Afinal de contas, quando
Pedro negou a Jesus, o galo cantou uma ou duas vezes?
Mateus fala apenas de um
canto do gaio (Mt 26.34,74) e Marcos, de dois (Mc 14.30,68,72). Trata-se de uma
pequena diferença que não se reveste de importância.
Conforme esperado, ao
investigarmos os originais, encontramos alguns escribas que procuraram
harmonizar as duas narrativas, pelo que alguns omitiram as palavras "duas
vezes" fazendo Marcos harmonizar-se com Mateus.
Os manuscritos que trazem
essa intervenção são Aleph, Dw e algumas poucas versões latinas.
Neste versículo, o canto
do gafo é apoiado por manuscritos posteriores e inferiores ADTHETA, FAM1, FAM13
e a maioria dos latinos. As palavras "pela segunda vez" são genuínas.
Problemas de"harmonia",
tal como este, apesar de
curiosos, não são importantes para a pratica da fé cristã, mas podem ser
dirimidos.
Baseado no Evangelho de Marcos, que detalha mais o
ocorrido do que Mateus, não há dúvidas de que o galo cantou duas vezes. Marcos,
que foi escrito antes de Mateus, não contradiz o relato de Mateus, apenas
detalha mais o episódio. A razão para esse detalhamento provavelmente advém do fato
de que, segundo os País da Igreja, a principal fonte de Marcos para o seu
Evangelho foi o apóstolo Pedro, personagem central desse episódio.
SUGESTÃO DE LEITURA:
Portanto, os detalhes de
Marcos ("E logo cantou o galo pela segunda vez") não estão em
conflito com a versão menos detalhista de Mateus ("E imediatamente cantou
o galo"). Também não há contradição real entre o "antes que duas
vezes cante o galo, tu me negarás três vezes" e o "antes que o galo
cante, tu me negarás ttês vezes".
A afirmação de Jesus a
Pedro, introduzida de uma maneira solene {"Em Verdade te digo..."), é
muito mais específica em Marcos, indicando, com precisão, quando será cumprida
("Nesta noite, antes que duas vezes cante o galo".
O canto do galo serviu como uma indicação de tempo.
Marcos 13.35 mostra que ele marcava a terceira das quatro vigílias, portanto,
da meia-noite às três horas da manhã. O "duas
vezes cante o galo" indica que Jesus estava se referindo à parte
final daquele período.
A referência ao canto do
galo produz um resultado duplo: ele indica o caráter superficial das palavras
jactanciosas de Pedro, pois, dentro de algumas horas, nessa mesma noite, ele,
publicamente, haveria de desonrar o seu Mestre; e, no entanto, este mesmo canto
do galo é também um meio de levar Pedro ao arrependimento, pois a referência de
Cristo a isso fica firmemente presente em sua memória, e ele haverá de, no
momento apropriado, produzir o fruto do arrependimento em sua consciência (Mt
26.74; Mc 14.72; Lc 22.60; Jo 18.27).
Como foi que Pedro lembrou-se das palavras que
haviam sido ditas a ele?
Em Lucas 22.61, nós
somos informados de que, no momento exato em que o galo cantou, ou, pelo menos,
logo em seguida ao cantar do galo, alguém estava olhando direto nos olhos de
Pedro. Este alguém era Jesus, com o rosto cheio de hematomas, resultado dos
murros que havia recebido. Parece que o Mestre, depois de ter o Seu julgamento
concluído, estava atravessando o pátio, em direção à sua cela, de onde, em
algumas horas, sairia, uma vez mais para encarar o Sinédrio.
Quando Pedro ouviu o
canto do galo e sentiu o olhar de Jesus sobre ele, com os olhos cheios de dor,
mas também de amor e perdão, lembrou-se do alerta profético que Jesus lhe havia
dado. Devemos também nos lembrar que "o olhar de Jesus teria se perdido,
se Pedro não estivesse também olhando para Jesus".
(Fonte de pesquisa:
Comentário do Novo Testamento: Marcos, William Hendriksen, Cultura Cristã).
Fonte: Jornal Mensageiro da Paz, número
1.546
Por: Germano Soares Silva
Estudo
Publicado em Subsídios EBD –
Site de Auxílios Bíblicos e Teológicos para Professores e Alunos da Escola Dominical.