O CALENDÁRIO
é um sistema de contagem do tempo, normalmente com base em um ciclo natural
recorrente (tal como o sol através das estações ou da lua através de suas
fases); tabela ou registro tabular de dias de acordo com um sistema anual e com
uma referência dos dias de cada mês aos dias da semana.
Desde o
início do registro histórico, o calendário tem sido usado para manter registros
e prever o tempo de mudança das estações.
O calendário fornecia um quadro geral
a partir do qual as pessoas poderiam planejar seu trabalho. Era, portanto, um
quadro temporal eficaz para marcar várias das festividades religiosas que se
deviam celebrar em intervalos regulares.
UNIDADES
DO CALENDÁRIO
O DIA - Em termos de calendário, o dia é a
menor e mais constante unidade de tempo. No mundo antigo, o termo “dia” era
usado em pelo menos dois sentidos. Descrevia um período de 24 horas, mas também
a luz do dia em contraste com a noite (Gn 1.5). O ponto inicial do dia de 24
horas tinha variações. A Bíblia tem referências ao início do dia pela manhã (Gn
19.34; At 23.32), assim como à noite (Ne 13.19). Na época do império romano, o
dia pode ter sido marcado a partir da meia-noite, conforme indicado pelo
evangelho de João (4.6; 19.14).
A aurora
A aurora
era o crepúsculo antes do nascer do sol (1Sm 30.17 NTLH; Mt 28.1 ARC). O
anoitecer marcava o fim da tarde (Dt 16.6) entre o dia e a noite (Jr 6.4; Pv
7.9), ou podia significar literalmente “tarde” do dia (Mc 11.19), exatamente
antes do despontar das estrelas (Ne 4.21). A tarde iniciava com o fim da manhã
(1Rs 18.26) e marcava a hora da refeição (Gn 43.16). Além disso, referia-se ao
“meio-dia” (Ne 8.3) ou “dia claro” (Am 8.9) e “calor do dia” (2Sm 4.5).
A divisão
do Dia
O dia
dividia-se em três partes: noite, manhã e tarde (Sl 55.17).
A meia-noite
era o ponto central da noite (Mt 25.6; At 20.7). No Antigo Testamento, a noite
era dividida em três vigílias (Jz 7.19; Êx 14.24), enquanto no Novo Testamento
ela se dividia em quatro (Mt 14.25; Mc 13.35).
O termo
“hora” era usado para significar “imediatamente” (Dn 3.6, 15 ARC) ou podia
expressar a ideia da décima segunda parte da luz do dia (Jo 11.9).
A SEMANA - A semana
era uma unidade composta de sete dias iniciada com a criação (Gn 1.31-2.2). A
palavra “semana” significa “sete” (Gn 29.27; Lc 18.12). Na Bíblia, os dias da
semana eram chamados “primeiro dia”, “segundo dia” e assim por diante (Gn
1.8-31; Mt 28.1), embora o sétimo dia fosse conhecido como o “Sábado” (Êx
16.23; Mt 12.1). O dia antes do Sábado era chamado “dia da preparação” (Mc 15.42)
e os cristãos referiam-se ao primeiro dia da semana como o “dia do Senhor” (Ap
1.10).
O MÊS - o mês era
a unidade de tempo estreitamente relacionada à lua. A palavra hebraica
traduzida por “mês” também significava “lua” (Dt 33.14; ARC). A razão para a ligação
entre o mês e a lua é que o início de um mês era marcado pela lua nova. A lua
era cuidadosamente observada pelas pessoas dos tempos bíblicos. Quando surgia
como quarto crescente, marcava o início de um novo mês.
O mês lunar
era de aproximadamente 29 dias. Portanto, o primeiro quarto crescente de uma
lua nova apareceria 29 ou 30 dias depois da lua nova anterior. Por vezes, não
era visível por causa das nuvens. Mas seguia-se a regra de que a lua nova
jamais seria contada acima de 30 dias após a última lua nova. Dessa forma,
evitavam-se grandes variações no calendário.
O ANO - A palavra
hebraica traduzida por ano tem origem na idéia de mudança ou ação repetida.
Assim, o ano expressa o conceito de “um ciclo completo de mudança”. Visto que
as estações se repetem, as pessoas fixam um calendário para dar conta dos
acontecimentos anuais e para lembrá-las das estações futuras. O calendário
girava em torno dos ciclos da agricultura.
As pessoas
observavam as alterações climáticas e a duração dos dias em seu plantio e
colheita. Festas religiosas também eram estabelecidas paralelamente ao ano
agrícola. Nenhuma grande festa religiosa, por exemplo, era celebrada durante o
tempo da maior colheita. Observava-se que havia quatro estações e que o ano
tinha em torno de 365 dias. Embora os calendários nem sempre fossem precisos,
os ajustes eram feitos periodicamente para compensar a falta de precisão.
SISTEMAS
DE CALENDÁRIO
NO ANTIGO
TESTAMENTO - a marcação do tempo nos dias do Antigo Testamento refletia
principalmente os meses, as festas religiosas sazonais e o ano.
O mês era
marcado com a primeira aparição do quarto crescente da nova lua durante o
pôr-do-sol. O primeiro dia de cada mês era considerado dia santo assinalado por
sacrifícios especiais (Nm 28.11-15) e deveria ser anunciado com o toque de
trombetas (Nm 10.10; Sl 81.3).
Normalmente,
os meses eram designados numericamente: primeiro (Êx 12.2), segundo (Êx 16.1),
terceiro (Êx 19.1), quarto (2Rs 25.3), quinto (Jr 28.1), sexto (1Cr 27.9),
sétimo (Gn 8.4), oitavo (Zc 1.1), nono (Ed 10.9), décimo (Gn 8.5), décimo
primeiro (Dt 1.3) e décimo segundo (Et 3.7).
O primeiro
mês do calendário hebraico caía na primavera, entre março e abril. Em sua
história primitiva, os israelitas adotaram os nomes cananeus dos meses, os
quais estavam relacionados com a agricultura e o clima. Somente quatro desses
nomes são mencionados no Antigo Testamento. O mês abibe (Êx 13.4; 23.15) era o
primeiro mês (entre março e abril), na época da colheita da cevada, e significa
“maturação do grão” (Lv 2.14). O mês de zive (1Rs 6.1, 37) era o segundo mês
(abril/maio). Etanim era o sétimo mês (setembro/outubro), que ocorria durante a
estação de chuvas. Bul (1Rs 6.38) era o oitavo mês (outubro/novembro), entre as
primeiras e as últimas chuvas.
Esses quatro
nomes estavam associados com as épocas mais importantes da agricultura durante
o ano.
Em sua
história posterior, a nação de Israel adotou todos os 12 meses do calendário
babilônio como seu calendário civil. No entanto, nem todos os nomes desses meses
estão arrolados na Bíblia. Os sete mencionados são: nisã, o primeiro mês (Ne
2.1); sivã, o terceiro mês (Et 8.9); elul, o sexto mês (Ne 6.15); quisleu, o
nono mês (Zc 7.1); tebete, o décimo mês (Et 2.16); sebate, o décimo primeiro
mês (Zc 1.7) e adar, o décimo segundo mês (Ed 6.15). O primeiro mês desse
calendário também cai na primavera.
Visto que
Israel era uma sociedade agrícola, seu calendário atendia suficientemente o
povo e suas festividades religiosas. No décimo quarto dia do primeiro mês (que
corresponde a março/abril), celebrava-se a Páscoa (Êx 12.18); do décimo quinto
ao vigésimo primeiro havia a festa dos Pães Asmos (Lv 23.6); no décimo sexto
dia eram dedicadas as primícias (Lv 23.10-14), com os primeiros brotos de
cevada. O segundo mês (abril/maio) marcava a celebração de uma Páscoa
posterior, no caso de alguns terem perdido a primeira celebração (Nm 9.10-11).
O dia de
Pentecostes
No sexto
dia do terceiro mês (maio/junho), o povo celebrava o dia de Pentecostes, também
chamado festa das Semanas (Lv 23.15-22), em comemoração do término das
colheitas de cevada e trigo. No sétimo mês (setembro/outubro), o primeiro dia
era a festa das Trombetas (Lv 23.23-25; Nm 29.1), que celebrava o Ano Novo; o
décimo mês era o Dia da Expiação (Lv 16.29-34; 23.26-32); do décimo quinto dia
ao vigésimo segundo comemorava-se a festa dos Tabernáculos (Lv 23.33-43) em
gratidão por todas as colheitas do ano. Desse modo, as festas estavam
estreitamente relacionadas às colheitas.
No que se
refere ao ano, o historiador judeu Josefo afirmou que Israel tinha duas
ocasiões para comemorar o Ano Novo - o Ano Novo comercial, que começava no
outono (sétimo mês), e o Ano Novo religioso, que tinha início na primavera
(primeiro mês). Uma vez que os meses baseavam-se no sistema lunar e tinham uma
média de 29 dias e meio, o ano teria 354 dias, ou seja, 11 dias a menos que o
ano solar. Em apenas três anos, o calendário teria mais de um mês a menos.
Para
ajustar o mês lunar com o ano solar, a Babilônia tinha um sistema sofisticado
no qual acrescentavam-se sete meses ao calendário por um período de 19 anos,
resultando em erro apenas de duas horas e quatro minutos no final do ciclo.
Para a época, tal exatidão é notável. Israel deve ter ajustado seu calendário
de modo semelhante, acrescentando um “segundo mês de adar” quando necessário.
ENTRE OS TESTAMENTOS
Durante o
período em que os gregos governaram o mundo antigo, o calendário selêucida era
largamente usado. Dois sistemas básicos eram utilizados para computar o tempo
na era selêucida - o calendário macedônio e o babilônio. É difícil declarar com
segurança qual dos dois sistemas era usado; no entanto, os judeus parecem ter
feito uso do calendário macedônio. Isso significa que a era selêucida na
história dos judeus teve início no primeiro dia do sétimo mês, tisri, em
312/311 a.C., aproximadamente.
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ESTUDE A BÍBLIA À DISTÂNCIA
NO
NOVO TESTAMENTO
O Novo
Testamento não contém referência ao calendário romano ou gentio, ou, ainda, ao
calendário judaico, exceto com relação aos dias da semana. Há também uma menção
a “lua nova” (Cl 2.16).
O sábado é
mencionado cerca de 60 vezes (por exemplo, Mt 12.1-12). O Novo Testamento
também menciona o “primeiro dia”, domingo (Mc 16.2; Lc 24.1; At 20.7; 1Co
16.2), “o dia do Senhor”, domingo (Ap 1.10) e o “dia de preparação”,
sexta-feira (Mt 27.62; Mc 15.42; Lc 23.54; Jo 19.14, 31, 42). No entanto, essas
são referências aos aspectos de culto do calendário judaico. Especialmente no
evangelho de João, a Páscoa é mencionada com frequência (Jo 2.13, 23; 6.4;
11.55; 12.1; 13.1; 18.39).
Outras
festas mencionadas no Novo Testamento são a dos Pães Asmos (Mt 26.17; Mc 14.1,
12), a de Pentecostes (At 2.1; 20.16; 1Co 16.8), a festa dos Tabernáculos (Jo
7.2) e a festa da Dedicação (Jo 10.22).
Embora o
Novo Testamento não faça referência ao calendário romano ou gentio, alude aos
reinos de seus governantes. O exemplo mais específico é Lucas 3.1, que fala
sobre o “décimo quinto ano do reinado de Tibério César”. Esse exemplo
especifica o período de reinado de governantes na Judéia e nos territórios
vizinhos, além do início do ministério de João Batista. Tal governo deve ter-se
dado em 28-29 d.C., admitindo-se que Lucas usou o calendário juliano, que
começava em janeiro, ou o calendário do reino, que iniciava em agosto. A
referência mais genérica não se refere ao ano, e sim aos reinados dos
imperadores César Augusto (Lc 2.1) e Cláudio César (At 11.28), dos governadores
de província Quirino (Lc 2.1-2) e Gálio (At 18.12), do rei Herodes (Mt 2.1; Lc
1.5) e do etnarca Aretas (2Co 11.32).
Um problema
do calendário do Novo Testamento é que os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas
mencionam que Jesus celebrou a Páscoa com seus discípulos na véspera em que foi
traído (Mt 26.19-20; Mc 24.16-17; Lc 22.13-15), enquanto o evangelho de João
narra que os judeus não tinham celebrado a Páscoa nessa ocasião (Jo 18.28).
Muitas tentativas foram feitas para resolver essa questão.
Possivelmente,
a solução é que os três evangelhos narram a partir dos eventos da crucificação
de acordo com o método galileu (com o início do dia ao nascer do sol) então
usado por Jesus, os discípulos e os fariseus. João, entretanto, deve ter
contabilizado de acordo com o método da Judéia (com o início do dia ao pôr do
sol), sistema usado pelos saduceus. Se isso é verdade, sistemas diferentes de
calendário devem ter sido usados ao mesmo tempo dentro da nação de Israel.
Dicionário
Bíblico / Divulgação: Subsídios EBD