles respondem, Deus
os capacita a dar o fruto do Espírito e os dota cada um com os múltiplos
dons do Espírito. Na qualidade de pessoas dotadas pelo Espírito e guiadas
pelas demandas do amor, os cristãos devem fazer seu trabalho na obra de
Deus e da humanidade" (PALMER, Michael D. (Ed.). Panorama
do Pensamento Cristão. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001. p. 228).
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CONCLUSÃO
Como vimos, adoração e
obediência não podem ser separadas uma da outra. Somente quem possui um
coração de servo, disposto a obedecer em todas as instâncias de sua vida, é
capaz de adorar a Deus com excelência.
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