Arguia von Stauffen Grumbach
é um dos grandes nomes femininos da história da Reforma Protestante, embora
tantas vezes esquecido. Nascida em 1492, Arguia fazia parte da nobreza da
Bavária e era de uma família muito religiosa. Ela ganhou seu primeiro exemplar
da Bíblia aos 10 anos de idade, chegando a decorar várias passagens ainda na
infância. Aos 16 anos, se tornou dama de companhia da rainha Kunigunde, filha
do imperador Frederico III. Nessa época, Arguia começou a estudar com mais
afinco ainda a Bíblia, uma vez que a própria rainha era apaixonada por política
e religião.
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Os pais de Arguia morreram
devido a uma peste, quando ela tinha apenas 17 anos. Seu tio Hieronymus, irmão
de seu pai, passou a ser, então, seu guardião. Porém, quando a moça estava com
24 anos, ele, que era uma figura importante na corte, acabou caindo em desgraça
e sendo executado devido a um escândalo político.
Arguia ficou arrasada, mas
foi consolada no mesmo ano com o casamento com Friedrich von Grumbach.
A única criança a sobreviver
após a morte dos pais foi Gottfried. Todos os quatro receberam de sua mãe
educação protestante.
Arguia começou a chamar a
atenção em toda Alemanha quando aderiu fervorosamente ao protestantismo em
1520, isto é, ainda no início da Reforma na Alemanha. Seu marido Friedrich não
aderiu ao protestantismo, mas sofreu forte pressão política para colocar sua
esposa "na linha". Entretanto, o casamento resistiu.
A oposição ofereceu a
Friedrich até mesmo perdão legal antecipado se ele matasse sua esposa, mas ele
preferiu tolerar, mesmo a contragosto, o posicionamento da esposa, que lutou
pelo casamento deles, declarando publicamente amor ao seu marido, apesar das
claras discordâncias entre ambos, em um poema de 1524.
Arguia se envolveu
intensamente nos debates na Alemanha em torno da Reforma, escrevendo artigos,
cartas e poemas em defesa do protestantismo. Ela foi a primeira escritora da
Reforma e se destacou defendendo Martin Lutero, o trabalho teológico de Felipe
Melanchton e protestantes perseguidos pelos católicos. Mas, Arguia ficou mais
conhecida por desafiar diretamente a direção da Universidade de Ingolstadt em
1523 por esta ter prendido um jovem professor chamado Arsacius Seehofer porque
ele professava a fé protestante.
Na longa carta que escreveu
ao corpo docente daquela instituição, ela citou mais de 80 textos bíblicos e
fez comparações lógicas para argumentar contra a decisão tomada. A carta,
irrespondível, se popularizou, tornando-se logo um livreto que, em apenas dois
meses, chegou a 14 edições.
Os escritos de Arguia, de
forma geral, tornaram-se best-sellers na sua época, com dezenas de milhares de
cópias de seus cartas e poemas circulando em toda a Alemanha em apenas alguns
anos.
O pastor e teólogo luterano
Balthasar Hubmaier, seu contemporâneo, afirmou: "Arguia sabe mais do Verbo
divino do que todos os chapéus vermelhos (canonistas e cardeais) nunca souberam
ou poderiam conceber. Ela é uma heroína da fé". Ela morreu em 1563, tendo
levado muitos alunos e professores de seu país a Cristo por meio de seus
escritos e discursos.
Ensinador Cristão – 67 – Silas Daniel /
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