A adoração
consiste nos atos e atitudes que reverenciam e honram à majestade do grande
Deus do céu e da terra. Sendo assim, a adoração concentra-se em Deus, e não no
ser humano.
No culto cristão,
nós nos acercamos de Deus em gratidão por aquilo que Ele tem feito por nós em Cristo
e através do Espírito Santo. A adoração requer o exercício da fé e o
reconhecimento de que Ele é nosso Deus e Senhor.
I.
BREVE HISTÓRIA DA ADORAÇÃO AO VERDADEIRO DEUS
O ser humano adora
a Deus desde o ínicio da história. Adão e Eva tinham comunhão regular com Deus
no jardim do Éden (cf. Gn 3.8). Caim e Abel trouxeram a Deus oferendas (hb.
minhah, termo também traduzido por “tributo” ou dádiva”) de vegetais e de
animais (Gn 4.3,4). Os descendentes de Sete invocavam “o nome do SENHOR” (Gn
4.26).
Noé construiu um
altar ao Senhor para oferecer holocaustos depois do dilúvio (Gn 8.20). Abraão
assinalou a paisagem da terra prometida com altares para oferecer holocaustos
ao Senhor (Gn 12.7,8; 13.4, 18; 22.9) e falou intimamente com Ele (Gn 18.23-33;
22.11-18).
Somente depois do
êxodo, quando o Tabernáculo foi construído, é que a adoração pública tornou-se
formal. A partir de então, sacrifícios regulares passaram a ser oferecidos
diariamente, e especialmente no sábado, e Deus estabeleceu várias festas
sagradas anuais como ocasiões de culto público dos israelitas (Êx 23.14-17; Lv
1—7; Dt 12; 16).
O culto a Deus foi
posteriormente centralizado no templo de Jerusalém (cf. os planos de Davi,
segundo relata 1Cr 22—26). Quando o templo foi destruído, em 586 a.C., os
judeus construíram sinagogas como locais de ensino da lei e adoração a Deus
enquanto no exílio, e aonde quer que viessem a morar. As sinagogas continuaram
em uso para o culto, mesmo depois de construído o segundo templo por Zorobabel
(Ed 3—6). Nos tempos do NT havia sinagogas na Palestina e em todas as partes do
mundo romano (e.g. Lc 4.16; Jo 6.59; At 6.9; 13.14; 14.1; 17.1, 10; 18.4; 19.8;
22.19).
A adoração na
igreja primitiva era prestada tanto no templo de Jerusalém quanto em casas
particulares (At 2.46,47). Fora de Jerusalém, os cristãos prestavam culto a
Deus nas sinagogas, enquanto isso lhes foi permitido. Quando lhes foi proibido
utilizá-las, passaram a cultuar a Deus noutros lugares, geralmente em casas
particulares (cf. At 18.7; Rm 16.5; Cl 4.15; Fm v. 2), mas, às vezes, em salões
públicos (At 19.9,10).
II.
MANIFESTAÇÕES DA ADORAÇÃO CRISTÃ
1.
Dois princípios-chaves norteiam a adoração cristã.
(a) A verdadeira
adoração é a que é prestada em espírito e verdade (ver Jo 4.23 nota), i.e., a
adoração deve ser oferecida à altura da revelação que Deus fez de si mesmo no
Filho (ver Jo 14.6). Por sua vez, ela envolve o espírito humano, e não apenas a
mente, e também como as manifestações do Espírito Santo (1Co 12.7-12).
(b) A prática da
adoração cristã deve corresponder ao padrão do NT para a igreja (ver At 7.44
nota).
Os crentes atuais
devem desejar, buscar e esperar, como norma para a igreja, todos os elementos constantes
da prática da adoração vista no NT (cf. o princípio hermenêutico estudado na
introdução a Atos).
2.
O fato marcante da adoração no AT era o sistema sacrificial (ver Nm 28, 29).
Uma vez que o
sacrifício de Cristo na cruz cumpriu esse sistema, já não há mais qualquer
necessidade de derramamento de sangue como parte do culto cristão (ver Hb
9.1—10.18). Através da ordenança da Ceia
do Senhor, a
igreja do NT comemorava continuamente o sacrifício de Cristo, efetuado de uma
vez por todas (1Co 11.23-26). Além disso, a exortação que tem a igreja é
oferecer “sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos
lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15), e a oferecer nossos corpos como
“sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1).
3.
Louvar a Deus é essencial à adoração cristã.
O louvor era um
elemento-chave na adoração de Israel a Deus (e.g., Sl 100.4; 106.1; 111.1; 113.1;
117), bem como na adoração cristã primitiva (At 2.46,47; 16.25; Rm 15.10,11; Hb
2.12; ver o estudo O LOUVOR A
DEUS).
4.
Uma maneira autêntica de louvar a Deus é cantar salmos, hinos e cânticos
espirituais.
O AT está repleto
de exortações sobre como cantar ao Senhor (e.g., 1Cr 16.23; Sl 95.1; 96.1,2;
98.1,5,6; 100.1,2). Na ocasião do nascimento de Jesus, a totalidade das hostes
celestiais irrompeu num cântico de louvor (Lc 2.13,14), e a igreja do NT era um
povo que cantava (1Co 14.15; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg 5.13). Os cânticos dos
cristãos eram cantados, ou com a mente (i.e. num idioma humano conhecido) ou
com o espírito (i.e., em línguas; ver 1Co 14.15 nota). Em nenhuma circunstância
os cânticos eram executados como passatempo.
5.
Outro elemento importante na adoração é buscar a face de Deus em oração.
Os santos do AT
comunicavam-se constantemente com Deus através da oração (e.g. Gn 20.17; Nm
11.2; 1Sm 8.6; 2 Sm 7.27; Dn 9.3-19; cf. Tg 5.17,18).
Os apóstolos oravam
constantemente depois de Jesus subir ao céu (At 1.14), e a oração tornou-se
parte regular da adoração cristã coletiva (At 2.42; 20.36; 1Ts 5.17).
Essas orações
eram, às vezes, por eles mesmos (At 4.24-30); outras vezes eram orações
intercessórias por outras pessoas (e.g. At
12.5; Rm 15.30-32;
Ef 6.18). Em todo tempo a oração do crente deve ser acompanhada de ações de graças
a Deus (Ef 5.20; Fp 4.6; Cl 3.15,17; 1Ts
5.17,18).
Como o cântico, o
orar podia ser feito em idioma humano conhecido, ou em línguas (1Co 14.13-15).
6.
A confissão de pecados era sabidamente parte importante da adoração no AT.
Deus estabelecera
o Dia da Expiação para os israelitas como
uma ocasião para a confissão nacional de pecados (Lv 16).
Salomão, na sua
oração de dedicação do templo, reconheceu a importância da confissão (1Rs
8.30-36). Quando Esdras e Neemias verificaram até que ponto o povo de Deus se
afastara da sua lei, dirigiram toda a nação de Judá numa contrita oração
pública de confissão (cap. 9). Assim, também, na oração do Pai nosso, Jesus
ensina os crentes a pedirem perdão dos pecados (Mt 6.12). Tiago ensina os
crentes a confessar seus pecados uns aos outros (Tg 5.16); através da confissão
sincera, recebemos a certeza do gracioso perdão divino (1Jo 1.9).
7.
A adoração deve também incluir a leitura em conjunto das Escrituras e a sua
fiel exposição.
Nos tempos do AT,
Deus ordenou que, cada sétimo ano, na festa dos Tabernáculos, todos os
israelitas se reunissem para a leitura pública da lei de Moisés (Dt 31.9-13).
O exemplo mais
patente desse elemento do culto no AT, surgiu no tempo de Esdras e Neemias
(8.1-12).
A leitura das
Escrituras passou a ser uma parte regular do culto da sinagoga no sábado (ver
Lc 4.16-19; At 13.15). Semelhantemente, quando os crentes do NT reuniam-se para
o culto, também ouviam a leitura da Palavra de Deus (1Tm 4.13; cf. Cl 4.16; 1Ts
5.27) juntamente com ensinamento, pregação e exortação baseados nela (1Tm 4.13;
2Tm 4.2; At 19.8-10; 20.7).
8.
Sempre quando o povo de Deus se reunia na Casa do Senhor, todos deviam trazer
seus dízimos e ofertas (Sl 96.8; Ml 3.10).
Semelhantemente, Paulo
escreveu aos cristãos de Corinto, no tocante à coleta em favor da igreja de
Jerusalém: “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que
puder ajuntar, conforme a sua prosperidade” (1Co 16.2). A verdadeira adoração a
Deus deve, portanto ensejar uma oportunidade para apresentarmos ao Senhor os
nossos dízimos e ofertas.
9.
Algo singular no culto da igreja do NT era a atuação do Espírito Santo e das
suas manifestações.
Entre essas
manifestações do Espírito na congregação do Senhor havia a palavra da
sabedoria, a palavra do conhecimento, manifestações especiais de fé, dons de
curas, poderes miraculosos, profecia, discernimento de espíritos, falar em
línguas e a interpretação de línguas (1Co 12.7-10).
O caráter
carismático do culto cristão primitivo vem, também, descrito nas cartas de
Paulo: “Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem
revelação, tem língua, tem interpretação” (1Co 14.26). Na primeira epístola aos
coríntios, Paulo expõe princípios normativos da adoração deles (ver 1Co 14.1-33).
O princípio
dominante para o exercício de qualquer dom do Espírito Santo durante o culto é
o fortalecimento e a edificação da congregação inteira (1Co 12.7; 14.26).
10.
O outro elemento excepcional na adoração segundo o NT era a prática das
ordenanças — o batismo e a Ceia do Senhor.
A Ceia do Senhor (ou
o “partir do pão”, ver At 2.42) parece que era observada diariamente entre os crentes
logo depois do Pentecostes (At 2.46,47), e, posteriormente, pelo menos uma vez
por semana (At 20.7,11).
O batismo conforme
a ordem de Cristo (Mt 28.19,20) ocorria sempre que havia conversões e novas
pessoas ingressavam na igreja (At 2.41; 8.12; 9.18; 10.48; 16.30-33; 19.1-5).
III.
AS BÊNÇÃOS DE DEUS PARA OS VERDADEIROS ADORADORES.
Quando os crentes
verdadeiramente adoram a Deus, muitas bênçãos lhes estão reservadas por Ele.
Por exemplo, Ele promete
(1) que estará com
eles (Mt 18.20), e que entrará e ceará com eles (Ap 3.20);
(2) que envolverá
o seu povo com a sua glória (cf. Êx 40.35; 2Cr 7.1; 1Pe 4.14);
(3) que abençoará
o seu povo com chuvas de bênçãos (Ez 34.26), especialmente com a paz (Sl 29.11;
ver o estudo A PAZ DE DEUS);
(4) que concederá
fartura de alegria (Sl 122.1,2; Lc 15.7,10; Jo 15.11);
(5) que responderá
às orações dos que oram com fé sincera (Mc 11.24; Tg 5.15);
(6) que encherá de
novo o seu povo com o Espírito Santo e com ousadia (At 4.31);
(7) que enviará
manifestações do Espírito Santo entre o seu povo (1Co 12.7-13);
(8) que guiará o
seu povo em toda a verdade através do Espírito Santo (Jo 15.26; 16.13);
(9) que santificará
o seu povo pela sua Palavra e pelo seu Espírito (Jo 17.17-19);
(10) que consolará,
animará e fortalecerá seu povo (Is 40.1; 1Co 14.26;2Co 1.3,4; 1Ts 5.11);
(11) que convencerá
o povo do pecado, da justiça e do juízo por meio do Espírito Santo (ver Jo 16.8
nota); e
(12) que salvará
os pecadores presentes no culto de adoração, sob a convicção do Espírito Santo
(1Co 14.22-25).
IV.
EMPECILHOS À VERDADEIRA ADORAÇÃO.
O simples fato de
pessoas se dizendo crentes realizarem um culto, não é nenhuma garantia de que haja aí verdadeira adoração, nem que
Deus aceite seu louvor e ouça suas orações.
1. Se a adoração a
Deus é mera formalidade, somente externa, e se o coração do povo de Deus está
longe dEle, tal adoração não será aceita por
Ele.
Cristo repreendeu severamente
os fariseus por sua hipocrisia; eles observavam a lei de Deus por legalismo, enquanto
seus corações estavam longe dEle (Mt 15.7-9; 23.23-28; Mc 7.5-7). Note a
censura semelhante que Ele dirigiu à igreja de Éfeso, que adorava o Senhor mas
já não o amava plenamente (Ap 2.1-5).
2. Outro
impedimento à verdadeira adoração é um modo de vida comprometido com o
mundanismo, pecado e imoralidade.
Deus recusou
os sacrifícios do rei Saul porque este
desobedeceu ao seu mandamento (1Sm 15.1-23). Isaías repreendeu severamente o
povo de Deus como “nação pecadora...
povo carregado da iniquidade da semente de malignos” (Is 1.4); ao mesmo tempo,
porém esse mesmo povo oferecia sacrifícios a Deus e comemorava seus dias santos. Por isso, o
Senhor declarou através de Isaías: “As vossas festas da lua nova, e as vossas
solenidades, as aborrece a minha alma;
já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as
mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando
multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão
cheias de sangue” (Is 1.14,15). Semelhantemente, na igreja do NT, Jesus conclamou os adoradores em Sardes a se
despertarem, porque “não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus” (Ap
3.2). Da mesma maneira, Tiago indica que
Deus não atenderá as orações egoístas daqueles que não se separam do mundo (Tg
4.1-5).
O povo de Deus só
pode ter certeza que Deus estará presente à sua adoração e a aceitará, quando
esse povo tiver mãos limpas e coração puro (Sl 24.3,4; Tg 4.8).
Adaptado dos Escritos de:
DONALD C. STAMPS
Fonte
Original: Bíblia de Estudo
Pentecostal
Editora:
CPAD
Blog: Subsídios ebd
“ A
ferramenta de Pesquisas
e Estudos
dos Professores
e Alunos
da Palavra
de Deus" (sub-ebd.blogspot.com.br).
ATENÇÃO! Se você usar este estudo em site ou blog, deverá usar também este nosso roda pé.