Há bons motivos para crer que Adão e Eva foram
personagens históricas.
Em primeiro lugar,
Gênesis 1 e 2 apresentam-nos como pessoas reais e até narram os eventos
importantes da vida deles.
Em segundo lugar,
geraram filhos literais que fizeram o mesmo (Gn 4,5).
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Em terceiro lugar, o
mesmo tipo de frase (“Este é o registro”, “são estas as gerações”), usada para
registrar a história mais tarde em Gênesis (e.g., 6.9; 10.1; 11.10,27;
25.12,19), é usada para o registro da criação (2.4) e para Adão e Eva e seus
descendentes (Gn 5.1; v. Pentateuco,
autoria mosaica do). Em
quarto lugar, outras cronologias posteriores do at colocam Adão encabeçando as
listas (Gn 5.1; lCr 1.1).
Em quinto lugar, o Novo Testamento designa Adão o primeiro
dos ancestrais literais de Jesus (Lc 3.38).
Em sexto lugar, Jesus
referiu-se a Adão e Eva como os primeiros “homem e mulher” literais, fazendo da
união deles a base para o casamento (Mt 19.4).
Em sétimo lugar,
Romanos declara que a morte literal foi trazida ao mundo por“um homem”real — Adão
(5.12,14).
Em oitavo lugar, a
comparação de Adão (o “primeiro Adão”) com Cristo (o “último Adão”) em 1
Coríntios 15.45 manifesta que Adão era considerado pessoa literal e histórica.
Em nono lugar, a
declaração de Paulo: “primeiro foi formado Adão, e depois Eva” (Um 2.13,14)
revela tratar-se de pessoas reais.
Em décimo lugar,
logicamente devia haver o primeiro par real de seres humanos, homem e mulher,
senão a raça não poderia continuar. A Bíblia chama esse casal literal “Adão e
Eva”, e não há motivo para duvidar de sua verdadeira existência.
OBJEÇÕES
À HISTORICIDADE
1. O estilo poético de Gênesis 1.
Apesar da pressuposição comum do contrário e da
bela linguagem de Gênesis 1 e 2, o registro da criação não é poesia. Apesar de
haver um possível paralelismo de ideias entre os três primeiros e os três
últimos dias, essa não é a forma típica da poesia hebraica, que envolve o uso
de duplas em paralelismo. A comparação com Salmos ou Provérbios mostrará
claramente a diferença.
2. Gênesis 2 não possui nenhum paralelismo poético.
Pelo contrário, o registro da criação é igual a
qualquer outra narrativa histórica no Antigo Testamento. O registro é
introduzido como outros registros históricos em Gênesis, com a frase “Esta é a
história...” (Gn 2.4; 5.1).
Jesus e autores do Novo Testamento referem-se aos
eventos da criação como históricos (cf. Mt 19.4; Rm 5.14; ICo 15.45; Um
2.13,14). As tabuinhas encontradas em Ebla acrescentaram um testemunho antigo e
extrabíblico sobre a criação divina ex
nihilo (v. criação, teorias da).
3. Contradição com a evolução.
O registro da criação de Gênesis contradiz a
macroevolução. Gênesis narra a criação de Adão do pó da terra, não de sua
evolução a partir de outros animais (Gn 2.7). Fala da criação direta e imediata
por ordem de Deus, não por longos processos naturais (cf.Gn 1.1,3,6,9,21,27).
Eva foi criada a partir de Adão; ela não evoluiu
separadamente. Adão era um ser inteligente que sabia falar uma língua, era
capaz de estudar e nomear os animais, e realizar atividades para sustentar-se.
Ele não era um semiprimata ignorante.
No entanto, ainda que se admita o fato do registro
de Gênesis contradizer a macroevolução, concluir que Gênesis está errado e a
evolução está certa é incorrer no erro conhecido por petição de princípio. Na
verdade, há evidências científicas suficientes para criticar a macroevolução e
suas afirmações.
4. Objeção à data recente.
A data bíblica, tradicional para a criação de Adão
(c. 4000 a.C.) é muito recente para se encaixar na evidência de fósseis antigos
de aparência humana, que variam de dezenas de milhares a centenas de milhares
de anos.
A data mais antiga para o surgimento da humanidade
baseia-se em métodos científicos de datação e na análise de fragmentos ósseos.
No entanto, há suposições falsas ou contestáveis
nessa objeção. Em primeiro lugar, supõe-se que basta adicionar todos os
registros genealógicos de Gênesis 5 e 11 e, assim, chegar à data aproximada de
4000 a.C. para a criação de Adão. Isso, todavia, é baseado na falsa suposição
de que não existam lacunas nessas listas, que de fato existem.
Essa objeção também supõe que o método de datação
de fósseis humanos antigos é preciso. Mas esses métodos estão sujeitos a muitas
variáveis, incluindo-se a mudança de condições atmosféricas, a contaminação de
amostras e mudanças da taxa de decomposição (v. ciência e a Bíblia e datação
científica).
Presume-se que os fósseis antigos de aparência
humana descobertos realmente seriam seres humanos criados à imagem de Deus. Mas
essa é uma pressuposição questionável. Muitas dessas descobertas estão de tal
modo fragmentadas de modo que a reconstrução é muito especulativa.
Conclusão
O chamado “homem de Nebraska” foi “elaborado”, na
verdade, a partir de um dente de uma raça extinta de porcos! A identificação
fora baseada num único dente. O “homem de Piltdown” era uma fraude. Identificar
uma criatura pelos ossos, ainda mais por fragmentos ósseos, é altamente especulativo.
Pode ter havido criaturas de aparência quase humana
que eram morfologicamente semelhantes aos seres humanos, mas não foram criadas
à imagem de Deus. A estrutura óssea não pode provar que havia uma alma imortal
feita à imagem de Deus dentro do corpo. A evidência da fabricação de
ferramentas simples não prova nada. Sabe-se que animais (macacos, focas e pássaros)
são capazes de usar ferramentas simples.
Essa objeção também pressupõe que os “dias” de
Génesis são dias solares de 24 horas. Isso não é certeza, já que dia em Gênesis
é usado para todos os seis dias (cf. Gn 2.4). E o “sétimo dia”, em que Deus descansou,
ainda continua, milhares de anos depois (cf. Hb 4.4-6; v. Gênesis, dias de).
É impossível afirmar que Gênesis não é histórico.
Na verdade, dadas as pressuposições não provadas, a história de má interpretação
dos fósseis antigos e a pressuposição errônea de que não haja lacunas nas
genealogias bíblicas de Gênesis 5 e 11, os argumentos contra a historicidade de
Adão e Eva são falhos e falsos.
Enciclopédia de Apologética - Norman Geisler